[vc_tta_tabs][vc_tta_section title=”Versão em português” tab_id=”1522939094971-9171bc41-b1c5″]
Eliana Sousa Silva é diretora da Redes da Maré Jailson de Souza e Silva é diretor do Observatório de Favelas
Rio – ‘Até quando’ é o título de documentário feito em 2005. Nele, era apresentada a falência da estratégia de ‘guerra às drogas’ centrada no enfrentamento bélico entre a polícia e os grupos criminosos. As forças de segurança, há tempos, afirmam que esse tipo de ação policial deve ser superada, pois ela não inibe o tráfico e gera mortes incontáveis, em especial de moradores das favelas, policiais e jovens em atividades ilícitas.
Todavia, assistimos, durante toda a última terça-feira, em algumas favelas da Maré, a mais um desses espetáculos infernais, tendo o Bope como agente protagonista, como em vários outros episódios: intensa troca de tiros com o uso de armas de guerra, policiais e moradores feridos, invasão de casas e automóveis e imenso pânico para os seus 140 mil habitantes. O que mais espanta é que essa cena de guerra absurda ocorre depois do governo federal ter gasto mais de meio bilhão de reais mantendo o Exército como força de ocupação da Maré por 13 meses. Um imenso desperdício de dinheiro público, que deveria ter sido usado de forma mais eficiente e eficaz em políticas públicas, inclusive segurança pública, que melhorassem efetivamente a vida dos moradores e alcançasse, especialmente, as famílias mais vulneráveis à atração das redes criminosas.
O que precisamos, na Maré e nas outras favelas cariocas, é uma ação do Estado integrada, que respeite o direito à vida dos seus moradores e lhes ofereçam oportunidades de ser cidadãos plenos. Precisamos garantir o direito à segurança publica que reconheça o morador da favela como cidadão com os mesmos direitos de outros residentes da cidade.
Precisamos de servidores públicos, dentre eles os policiais, que atuem reconhecendo a condição humana e cidadã dos moradores das favelas, e não algozes que tragam apenas terror, violência e dor. Isso apenas reforça a raiva da população em relação aos agentes públicos e fortalece ainda mais os grupos criminosos. Assim, infelizmente, somos obrigados, como cidadãos da Maré e da cidade, a proclamar, de forma indignada, a mesma interrogação de dez anos atrás: até quando?
What we need, at Maré and in other slums, is an integrated action of the State that respects the right to life of the residents and offers them opportunities to be active citizens
Rio – “Until when” is the title of the documentary made in 2005. In it, the failure of the strategy of the “war on drugs” centered on the military confrontation between the police and criminal gangs was presented. The security forces, for a long time, have been saying that this kind of police action must be overcome, as it does not inhibit drug trafficking and generates countless deaths, especially of slum residents, police officers and youth in illegal activities.
However, we have seen, throughout last Tuesday in some slums at Maré, another one of those infernal spectacles, with BOPE as protagonist agent, as in several other episodes: intense firefight with the use of weapons of war, policemen and injured residents, home and car invasions and huge panic to its 140 thousand inhabitants. What amazes most is that this absurd war scene takes place after the federal government has spent over half a billion reais keeping the army as an occupying force at Maré for 13 months. A huge waste of public money, that should have been used more efficiently and effectively in public policies, including public safety, which would effectively improve the lives of residents and particularly reach the most vulnerable families to the lure of criminal networks.
What we need, at Maré and in the other slums, is an integrated action of the State that respects the right to life of its residents and offers them opportunities to be active citizens. We need to guarantee the right to public safety that recognizes the slum resident as a citizen with the same rights of other city residents.
We need public servants, including police officers, to act while acknowledging the human and civic condition of slum residents, not executioners who only bring terror, violence and pain. This only reinforces the anger of the population in relation to public servants and further strengthens criminal gangs. So, unfortunately, we are obliged, as citizens of Maré and the city, to indignantly pose the same question we posed ten years ago: until when?
Eliana Sousa Silva is the director of NGO Maré Development Networks
Jailson de Souza e Silva is director of NGO Observatório de Favelas
A busca por diálogo e aproximação entre pessoas permeia as páginas desta edição, a começar pela charge do morador André de Lucena, tocando num tema bem atual. Boa parte das páginas seguintes reflete o diálogo ou a falta dele e suas consequências para a população.
Exemplo clássico (da falta de conversa) são as medidas anunciados pela Prefeitura na área de transportes, que mexerão, para pior, com a vida de quem circula entre as Zonas Norte e Sul (pág. 4 e 5). Na área de educação, o pedido também é de mais diálogo (pág. 12). Bom lembrar que estas são duas áreas sensíveis para os cariocas. O Rio é a cidade do país onde os moradores perdem mais tempo no trajeto casa-trabalho, segundo estudo da Federação das Indústrias do estado (Firjan). Na educação, uma avaliação do governo federal acaba de mostrar que o estado do Rio foi o pior do Sudeste e ficou atrás de muitos outros estados na Avaliação Nacional de Alfabetização. Temos ainda muito a fazer e muito o que debater.
Já a matéria de capa pretende aproximar os moradores da realidade dos usuários da cena do crack. São vizinhos muito falados, porém conhecidos apenas superficialmente pela maioria dos moradores da Maré (pág. 8 a 11). Na área de saneamento básico, o assunto é o diálogo de jovens moradores com a Comlurb. Mas há outros exemplos. Confira!
Boa leitura a todas e todos!
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[toggle title=”Fora do Brasil, uma das grandes questões é a dos refugiados”]
Desde janeiro, milhares de pessoas embarcaram em viagens perigosas em busca de segurança na Europa – grande parte delas morreu tentando. Mesmo para quem chega, as dificuldades estão longe de acabar.
Essas pessoas estão fugindo de conflitos armados em seus países, e para isso, enfrentam dias de caminhada ou se aventuram em embarcações precárias no mar Mediterrâneo, muitas vezes com crianças pequenas e parentes idosos. Mais de 4 milhões de refugiados já deixaram a Síria nessas condições. Diferentes dos migrantes, refugiados são pessoas que fogem de conflitos, guerras ou perseguição por raça, gênero, religião ou opinião política.
Agora, estamos vivendo a maior crise de refugiados desde a II Guerra. O avanço de grupos extremistas armados, como o Estado Islâmico e o Boko Haram, que perseguem minorias praticando sequestros, tortura e execuções, aumenta o fluxo de pessoas que buscam segurança.
Mais de 95% das pessoas não conseguiram chegar à Europa e estão concentradas em apenas cinco países próximos à Síria – Líbano, Turquia, Jordânia, Iraque e Egito. Apenas no Líbano são cerca de 1,2 milhão de refugiados sírios, o que equivale a cerca de uma em cada cinco pessoas no país.
A Alemanha prometeu mais de 35mil lugares para os refugiados sírios por meio de seu programa de admissão humanitária e patrocínio individual. Mas para chegar até lá, os refugiados precisam passar por países bem menos receptivos, pois as fronteiras da Europa continuam, em sua maioria, fechadas.
Em meados de setembro, a Hungria fechou sua fronteira, deixando mais de mil pessoas, incluindo muitas famílias que fugiram do conflito na Síria, Afeganistão e Iraque, presas em condições degradantes em uma estrada na Sérvia. Essas pessoas têm recebido penas ajuda de voluntários, com acesso restrito a comida, banheiro e água potável.
Milhares de pessoas ainda precisam ser realocadas, e outras precisam sair de seu país de origem para sobreviver. Enquanto isso, na Europa, grupos conservadores se fortalecem com o medo de ameaças terroristas, e usam este argumento como pretexto para alimentar a intolerância e não receber os refugiados.
Mas ainda há esperança. Ao redor do mundo temos visto pessoas que se posicionam em defesa dos refugiados e mostram estarem dispostas a receber bem as famílias que precisam de ajuda. Os líderes europeus devem oferecer passagens seguras para a Europa e prover acolhimento de emergência para quem chega. Todos os países que integram a União Europeia precisam honrar a Convenção da ONU sobre Refugiados que assinaram e compartilhar a responsabilidade de receber as famílias.
Nessa história, o Brasil tem tido uma postura receptiva na acolhida a sírios, estando entre os 10 países que mais concedem refúgio no mundo. Mas ainda podemos fazer mais. Mesmo no Brasil é possível mostrar solidariedade e cobrar as autoridades por mudanças e respostas efetivas a esta crise global.
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[toggle title=”Mais um talento na Maré”]
Mais um morador da Maré aproveita a internet para divulgar seu talento. E o melhor: vem fazendo sucesso. Desta vez é a Andressa Muniz, da Nova Holanda, que com apenas 18 anos de idade criou seu próprio canal no Youtube, chamado “Andressa Makeup”. Em seis meses, ela cativou mais de 1.400 seguidores interessados em suas dicas sobre o universo feminino.
“Sempre tive vontade de gravar vídeos. Gravei vários, mas apagava com medo de como as pessoas iam reagir, se iam gostar ou não. Comecei vendo os vídeos da Bia (Bianca, do Boca Rosa – ver ed. 34), que tem mais de um milhão de seguidores no Youtube. Nossaaaaaa, ela me inspira demais. Amo os vídeos dela e de outras também. Então, fui criando coragem”, conta ela.
Estudante do pré-vestibular da Redes da Maré, Andressa está prestes a lançar também um blog, que se chamará “Doce segredo”. “Tenho orgulho de falar que moro aqui porque é de pequenos lugares que saem grandes talentos”, afirma a moça. Parabéns! Os vídeos são mesmo super legais. Acompanhe: Vanessa makeup17, nome do canal no Youtube e da página no Facebook.
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[toggle title=”Procurando emprego ou curso?”]
Anote na agenda: dias 15 de outubro, em Marcílio Dias (Av. Treze de Maio, 1, próximo à Igreja Nossa Senhora Aparecida), e em 11 de novembro, na Nova Holanda (Rua Teixeira Ribeiro, 900, em frente a Cedae), acontecem mais duas edições da Feira de Empregabilidade, promovida pela Luta pela Paz.
O evento traz empresas para dentro da Maré, com o objetivo de facilitar o acesso dos moradores ao mercado de trabalho formal. São oferecidas vagas de emprego, estágio e jovem aprendiz. Moradores com idades entre 14 e 50 anos devem levar carteira de identidade, CPF e carteira de trabalho. No ano passado, a feira teve cinco edições e encaminhou 767 pessoas para as oportunidades oferecidas pelas empresas. O evento acontece de 10h às 16h.
A Luta pela Paz também oferece cursos, realizados em parceria. O projeto Conexão, por exemplo, promove o curso Conexão Varejo Alimentar, com duração de quatro dias, dirigido a pessoas acima de 18 anos de idade. Os formandos serão encaminhadas para trabalhar principalmente em supermercados, nos setores de panificação, açougue, laticínios e peixaria. O curso acolhe um público diversificado, especialmente a população LGBT, idosos e mulheres negras. Estão previstas três turmas ainda este ano, duas na Nova Holanda, de 28 de setembro a 1º de outubro e de 16 a 19 de novembro; e uma em Marcílio Dias, de 19 a 22 de outubro.
Esta edição reflete a diversidade e a pulsação cultural da Maré. Em setembro, teremos um pouco de tudo: parada LGBT, evento gastronômico, exposição de arte contemporânea, teatro engajado e exposição de fotos e exibição de um curta-metragem sobre a cena do crack. E em outubro, teremos encontro para troca de experiências sobre MPB. Tentamos divulgar alguns eventos, mas certamente há muitos outros, tão merecedores quanto.
Como nem tudo são flores, o artigo da Anistia nos lembra uma triste realidade, infelizmente bastante próxima de nós: os homicídios decorrentes das incursões da Polícia Militar, em geral tratados como “autos de resistência”, porém sequer investigados. Casos impunes que alimentam o ciclo da violência, conforme destaca o artigo da pág. 11.
A luta por direitos e por mais qualidade de vida permeia a história dos moradores que aparecem nesta edição. Seu Ramos da Laje, o pescador Massa, o paratleta Felipe, o Raphael dos vines e tantos outros que, a cada mês, vamos buscando apresentar, atendendo às sugestões, debatendo e trocando ideias pelas ruas da Maré.
Boa leitura a todas e todos!
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[toggle title=”Artigo: Feira de Saúde e Parada LGBT”]
Domingo, 6 de setembro, acontece o Festival de Cultura, Direitos e Cidadania LGBT de favelas 2015, na Rua Teixeira Ribeiro, próximo ao número 535. As atividades começam às 7h, com café da manhã durante a montagem das barracas da Feira de Saúde Maré Saudável, que abrirá às 10h. Durante todo o dia haverá oferta de serviços de ação social e de assistência, além da apresentação de trabalhos de organizações comunitárias que atuam com promoção da saúde.
O público poderá se informar a respeito de encaminhamento de denúncias de violência por orientação sexual e homofobia, receber orientação sobre retirada de documentos, conhecer serviços de referência para a população LGBT, entre outras ações. Também será lançada a Cartilha LGBT de Favelas. Pela primeira vez, haverá o Prêmio Atila Ramalho, que homenageará pessoas engajadas na luta pelos direitos da população LGBT.
Às 17h, haverá a já tradicional parada LGBT, com saída da Praça do Parque União. O evento é organizado pelo Conexão G com apoio de postos de saúde da Maré.
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[toggle title=” Vida Real promove cultura da MPB”]
O Instituto Vida Real está organizando a Feira Cultura da MPB, que durante dois dias apresentará trabalhos de alunos e promoverá atividades de valorização do conhecimento sobre a música popular brasileira. A ideia surgiu quando os professores detectaram um fraco conhecimento sobre o tema, mesmo entre os alunos de canto e instrumentos musicais.
A partir daí, teve início um trabalho de pesquisa e sensibilização que apresentou resultados positivos, que agora serão compartilhados com os moradores e trabalhadores da Maré. Anote na agenda. Serão dias de encontros com troca de conhecimento, música e festa pautada nessa temática. A feira será nos dias 15 e 16 de outubro, quinta e sexta, na Casa de Festas Ocle Night, na Rua Bittencourt Sampaio, 155, de 10h às 18h.
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[toggle title=” Dupla dinâmica”]
As moradoras Iraci Costa e Eudésia Santos da Silva estão formando parceria. Iraci é cantora, tem três CDs gravados e entrou em contato conosco assim que leu o poema “Favela”, de Eudésia, publicado no Maré de Notícias de junho (ed. 63). “Quero fazer uma música para essa poesia”, disse ela. As duas já se conheceram e o combinado é Iraci cantar primeiro outro poema de Eudésia, que já tem melodia pronta. Parabéns às duas!
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[toggle title=”Em busca de um sonho”]
Por Rosilene Miliotti
Roberto Custódio, morador da Nova Holanda, sonha com a medalha nos Jogos Pan-Americanos
O boxeador Roberto Custódio, 27 anos, morador da Nova Holanda, é titular na seleção brasileira na categoria meio médio (até 69kg) e em julho estava participando do seu primeiro Pan-Americano, em Toronto, no Canadá. A parada é dura. “Os cubanos são muito fortes nesta competição. Meu adversário mais forte foi três vezes campeão Olímpico”, explica.
Roberto conta que tudo que conquistou na vida foi graças ao boxe e que mantém a família com o que ganha como atleta. “O Roberto é da paz e nasceu para o boxe”, é assim que a esposa, Alexandra Oliveira Custódio de Queiroz, 26 anos, o define. Eles se conheceram ainda adolescentes no Luta Pela Paz, estão juntos há 10 anos e têm uma filha de 6. Aliás, no período da gravidez, Roberto foi para São Paulo treinar com a seleção brasileira de boxe e desde então fica no vai e vem entre Rio e São Paulo a cada 15 dias.
Ser atleta ou não?
Roberto, que pratica boxe desde os 13 anos, teve que renunciar muita coisa para estar na seleção brasileira. “No início só queria aprender a me defender e adorava ir para casa com a mão enfaixada com atadura, mas as pessoas perguntavam se eu estava machucado. Aí eu dizia que não, que estava fazendo boxe. Queria me mostrar”, lembra ele, que também queria ser reconhecido na comunidade por lutar bem, já que via que outros colegas eram reconhecidos por isso. “Vou ser lutador pra geral me conhecer também”.
Na seleção, além dele, há mais dois atletas de favelas do Rio, ambos do Vidigal. “A gente fala que o boxe é o patinho feio dos esportes, tem muitos moradores de periferias do Brasil. A diferença são os sotaques e as gírias”, comenta.
Antes da primeira competição, ele caiu de moto e quebrou o braço, o que retardou o início de sua participação nos eventos esportivos. “Em 2006, fiz a primeira viagem para competir. Minha esposa, na época companheira de equipe, também viajou. Fomos para a Irlanda do Norte. A gente não ganhava nada para lutar e de todos que viajaram, só eu que continuei no boxe. Por muitas vezes pensei em desistir, principalmente quando minha namoradora (agora esposa) engravidou. Meu treinador me orientou e falou para eu não servir ao quartel e continuar no esporte ‘porque eu era bom’. Respondi dizendo que gostava do boxe, mas eu não ganhava nada, e perguntei como faria para levar minha namorada pra sair? Lutador duro?!”, brinca.
O treinador, para convencê-lo, disse que se ele ganhasse a competição em São Paulo, conseguiria uma bolsa para ele. Roberto pediu dispensa do quartel, foi para a competição e perdeu. “Caraca, era pra ter ficado no quartel. Perdi e fiquei todo doido. Voltamos e comecei a treinar. Eu frequentava baile funk e voltava pra casa com o dia claro, mas para me dedicar ao esporte comecei a voltar às 3h, até que não fui mais.”
Em 2007, o boxeador voltou ao campeonato em São Paulo, o Luva de Ouro, e ganhou por três anos consecutivos. Agora acumula uma série de medalhas. “Tinha muita coisa no treinamento que eu achava chato, mas que fez muita diferença para eu chegar à seleção”, confessa ele. Custódio sabe que a vida atleta é curta e quer se formar e voltar ao projeto Luta Pela Paz para trabalhar como professor dando aula de boxe.
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[toggle title=”Academia José Aldo lotada”]
Como é comum nessa idade, Felipe, de 6 anos, e Mateus, de 7, não gostam de acordar cedo para quase nada. A exceção fica por conta das aulas de judô, que começam às 8h na Associação de Moradores do Conjunto Esperança. “Não tem cansaço, não tem dor; e se eu disser que não posso levá-lo, ele chora para ir”, conta Monique Cândido, mãe de Mateus.
Os dois fazem parte de um grupo de 300 crianças e jovens que praticam esportes na Escola de Lutas José Aldo, a primeira instalada em uma comunidade ocupada pelas forças de segurança, segundo o presidente da Associação de Moradores, Pedro Francisco dos Santos. “Estamos tentando ampliar o número de vagas, porque inauguramos a academia em 1º de junho e rapidamente lotou. Vieram alunos de várias comunidades vizinhas, como Vila do João e Pinheiro”, conta ele.
A escolinha é uma iniciativa do campeão peso-pena do UFC, José Aldo, em parceria com o governo do estado e a associação. “Gosto de assistir, vibro com meu neto aprendendo”, diz a avó de Felipe, Tânia Lúcia Teixeira e Silva, ao lado da mãe do menino, Priscila, moradoras do Conjunto Esperança.
Escola de lutas Judô, boxe, jiu jitsu e luta olímpica.
Horários: de segunda a sexta, manhã e tarde.
Local: Quadra da Associação de Moradores do Conjunto Esperança
OBS: Aguarda ampliação das vagas para novas matrículas
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[toggle title=”Policiais acusados de atear fogo em uma casa”]
Desde a desocupação das Forças Armadas, a Maré tem recebido quase diariamente operações policiais realizadas pela Companhia de Cães, Batalhão de Choque e Bope. Na manhã da quarta, 8 de junho, policiais militares fizeram buscas em várias comunidades.
Moradores contaram que PMs arrobaram uma residência fechada na Rua Castelo Branco, no Parque Maré, e colocaram fogo na casa. Bombeiros foram chamados e com ajuda de moradores extinguiram o fogo. O resultado do incêndio foi perda total. O morador estava trabalhando quando tudo aconteceu.
A casa ao lado também foi atingida e teve azulejos e pintura danificados. “Na casa estavam minha esposa e filho de um ano e seis meses, que saíram do banho correndo de toalha. Eles ainda respiraram a fumaça. Meu sentimento é de revolta”, conta o vizinho. Testemunhas disseram que policiais gritaram: “morador é tudo bandido”. As testemunhas não sabem dizer se os PMs eram do Bope ou do Choque.
Contatada no fim da tarde, a assessora de imprensa da Polícia Militar informou que iria apurar o caso. Nas ações desse mesmo dia, um jovem de 23 anos foi atingido no braço por uma bala perdida na Nova Holanda e não corre risco de morte. Desde o início da ocupação militar, o Maré de Notícias contabiliza 24 homicídios em diferentes circunstâncias nas favelas locais.
O defensor público Daniel Lozoya se colocou à disposição dos moradores que queiram entrar com ação de responsabilidade civil contra o governo do Estado. Diferentemente de um processo criminal, o objetivo da ação civil é buscar uma indeniza- ção para reparar danos financeiros enfrentados pelas vítimas.
Defensoria Pública: Rua México, 11/15º andar, Centro. De 10h às 18h.
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[toggle title=”Sem Terra pede melhorias”]
Área do Parque União onde hoje moram 10 mil pessoas precisa de investimentos públicos
Por Silvia Noronha
O casal Dione Gonçalves e Carlos Alberto Pereira, o Beto Flamenguista, é de um tempo em que os próprios moradores se uniam para fazer melhorias urbanas na favela. Poucos anos atrás, Beto, morador do Parque União (P.U.) desde 1961, tentou juntar os vizinhos para comprar e instalar tubulação de esgoto no Sem Terra, para onde se mudou com a família há 17 anos. Até então, ele morava na Rua Larga.
“Hoje em dia dependemos do governo; antes os moradores botavam a mão na massa, tudo era na base da colaboração”, diz ele, que foi um dos primeiros a ocupar o Sem Terra, onde hoje estima-se haver mais de 10 mil pessoas, segundo a Associação de Moradores do Parque União.
“Vim porque imaginava que seria melhor, por ser mais próximo da Avenida (Brigadeiro Trompowsky)”, conta ele. Dione adora o lugar. “Muita tranquilidade”, relata ela. Os problemas ficam por conta da falta de rede coletora de esgoto e do estado da fiação, um verdadeiro emaranhado que coloca a população em risco.
O presidente da Associação de Moradores, Edilmo Batista dos Santos, diz que o Sem Terra é a localidade do P.U. que mais precisa da atenção do poder público. A própria associação vem investindo em melhorias, como construção de praças, e cobra das concessionárias de luz e telefonia a organização dos fios e do governo o sistema de esgotamento sanitário. “Já pedi mas ainda está só na promessa”, afirma.
A falta de tubulação de esgoto faz com que as ruas alaguem quando chove, tanto que Dione e Beto subiram recentemente o nível da própria casa para que a água não invada mais. O casal mora na Rua Manoel Pereira da Silva, nome do tio de Beto, que também foi morador e hoje é falecido. A poucos metros da casa, tem um dos mais perigosos emaranhados de fio da localidade.
Mas como nem tudo é problema, a qualidade de vida no Sem Terra já ganhou muitos pontos com o asfaltamento pela prefeitura e a construção de novos espaços de lazer pela associação. Ao final da Rua Manoel Pereira da Silva, têm brinquedo para crianças e área coberta com mesa para os adultos jogarem baralho. No Portal da Ilha, tem uma nova quadra, em fase final de construção. “Vamos manter a ideia de homenagear as pessoas daqui. A quadra vai se chamar Paiva, que era morador da praça. Acontece o mesmo com as ruas do Sem Terra; quase todas têm nome de exmorador”, conta Edilmo.
A Vila Esperança, no Conjunto Esperança, vive bons momentos, segundo moradores
Por Silvia Noronha
A Vila Esperança, conjunto de casas situadas ao fundo dos prédios do Conjunto Esperança, hoje em dia é um lugar com uma boa qualidade de vida, segundo contam moradores antigos. Severina Souza de Menezes, moradora há 30 anos, e Francisco Soares, o Jatobá, há 26 anos, apontam várias melhorias.
A principal delas é na parte de saneamento básico. Há cerca de três anos, a prefeitura finalmente fez ligação de esgoto nas residências, atendendo a pedidos da Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Esperança. “Melhorou 100%; quando chove, o esgoto não sobe mais. Ficou melhor morar aqui, tanto que valorizou”, afirma Jatobá, para quem a vila é uma família, com cada morador ajudando a cuidar do lugar.
Severina também elogia e se lembra de quando chegou. “Aqui era uma vala; tinham três casas e um bar”, conta ela, que veio da Paraíba. Primeiro, aos 15 anos de idade, acompanhada da mãe e da irmã mais nova, de 7, ela passou por Bonsucesso e Ramos. Depois vieram para cá, onde ela ajudou a construir a própria casa onde mora até hoje. Carregava 10 tijolos de cada vez, que comprava na entrada da vila. “Depois me casei, criei quatro filhos, um deles formado em Direito”, orgulha-se.
Mais melhorias
A pedido da Associação, a Fundação Parques e Jardins está articulando com outros órgãos da prefeitura a viabilidade de criar uma praça com brinquedos para crianças, ao fundo da Vila Esperança. “Queremos preservar essa área para a comunidade”, explica Pedro Francisco dos Santos, presidente da associação.
Como o local fica às margens do canal, a ideia é fazer um espaço cercado, contendo um kit de brinquedos, para não representar risco para os pequenos. A sugestão é de Andréa Cardoso, diretora de Projetos da fundação, que esteve no Conjunto Esperança em maio. No entanto, ela disse que não podia prometer nada para já porque os contratos com fornecedores estavam suspensos.
Pedro reivindica outras melhorias para o Conjunto Esperança com um todo, entre elas, a construção de uma creche pública, pois a comunidade não possui nenhuma unidade dessas; e investimentos no saneamento dos prédios, que foram construídos num nível baixo e o esgoto sobe com frequência.
Outra luta é por um campo de futebol com grama sintética. “Temos dois campos e os dois com areia”, justifica ele, que não para de lutar por uma melhor qualidade de vida no Conjunto Esperança.
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[toggle title=”Artigo: Do progresso ao retrocesso”]
A discussão sobre a redução da maioridade penal no Brasil
Por Átila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional
Desde a democratização, o Brasil avança na área de direitos humanos. Muitas vezes, o progresso anda a passos lentos, porém, firmes. No entanto, a nova composição conservadora do Congresso Nacional nos coloca diante de um perigoso retrocesso: a redução da maioridade penal.
A resposta das autoridades à crise da segurança pública não pode ser esta. Estes jovens, geralmente negros, pobres e moradores de favelas e periferias, são as principais vítimas da violência. Só em 2012 foram registrados 56 mil homicídios no Brasil. Em mais de 50% dos assassinatos (30 mil), as vitimas foram jovens de 15 a 29 anos; 77% deles, negros. Dados do Índice de Homicídios na Adolescência também mostram que mais de 42 mil adolescentes de 12 a 18 anos poderão ser vítimas de homicídios até 2019. E a curva de crescimento continua ascendente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que a menor idade de responsabilidade criminal é 12 anos. Entre 12 e 18 anos, estes jovens devem ser atendidos por um sistema de justiça juvenil, adequado a seus direitos e características de desenvolvimento social e psicológico, inclusive com a privação de liberdade como último recurso. O crime deve ser punido, mas é preciso considerar as diferenças no desenvolvimento físico e psicológico nos adolescentes em relação aos adultos.
Colocar os menores de 18 anos em privação de liberdade nas mesmas instalações dos adultos deixaria esses jovens vulneráveis a abusos e aliciamento por parte de facções criminosas organizadas dentro das prisões, comprometendo dramaticamente suas perspectivas de reabilitação.
Ao reduzir a maioridade penal, o Estado e a sociedade brasileira mandam um sinal de que estariam desistindo de uma parcela de suas crianças e adolescentes, abrindo mão de suas responsabilidades na educação e promoção dos seus direitos. A juventude dos territórios periféricos e das favelas carece de oportunidades de acesso ao lazer, cultura e educação, condições essenciais na construção de uma vida plena, livre da violência. O potencial de criatividade, beleza e inteligência existente nesses territórios precisa ser estimulado e apoiado, valorizando as iniciativas já existentes e criando novas oportunidades. Esta deveria ser a prioridade.
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[toggle title=”Garotada de direitos”]
Alunos participam da Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
Por Hélio Euclides
Nos dias 13 e 14 de maio, aconteceu na Uerj a 10º Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, com o tema: “Política e Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes – fortalecendo os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente”. O objetivo do evento foi mobilizar crianças e adolescentes para implementar e monitorar a Política Nacional e o Plano Decenal dos Direitos Humanos referentes a eles. A Redes da Maré articulou a presença de 10 alunos para representar a instituição nesse importante debate.
Os representantes foram quatro do Preparatório para o ensino médio em escolas técnicas, dois do Preparatório 6° ano (para escolas de referência como Pedro II), dois do Complemento Escolar e dois do projeto Nenhum a Menos. Eles levaram as propostas da Maré aprovadas na Conferência Livre realizada no fim do Garotada de direitos Alunos participam da Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ano na Nova Holanda (leia na Ed. 60, pág. 3). Na conferência municipal um tema unânime foi o fim do trabalho infantil.
O aluno Jonatas Peixoto de Castro, de 15 anos, acha que um dos principais direitos é a educação. “Queremos mais escolas e creches, que seja divulgado o Estatuto da Criança e Adolescente nas escolas e que os grêmios sejam valorizados pelos diretores, só assim vai melhorar o respeito aos direitos infantojuvenil”, reivindicou.
Para José Lucas Jerônimo dos Santos, de 11 anos, um grande problema são os megaeventos. “Vai vir as olimpíadas, são gastos, enquanto isso não há ortopedista na UPA. Isso é igual a Copa do Mundo, só ajudam ao estrangeiro?”, questionou.
Protagonismo infanto-juvenil
Várias aulas preparatórias foram realizadas pela Redes para que os alunos pudessem se familiarizar com o assunto. “O objetivo é que chegassem para participar, sendo protagonistas juvenis, para construir junto com outras crianças a conferência da cidade. Outro ponto foi que eles levaram a realidade da Maré e puderam ser ouvidos, algo que não acontece sempre”, explicou o assistente social da Redes da Maré, Leonardo Fragoso.
“Fizemos um jornal sobre os direitos de estudar, ser livre, brincar, não trabalhar e ter atendimento no hospital. O problema hoje são os responsáveis por não darem atenção aos filhos, alguns pais chegam a nos abandonar como brinquedos quebrados”, opina o aluno Samuel Lucídio da Silva, de 10 anos.
Para o amplo debate, a conferência foi divida em seis eixos temáticos: direito à participação e à educação; direito à saúde, ao esporte, à cultura e ao lazer; direito à convivência familiar e comunitária, a brincar e direitos das crianças e adolescentes com familiares encarcerados; medidas socioeducativas aplicadas ao adolescente que comete ato infracional: contra a redução da idade penal e o aumento do tempo de internação e violência letal contra crianças e adolescentes; prevenção e erradicação do trabalho infantil e proteção do adolescente trabalhador e violação de direitos de crianças e adolescentes em situação de rua; e enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes.
“A conferência foi importante porque falamos dos nossos direitos”, finalizou a aluna Bruna Landra da Silva, de 11 anos.
Moradores da Maré e trabalhadores da Feira da Teixeira recebem a campanha Jovem Negro Vivo e apoiam a iniciativa
Por Anabela Paiva
Todos os sábados, a Rua Teixeira Ribeiro, a mais movimentada do Parque Maré e Nova Holanda, se enche de moradores e visitantes em busca dos mais diversos itens, de temperos a mesas de som para DJs, de filés de sardinha a enfeites para casa. Sábado, dia 9 de maio, por volta das 16h, o burburinho da feira cessou quando as batidas de dois tambores anunciaram a entrada dos jovens bailarinos da Escola Livre de Dança da Maré. Um a um, eles se alinharam ao longo da rua, entre as barracas.
Entre eles, traziam roupas com furos e manchas que lembravam marcas de tiros e sangue. As roupas representavam os sete jovens mortos a cada duas horas no Brasil, segundo dados da Anistia Internacional. “Jovem… negro… vivo!!”, gritaram, antes de vestir as roupas manchadas.
Criada pelos bailarinos, em parceria com a Lia Rodrigues Companhia de Danças, a performance foi um dos destaques do lançamento da campanha Jovem Negro Vivo na Maré. A campanha, realizada pela Anistia Internacional em parceria com a Redes da Maré e o Observatório de Favelas, alerta para a chocante realidade brasileira: dos 56 mil homicídios cometidos no Brasil por ano, mais da metade atingem os jovens de 15 a 29 anos e 77% das vítimas são negros. No Rio de Janeiro, segundo o Mapa da Violência de 2014, a taxa de jovens brancos mortos é de 20 por 100 mil; a de jovens negros é de 64,1.
Essa era a mensagem que cerca de 30 jovens, entre negros e brancos, moradores da Maré ou de fora, buscaram transmitir aos compradores e trabalhadores da feira. Além de entregar o folheto da campanha, eles pediam a assinatura do manifesto “Queremos ver os jovens vivos” (leia o documento no Box ao lado e saiba como assiná-lo).
Com a campanha, a Anistia convida todas as pessoas a romper o silêncio e a indiferença diante dessa realidade. O manifesto defende o direito à vida e ainda pede políticas públicas de segurança, educação, saúde, trabalho, cultura, mobilidade urbana, entre outras, que possam contribuir para o enfrentamento dessa realidade.
“É preciso desnaturalizar as mortes de jovens negros e mostrar que essa questão é da cidade e do país e não só da Maré ou das favelas”, disse Edson Diniz, diretor da Redes da Maré.
Moradores relatam situações de racismo
A maioria dos abordados apoiava a ideia – alguns por terem passado por experiência própria por situações de racismo e violência. Na Maré, segundo dados do IBGE, 61% da população se declara negro ou pardo.
O mineiro Jacques Ferreira Figueiredo, de 22 anos, era um deles. Numa pausa da venda de caldos de cana na sua barraca, ele contou já ter vivido muitas experiências de discriminação. “Quando a gente chega para comprar uma coisa, se só tem pessoas mais claras que a gente, acham que a gente é excluído. Não querem atender. Pessoal branco é muito estranho. Chegam aqui na barraca e pedem o caldo de cana com ignorância”.
Assistindo à performance da sua barraca, em que vendia óculos escuros, o camelô Nelson Gomes, 25 anos, fez questão de elogiar a campanha. “É muito importante o que vocês estão fazendo. Se você é negro e mora na favela, já sabe: é esculachado”, afirmou. Morador da Nova Holanda há cinco anos, ele já teve a casa invadida por policiais: “Bagunçaram, jogaram tudo no chão, quebraram coisa. A gente sua para comprar e acontece isso”.
Violações: “até quando?”
O lançamento da campanha ocorreu em um contexto tenso na Maré, quando as forças especiais da Polícia Militar que preparam a ocupação estavam sendo acusadas de atitudes arbitrárias, violações de direitos e até agressões físicas a moradores.
“Estamos pedindo aos moradores que estejam muito atentos e denunciem os abusos das forças policiais”, ressaltou Edson. Esta mobilização não é recente. Em 2014, a Redes e o Observatório realizaram com a Anistia Internacional a campanha “Somos da Maré e temos direitos”, de prevenção de violações por parte das forças policiais. Raquel Willadino, diretora do Observatório de Favelas, lembrou que em 2005 uma exposição de fotografias realizada pela organização já denunciava a violência contra a juventude e perguntava, no seu título: “Até quando?”.
Após a performance da campanha da Anistia, houve uma apresentação do dançarinos de passinho da Rua C – Companhia de Dança. Logo após, jovens da Maré, voluntários da Anistia, integrantes das duas organizações e especialistas em segurança pública se reuniram no Centro de Artes da Maré (CAM), na Nova Holanda, para uma roda de conversa com ativistas que desenvolvem ações de mobilização para o enfrentamento da violência.
Mediado por Bruno Duarte – rosto que aparece na campanha Jovem Negro Vivo – , o encontro teve a presença de Valnei Succo e Mayara Donaria, da Escola Popular de Comunicação Crítica (Espocc); do rapper Dudu de Morro Agudo, líder do movimento Enraizados; Giordana Moreira, organizadora do festival Roque Pense; Gilmara Cunha, do grupo Conexão G; e Binho Cultura, criador da Festa Literária da Zona Oeste (Flizo). Ao fim do encontro, houve apresentação musical do grupo Los Chivitos, com a participação teatral da Cia. Marginal.
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[toggle title=”Justiça perto de casa com casório grátis”]
Por Hélio Euclides
Mais de 500 casais já aproveitaram os serviços do ônibus da Justiça Itinerante para formalizar a união estável. O braço da justiça na favela envolve 50 funcionários, incluindo quatro juízes, dois promotores e dois defensores. O objetivo é resolver casos de divórcios, reconhecimento de paternidade e certidão de nascimento tardia, além do casamento civil gratuito e ações relacionadas ao direito do consumidor.
No dia 29 de abril o local escolhido foi o terreno da Associação da Vila do Pinheiro. Verônica Oliveira Rodrigues veio da Nova Holanda. “Muito bom, não é todo dia que há gratuidade no casamento. Já estamos juntos há 15 anos, pois o valor do casamento é muito caro nos cartórios”, explicou. Para Luiz Alberto de Castro Silva, também da Nova Holanda, o problema não é só de dinheiro. “É um incentivo, pois não é só o financeiro, é o tempo. É perto de casa e fica mais fácil, não atrapalha nem o casal nem as testemunhas”, contou Luiz, que já vive com a companheira há 20 anos.
Informe-se sobre o calendário pelo telefone 3133-3468 ou na associação de moradores da sua comunidade.
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[toggle title=” Banda Algoz”]
Sucesso dentro e fora da Maré, grupo de rock nascido e criado na Maré há 11 anos lançará em breve seu primeiro CD
Por Fabíola Loureiro
Formada por três moradores da Maré e um de São João de Meriti, a banda Algoz já tem 11 anos de estrada e vem fazendo sucesso por onde passa. A banda está finalizando seu primeiro CD, homônimo, que deve ser lançado no mês de julho.
O guitarrista Diogo Nascimento, morador da Vila do Pinheiro, conta que no início o grupo tocava por hobby, fazendo cover de outras bandas e sem preocupação de mercado. Com o tempo, eles foram percebendo que era isso o que queriam da vida e começaram a fazer suas próprias músicas.
Elza La Sombra, vocalista da Algoz, também responsável pela produção executiva, diz que cada um tem uma segunda função na banda e ainda contam com a ajuda de colaboradores. “O Diogo faz as gravações e edições, é nosso produtor musical. O Klaus atua na área de marketing, fazendo as divulgações nas redes sociais. Eu entro em contato com os locais e marco os shows e temos os amigos e nossa família que nos ajudam e incentivam bastante. Os fãs acompanham nosso trabalho e compartilham os eventos no Facebook”, conta Elza, que é esposa do Diogo.
Klaus Grunwald, baixista e morador da Baixa do Sapateiro, diz que a música continua sendo o hobby deles, mas agora de uma maneira mais séria, na tentativa de entrar no mercado musical. “Temos feito shows mais fora do que dentro da Maré. Divulgamos nosso material na internet e aparecem os convites para shows. Já tocamos no Circo Voador, Terreirão do Samba, em Belo Horizonte, Lonas, Arenas e em vários festivais”, elenca Klaus. O baterista Robson Pontes é o único integrante que não mora na Maré e entrou recentemente na banda.
Os ensaios acontecem na casa de Elza e Diogo, onde também ocorrem reuniões e encontros com os amigos. Com letras todas em português, as músicas são uma mistura de new metal com pósgrunge. New Metal funde influências do grunge e do metal alternativo com funk, hip hop e punk, rap e música eletrônica. Já o Pós-grunge geralmente é mais pop.
“As letras são muito subjetivas, depende da interpretação de cada um. Uma de nossas músicas, Fungos, fala de uma pessoa em cima de uma motocicleta e sua vida em torno disso, mas a motocicleta é uma figura de linguagem”, explica Elza (leia a letra de Fungos na página 16).
Eventos mensais de rock na Maré
Além de fazer shows, a Algoz integra o coletivo “Rock em Movimento” juntamente com as bandas Levante e Café Frio. O coletivo surgiu durante a construção do evento Maré de Rock, em 2008, e tem o intuito de dar espaço para bandas autorais mostrarem suas produções. Os shows acontecem uma vez por mês no Largo do IV Centenário, no bar do Zé Toré, sempre com três bandas, uma da região e duas de fora, respeitando as datas de outros eventos na Maré.
“Estamos pensando em tornar o Rock em Movimento um evento itinerante e mais vezes ao mês, em outros espaços do Rio de Janeiro. Hoje o cenário rock está assim: constrói eventos para criar o intercâmbio entre bandas dentro e fora da cidade. Dessa forma as bandas se auto beneficiam”, esclarece Diogo.
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[toggle title=”Serviços na Nova Holanda”]
A Associação de Moradores da Nova Holanda está oferecendo uma série de serviços para os moradores. Veja a relação: advogado criminalista (5ª feira – 16h); advogado trabalhista e da vara cível (sábado – 8h às 12h); clínico geral, ginecologista, pediatra, cardiologista, endocrinologista (2ª a 4ª – 13h); oftalmologista (de 15 em 15 dias na 3ª – 9h às 14h); reforço escolar (2ª a 5ª – três turnos de duas horas – de 14h às 22h); alfabetização e informática para a 3ª idade (2ª a 5ª); balcão de emprego (sábado – 8h às 12h).
Tem ainda o Projeto Economia Solidária – Rio Ecosol -, financiado pelos governos federal e municipal, com a finalidade de qualificar artesãos locais e inseri-los no mercado de trabalho com a venda de material em feiras. O foco é o uso de material reciclado. A associação fica na Rua Trancredo Neves esquina com Teixeira Ribeiro.