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Atos para pressionar por justiça marcam julgamento do assassinato de Marielle e Anderson

Após seis anos atuando para buscar por justiça o Instituto Marielle Franco promoveu um ato em frente ao Tribunal do Rio

Nesta quarta-feira (30), os ex-policiais militares e executores acusados de matar Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, vão a júri popular no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, no centro da capital, a partir das 9h.

Após seis anos atuando para buscar por justiça, defender o seu legado e a sua memória, o Instituto Marielle Franco, fundado pela família, promoveu um ato no amanhecer do dia do julgamento dos réus em frente ao Tribunal, no Rio de Janeiro, para reunir pessoas que também querem exigir uma resposta contundente e séria no caso. 

O ato que iniciou às 7h da manhã contou com a presença da família de Marielle e Anderson, o apoio de movimentos sociais e grupos de mães que perderam seus filhos para violência do Estado. 

“A sensação que eu tenho hoje é daquela mesma dor do dia que mataram minha filha, mas vamos tentar vencer isso depois de tanto tempo. Não tem como não se emocionar e não agradecer a cada um que tem somado conosco, nós estamos aqui também por vocês que não nos largaram em nenhum momento para estarmos juntos nesse dia”, diz emocionada Marinete Silva, mãe de Marielle e fundadora do Instituto Marielle Franco.

“Vamos com esses homens que são réu confessos para dizer que isso não é normal em democracia nenhuma. (…) É importante sim, que eles saiam daqui condenados”, completa.

Após esse momento, a família se encaminhou para o tribunal enquanto os movimentos sociais foram até o Buraco do Lume, onde existe uma estátua da parlamentar. Lá, vereadores e deputados discursaram sobre a importância desse julgamento para democracia brasileira.

O júri está previsto para durar dois dias. No segundo dia (31), às 18h, em frente à Estátua da Marielle Franco, será realizado o Aulão Público: Educar para justiça é educar para que não se repita. Estão confirmadas para a aula: Thula Pires, Professora de Direito Constitucional da graduação e pós-graduação do Departamento de Direito da PUC-Rio; Rubens Cassara, juiz de direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro; Ana Paula Oliveira, cofundadora e coordenadora do movimento Mães de Manguinhos; Benny Briolly, deputada estadual do Rio de Janeiro pelo PSOL e presidenta da Comissão de Direitos Humanos, da Mulher, Criança e Adolescente; Neide Jane Prado, secretária de Combate ao Racismo do PT/RJ e coordenadora estadual do Fórum de Mulheres Negras; e Talíria Petrone deputada federal pelo PSOL e integrante da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial.

“A força coletiva de tantas pessoas que nos apoiaram durante todos esses anos nos trouxe até aqui e nesse mês a justiça, enfim, vai começar a ser feita. Esse é um momento decisivo para todo mundo que luta por justiça e para quem acredita que o Brasil precisa ser um país sério que não permite que uma mulher negra seja assassinada com sete tiros na cabeça voltando do trabalho”, afirma Marinete. 

Ligia Batista, atual Diretora Executiva, ressalta que “o assassinato de Marielle e Anderson é um marco de violência política de gênero e raça no Brasil. A impunidade em crimes cometidos por agentes ou ex-agentes do Estado contra a vida de defensores de direitos humanos permite a repetição de atos semelhantes e a perpetuação do racismo, machismo e LGBTQIAPN+fobia”.

Em março deste ano, os irmãos Domingos Brazão, então conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão, eleito deputado federal pelo União Brasil, além do delegado Rivaldo Barbosa, foram presos como mandantes do atentado que vitimou Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Os três foram presos no Rio de Janeiro, de forma preventiva, na Operação Murder, Inc., deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e Polícia Federal (PF).

Maré representada em premiação internacional de webséries 

Produções de Raphael Vicente concorrem no Festival Internacional Rio Webfest 

Quem não assistiu os vídeos ‘This is Maré’ ou ‘Copa na Maré’ pelo Instagram estava com problema no pacote de dados de internet, certamente. Os vídeos roteirizados e produzidos pelo produtor de conteúdo, ator e empresário mareense Raphael Vicente e o coletivo de dança ‘Dance Maréviralizaram nas redes e um deles, sobre a copa, que contou com a trilha remix da música ‘Waka Waka (This Time for Africa)’, de Shakira, foi visto e notado pela própria cantora latina.  

As duas produções foram indicadas para receber a premiação do maior festival de webséries do mundo, o ‘Rio Webfest’ ou ‘Festival Internacional Rio Webfest’. Os vídeos concorrem na categoria ‘Best DanceVideo’.  Entre os dias 15 e 17 de novembro, o público poderá votar em This is Maré e Copa na Maré para conquistarem o prêmio. O link será divulgado nas redes do festival e também nas de Raphael. 

O Rio Webfest ou Festival Internacional Rio Webfest é um festival brasileiro de webséries, realizado anualmente desde 2015 e considerado o “maior festival de webséries do mundo”.

‘Eu tenho um carinho imenso por essas duas produções, são de longe os meus trabalhos mais importantes da vida’, comenta Raphael que pede o apoio do seu público e dos entusiastas de uma produção genuína e comprometida com a identidades das favelas. 

Yoga na Maré de casa nova

Instituto realiza evento para celebrar passo para ampliar atividades

Um dia uma portuguesa resolveu trabalhar na Maré e sentiu o coração bater mais forte por essa favela. Isso ocorreu em 2014, quando Ana Olívia veio ser professora de espanhol, num curso da Redes da Maré. A parceria aumentou e um ano depois começou a dar aulas de yoga, levando a prática a diversas partes da Maré. Depois fundou o instituto numa sede na Nova Holanda, mas o espaço ficou pequeno e, no último domingo (20), o grupo realizou o Portas Abertas do Yoga na Maré, para apresentar o novo espaço, que abrigará o grupo que fica na Baixa do Sapateiro.

O Instituto Yoga na Maré, após uma campanha de financiamento coletivo em 2023, começou este ano a construção e adequação da nova sede, visando ampliar o trabalho. O evento marca a conclusão da primeira etapa de construção da nova sede, com a colocação de uma cobertura no galpão. “Estou feliz com esse momento tão importante. São 9 anos de trabalho, passa um filme na cabeça. Estamos agora num espaço amplo para abraçar todas as nossas atividades”, comenta a professora Ana Olívia, presidente e fundadora do Yoga na Maré.

Ela conta que ainda há muito trabalho pela frente, mas que decidiu abrir as portas para receber todas as pessoas que apoiam e celebrar esta grande conquista. “Ainda não é perfeito, mas é um lugar que podemos começar a expandir o nosso trabalho. O primeiro processo foi difícil, conseguir, desde maio, uma arrecadação para colocar o telhado. Hoje é a celebração, pois no yoga comemoramos cada passo”, conclui. 

Uma festa de desafios e vitórias

O evento teve muitas atividades, entre elas, aulão de yoga com música indiana ao vivo, oficina de dança do ventre, atividades para crianças e gestantes, pintura de henna, atendimentos com reiki e auriculoterapia, tarot, bazar, brechó, um bingo e comida vegetariana. “Emocionante, chorei na meditação, pois é uma vitória dessa construção. Estamos em festa, pois o projeto mudou muita coisa na minha vida. Comecei em 2017 e percebo a melhora na autoestima e o fim do transtorno alimentar. A partir do yoga superei as doenças na minha vida”, destaca Giselle Rodrigues, de 31 anos, que morou na Vila do João, mas mesmo com a mudança para Ramos não abandonou o projeto e virou professora. O evento também foi uma forma de arrecadação para a continuidade das obras. 

“Estou feliz com esse momento tão importante. São 9 anos de trabalho, passa um filme na cabeça”

Ana Olívia

O instituto promove a democratização do acesso à saúde preventiva e ao bem-estar por meio de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS), incluindo Yoga, Ayurveda e Medicina Tradicional Chinesa. Hortência Justino, de 51 anos, é aluna do projeto desde 2019 e mesmo morando na Ilha do Governador não abandona as aulas. “Lutamos para esse dia chegar. O yoga mudou meu cotidiano. Eu era tímida, hoje consigo me socializar, sou mais desinibida e ainda trouxe uma paz interior, uma tranquilidade. Lembro que tinha enxaqueca e um nervosismo que trazia reações no estômago. Agora me sinto melhor e com a cabeça tranquila, durmo melhor e tenho uma alimentação saudável. Quero levar o yoga para toda minha vida”, expõe. 

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O novo espaço será um Centro de Referência em saúde integrativa na Maré e contará com um salão amplo para a prática de yoga, palestras, vivências e cineclube, sala para aulas de yoga com crianças e oficinas, salas de atendimento individualizado com as PICS, biblioteca e cozinha para as oficinas de culinária saudável.

O endereço do Instituto Yoga na Maré fica na Rua Guilherme Frota, 315, Baixa do Sapateiro, entre as passarelas 7 e 8 da Avenida Brasil. Quem desejar ajudar o grupo pode acessar aqui ou no Instagram. Para realização de doações é pela chave pix: [email protected].

Mostra de Danças reúne produção de diferentes partes da cidade no Centro de Artes da Maré

A proposta do evento, que pretende se firmar como uma mostra anual, é de provocar encontros e discussões sobre a produção em dança de diferentes partes do RJ

Sede da Escola Livre de Dança da Maré e da Lia Rodrigues Companhia de Danças, o Centro de Artes da Maré, na Nova Holanda, reafirma sua vocação de palco referência para a dança no Rio de Janeiro e abriga uma mostra gratuita com trabalhos coreográficos de artistas de diferentes partes da cidade, seguida de conversas sobre as obras. A Mostra de Danças vai reunir durante três dias, de 25 a 27 de outubro, trechos de oito criações contemporâneas, algumas delas com grande sucesso de crítica e de público. “Noite das Estrelas”, trabalho do coletivo Entidade Maré de 2023, que foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro deste ano, abre o evento justamente celebrando os artistas da região.

Entre os convidados, há as experientes bailarinas e coreógrafas Laura Samy e Maria Alice Poppe, com a obra “Cravo”, que lotou há dois meses o Espaço Cultural Sérgio Porto, no Humaitá; a diretora de teatro e atriz Denise Stutz com seu comovente solo “DeCor”, sobre identidade e memória em dança; ou ainda o trabalho “Iyamesan”, de Luna Leal, que fez temporadas cheias no Sesc Copacabana e no Centro Coreográfico do Rio ao reunir nove multiartistas mulheres, para tratar de questões cotidianas que mexem com os corpos negros femininos.

Outros nomes da Mostra de Danças são Carolina Repetto, ex-bailarina da companhia de Lia Rodrigues, com o solo “Sei que o mistério subsiste para além das águas”; o coletivo DeBonde, formado por artistas periféricos, com “Debandada”; Bellas da Silveira com a performance “Mulambo”, inspirada na pomba gira Maria Mulambo; Aline Valentim, do grupo Rio Maracatu e da Cia. Babalakina de Dança Negra, com “Vozes de nós”. Logo depois das performances, haverá um bate-papo com os convidados e o público, mediado pelos artistas da dança Ricardo Xavier, Teagá Vieira e Mayara Assis.

A proposta do evento, que pretende se firmar como uma mostra anual, é de provocar encontros e discussões sobre a produção em dança de diferentes partes do Rio de Janeiro, incentivando a circulação de artistas e público pela cidade.

“A mostra é um evento para o Rio de Janeiro, com objetivo de apresentar trabalhos variados de artistas em ação na cidade, para que sejam vistos em cena mas também aconteçam trocas nas conversas depois das apresentações”, explica a bailarina Karoll Silva, coordenadora da Escola Livre de Dança da Maré e uma das idealizadora da Mostra de Danças. “É muito importante ter a chance de pensarmos juntos sobre dança, mercado de dança, trajetórias, territórios, direito à arte na cidade, inclusive na favela. Queremos pensar sobre os corpos em dança, com diferentes histórias e trajetórias.”

Aldeia Maracanã sofre com a ameaça de remoção há mais de uma década

A aldeia indígena do Rio de Janeiro que abriga mais de 15 etnias está no território desde 2006, afirma advogado.

Com informações da Agência Brasil

Há uma década acontecia a vigésima edição da Copa do Mundo de Futebol que foi realizada no Brasil. Além da eliminação da seleção brasileira após um 7 X 1 contra a Alemanha, outro fato que envolve o evento foi a tentativa de demolição de espaços como a Escola Municipal Friedenreich, o Estádio de Atletismo Célio de Barros, a Vila Autódromo, a favela Metrô-Mangueira e a Aldeia Maracanã. As desculpas de adaptação para o evento causaram demolições, só escapando de prejuízos à escola. 

Ao entrar na Aldeia Maracanã, localizada no bairro carioca que leva o mesmo nome, se percebe um portal no meio da cidade. O local lembra o Parque Municipal Ecológico Cadu Barcellos, que fica na Vila dos Pinheiros, na Maré, que é uma área verde no meio da cidade. Entre veículos e buzinadas se encontra a aldeia, um espaço com árvores e preservação da cultura indígena. Esther Pataxó é moradora da aldeia e defende que as pessoas entendam a vivência dos povos originários. “Um exemplo é a nossa pintura, que significa proteção e força. Chegam a perguntar se a nossa pintura é rena, não entendem que é cultura. Quando estamos fracos nos pintamos e recebemos a força do jenipapo”, ensina.

A aldeia indígena do Rio de Janeiro que abriga mais de 15 etnias está sob ordem de despejo. Nesta terça-feira (22), a FUNAI e a Comissão de Conflitos Fundiários do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), uma estrutura criada para tratar de questões relacionadas a disputas por terras, entraram no processo em apoio ao território. 

Resistência de mais de uma década

Segundo o advogado Arão da Providência, que representa os indígenas da Aldeia Maracanã, o espaço é ocupado por representantes de povos originários desde 2006, com autorização da União, a quem pertencia o imóvel anteriormente.

Durante a preparação para a Copa do Mundo de futebol de 2014, o terreno da Aldeia Maracanã foi requisitado pelo governo do estado à Justiça, já que se previa a derrubada do prédio como parte da revitalização do estádio do Maracanã, que receberia jogos da competição, entre elas a partida final.

Em 2013, os indígenas e ativistas dos direitos humanos que os apoiavam foram retirados do imóvel, depois de uma tumultuada operação da Polícia Militar no local. A área foi reocupada pelas famílias após o término dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016.

“Chegaram às 5h e resistimos até às 19h. Tivemos apoio de políticos e dos Direitos Humanos nas negociações. Ao final os policiais foram embora. O governo estadual queria a evacuação e que recebêssemos o benefício do aluguel social, mas nós não estávamos interessados”, diz o Cacique Carlos Tucano, presidente do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (Cedind-RJ).

Parte dos indígenas saíram do local e foram para o conjunto habitacional do programa federal “Minha Casa, Minha Vida” entregue pela Secretaria de Estado de Habitação aos indígenas para fins de moradia.

  “No dia 20 de março de 2013 fomos removidos para Jacarepaguá, onde ficamos um ano e meio. Depois nos colocaram em 20 apartamentos num conjunto habitacional onde antes funcionava o Presídio da Frei Caneca. Ainda hoje queremos a reforma do Museu do Índio. Já apresentamos o projeto e a desculpa é a falta de dinheiro. Já trocaram diversos secretários estaduais de cultura, mas até agora nenhuma resposta. Hoje estamos num prédio, onde chamamos de Aldeia Vertical e não abandonamos a nossa cultura”, conclui o cacique. 

Marize Guarani, professora de História, Mestre em Educação pela UFRJ, Doutoranda em Educação pela UFF, afirma que os indígenas são 305 povos no território nacional, com 274 línguas. Também lembra que muitos estão morando em área urbana da cidade, não usando o cocar, mas continuam sendo indígenas. “A situação é tão complicada que nos Censos de 2000 e 2010 se mudou a metodologia para a declaração de ser indígena e assim muitos os urbanos ficaram de fora. Temos no município grupos indígenas espalhados, já chegaram a perguntar se eu era indígena mesmo. Precisamos de mais coletividade para brigar por políticas que implementem os direitos dos indígenas”, destaca.

Um movimento dividido 

Mônica Lima Mura Manáu Arawak, professora da UERJ, concorda que o Estado dividiu o movimento. “Um grupo fez acordo e foi para os apartamentos do Programa Minha Casa Minha Vida, chamados de Aldeia Vertical. Enquanto a pauta do grupo que deixou a Aldeia era a restauração do antigo Museu do Índio para construção de um Centro de Referência, a pauta dos indígenas que permaneceram é a demarcação dos 14 mil e 300 metros quadrados da Aldeia Maracanã, a formalização da Universidade Indígena Pluriétnica Aldeia Maracanã, e a restauração do antigo espaço para ser um Museu Vivo, patrimônio histórico e de memória material e imaterial, que também funcionaria como um Centro de Acolhimento Indígena. Fomos ocupar a UERJ e participar do Seminário onde o acordo do Centro de Referência seria assinado, mas a universidade nos fechou os portões”, detalha. 

Ela define o espaço como a Tekohaw Marakà’nã, Aldeia Pluriétnica em contexto urbano, sede da Universidade Indígena, que representa a resistência da ancestralidade indígena. Além de ser um centro de produção, confluência e compartilhamento de saberes, ciências, tecnologias e conhecimentos tradicionais de diversos povos originários. Abrigada dentro da Aldeia, está a Universidade Indígena Pluriétnica Aldeia Maracanã (UIPAM) que os povos originários lutam pelo reconhecimento e formalização legal. É um local de encontro, troca de saberes ancestrais, (re)produção de conhecimentos coletivos, comunicação, (re)definição de estratégias, atuação conjunta e fortalecimento da resistência. Sendo um lugar que promove pesquisas, ensino e valorização da sabedoria/ciência dos povos tradicionais aos que visitam o espaço.

“Na cidade que invadiu a floresta também sofremos com os megas eventos esportivos e megas empreendimentos da especulação imobiliária. Recentemente recebemos uma ordem de despejo do judiciário em conluio com a especulação imobiliária, mas mobilizamos forças políticas nacionais, internacionais e até mesmo dentro do próprio judiciário e, portanto, houve um certo “recuo”. É urgente a demarcação de nosso território ancestral. Demarcação já”, finaliza. 

A Secretaria de Estado de Cultura informa que possui desde 2016 decisão judicial favorável à posse do imóvel localizado na área conhecida como Aldeia Maracanã que, no entanto, está ocupado irregularmente. A decisão permanece sem cumprimento e sem trânsito em julgado por causa da interposição de recursos pelas partes. A elaboração do projeto só será realizada a partir da retomada de posse do bem, a partir de avaliações técnicas dos profissionais da secretaria sobre a situação atual do imóvel.

*Esta reportagem foi produzida por meio do projeto Sala de Redação, desenvolvido pela Énois, um laboratório de comunicação que trabalha para impulsionar diversidade, representatividade e inclusão no jornalismo brasileiro. As informações foram apuradas de forma colaborativa pelo Maré de Notícias (RJ).

‘A neutralidade só serve a um grupo que é o grupo que se diz neutro’, afirma jornalista durante esquenta WOW

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A mesa ‘Por uma comunicação feminista e antirracista’ provocou reflexões sobre jornalismo da grande mídia

A segunda parte da programação do Esquenta WOW que acontece neste sábado (19), na Casa Voz, no Complexo do Aleão teve como destaque a mesa ‘Por uma comunicação feminista e antirracista’. Mediada por Victória Henrique, repórter da TV Globo, as convidadas Thaís Bernardes, empreendedora social e fundadora da Notícia Preta e também, a Vitória Régia, Presidente e criadora de conteúdo da Revista Gênero e Número falaram sobre o desafio das mulheres nesses espaços. 

O jornalismo contra hegemônico foi o primeiro assunto abordado. Thaís destacou: “Não existe matéria de preto, assunto é de todo mundo”, reflete a CEO do Notícia Preta. E complementa a jornalista Vitória, do Gênero e Número: “É a lente que a gente olha o mundo: eu falo sobre esporte, justiça climática, tudo a partir desse olhar [mulheres e dados]”, destaca.

Provocada pela própria temática da mesa e também pela mediadora sobre neutralidade no jornalismo, Vitória Régia presidente da Gênero e Número afirma que a neutralidade no jornalismo nunca existiu.

“A gente cresce no jornalismo com essa falácia da neutralidade, né? Mas eu sempre falo que a neutralidade só serve a um grupo, que é o grupo que se diz neutro. Porque o neutro tem cor, tem gênero, tem território. Assim como a própria construção do sentido de mulheres e pessoas negras veio de ser ‘o outro’, né? Então mulheres são ‘o outro’ dos homens, pessoas negras são ‘as outras’ das pessoas brancas. Então a gente sempre veio desse lugar do contraponto, da contradição do que era visto como o ideal e o padrão”

Para ela, a ideia de neutralidade que se fala no jornalismo serve só para manter quem tá no poder, no poder. “Eles adoram falar dessa neutralidade e falar de que a gente precisa ouvir os dois lados da mesma forma, mas quando foi que durante uma operação policial o jornalismo tradicional colocou a fala do morador no mesmo lugar do que a fala da polícia? Isso nunca aconteceu, essa neutralidade nunca existiu”, completa.

Thais Bernardes também falou sobre a importância de saber negociar para captar recursos. Além disso, a jornalista criticou as empresas que tratam questões raciais, do meio ambiente e outras causas como “temas que estão em alta” sem um compromisso verdadeiro com as questões que são levantadas pelos movimentos sociais. 

A programação continua até às 21h com oficina de audiovisual portátil para redes sociais; como produzir podcast profissionalmente, slam laje e show com Becca Perret.