No #JaneiroLilás, mês da visibilidade trans, entrevistamos Vitória Laiza, empreendedora que personalizou o atendimento do biquíni de fita para mulheres trans
Por Lucas Feitoza
Vitória Laiza, de 26 anos, nasceu em Minas Gerais e veio para o Rio de Janeiro aos cinco anos; aos 14, saiu de casa por causa de desavenças familiares. Foi quando começou a se entender como travesti. Morou em São Paulo por dez anos, sofreu agressões e, de volta ao Rio, enxergou uma oportunidade de empreender.
Atualmente ela mora em Roquete Pinto, e foi ali que começou a trabalhar nas praias do Piscinão de Ramos, com aplicação de fita e de produtos para bronzeamento. Viu uma oportunidade de se especializar em biquínis de fita para pessoas trans: o negócio deu tão certo que hoje ela percorre as praias da Barra da Tijuca, do Leme e de Copacabana; com sua expertise, consegue faturar em torno de R$300 a R$ 400 diariamente.
“A rua fala mais alto, eu queria ver o mundo. Eu vi e quebrei a cara, mas uma das formas de conquistar o respeito na sociedade é por meio do trabalho”, diz ela .
Vitória conta que as mulheres trans se sentem mais acolhidas e confiantes com seu atendimento. Mas ainda há desafios: “Embora não sejam todas, algumas mulheres (cis) ainda são preconceituosas e até se recusam a atender pessoas trans.”
Ela faz parte do Instituto Trans Maré, organização de apoio a pessoas trans e travestis na Maré, e conta que passou a ser respeitada pelo seu trabalho, usando esse reconhecimento para ajudar outras travestis. “É uma escada onde uma puxa a outra. Eu também quero que elas tenham o espaço delas e trabalhem”, diz.
Vitória ressalta que, por falta de dinheiro, muitas pessoas trans não conseguem participar de eventos e projetos de apoio. Segundo ela, ajuda de custo para alimentação e transporte são formas fundamentais de incentivar a participação de pessoas transexuais e travestis. “É importante que mais trans e travestis ocupem espaços, estejam em eventos juntas com outras mulheres e, de modo geral, exerçam seus direitos.”
Travesti e respeito é o nome da campanha que marcou o dia 29 de janeiro como Dia Nacional da Visibilidade Trans e Travesti. Este ano, a ação completa 19 anos: lançada em 2004, seu objetivo é promover o direito à cidadania e pedir respeito para as pessoas transexuais, transgêneros e travestis. |