BRT Transbrasil: novo corredor promete facilitar a chegada dos mareenses ao centro da cidade

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Após quase dez anos de obras e três mandatos da Prefeitura do Rio de Janeiro, BRT Transbrasil inicia fase de testes

Maiara Carvalho*

O Terminal Intermodal Gentileza (TIG) foi inaugurado em fevereiro, com cerimônia idealizada pelo prefeito Eduardo Paes e participação do presidente Lula, além de outras autoridades federais e municipais. Localizado no antigo Gasômetro do Rio de Janeiro, próximo à Rodoviária Novo Rio, o projeto busca integrar três tipos de serviço de transportes públicos: ônibus, VLT e o novo corredor de BRT Transbrasil.

A promessa é que o espaço consiga facilitar o acesso à Zona Central da cidade, conectando bairros de todas as partes da capital. No entanto, a operação acontece de forma gradual, e nesta primeira fase, o corredor Transbrasil não funcionará em sua totalidade. Já o VLT receberá mais uma linha que funcionará, assim como as antigas, ligando diversos pontos da região, além das linhas de ônibus que funcionarão dentro do Terminal.

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BRT Transbrasil

A primeira fase de operação do Transbrasil se estende, segundo a Prefeitura do Rio, até o dia 30 de março, na qual o novo corredor servirá apenas de passagem para o Terminal Gentileza. Saindo da estação Penha, com paradas em Ibiapina, Olaria, Cardoso de Morais e Santa Luzia, os ônibus articulados seguem até o terminal, sem paradas, a cada dez minutos, entre 12h e 14h.

Após a fase inicial, o BRT Transbrasil começa a funcionar de Deodoro até o TIG, com paradas em todas as estações do percurso, de 10h às 15h.  Até lá, as estações seguem sendo inutilizadas, mas com monitoramento aéreo das mesmas e das faixas seletivas que vão ser usadas, em breve, na Avenida Brasil. 

Maré e a espera ao BRT

O projeto BRT Transbrasil foi iniciado em 2015 e a proposta era que sua entrega acontecesse no fim de 2017. Contudo, as obras duraram quase dez anos, passando por três mandatos da Prefeitura do Rio de Janeiro. Em diversos momentos as atividades afetaram diretamente o trânsito de uma das principais vias de mobilidade da cidade, e consequentemente, a rotina dos moradores da Maré, que em sua maioria, utilizam diariamente a via para se locomover. 

As favelas que compõem o Conjunto de Favelas da Maré podem contar com seis estações do corredor Transbrasil, próximas aos pontos de ônibus do território (algumas já finalizadas, outras em andamento). A proximidade contribui positivamente para o uso do meio de transporte que está em implementação. Na fase inicial, os horários não atendem a quem precisa usar o serviço durante os períodos de maior demanda, o que se espera que seja modificado brevemente, após as fases de teste. 

Será que vai dar conta? 

Como já se sabe, os moradores de Campo Grande não foram incluídos no projeto de Eduardo Paes, e em caso de optarem pela agilidade prometida pelo prefeito para chegar até a parte central da cidade, terão que pegar uma condução até o Terminal Deodoro, seguir até o Gentileza e fazer baldeação até o Centro, totalizando três meios de transporte. Por um lado, há o benefício de não precisar passar por um possível engarrafamento na Avenida Brasil, por outro, há o cansativo processo para chegar até o destino, e o receio de que a frota não dê conta da demanda de passageiros que vão utilizar o serviço.

Pensar na possibilidade de que, após anos de espera, o Transbrasil não suporte o fluxo de pessoas dependentes do novo corredor e se torne mais um problema de mobilidade urbana da cidade, pode ser frustrante para os cariocas. 

Para o pesquisador Juciano Rodrigues, do Observatório das Metrópoles, a problemática do novo corredor se inicia pela falta de diálogo mais aprofundada com a sociedade, em decidir se o BRT Transbrasil seria, de fato, uma boa solução para interligar os dois pontos da cidade em que percorre os mais de 58 quilômetros de uma via fundamental da cidade. No entanto, quando perguntado sobre o Terminal Gentileza, ele acredita que o bairro escolhido foi pensado de forma estratégica para revitalizar e reestruturar a Zona Portuária,  e consequentemente, valorizar o mercado imobiliário.  Diz ainda que,  para os novos serviços (TIG e Transbrasil) funcionarem de forma eficaz, além do nível de oferta de transportes, é necessário também políticas de micro acessibilidade que possibilitem o uso dos meios de forma segura. 

“A princípio, é de se esperar que o acesso por ônibus para a área central melhore satisfatoriamente para a população da Maré e dos demais bairros adjacentes à Av. Brasil.”

*Maiara Carvalho é estudante de Rádio e TV da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do projeto de Extensão Conexão UFRJ com o Maré de Notícias.

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