Batalhão da Maré ainda não recebeu a instalação dos equipamentos
Por Samara Oliveira, em 02/06/2022 às 07h. Editado por Edu Carvalho
Após 23 mortes na Vila Cruzeiro por operação policial, agentes de nove batalhões do Rio de Janeiro começaram a usar as câmeras acopladas aos uniformes. A medida é parte do plano da ‘ADPF das Favelas’ protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o estado a diminuir a letalidade policial.
A Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, formada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e entidades de defesa dos Direitos Humanos foi enviada ao STF ainda em 2015. Convertido em lei estadual e sancionada em julho de 2021, o projeto de lei previa um prazo de seis meses para que os agentes recebessem a instalação dos equipamentos, mas o governador Cláudio Castro vetou o trecho que delimitava o tempo.
Na última segunda-feira (30/05), 1.637 policiais que atuam no policiamento ostensivo começaram a usar o equipamento: 2º BPM (Botafogo), 3º BPM (Méier), 4º BPM (São Cristóvão), 6º BPM (Tijuca), 16º BPM (Olaria), 17º BPM (Ilha do Governador), 19º BPM (Copacabana), 23º BPM (Leblon) e 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (Laranjeiras).
No entanto, O 5º BPM (Praça da Harmonia) e o 22º BPM (Maré), que também estavam na lista inicial, não receberam as câmeras. Ao ser questionada sobre a previsão para essas localidades serem contempladas, a Polícia Militar não respondeu se limitando apenas em enviar a nota com informações sobre as outras unidades que já começaram a utilizar o aparelho.
Para Maykon Sardinha, coordenador do Eixo de Segurança Pública da ONG Redes da Maré, a implementação da medida torna-se objeto de segurança aos moradores e também aos agentes policiais. “No contexto das operações policiais, o pedido de uso de câmeras nos uniformes e veículos policiais, que está entre os pedidos da ADPF das favelas, é de extrema urgência e importância, numa perspectiva de garantia da segurança de moradores de favelas e também dos próprios policiais. A exemplo do que aconteceu em São Paulo, o uso desses equipamentos teve um impacto positivo nos indicadores da Segurança Pública, reduzindo o número de mortes em intervenções policiais”.
Polícia que mais mata no Brasil
Há um ano, a favela do Jacarézinho foi palco da operação mais letal da história do Rio, contabilizando 28 mortos. Pouco mais de quatro meses depois, outra operação policial deixou nove mortos no Salgueiro, em São Gonçalo e a mais recente ação, desta vez na Vila Cruzeiro, na Penha, contabilizou 23 vítimas.
Os dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, atualizado em julho de 2021, mostram que o estado do Rio de Janeiro ocupa o primeiro lugar de um triste ranking: é a polícia mais letal do país. Outro dado relevante do levantamento é de que sete das dez cidades com as maiores taxas de mortes durante operações policiais são do Rio.