Capital e estado do Rio preparam-se para possível terceira onda da covid-19

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Pastas da Saúde no município e Estado já acionam medidas para enfrentamento

Por Hélio Euclides e Edu Carvalho, em 08/06/2021 às 06h

Editado por Edu Carvalho

Nas últimas semanas, o país retomou aos altos índices de casos e mortes pela covid-19. O Maré de Notícias alertava, no mês de maio, a possibilidade de uma terceira onda e os principais impactos

No Rio de Janeiro, segundo relatório feito pelo Governo do Estado sobre o cenário epidemiológico, aconteceram até o momento três ondas de grande transmissão do vírus. A primeira onda apresentou picos entre as semanas epidemiológicas dos meses de abril e maio de 2020; a segunda entre os meses de novembro e dezembro de 2020. A mais recente fase de contágio foi aferida no mês de março deste ano, e há riscos de um novo ápice agora, segundo especialistas. 

Em declaração dada à imprensa durante a entrega de cartões do programa Supera Rio, no sábado (05/06), o governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou já traçar estratégias para uma eventual quarta onda de covid. Castro disse que está fazendo a manutenção dos leitos abertos, diferente do que aconteceu nas duas primeiras ondas. O governador declarou que pediu que a pasta da saúde preparasse leitos, fizesse um estoque de kit intubação e adquirisse respiradores.

De acordo com dados apurados ontem, segunda-feira (07/06), às 17h, o Painel Estadual Covid registrava taxa de ocupação de 53,2% para leitos de enfermaria e 81,2% para leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) . Já o número de casos do dia foi de 386, com oito óbitos e 1.226 recuperados. No mapa de risco, o município se encontra na cor vermelha, com alto risco de contágio. Na sexta-feira passada (04/06), a taxa de ocupação na rede estadual de saúde no município era de 82% para leitos de enfermaria e 92% para leitos de UTI covid. 

Já o Painel da Prefeitura do Rio mostra neste domingo (06/06) uma taxa de ocupação de leitos de enfermaria de 66% e uma taxa de ocupação de leitos de UTI covid de 86%. Os números de internados são 1.319 internados, com sete doentes na fila de espera. O painel também relata que todas as áreas da cidade estão com alto risco de contágio.

Situação do município e Estado frente à pandemia

O Maré de Notícias entrou em contato com as secretarias de saúde no âmbito municipal e estadual para saber como está o enfrentamento das crises e em preparação para uma nova onda de contágio.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que o Ministério da Saúde tem feito entregas regulares dos medicamentos do chamado kit intubação, conjunto de insumos utilizado em um paciente que irá passar pela intubação, onde é colocado um tubo na traqueia que fica acoplado a um ventilador pulmonar. Segundo a SMS, os estoques estão regularizados nos hospitais da rede municipal e recentemente receberam novo lote. No comunicado, confirmou que obteve regularmente os aportes de vacinas contra a covid-19 disponíveis no país. 

Informou ainda que a Prefeitura do Rio abriu 404 leitos na rede SUS de janeiro a maio, e que novos leitos serão abertos caso haja necessidade. Por fim, assegurou que não houve aumento da ocupação de leitos.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) declarou que deu prosseguimento à distribuição de 247.790 doses de vacinas contra a covid-19 no estado do Rio ontem, segunda-feira (07/06), para os 92 municípios do estado. Comunicou que o lote desta semana conta com 192.800 doses de Oxford/AstraZeneca e 54.990 doses de Pfizer, para a primeira aplicação do esquema vacinal. Ressaltou que a campanha de imunização contra a covid-19 ganhou um calendário único no Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de padronizar as ações de imunização, dando mais tranquilidade à população, que saberá o período em que será vacinada.

Sobre os medicamentos de intubação, a SES, por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (SAFIE), informou que não há falta neste momento. Nos dias 26 de maio e 2 de junho, a SES distribuiu 224.189 ampolas da medicação a hospitais e municípios. Os medicamentos são adquiridos pelo Estado e também chegam do Ministério da Saúde. Na nota, enfatiza que diante do cenário atual, o mercado não dispõe de capacidade para abastecer de maneira confortável as redes públicas e privadas, mas no entanto, garantiu que todas as unidades têm sido abastecidas frequentemente. 

A SES ainda esclareceu que a eventual falta de algum item específico não representa, necessariamente, que o hospital esteja sem alternativas viáveis para tratar pacientes intubados, podendo lançar mão de outros medicamentos da mesma classe terapêutica ou em diferente volume para substituição. Ressaltou que os mesmos devem ser feitos por demanda pelos hospitais e secretarias municipais de saúde. 

Reforçou que está na fase final para abertura de um novo processo de compra dos insumos, desta vez, com abertura para compra internacional de medicamentos, a fim de evitar futuros desabastecimentos.

Alta demanda por UTIS cresce no país

De acordo com dados das secretarias de estados conferidos ontem (07), a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid ultrapassa 90% em mais de sete estados e no Distrito Federal. Em ordem: Sergipe, Santa Catarina, Pernambuco, Paraná, Alagoas, Tocantins e DF. 

Em entrevista ao Maré de Notícias no mês passado, Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19. ‘’Como aumentamos a mobilidade, sabemos que os vetores somos nós e estamos colocando mais pessoas ativas, infectadas e suscetíveis [nas ruas]. É praticamente certo um aumento. Essa nova onda, se for olhar, já seria o quarto pico em relação ao Brasil”. 

Isaac aponta que os dados obtidos até o momento são relacionados às notificações, ficando de fora uma parcela importante, mas não contabilizada. ”Testamos de forma reativa, os próprios doentes buscam e a gente sabe que há muitas pessoas que não tiveram sintomas ou simplesmente não foram atrás. Eles [infectados] estão por aí andando e transmitindo a doença”.

Sobre a possibilidade de um fechamento total, Schrarstzhaupt foi direto. ”É a única forma de reduzir efetivamente a taxa de transmissão. No momento que restringe e as pessoas ficam longe uma das outras, ainda vamos ter casos de transmissão na própria casa, porque o Brasil é um país que tem um número maior de pessoas morando juntas, podendo acontecer um ciclo de contágio (14 dias). Mas depois de um tempo, isso vai parar’’.

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