Carnaval consciente: dicas para uma diversão responsável

Data:

Redução de danos, fantasias com materiais recicláveis e respeito a grupos étnicos, religiosos e comunidade LGBTQIAPN+ estão entre as principais dicas

Tanto para os foliões, quanto para os trabalhadores que ampliam sua renda na época, o Carnaval é o evento mais esperado do ano. Pensando nos foliões que gostam de se fantasiar, cair nos bloquinhos de Carnaval da Maré ou da cidade sem pensar no amanhã a equipe do Maré de Notícias veio te lembrar que: ele existe. 

Por isso, reunimos dicas do que você deveria ou não deveria fazer durante os dias de folia. Para não se prejudicar, não prejudicar o outro e nem o meio ambiente. 

Se tu pensa que cachaça é água…

… cachaça não é água não! Por isso que alertamos sobre a importância da redução de danos durante o Carnaval. Se liga em como não vacilar no Carnaval:

  • Autoconhecimento: tente observar e entender até onde seu corpo está realmente legal para consumir qualquer substância. E se está se sentindo meio “bad”, é melhor evitar, pois isso pode aumentar e te colocar em risco.
  • Evite o consumo excessivo de álcool e outras drogas, que podem levar a comportamentos arriscados e acidentes, além de aumentar os riscos para a saúde. 
  • Caso faça o uso de qualquer substância, não compartilhe com desconhecidos. E se possível, esteja com pessoas que confie. 
  • Se hidrate! Procure se alimentar antes de ir curtir os dias de folia porque já diziam os mais antigos: saco vazio não pára em pé. 

Xô ISTs!

  • Não se envolva em atividades sexuais desprotegidas, pois isso aumenta o risco de contrair Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). E isso vale para o uso de preservativos “tradicionais”, mas também para as dedeiras, os preservativos de dedo. 

Neurótico não, atento sim! 

  • Nada de ignorar limites pessoais pelo bem do rolê né pessoal? Respeite os próprios limites e evite se envolver em atividades que possam representar riscos para sua saúde e segurança. 
  • Sempre leve em consideração o ambiente, as pessoas com quem está e fique atento aos seus pertences. Uma boa dica também é sempre compartilhar sua localização para alguém que não vai com você. Pai, mãe ou amigo. Assim, caso fique sem comunicação por algum motivo, as pessoas saberão onde procurar por você. 

Carnaval e meio ambiente 

Devemos considerar o impacto ambiental dos materiais utilizados nas nossas fantasias de Carnaval. Muitas delas são cheias de glitters (microplásticos) que poluem os mares, materiais sintéticos, não recicláveis e com uma durabilidade grande de decomposição na natureza. 

  • Para os glitters: já é possível encontrar os biodegradáveis. 
  • Para as fantasias: opte por reutilizar ou reciclar materiais existentes para criar suas roupas. Isso pode incluir peças antigas, acessórios ou itens encontrados em brechós. Transforme materiais recicláveis, como papelão, jornais ou garrafas plásticas, em componentes da sua fantasia. Evite o uso excessivo de plásticos descartáveis em sua fantasia. Se precisar de acessórios plásticos, certifique-se de que podem ser reciclados após o uso.
  • Tintas e corantes sustentáveis:

Se for necessário pintar ou colorir a fantasia, opte por tintas à base de água e corantes naturais, em vez de produtos químicos tóxicos.

Fantasias sim, estereótipos não

Podemos curtir o Carnaval nos respeitando, e respeitando o próximo. Por isso, é essencial  ter em mente a importância de não reforçar estereótipos que são ofensivos ou perpetuar preconceitos de raça, religião, gênero e sexualidade que são mais afetados nesta época. 

  • Blackface ou brownface

Não pinte o rosto para representar uma pessoa negra, não use uma peruca que imita o cabelo crespo como fantasia. Isso é altamente ofensivo e racista. No entanto, precisamos compreender o racismo, sobretudo, como um sistema de poder e opressão. Apesar de ser tema para um outro texto, é importante reforçar e por isso quando falamos sobre esse tópico estamos falando diretamente das fantasias que ferem as pessoas negras.

  • Caricaturas de pessoas com deficiências

Não use fantasias que façam piadas ou caricaturas de pessoas com deficiências. Isso é ofensivo, capacitista e reforça estereótipos sobre essas pessoas.

  • Fantasias de orientação sexual, grupos étnicos ou religiosos

Não use fantasias que reforcem estereótipos negativos em relação à orientação sexual de alguém. Recado principalmente aos homens héteros quando decidem se vestir de travestis, gays e “brincam” de se apaixonar por outros homens héteros durante a folia. Performar as DragQueens está mais que liberado, afinal a comunidade LGBTQIAPN+ dá seu nome nessa época, uma coisa não tem nada a ver com a outra. 

Não use fantasias que representam grupos étnicos de maneira estereotipada. No Carnaval, os foliões costumam mirar na “fantasia de índio” e acertar no preconceito e ignorância. Indígenas são diversos, com pluralidade de culturas, línguas e tradições. Reduzi-los a um cocar de penas sintéticas, dois riscos em cada lado do rosto e ainda referenciá-los como “índios” demonstra desconhecimento aos povos originários e desrespeito às suas diversidades.

Evite usar símbolos religiosos de maneira desrespeitosa ou fora de contexto, pois isso pode ser ofensivo para fiéis das determinadas religiões.

Bora curtir a folia sem ofender ninguém? É possível, respeitoso e também é divertido.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

A favela é um espaço de potência negra

As favelas do Rio de Janeiro - hoje espaços de resistência -, historicamente se formaram como reflexo de um processo de exclusão social e racial, que remonta ao período pós-abolição da escravidão no Brasil.

Galpão Bela Maré celebra 20 anos de ‘Imagens do Povo’ com exposição comemorativa

Em novembro de 2024, o Galpão Bela Maré abre suas portas para a exposição “Da paisagem à intimidade”, que celebra duas importantes conquistas: o marco de duas décadas do Programa Imagens do Povo e a reinauguração das ações expositivas do espaço, após sua reforma