Caso Evaldo: pela primeira vez, militares são condenados por mortes de civis no Rio de Janeiro

Data:

Sessão que julgou fuzilamento de Evaldo Rosa e Luciano Macedo começou na quarta (13) e terminou nas primeiras horas de hoje (14)

Por Edu Carvalho e Hélio Euclides, em 14/10/2021 às 10h29

Com mais de 15 horas, foi decidida a primeira parte do processo em que a Justiça Militar julgou oito militares do Exército por matarem o músico Evaldo Rosa e o catador de latinhas Luciano Macedo, em 2019.

O placar do plenário foi de 3 votos a 2, culpando por duplo homicídio e tentativa de homicídio (o sogro de Evaldo, Sérgio, ficou ferido e sobreviveu). Segundo a defesa, os militares vão recorrer da decisão com os réus respondendo pelo crime em liberdade e até que se esgote os recursos.

A análise final que condenou os militares do 1º Batalhão de Infantaria Motorizada Escola, foi realizada por um conselho composto por cinco componentes: Mariana Aquino, juíza federal substituta; e os juízes militares: Tenente Coronel Sandra Fernandes de Oliveira Monteiro, Major Rêmulo Dias de Carvalho, Major José Adail da Silva Ferreira e o Capitão Perotti Honori.

Segundo o laudo feito na época, aconteceram cerca de 257 disparos, destes, 62 tiros atingiram o carro – à época, o crime ficou conhecido como “caso dos 80 tiros”. No auditório do Tribunal estavam Luciana Rosa, viúva de Evaldo e Dayana Fernandes, viúva de Luciano, que acompanharam todo o julgamento até a divulgação da sentença.

O Ministério Público Militar pediu a condenação de oito militares e a absolvição dos outros quatro envolvidos na operação, com alegação de falta de provas. Essa solicitação foi acatada. O Tenente Ítalo da Silva Nunes, que chefiou a ação, recebeu a pena de 31 anos e seis meses e os envolvidos: Fábio Henrique Souza Braz da Silva, sargento e Leonardo Oliveira de Souza, cabo foram condenados a 28 anos. Pena igual a dos soldados: Gabriel Christian Honorato, Matheus Sant’Anna, Marlon Conceição da Silva, João Lucas da Costa Gonçalo e Gabriel da Silva de Barros Lins. Já o Cabo Paulo Henrique Araújo Leite e os soldados Wilian Patrick Pinto Nascimento, Vitor Borges de Oliveira e Leonardo Delfino Costa, foram absolvidos.

Luciana se emocionou em vários momentos no julgamento e precisou de serviços médicos. Ela deixou claro que o resultado não traz a vida do esposo, mas sim a realização de justiça. “Com certeza eles estavam totalmente despreparados. Destruíram a minha família, me tiraram meu melhor amigo, o meu esposo, que era a base de tudo. O importante é não desistir jamais, por, mas que todas circunstâncias digam o contrário. Não podemos nos calar”, conclui a viúva.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por um Natal solidário na Maré

Instituições realizam as tradicionais campanhas de Natal. Uma das mais conhecidas no território é a da Associação Especiais da Maré, organização que atende 500 famílias cadastradas, contendo pessoas com deficiência (PcD)

A comunicação comunitária como ferramenta de desenvolvimento e mobilização

Das impressões de mimeógrafo aos grupos de WhatsApp a comunicação comunitária funciona como um importante registro das memórias coletivas das favelas

Baía de Guanabara sobrevive pela defesa de ativistas e ambientalistas

Quarenta anos após sua fundação, o Movimento Baía Viva ainda luta contra a privatização da água, na promoção da educação ambiental, no apoio às populações tradicionais, como pescadores e quilombolas.

Idosos procuram se exercitar em busca de saúde e qualidade de vida

A cidade do Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca