Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, na Nova Holanda, terá luz elétrica

Data:

Feito é faz parte de articulação entre Redes da Maré, SubPrefeitura da Zona Norte, Secretaria Municipal de Saúde, Conexão Saúde e Itaú

Por Edu Carvalho em 22/09/2021 às 15h15. Editada por Daniele Moura. Atualizada em 24/09/2021 às 10h10


Inaugurada há três anos, a Clínica Jeremias Moraes da Silva, que atende à Nova Holanda, Rubens Vaz e Parque Maré, nunca teve fornecimento de energia elétrica, a luz sempre chegou via gerador. Mas esse tempo parece estar acabando: a clínica receberá a tão sonhada energia. A iniciativa faz parte de uma articulação que envolve a Redes da Maré, SubPrefeitura da Zona Norte, Secretaria Municipal de Saúde, Conexão Saúde e Itaú.

O nome da Clínica é uma homenagem ao garoto de 13 anos que morava na comunidade e foi morto no dia 6 de fevereiro de 2018, atingido por uma bala perdida quando jogava futebol. A unidade beneficia cerca de 30 mil pessoas.

Para Thiago Wendel, enfermeiro, especialista em saúde da família, mestre em políticas públicas e saúde coletiva e coordenador geral de atenção primária da área 3, responsável por toda a região da Maré, a chegada de energia elétrica possibilita ainda mais atendimentos e melhorias no sistema local de saúde.  ‘’É um sentimento de alegria, de felicidade, de realização, de poder ser canal para entregar serviço público de qualidade, um sentimento de missão cumprida.  Vamos poder ofertar serviços que antes não conseguíamos, como odontologia, além de acrescentar mais atendimentos para a população.’’

Na nova fase, todos ganham com as mudanças, sobretudo os profissionais de saúde moradores da Maré e que vivenciam diariamente os impactos de políticas públicas voltadas ao território. ‘’O agente de saúde é o elo da população com a comunidade, levando todas demandas dali para a unidade. Nesse momento, esse agente que mora e trabalha ali se sente realizado por essa conquista, já que antes estavam num ambiente que tinha muitas limitações, como ligar computadores ao mesmo tempo. Volta e meia o gerador não suportava a carga. Agora com a energia, ele consegue um ambiente melhor para trabalhar, duplamente feliz como profissional de saúde e morador’’, aponta. 

Thiago ressalta a importância da junção de esferas como o Estado e a sociedade civil organizada para ampliar o acesso aos direitos básicos. Segundo Luna Arouca, coordenadora do projeto Conexão Saúde, da Redes da Maré, o objetivo da reunião de todos os atores era pensar algo que pudesse atender diretamente os moradores. ‘’Desde o início da articulação junto ao Todos Pela Saúde tínhamos ideias de deixar um legado para o trabalho feito durante a pandemia, e que pudesse atender uma demanda da população. Para a Redes, essa ação faz parte do seu propósito enquanto organização do território’’.

Ainda para Luna, a mobilização enfatiza a urgência pela luta cada vez maior por direitos em contexto de favelas, muitas vezes esquecida. ‘’É sempre aquela questão do horizonte: nós estamos a dois passos e parece que eles estão mais perto, embora ainda distante. Assim devemos caminhar pela criação de mais direitos e demais melhoria das condições de vida da população favelada. Na área da saúde, é muito importante que as unidades tenham as condições necessárias para atender em termos das equipes, mas também de infraestrutura. Vamos seguir lutando para que essas unidades sejam indicadas para esses profissionais, para que sejam bem remunerados e  todos tenham acesso a uma saúde de qualidade, como direito’’.

Para receber a energia as obras já começaram.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a ”Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva foi inaugurada no segundo ano do governo Crivella mas, até o fim daquela gestão, o projeto para a instalação da rede elétrica na unidade ficou praticamente parado. No início da atual gestão da Secretaria Municipal de Saúde, foram buscadas soluções para o problema, culminando na importante parceria com a ONG Redes da Maré, a Conexão Saúde, o Todos Pela Saúde e o Banco Itaú”.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por que a ADPF DAS favelas não pode acabar

A ADPF 635, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), é um importante instrumento jurídico para garantir os direitos previstos na Constituição e tem como principal objetivo a redução da letalidade policial.

Escutar o povo negro é fortalecer a democracia 

Texto escrito por Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial do Brasil exclusivamente para o Maré de Notícias