Clube de Leitura gratuito está com vagas abertas

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Inscrição no clube dá direito aos livros e podem ser feitas por email ou presencialmente na  Biblioteca Lima Barreto, na Nova Holanda

Iara Machado

O Clube de Leitura Lima Barreto está com inscrições abertas para um novo ciclo de leitura, dedicado aos livros “Hibisco roxo”, da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, e “Tudo sobre o amor”, da pensadora negra estadunidense bel hooks. As reuniões acontecem online, todas as quintas-feiras, das 17h30 às 19h e todos os participantes recebem os livros de presente. As inscrições estão abertas e são gratuitas, têm vagas limitadas e podem ser feitas até o dia 12 de abril, quarta-feira, tanto presencialmente, na Biblioteca Lima Barreto (Rua Sargento Silva Nunes 1014, Nova Holanda, Maré, das 10h às 21h) quanto pelo email [email protected].

As atividades começam no dia 13 de abril e qualquer jovem ou adulto interessado, dos 18 aos 99+ anos, pode participar.  As vagas serão ocupadas por ordem de procura, e uma lista de espera também será gerada seguindo a sequência. 

O Clube faz parte do projeto Livro Labirinto, parceria da Redes da Maré com a Caju, plataforma curatorial e editorial que mantém uma revista online e realiza projetos de exposições e livros. O Livro Labirinto está entrando em seu sexto ano de atividades na Maré, enquanto o Clube Lima Barreto tem cinco anos ininterruptos de leituras. Não fez pausas nem mesmo na pandemia, quando significou um ponto de encontro e de alívio durante o confinamento.  O ano é dividido em Ciclos, referentes a um ou mais livros. Todos os inscritos em um ciclo, recebem os títulos gratuitamente, e eles são distribuídos em um kit caprichado, com pequenos brindes e gostosuras. Cada integrante passa a fazer parte de um grupo de WhatsApp e semanalmente o link da reunião é postado ali. As leituras são feitas em uma sala virtual, online, com o livro sendo lido semanalmente em voz alta, com cada trecho da história ganhando a voz de um dos clubistas.

“Entrei no Clube em 2018 e foi importantíssimo para mim, porque na época atravessava uma depressão”,

conta Fernanda Medeiros

Com 31 anos e “cria” da Maré, Fernanda é uma das participantes mais antigas. Ela conta que os livros a ajudaram a superar o problema e também a mudar a própria vida: “os livros que a gente lê abriram minha cabeça. Sempre tive o sonho de entrar na universidade, e pensava num determinado curso, mas mudei, e acabo de passar para a Uerj para Letras/Literatura. Começo em agosto”, conclui.

Foto: Arquivo pessoal | Fernanda, uma das participantes mais antigas da atividade, mudou sua escolha de formação na Universidade a partir das participações no Clube de Leitura

Fernanda lembra que o Clube melhorou sua capacidade de interpretação e de escrita, auxiliando nas provas de redação e questões objetivas, mas auxiliando na prática de leitura na própria vida. Ela destaca que as atividades extras do Livro Labirinto – palestras voltadas para o Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré, abertas a qualquer interessado, e os passeios do Clube de Leitura a museus, galerias, teatros e outros espaços culturais, também contribuíram muito para o seu desenvolvimento.

“Estou torcendo para que o Clube receba novos integrantes, porque quero que outras pessoas tenham a vida transformada, como eu tive, e também o acesso a esses livros, atividades e aos encontros tão ricos que fazemos toda  semana”, diz Matheus Euzébio, o Matheus Benny, de 23 anos, que chegou ao Clube em 2019 e hoje, além de estudante de Pedagogia da Uerj, é tecedor da Redes da Maré, trabalhando como mediador do Livro Labirinto e fazendo o atendimento ao público na Biblioteca Lima Barreto – No Clube desenvolvi meu pensamento crítico e melhorei muito minha escrita e interpretação de texto. Num mundo em que a gente se encontra cada vez menos, estar junto toda semana, lendo, tem sido muito importante.

No Clube há dois anos, o estudante de Psicologia da Uerj Wellington Virginio da Silva, de 30 anos, acredita que é justamente o encontro uma grande chave para o sucesso da atividade: “cheguei ao Clube porque estava muito focado nos textos acadêmicos da faculdade e havia perdido a chama da literatura. Ler em voz alta e em grupo tem sido muito bom, porque nós vemos o ponto de vista de outras pessoas para aquele mesmo texto. O crescimento é individual e coletivo e hoje somos um grupo formado por pessoas muito diferentes, mas que criaram uma amizade e viraram uma família. A literatura une as pessoas”.

Coordenadora do projeto de Busca Ativa da Redes da Maré, Elza Sousa Silva, de 58 anos, é uma das mais experientes do grupo. Ela diz que o Clube de Leitura tem feito com que aprenda com os mais jovens, mas também “É uma troca muito rica. Procuro fazer das horas do encontro algo realmente sagrado e participo o máximo que posso. É um espaço que todos nós precisamos e seria maravilhoso se mais moradores da Maré se interessassem pela atividade, porque a leitura é um processo de transformação.”

Professora do Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré, Teresa Cruz é outra que percebe mudanças no grupo e em si mesma: “tem sido uma experiência que proporciona muitos aprendizados para todo mundo que participa, porque ela nos conecta. A conexão acontece através do livro, como narrativa ficcional; dos discursos e teorias que frequentemente lemos junto da ficção; e também se dá coletivamente, no exercício da alteridade, na medida que a minha experiência de leitura é confrontada com as leituras dos colegas”.

Teresa tem sido uma das mediadoras do Clube, ao lado da curadora Daniela Name, da Caju, e dos tecedores da Biblioteca Matheus Euzébio e Alessandra Cotta. A professora também é uma das pontes entre as atividades do Clube e o Pré-Vestibular, e tanto ela quanto os demais organizadores percebem o amadurecimento dos leitores e das próprias atividades, que foram se tornando mais profundas à medida em que se desenvolveram novas habilidades. Entre elas Gabrielle Vidal, a Gabi Vidal, uma das mais ativas clubistas, que mobiliza reuniões, passeios e vem conquistando novos adeptos para a atividade. Segundo ela, tanta dedicação tem explicação:

“O Clube de Leitura ocupa um lugar muito importante na minha vida, é um espaço de acolhimento, escuta e onde posso compartilhar minhas impressões sobre o que leio. É muito difícil termos esse espaço na nossa rotina. Participar dos encontros semanais me energiza, me relaxa e me preenche. Sei que é um lugar onde eu posso falar e escutar e, para além da leitura coletiva, o Clube estimula o hábito de ler, nos dá a certeza de que podemos ler, sim, um livro de 500 páginas, mesmo que aos poucos. E o mais importante de tudo: é um lugar onde a gente sonha. Com o livro, com os personagens. Nada é mais importante do que um lugar onde a gente pode sonhar e imaginar.”

Gabi Vidal
Depois de começar no Clube de Leitura, Gabi Vidal se tornou uma mobilizadora da atividade articulando reuniões e convidando novas integrantes

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