COE faz segunda operação policial na Maré em menos de seis dias

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Já são mais de 12 horas de operação policial na Maré. É a segunda feita pelo Comando de Operações Especiais da Polícia Militar (COE) apenas no mês de agosto. Equipamentos de saúde e educação da Maré fechados deixando mais de 15 mil crianças e adolescentes sem aula e outros milhares de moradores sem atendimento médico. A Redes da Maré recebeu inúmeras denúncias de violências e violações de direitos ocorridas ao longo da manhã: casas invadidas sem mandados judiciais, moradores que sofreram violências físicas e psicológicas por policiais, três pessoas feridas e uma pessoa morta com indícios de execução.

Logo ao amanhecer, a Redes da Maré foi informada que um homem teria sido alvejado na esquina da Rua Teixeira Ribeiro com a Rua Principal, na favela Nova Holanda. Ancelmo Silva Santana, que estaria desarmado, teria levantado as mãos e gritado “Perdi! ”, demonstrando que não oferecia risco, e mesmo assim, foi atingindo na perna e na cabeça pelos policiais. Ao ouvir os gritos de Ancelmo, sua mãe e suas três filhas chegaram ao local, porém, policiais teriam apontado o fuzil para a família coagindo-a e proibindo-a de chegar próximo a Ancelmo. Ainda segundo relatos, ele foi colocado no carro blindado para o Hospital Geral de Bonsucesso onde permanece internado no CTI em estado grave.

O morador da Maré, Wilton Soares da Silva, também foi baleado na Vila dos Pinheiros e deu entrada pela manhã no mesmo hospital, porém sua família não foi encontrada.
Um policial militar, identificado apenas como Leonardo, também foi atingido no pescoço e encaminhado ao centro cirúrgico no Hospital Getúlio Vargas.

Outra vítima da operação é Jeferson Luciano da Silva, de 31 anos, que chegou morto ao Hospital Getúlio Vargas, por volta das 07h30, com tiros nas costas, braços e barriga. Moradores relatam que policiais na laje de uma casa teriam disparado contra Jefferson quando ele passava de moto. A família de Jeferson soube de sua morte pelas redes sociais e procurou por mais 4 horas no IML e hospitais da região, encontrando-o com o apoio da equipe da Redes da Maré no Hospital Getúlio Vargas.

No final da manhã, um moto-taxista sofreu violência física e psicológica de policiais no Salsa & Merengue. Depois de quase uma hora sofrendo diferentes formas de violências, policiais jogaram a chave da moto no valão e liberaram o moto-taxista, que teve que seguir empurrando sua moto.

A Redes da Maré repudia qualquer forma de crime e de violência, em especial contra vida. A vida é nosso bem maior e deve ser preservado, sobretudo pelo Estado. Não acreditamos que o combate às redes ilícitas e criminosas se faça com morte e extermínio. Somos a favor de um sistema de justiça e de uma segurança pública que inclua todas as cidadãs e cidadãos de qualquer região da cidade.

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