Coletivo Maré Crew lança exposição de stencil com expressões e rostos mareenses

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“Todos os rostos da exposição tem nome, sobrenome, data de nascimento e estão vivos.” conta a artista Larissa Alves

Foto: Raysa Castro

Uma foto refletida com um projetor, um desenho feito a mão formando um estêncil e junto com as tintas é só deixar a criatividade fluir. Foi assim que surgiram as principais obras que compõem a exposição “Vivências Cotidianas” do coletivo mareense Maré Crew. As obras fazem parte da exposição temporária instalada no Museu da Maré.

O Maré Crew é uma iniciativa artística que está prestes a completar sete anos de existência, formada por Larissa Fernandes de 24 anos, Everton Luiz Alves Paulino de 27 anos e João Pedro Alves, 23. O coletivo é formado por “crias da lona” como explica a arte educadora e produtora cultural Larissa Fernandes.

A partir do aprendizado da técnica do grafite possibilitado pela Lona Cultural Municipal Herbert Viana, a Lona da Maré, os jovens resolveram dar continuidade as atividades e criações. Eles usam o espaço para se reunir. No começo contavam com o apoio de professores com material para grafitar e começaram a criar. Hoje o grupo já conquistou a autonomia para adquirir o material para criação das artes.

Larissa conta que além de trabalhar na Lona Cultural, também é cria das “Casinhas”, região da favela Nova Maré. A jovem explicou que a exposição surgiu a partir da observação do ambiente, vendo a forma como as crianças da lona se relacionam com o território onde ela também cresceu. Vivências Cotidianas foi uma forma de aproximá-los da arte. Além disso, foi uma forma de provar para si mesma a sua capacidade. “Quando o Museu da Maré abriu a chamada para artistas fazerem exposições temporárias eu inscrevi o Maré Crew mas não achava que ia dar em nada, quando vi a chamada fiquei surpresa!” desabafa.

Larissa Alves diz que depositou muito de si na produção da exposição. (Foto: Raysa Castro)

Incentivo para as crianças

Larissa lamenta o impacto da violência no cotidiano do território e acredita que na Maré e principalmente na região “das casinhas” as crianças não tem perspectivas de desenvolvimento educacional: “Na realidade da favela as crianças tem que ser incentivada o tempo todo porque convivem com a violência. Pra você ter uma noção, depois de uma operação, a brincadeira das crianças é contar bala!”.

“Todos os rostos da exposição tem nome, sobrenome, data de nascimento e estão vivos.” conclui Larissa que diz que após a exposição vai presentear todos que foram modelos com os quadros. Everton Alves diz se sentir feliz pela exposição e grato à Lona e ao Museu da Maré pela oportunidade. Além de mostrar o trabalho artístico, se sente mais realizado por alcançar as crianças. “O coração das crianças, a gente já conquistou o mundo, porque é o nosso futuro, né? E eu quero ver o lugar de onde eu saí evoluindo, eu quero ver o lugar de onde eu saí bem, as crianças com a condição de vida melhor, suas famílias com as condições de vida melhor.” pontua.

Larissa diz que os tijolos que compõem esta obra foram doados pelo dono da loja de material de construção “o poder do desenrolo” justifica. (Foto: Raysa Castro)

Além da exposição os próximos projetos do Maré Crew incluem retornar com as atividades de grafite na Lona Cultural quando for reinaugurada. O grupo também vai participar da exposição Art Rio, de 13 a 17 de setembro, na Marina da Glória.

Desde 2009, a Redes da Maré gerencia a Lona Cultural Municipal Herbert Vianna, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura, e conduz a programação do espaço, com atividades de arte, cultura e lazer para crianças e jovens da Maré. A Lona é referência na região e foi se tornando também um espaço de formação e aprendizado.

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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