Com cadastro através do #VacinaMaré, perfil de mareenses com acesso à saúde é realizado

Data:

Reunião de dados mostra quantitativo de moradores que não eram oficializados nas unidades básicas de saúde

Por Edu Carvalho, em 18/08/2021 às 07h00

Em esforço coletivo de possibilitar o acesso à saúde aos moradores da Maré e entender quais são as urgências prioritárias, a mobilização Conexão Saúde vem desempenhando papel de importância para a garantia dos direitos. Pensando em otimizar e formar políticas públicas no momento pós-pandemia, a ação #VacinaMaré, campanha de vacinação em massa ocorrida entre julho e agosto deste ano, pode aferir a partir da realização de cadastros junto à Secretaria Municipal de Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) qual é o grau de participação dos residentes locais em relação às unidades básicas de saúde, que atua nos cuidados mais necessários ao bem-estar. 

Em todo o conjunto de 16 favelas, sete unidades de Atenção Básica à Saúde estão à disposição, sendo quatro clínicas da família e três centros municipais de saúde, que no total atendem cerca de 140 mil habitantes. Através de um levantamento feito por mobilizadores, foi possível identificar o perfil dos moradores que são cadastrados nas unidades de saúde, assim como mostrar, em números, aqueles que não tinham acesso ou não frequentavam o ambiente. 

 O processo de contagem começou uma semana antes da iniciativa, com integrantes da ONG Redes da Maré e voluntários realizando pré-cadastros da vacinação para moradores que não estavam referenciados nas unidades de saúde. Em seis dias, foram realizados 3.735 pré-cadastros que serviram como apoio para a nomeação dos moradores para o momento da imunização e possibilitaram a criação de vínculo com as Unidades de Atenção Básica da Maré.

Em números gerais, as sete unidades de saúde da Maré atendem, segundo cadastro das próprias unidades, 141.042 moradores. Desses, 19,38% são atendidos na Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, localizada na Nova Holanda; 18,27% são atendidos no Centro Municipal da Vila do João; 15,31% na Clínica da Família Diniz Batista dos Santos, que atende os moradores do Parque União; 14,81% no Centro Municipal de Saúde Américo Veloso (Praia de Ramos); 14,48% na Clínica da Família Adib Jatene (Vila dos Pinheiros); 11,95% na Clínica da Família Augusto Boal, localizada entre o Morro do Timbau e a Baixa do Sapateiro e 5,79% no Centro Municipal de Saúde João Cândido, que atende a população de Marcílio Dias.

O Censo destaca ainda que os homens predominam numericamente ao longo da infância mas, são superados pelo contingente feminino a partir da adolescência. Esse fato indica que os óbitos vão incidindo mais precocemente sobre os homens, possivelmente pelas várias morbidades precoces  por conta do histórico do não cuidado em saúde e também por causas externas, como homicídio e acidentes, que vitimam de maneira mais recorrente a população masculina.

No tocante à faixa etária, observou-se a seguinte distribuição: 25,18% são menores de 18 anos, 2,79% tem entre 18 e 19 anos, 18,03% têm entre 20 e 29 anos, 16,33% têm entre 30 e 39 anos, 13,98% entre 40 e 49 anos, 10,55% têm entre 50 e 59 anos e 13,14 % têm 60 anos ou mais. A presença de crianças, adolescentes e jovens (0 a 29 anos) também é predominante no território, chegando a 52% da  população. No entanto, esse público representa 46% dos moradores cadastrados nas unidades de saúde.

Para garantir que todos os moradores recebessem a primeira dose da vacina contra o coronavírus, foram realizados pré-cadastros das pessoas que não estavam vinculadas a nenhuma unidade de saúde. Os números desses pré-cadastros indicam que foi possível acessar um perfil diferente dos moradores referenciados nas unidades de saúde, composto por 59% de homens e 69% de jovens de 15 a 29 anos. Das 3.735 pessoas que responderam ao pré-cadastro, 64% afirmaram que nunca tinham frequentado nenhuma unidade de saúde na Maré. Enquanto os cadastros das unidades de saúde são compostos por 56% de mulheres, os pré-cadastros apresentaram 59% de homens como respondentes. Em relação à faixa etária, nos cadastros das unidades de saúde, apenas 20% dos cadastros contemplam jovens entre 18 e 29 anos. Nos pré-cadastros esse número representa 69% dos respondentes. 

Quanto ao perfil étnico racial, 65% dos moradores se declaram como pretos e pardos configurando a maioria da população, assim como aponta o Censo Maré (2013).

Para saber mais informações, basta acessar a mais nova edição do Boletim

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por um Natal solidário na Maré

Instituições realizam as tradicionais campanhas de Natal. Uma das mais conhecidas no território é a da Associação Especiais da Maré, organização que atende 500 famílias cadastradas, contendo pessoas com deficiência (PcD)

A comunicação comunitária como ferramenta de desenvolvimento e mobilização

Das impressões de mimeógrafo aos grupos de WhatsApp a comunicação comunitária funciona como um importante registro das memórias coletivas das favelas

Baía de Guanabara sobrevive pela defesa de ativistas e ambientalistas

Quarenta anos após sua fundação, o Movimento Baía Viva ainda luta contra a privatização da água, na promoção da educação ambiental, no apoio às populações tradicionais, como pescadores e quilombolas.

Idosos procuram se exercitar em busca de saúde e qualidade de vida

A cidade do Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca