Compromisso religioso para uns, trabalho e descanso para outros: Festa de Corpus Christi

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Na Maré, às 8h sairá a procissão da igreja São Paulo Apóstolo e Nossa Senhora da Paz, no Parque União, se encontrando com fiéis de outras três paróquias

Corpus Christi é uma expressão em latim que significa “corpo de Cristo”. Embora o dia apareça em destaque junto com outros feriados nos calendários, a data não é um feriado nacional e sim um dos cinco dias de pontos facultativos do Brasil. Esse ano serão dez feriados nacionais, mais dois do estado do Rio de Janeiro e um municipal. Na Maré, como em outras partes da cidade, alguns comércios seguem abertos mesmo nessas datas.

Alguns trabalhadores comemoram essas datas, pois é aquele momento de curtir a família, viajar, passear ou simplesmente descansar. Contudo, os trabalhadores dos considerados serviços essenciais, como supermercado, padaria e farmácia, estarão, nesta quinta-feira, no batente. 

Entre feriados e pontos facultativos dos cariocas, oito são dias santos, ou feriados cristãos. Luiz Antônio Simas, professor, escritor e compositor, explica o motivo da quantidade de feriados cristãos. “O estado não era laico, então na constituição do império de 1824, foi estabelecido o padroado, que é a ligação oficial entre a monarquia e a igreja católica. Por isso, o calendário no país era o mesmo católico, da religião oficial do império brasileiro. O Brasil só passou a ser estado laico com a proclamação da república, mas o calendário de feriados católicos foi preservado. Está ligado à formação católica, à portuguesa, ao império e ao padroado”, lembra.

Ele destaca que a festa do corpo de Cristo é uma das mais importantes do catolicismo português. “Ela se fortalece com a chegada ao Rio de Janeiro da família real, com Dom João e outros, em 1808. A procissão de Corpus Christi completa a festa do catolicismo português. De certa maneira a colonização portuguesa e sobretudo a presença da família real no Brasil, no Rio de Janeiro, na corte, fortalece isso”, conclui.

O lazer e a religiosidade

Um feriado ou ponto facultativo é um momento de lazer para os trabalhadores. No caso do feriado de hoje, para alguns é também um momento de fé. Padre Fábio Siqueira, sacerdote na Igreja São José, na Lagoa, que atuou como seminarista e diácono na Maré, explica que a data é móvel no calendário, mas que acontece sempre na quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade. “Cai numa quinta-feira porque é um dia de devoção. A quinta-feira santa é o momento no ano litúrgico que celebramos a instituição do sacerdócio e da eucaristia, a missa do lava-pés como costumamos chamar. A data de hoje muda em decorrência da Páscoa, que tem um cálculo específico que varia”, conta.

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Um dos pontos altos da festa são as confecções dos tapetes feitos de serragem, pó de café, sal e outros materiais específicos. “O tapete tem o sentido de homenagem, onde se cobre o lugar onde o santíssimo vai passar. Uma forma de honrar, como acontece num casamento que se coloca um tapete vermelho para os noivos e padrinhos. Isso é para dar destaque aquele momento. Em algumas cidades se faz em ruas, já em outros lugares com dificuldade no trânsito só acontece na igreja”, expõe.

Siqueira destaca que o rito do Corpus Christi entra na igreja no início do segundo milênio com o aumento da devoção. “Assim se escolheu uma quinta-feira para ser um dia solene, onde nós celebramos este mistério do Cristo. É um dia de festa e santo de guarda como o dia da imaculada Conceição, primeiro de janeiro e Natal”, comenta. 

Festa também no Candomblé

Pai Paulo de Oxalá enfatiza em artigo do jornal Extra que preservando a tradição dos antigos africanos que ajudaram na formação do Candomblé no Brasil, grandes terreiros comemoram Oxóssi no dia de Corpus Christi. “A festa do Orixá da caça responsável pela fartura e alimentação do ser humano feita no dia de Corpus Christi nos terreiros de Candomblé, tem como desígnio, celebrar o alimento, a fartura e a prosperidade. Sendo assim, ambos rituais enaltecem o sustento do corpo e da alma”, afirma.

Como se planejar hoje

No Centro do Rio de Janeiro ocorrerá procissão que sairá às 16h da igreja da Candelária em sentido a Catedral Metropolitana de São Sebastião. As ruas do percurso estarão fechadas a partir das 14h30. Já na Maré, às 8h sairá a procissão da igreja São Paulo Apóstolo e Nossa Senhora da Paz, no Parque União, se encontrando com fiéis de outras três paróquias, seguindo até a igreja São José Operário, na Vila dos Pinheiros, onde ocorre uma missa. 

Na cidade do Rio de Janeiro, o transporte público funcionará em sistema de domingo, com frota reduzida. O Metrô Rio fará manutenção programada no sistema, com necessidade dos passageiros da linha 2, realizarem transferência na estação Estácio. A estação da Cidade Nova estará fechada. Bancos, loterias e Correios não abrirão. Agências do INSS e escolas públicas só vão funcionar na segunda (03/06). Os centros municipais de saúde, clínicas da família, centros de atenção psicossocial, policlínicas e centros municipais de reabilitação funcionam hoje até às 12h, já amanhã (31/05) não abrirão, voltando ao atendimento no sábado (01/06).

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