Cooperativismo: um trabalho humanizado

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Método prioriza a coesão das pessoas na coletividade

O símbolo dos dois pinheiros pintados juntos significa a união e concordância, remete ao cooperativismo. Esse tipo de árvore tem uma vida longa e por isso a escolha dela para representar as cooperativas, simbolizando perseverança e uma trajetória duradoura. Essa é a essência do cooperativismo: a adesão de pessoas com o mesmo pensamento de serem sócios e respeitando a coletividade. Com o passar do tempo algumas “empresas” levam o nome de cooperativas, mas não utilizam os seus fundamentos.

A ideia do cooperativismo nasceu em 1844, no interior da Inglaterra. Na época, um grupo de 28 trabalhadores se veem numa situação financeira ruim, sem dinheiro para conseguir comprar o básico. Uma solução que encontraram foi se unirem para montar um armazém, comprando alimentos em grande quantidade para conseguir preços melhores. 

Já no Brasil a formalização em cooperativas só veio após a década de 1880. A organização em coletividade surge em Minas Gerais, com a Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. O trabalho do grupo viabilizava a distribuição e consumo de insumos agrícolas. A inovação veio em 1969, com a criação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), que representa os interesses e necessidades do cooperativismo, amparada pela Lei 5.764/71. A Lei define a Política Nacional de Cooperativismo, instituindo o regime jurídico das sociedades cooperativas. Outro passo importante foi a concepção do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), junto com a Constituição de 1998, que prioriza a formação, ensino, capacitação profissional e promoção social dos trabalhadores.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o cooperativismo permite o desenvolvimento coletivo e auxilia no crescimento da economia local, criando um ambiente de prosperidade. As cooperativas são formadas por profissionais que se unem em torno de um mesmo objetivo para fornecer produtos e serviços a preços competitivos. Os seus participantes são donos do negócio, utilizando a mesma composição administrativa e recursos operacionais, sendo assim conseguem a redução de custos.

De acordo com o Sebrae, o cooperativismo tem sete princípios e sete ramos reconhecidos pela Aliança Cooperativa Internacional (ICA, em inglês) sendo os princípios: adesão livre e voluntária; gestão democrática; participação econômica; autonomia e independência; educação, formação e informação; intercooperação e interesse pela comunidade. Já os sete ramos referem-se aos diferentes setores nos quais o cooperativismo pode atuar, sendo eles: agropecuário, do crédito, dos transportes, do trabalho e produção de bens e serviços, da saúde, do consumo e da infraestrutura.

Cooperativas na Maré

Na Maré, uma das pessoas que mais falou de cooperativa foi Amaro Domingues, mais conhecido como Seu Amaro. Em 1998, uma das reclamações era que ninguém dava emprego para quem falasse que era morador da Maré. Então, Seu Amaro foi um dos fundadores da Coopjovem Maré, que conseguiu por oito anos uma parceria com o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Fundão), que coloca moradores no quadro de trabalho. 

O ramo de transporte também tem as suas cooperativas na Maré. No passado, havia a sede da Transcoopass, cooperativa de táxi na Baixa do Sapateiro. Já no Morro do Timbau se encontra a cooperativa de táxi Cootramo. Uma das regras para a legalização do transporte alternativo na cidade do Rio de Janeiro era por meio da criação de cooperativas. Uma delas foi da linha de vans 818, que ligava a Nova Holanda ao Norte Shopping, no Cachambi. “Abrimos a cooperativa há mais de dez anos para esse trabalho com a Prefeitura, mas não durou muito. Não conseguimos aplicar a metodologia do cooperativismo, pois não entendíamos muito bem”, conta Valdete Pergentino, que administrava a linha 818. Para ela, o trabalho por meio da criação de uma empresa foi menos complicado.

O cooperativismo tem como desafio o entendimento de seus membros para não se transformar numa simples empresa. Além de ser um mecanismo de fortalecimento do trabalhador, uma cooperativa tem como potencial ser uma grande ferramenta contra o desemprego. O site G1 divulgou o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2022, publicação do Sistema OCB, que informa que no Brasil há 763 cooperativas que contribuem para melhorar a vida de 13,9 milhões de cooperados, movimentando R$ 518,8 bilhões em crédito.

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