Destacamento de salvamento da Praia de Ramos pode ser desativado

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Militares alertam para o fim da unidade de prevenção de afogamentos 

Por Hélio Euclides, em 13/07/2021 ás 15h40

Editado por Edu Carvalho

No final do mês de junho, a Rádio Tupi divulgou reportagem mostrando que o Corpo de Bombeiros iria desativar o quartel da corporação localizado no bairro de São Cristóvão, informação confirmada pela assessoria de imprensa dos bombeiros. A reformulação não atingirá apenas o grupamento de fogo, segundo militares da instituição e moradores, o destacamento de salvamento localizado no Piscinão de Ramos será o próximo a encerrar suas atividades.

O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro vem realizando uma reestruturação do planejamento operacional das unidades. No início de julho, um dos militares lotados no Destacamento 2/Marítimo da Praia de Ramos foi realocado em outra unidade. Segundo colegas da corporação, esse foi o primeiro passo. “O ato não vai mudar o nosso salário, mas mexe com nossas vidas, pois gostamos desse ambiente de trabalho e não sabemos para onde vão enviar a gente. Acredito que podem não fechar, mas vão colocar no lugar uma empresa privada de guardião de piscina”, comenta o bombeiro que preferiu não se identificar.

Um outro colega destacou que há militares lotados há mais de 20 anos no destacamento e que a unidade já funcionava antes da criação do piscinão. “Quando o trabalho era realizado pela Polícia Civil, antes de 1984, esse destacamento já funcionava. Passou para o Corpo de Bombeiros e continuou. Uma pena que essa história possa ser interrompida no dia 30 de julho, quando está previsto o anuncio em Diário Oficial estadual”, conta. O contingente da unidade é de 30 bombeiros militares.

Com a suposta “privatização” ou desativação do destacamento, a população local vai perder o socorro de doentes, o combate ao incêndio e o atendimento imediato aos esportistas, com vidas salvas em segundos. “Estão aqui há muitos anos. Com o destacamento próximo, os bombeiros são acionados e há a resposta de imediato, além de usarem a ambulância da unidade para socorrer moradores, com mais chance de vida pela rapidez no atendimento. Sem esquecer o projeto Botinho, que além de ensinar crianças a nadarem, ainda ajudam na formação de futuros atletas”, expõe Heloisa Gomes, moradora da Praia de Ramos. Há previsão de manifestações para os próximos dias, quando moradores estudam ocupar a Avenida Brasil.

Uma história que começou no século passado

Antes da construção do Piscinão de Ramos, a praia ficou abandonada por muito anos. Contudo o destacamento fazia o seu papel de monitorar o mar. Osni Pinto realizou o trabalho acadêmico ‘’Elementos Históricos da Prevenção do Afogamento no Brasil“, no qual retrata a chegada dos bombeiros ao destacamento. “Em 1984, o governador do Estado, Leonel Brizola, passou a competência e atribuições do Corpo Marítimo de Salvamento para o Corpo de Bombeiros. Em 16 de outubro de 1984, foi ativado o Grupamento Marítimo, com base operacional em Botafogo e três destacamentos principais: Ramos, Copacabana e Barra da Tijuca, mantendo em suas estruturas os Centros de Recuperação de Afogados anteriormente criados, de forma a estabelecer atendimento integrado entre o resgate realizado nas praias e o atendimento médico”, destaca.

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