Por Edu Carvalho, em 01/12/2020, às 17h30
Editado por Andressa Cabral Botelho
Neste 1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids. No Brasil, o Ministério da Saúde apresentou, pela manhã, o Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2020, trazendo dados de diagnósticos e infectados ao longo do ano de 2019, além de uma análise dos casos dos últimos anos no país.
Segundo o órgão, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil: 89% delas foram diagnosticadas, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em tratamento não transmitem o HIV por via sexual, por terem atingido carga viral indetectável. Até outubro de 2020, 642 mil pessoas estavam em tratamento com antirretroviral, enquanto em 2018, eram 593.594 pessoas em tratamento.
Em relação aos jovens, o Ministério da Saúde estima que 10 mil casos de Aids foram evitados no país em um período que vai de 2015 a 2019. Concentram o maior número de casos pessoas de 25 a 39 anos, de ambos sexos, com 492,8 mil registros. Nessa faixa etária, 52,4% são homens e 48,4% são mulheres.
Apesar da luta, há o que se comemorar. O Brasil registrou queda no número de casos de infecção por Aids nos últimos anos. Em 2012, as taxas registram 21,9 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram 17,8 casos por 100 mil habitantes em 2019. A taxa de mortalidade por Aids também apresentou queda, registrando o patamar de 17,1% nos últimos cinco anos. Na avaliação do Ministério da Saúde, ações como a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnóstico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos por Aids.
Um desses tratamentos é inovador e pioneiro no país, chamado de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Ele consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o vírus causador da aids infecte o organismo, antes de a pessoa ter contato com o vírus. Todos os medicamentos são gratuitos. Conheça o programa aqui. Outro ponto importante no combate à doença foi o compromisso mundial assinado pelo Brasil para eliminar a transmissão vertical do HIV – que pode acontecer durante a gestação, parto ou amamentação. O país optou por adotar uma estratégia gradativa de certificação de municípios. A erradicação da transmissão vertical do HIV, assim como a redução da sífilis e da hepatite B, é uma das seis prioridades do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
O lugar onde o tratamento começa – O SUS
Resistindo para existir, há 32 anos o Sistema Único de Saúde, o SUS, é a porta de entrada para o tratamento não só de HIV/Aids, mas também de tuberculose e demais enfermidades. Do cidadão com menos recursos até aqueles que têm mais acesso à rede privada de saúde, o sistema se torna ponto de acolhimento para quem deseja ser cuidado.
Sua estrutura robusta é a melhor carta que o Brasil tem em mãos no combate às tantas pandemias existentes. Sua importância social, econômica e cultural ficaram ainda mais evidentes com a pandemia do novo coronavírus, que desde março assola o mundo inteiro, e que, por sua vez, fez reconhecer a importância do órgão.
O SUS contempla desde a aferição da qualidade da água, até o fornecimento de medicamentos e realização de transplantes. Em uma gestão feita por Município-Estado-Governo Federal, acaba restando ao município executar todas as ações e serviços de saúde.
Desde sua criação, quando se compara as curvas da participação percentual das três instâncias, percebe-se que a do Governo Federal diminuiu, enquanto a sobrecarga nos cofres públicos municipais aumentou. Em 2019, os municípios foram responsáveis por colocar 31 bilhões de reais a mais do que o mínimo constitucional.
Mesmo com o subfinanciamento histórico, o Sistema Único de Saúde tem números expressivos. De acordo com dados do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, o CONASEMS, o Brasil conta com 45 mil equipes de saúde da família que atuam em 40 mil Unidades Básicas de Saúde, 4.700 hospitais públicos ou conveniados e 32 mil leitos de UTI via SUS. No ano passado, foram realizadas 330 milhões de visitas domiciliares e 3,7 bilhões de atendimentos ambulatoriais.
Atingindo todas essas proporções, o mérito se dá graças, também, à entrega diária dos profissionais de saúde. Colocar em prática os princípios da equidade, integralidade e universalidade esbarra, muitas vezes, na falta de recursos suficientes. Mas, mesmo assim, existem inúmeros projetos Brasil afora que mostram a potência do sistema público considerado um dos maiores do mundo. A pandemia foi apenas um desses exemplos.
Você sabia?
O dia 1º de dezembro foi instituído em 1987 pela Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial de Saúde, cinco anos após a descoberta do HIV, vírus causador da doença. Com base na data e com o objetivo de conscientizar a população sobre prevenção e tratamento do HIV, Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), o Ministério da Saúde estipulou desde 2017 o dezembro vermelho, para que a população possa se lembrar e se prevenir das IST.
A cor é referente ao laço vermelho já utilizado na campanha da Aids. O símbolo foi criado em 1991 pelo coletivo Visual Aids, comporto por artistas visuais de Nova Iorque.