Direitos básicos para primeira infância na Maré são negados, revela pesquisa

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Pesquisa Primeira Infância nas favelas da Maré será lançada hoje pela Redes da Maré

Foto: Douglas Lopes

Jéssica Pires

A Redes da Maré lança nesta quarta-feira, 27 de setembro, um diagnóstico inédito sobre como vivem as crianças de 0 a 6 anos nas favelas da Maré.

A pesquisa apresenta informações detalhadas sobre esta população, que representa 12,42% dos moradores da Maré (de acordo com o Censo Maré, de 2013, cerca de 15  mil crianças entre 0 e 6 anos vivem no território). Um diagnóstico que reafirma a necessidade da implementação de políticas públicas que considerem as especificidades, nuances, características e respostas do território para os diferentes desafios enfrentados cotidianamente.   

Ao todo, foram aplicados 2.144 questionários com responsáveis de crianças em visitas domiciliares durante a pandemia de Covid-19, além de entrevistas com  profissionais de redes de proteção e apoio à primeira infância (professores,  assistentes sociais e profissionais de saúde).  

“Estes dados demonstram uma demanda por uma rede sólida e permanente de  proteção social na Maré e reforçam a necessidade urgente do Poder Público garantir  direitos básicos para as crianças de favelas, direitos que não estão sendo efetivados  e são negados a esta população”, afirma Eliana Silva, diretora da Redes da Maré e  coordenadora da pesquisa. “Ter um diagnóstico com esta amplitude nos dá condições  de pleitear, de forma mais assertiva, ações concretas para enfrentar as muitas  dificuldades que perpassam a vida de uma criança na Maré”.  

Direitos básicos negados:

O nível de dificuldade de acesso às políticas públicas, como a saúde, a assistência social e a educação chegou a 61% em uma das favelas da Maré, de acordo com a pesquisa (61% dos entrevistados da favela Parque Maré revelaram ter dificuldade ao acesso a saúde – a média geral do nível de dificuldade para acesso à saúde, entre as favelas da Maré foi de 47%, de acordo com a pesquisa).

Ainda sobre a saúde, as principais causas de mortes de crianças na primeira infância informadas nas entrevistas incluem broncoaspiração, problemas cardiorrespiratórios, pneumonia, problemas no parto, desnutrição e erro médico, de acordo com a pesquisa.

O acesso à educação também segue desafiador. 25,6% das pessoas entrevistadas relataram dificuldades em termos de ingresso nas creches e na educação infantil.

Práticas de cuidado, violência e lazer:

Uma análise sobre as formas e circunstâncias das práticas de cuidado territoriais também são apresentadas na pesquisa. Mães e avós como principais cuidadoras, a questão das figuras paternas e convivência com o pai, além de adoção e abrigo. Dados sobre o acesso ao lazer, a exposição das crianças à violência e o acesso à justiça também são trabalhados na pesquisa. A pesquisa apresenta uma lista de recomendações que podem ser entendidas como demandas para investimento do poder público.

Lançamento:

O evento de lançamento da pesquisa acontecerá hoje, dia 27 de setembro, às 16h, no Galpão Ritma (Rua Teixeira Ribeiro, 521 – Parque Maré). A pesquisa está disponível também na versão digital no site da organização.

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