A comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro vai às urnas até hoje quinta-feira (27/4), para votação da nova reitoria
Por Maria Clara Paiva (*)
A pesquisa é a primeira fase da eleição que nomeará o futuro responsável pelo posto máximo da universidade entre julho de 2023 e julho de 2027. Roberto Medronho concorre com Cássia Turci de vice na chapa 10 e Vantuil Pereira com Katya Gualter, na chapa 20.
Podem votar estudantes maiores de 16 anos com matrícula ativa na educação básica do Colégio de Aplicação; discentes de graduação, presencial ou a distância, de mestrado, doutorado ou pós-graduação com carga horária mínima de 360 horas. Além de docentes e técnicos-administrativos ativos do quadro permanente da UFRJ; professores eméritos e professores vinculados ao Programa Institutional de Pós-Doutorado (PIPD).
Os aptos a votar têm seções pré-determinadas, exceto membros da Comissão Coordenadora, candidatos, professores, técnicos-administrativos eméritos e pessoas com deficiência, que poderão votar em separado em qualquer uma das 44 seções. A maioria está aberta das 9h às 16h, mas estudantes de unidades com atividades noturnas também serão contemplados em seus turnos. Já as seções virtuais funcionarão das 8h às 12h. É possível conferir seu local de votação no site https://ondevotar.tic.ufrj.br/.
Chapa 10 – UFRJ para Todos: Autonomia, Inclusão e Inovação
O candidato a reitor da chapa 10 é Roberto Medronho, professor titular da Faculdade de Medicina e coordenador do Laboratório de Epidemiologia de Doenças. O doutor e mestre em Saúde Pública pela Fiocruz é graduado em medicina pela UFRJ e foi diretor da faculdade entre 2011 e 2020. Além disso, coordenou o Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 da UFRJ, foi diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro e membro do Conselho Consultivo da ANVISA e do Conselho Municipal de Saúde.
Já a candidata a vice-reitora, Cássia Turci, é professora titular do Instituto de Química, decana do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza e foi diretora do IQ entre 2004 e 2012 e de 2013 a 2017. Graduada em Química pela Escola de Engenharia Mauá, é doutora em Físico-Química pela UFRJ, mestre em Química pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e fez seu pós-doutorado na Universidade de McMaster, no Canadá.
As principais propostas do programa da chapa focam em uma gestão democrática, inclusiva e plural. O programa aborda eixos como graduação, pós-graduação e pesquisa; inovação; extensão e interação com a comunidade externa; difusão cultural, científica e de saberes tradicionais; assistência e permanência estudantil; infraestrutura; comunicação; meio ambiente e sustentabilidade.
Chapa 20 – Redesenhando a UFRJ: Democracia, Autonomia e Diversidade
A chapa 20 traz como reitor Vantuil Pereira, professor associado do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida (Nepp-DH) e decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Pós-graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) fez a graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Entre 2012 e 2021 foi diretor do Nepp-DH, onde desenvolveu pesquisas sobre questões raciais e políticas públicas no Brasil. Também foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos, da UFRJ.
A candidata à vice de Vantuil, Katya Gualter, é professora associada e diretora, desde 2016, da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD). A doutora em Artes da Cena pela Unicamp se graduou em educação física na UFRJ com especialização em Técnica de Dança e Coreografia e mestrado em Educação em Ciências e Saúde. Também foi a fundadora e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Cinema e Dança e pesquisadora do GT Ancestralidades em Rede.
O programa de gestão da chapa tem quatro partes centrais: o cenário nacional, a universidade brasileira e as perspectivas para a UFRJ; o balanço crítico da UFRJ nos últimos quatro anos; a reconstrução do país e da UFRJ (o Redesenhando); e os eixos para a construção de um novo paradigma.
Tanto Vantuil quanto Katya se autodeclaram negros, e se eleita, essa será a primeira gestão com reitor e vice negros em 103 anos de história da UFRJ.
Novidade no sistema de votação
Pela primeira vez, as eleições serão em formato híbrido. Presencialmente, as pesquisas são registradas em urnas eletrônicas cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). A novidade é que dessa vez o UFRJ E-voting System (Helios Voting) vai possibilitar a votação a distância especialmente para professores eméritos, estudantes de EAD e pós-graduandos.
O sistema criado por Ben Adida, pesquisador em criptografia e segurança da informação no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), já foi adotado em outras instituições federais e atende os pré-requisitos básicos como transparência, integridade, confidencialidade e autenticidade nos processos de votação eletrônica.
Como funcionam as eleições para a Reitoria
A primeira etapa das eleições para a Reitoria da UFRJ é a pesquisa com a comunidade universitária. Nela, chapas compostas por professores ativos na instituição e com doutorado elaboram um programa de gestão e concorrem ao voto. Quem administra esse processo é uma comissão coordenadora criada pelo Conselho Universitário (Consuni).
A segunda etapa não tem uma vinculação formal com o resultado da pesquisa. O Colégio Eleitoral, formado por membros de alguns conselhos da universidade, depois de ouvir a comunidade, é responsável por definir uma lista tríplice com reitor e vice-reitor, que deve ser enviada para a validação do Ministério da Educação.
Na terceira etapa o MEC valida os documentos recebidos e a Presidência da República analisa e nomeia o reitor. Ainda que a definição caiba ao presidente, a tradição é que o nome que lidera a lista seja consagrado para o cargo.
(*) Maria Clara Paiva é estudante de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do Curso de Extensão Conexão UFRJ com o Maré de Notícias.