Casal se aventura na venda de empadas na Maré

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Moradores da Nova Holanda decidem deixar empregos e investir em venda empadinhas

Daniele Figueiredo* 

Vera Lúcia Costa Silva Lopes (25) trabalhava como balconista numa sorveteria, até o momento em que decidiu investir o dinheiro, que antes seria para um curso de beleza, em produtos para fazer e vender empadas. No início do empreendimento, ela e o companheiro, Filipe Mariano da Silva Santos (23), estavam separados e, segundo Filipe, “a empada juntou os dois novamente”. 

Filipe contou sobre a relutância, inicialmente, de se tornar autônomo. Afinal, tinha um emprego fixo como garçom em um restaurante. “Eu prefiro dar passos mais devagar e, diferente da Vera, sou mais medroso.” O curioso é que o pai de Filipe, seu José Oliveira dos Santos (58) criou o jovem e os irmãos com a renda gerada também pela venda de salgados.

Vera Lúcia, mãe de duas crianças, de 8 e 10 anos, filhos de um relacionamento anterior, afirma que trabalhar no próprio negócio a “permite ter mais tempo para aproveitar a infância dos filhos. Se a gente chegar à conclusão de que estamos trabalhando muito, a gente sai no domingo com as crianças e nos divertimos.”

Vera Lúcia e Filipe Mariano vendem as empadas na porta de casa e com o lucro, conseguiram alugar um espaço para realizar essa produção: botar a mão na massa, literalmente, com mais tranquilidade e cuidados no preparo. Filipe sai com o carrinho com mais de 200 salgados pela Nova Holanda, de terça a sábado. Cada empada custa R$2,50. 

O empreendimento “Ki empada boa” possui sabores variados como frango, frango com cream cheese, queijo, romeu e julieta, camarão e carne seca com catupiry. Em média, o casal fatura R$450,00 a R$500,00/dia, o que resulta em uma renda de aproximadamente R$4.000,00 por mês.   

Sem patrão 

Segundo o IDados (consultoria especializada em análise de dados e soluções de aumento de impacto das empresas), o número de trabalhadores que passaram a trabalhar por conta própria teve considerável aumento nos últimos anos, especialmente com a participação de quem tem ensino médio, completo ou incompleto: saltaram de 36,7% para 38,2% de 2020 para 2021. 

Vera Lúcia e Filipe Mariano possuem respectivamente o ensino fundamental e médio completo; ambos concluíram através do Exame Nacional Para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Eles fazem parte de um grupo muito significativo de moradores da Maré que são empreendedores. De acordo com o Censo de Empreendimentos da Maré, em 2014, o conjunto de favelas já possuía pelo menos 3.182 empreendimentos, das mais diversas categorias. 

Comunicadora da primeira turma do Laboratório de Jornalismo do Maré de Notícias

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