Festival de Outono de Paris homenageia coreógrafa Lia Rodrigues e ONG Redes da Maré

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Evento “Viva Maré” faz parte da programação oficial da homenagem à artista da dança

Por Redação, em 01/12/2021 às 14h38

Homenageada na edição de 2021 do Festival de Outono de Paris, a coreógrafa Lia Rodrigues decidiu que seu retrato oferecido na programação daquela que é uma das principais plataformas das artes contemporâneas do mundo não seria uma selfie mas, sim, uma fotografia em conjunto, com a presença de parceiros e amigos. E, entre eles, a ONG Redes da Maré está em um lugar especial.

“A Maré é parte importante do meu trabalho, tendo me transformado como pessoa, como artista e como cidadã. Ali encontro pessoas e projetos que me fazem ter vontade de existir. Tudo que a Redes da Maré faz tem excelência e mostra a potência da favela. Por isso, a importância de divulgar seus projetos e ações para muito além do Rio de Janeiro”, diz Lia Rodrigues, que em 2004 chegou na Maré para uma residência de sua companhia e em parceria com a Redes fundou o Centro de Artes da Maré, em 2009, e dois anos depois, a Escola Livre de Dança da Maré.

A partir do dia 10 de dezembro o vínculo entre a Maré, Lia Rodrigues e Redes ganhará força na exposição internacional “Viva Maré, Lia Rodrigues e Redes da Maré”, no Centquatre-Paris, na França. O evento-exposição apresenta as 16 favelas que compõem a Maré e as ações da organização, numa experiência multissensorial em projetos emblemáticos dos cinco eixos de trabalhos da instituição, incluindo a campanha “A Maré diz não ao coronavírus”, feita desde o início da pandemia. A paisagem sonora e a paisagem visual intensas que marcam as favelas da Maré embalam o encontro com o público do Centquatre: muitos dos 60 projetos da Redes da Maré são apresentados em vídeos, com destaque especial ao Centro de Artes da Maré, símbolo da parceria com companhia de Lia Rodrigues.

Outra parte importante do evento “Viva Maré” é o diálogo com o público francês, através de oficinas de arte – azulejos, som e móbiles – e de dança especialmente ministradas pelos artistas ligados à Redes. Tendo como tema-disparador a pergunta “O que me faz ter vontade de existir?”, as oficinas de arte propõem um encontro artístico e territorial entre os moradores da Maré e o público frequentador do Centquatre. A proposta é que os franceses criem seus trabalhos embalados por frases marcantes dos cariocas a partir da mesma pergunta. O resultado desse encontro franco-brasileiro sonoro e visual vai ocupar uma das salas da mostra.

Haverá espaço pra dança. Em “Baile Encantado”, o público é convidado a mexer o corpo como se estivesse no Baile da Nova Holanda. Uma playlist especialmente criada pelo DJ Renan, cria da Maré, se junta a imagens de vídeo captadas pelo fotógrafo Douglas Lopes, ao longo dos últimos anos no baile funk da Maré. É ali, nesta mesma sala, que a Escola Livre de Dança da Maré também estará representada. Uma aula de hip hop inédita do professor Renato Cruz será projetada para que o público local tenha a chance de entrar na dança com sotaque brasileiro.

Como parte do evento, haverá também uma conferência sobre as ações da Redes na Maré, com participação de Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré; de Pâmela Carvalho, coordenadora do Eixo de Arte, Cultura, Memória e Identidades da Redes; e da coreógrafa Lia Rodrigues; com mediação de Maïra Gabriel Anhorn, responsável pelas relações institucionais da Redes.

“A possibilidade de levar a Redes da Maré para a França, a partir da exposição de alguns projetos que realizamos, é algo que enche nosso coração de alegria. Sempre trabalhamos com a ideia de que encontros são fundamentais para que trocas se estabeleçam e é, por isso, que acreditamos ser essa uma oportunidade singular de mostrar aos franceses uma parte do Brasil sem glamour. Ao contrário disso, um Brasil que luta para se estabelecer e ser reconhecido no seus direitos. Um Brasil visto a partir de uma janela na favela e que se reconhece na sua resiliência e potência”, afirma a diretora.

O evento “Viva Maré” tem curadoria da jornalista e pesquisadora de dança Adriana Pavlova e da artista Laura Taves, responsável pelo projeto Atelier Azulejaria, realizado nas favelas da Maré, em parceria com a Redes da Maré, desde 2006. O projeto de exposição é assinado por Laura Taves e João Rivera e o projeto sonoro tem concepção de Rafael Rocha e Rodrigo Maré.

A homenagem do Festival de Outono de Paris ao trabalho de Lia Rodrigues tem como ponto alto a estreia mundial do novo trabalho da coreógrafa brasileira, “Encantado”, que estreia primeiro numa temporada no Théâtre de Chaillot (https://theatre-chaillot.fr/fr/saison-2021-2022/encantado), em Paris, seguindo depois para o Centquatre, no dia 10 de dezembro, simultaneamente à mostra “Viva Maré”. “Encantado” é o sétimo trabalho criado pela coreógrafa na Maré desde a chegada à favela.

A expectativa é que a mostra “Viva Maré” e “Encantado” cheguem ao Centro de Artes da Maré em 2022.

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