Festival WOW aborda relações inter-raciais

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A criação de comunidades rompe o silêncio criado pelo racismo

“A família é a primeira escola do amor, mas também do racismo” afirma Barbara Borges, estudante de Psicologia e produtora de conteúdo sobre saúde mental da população negra, na roda de conversa “Experiências de Famílias Inter-raciais”, que debateu as relações de identidade racial e afeto, no terceiro e último dia do Festival Mulheres do Mundo – WOW.

A proposta da mesa foi debater a influência do racismo nas relações entre pessoas pretas e brancas. Bárbara chama atenção para o efeito do colonialismo e do processo de embranquecimento e a criação de práticas de apagamento das raízes negras. Efeito disso é a incapacidade que as pessoas negras desenvolvem em enxergar beleza em si mesmas. “Identidade e afeto estão muito ligados a sensação de amparo”, explica.

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Para a psicóloga e pesquisadora Lira Vainer, cabe às pessoas brancas não reforçarem a branquitude. Ela explica que nas relações inter-raciais – e principalmente quando são filhos negros de pai ou mãe branca – muitas vezes, as pessoas brancas reforçam o estereótipo de beleza da branquitude, e isso faz com que os filhos acreditem que aquela é a única forma de beleza. Entretanto, não é uma regra e há formas de evitar.

“Uma coisa é a cor de pele branca e a outra é a branquitude.” 

Lira Vainer, psicóloga e pesquisadora

Outro ponto abordado por Bárbara Borges e Francinei Gomes, que são estudantes de Psicologia que produzem conteúdo sobre saúde da população preta, é a criação de comunidades.  Além disso, as estudantes também explicam que identidade e afeto estão relacionadas a sensação de amparo e que, por isso, é importante criar laços afetivos que não sejam apenas ligados a relacionamentos conjugais. “A cura e a transformação também vão ser em comunidade.”

Francinei destaca que pessoas pretas devem ficar atentas a estereótipos e automatismos nos relacionamentos. Um exemplo de automatismo é segurar a bolsa mais forte ao passar ao lado de uma pessoa preta. Bárbara comenta que é necessário meio segundo para perceber a raça de uma pessoa.

Uma das participantes da roda de conversa foi Joana Angélica, de 70 anos, que é coordenadora do pré-vestibular social Adelaide Barbosa, na favela Piraquê, em Guaratiba. Sobre o tema da mesa, ela comenta: “nós devemos nos afetar um ao outro positivamente, porque negativamente já basta”. Participou da mesa também a professora e poeta Débora Rios. 

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