Incêndio no Hospital Geral de Bonsucesso

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Fogo começou no subsolo do Prédio 1 da unidade, atingiu Almoxarifado, Enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva.

Por Daniele Moura em 27/10/2020 às 15h25, atualizado em 29/10/2010 às 08h10

Um incêndio atingiu um dos prédios do Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, por volta das 9h40 desta terça-feira (27). A unidade atende a cerca de duas mil pessoas por dia de vários bairros da cidade, entre eles a Maré. Cerca de 160 pacientes já foram transferidos para outros hospitais como Getúlio Vargas (Penha), Souza Aguiar (Centro), Evandro Freire (Ilha do Governador) e Fiocruz (Manguinhos). Durante a transferência para uma dessas unidades, Núbia da Silva Rodrigues, 42 anos que estava internada com covid-19, morreu. Outros três pacientes também morreram em decorrência da transferência: uma senhora de 83 anos, não identificada, também internada com covid-19; Marco Paulo Luiz, de 39 anos, que também estava infectado com o novo coronavírus; e uma idosa de 73 anos ainda não identificada.

Alguns internados estavam no meio de tratamento quando tiveram de sair, outros estavam entubados. Uma oficina mecânica foi feita de hospital de campanha para os doentes que esperavam a ambulância para serem transferidos para outras unidades.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo teve início no subsolo e atingiu o almoxarifado onde fraldas eram guardadas. Nesse edifício ficam ainda enfermarias e salas de raio-X. As chamas foram controladas às 11h30, mas ainda saía fumaça negra das instalações até às 14h30.

O incêndio atingiu o prédio 1 mas o prédio 2, onde estavam internos da UTI Neonatal e da Maternidade também esvaziados. Bombeiros de cinco quartéis – Fundão, Ilha do Governador, São Cristóvão, Penha e Central – foram mobilizados.

Segundo Lauro Botto, porta voz dos Corpo de Bombeiros, o prédio 1 foi todo comprometido com chamas e fumaça. “Conseguimos evacuar os pacientes antes que o fogo e a fumaça chegassem à enfermaria”. A prioridade dos Bombeiros, segundo Botto, é resfriar as alas, para evitar que cilindros de oxigênio possam explodir e impedir que as chamas se alastrem para outras áreas.

O comandante-geral da corporação, Leandro Monteiro, disse durante a coletiva que o hospital não possui certificação do Corpo de Bombeiro. “O hospital tem duas notificações, dois autos de infração e corre o risco de interdição. Estamos trabalhando em conjunto para que esse processo não seja finalizado. É humanamente impossível interditar um hospital com 400 leitos”, disse Monteiro.

Em janeiro do ano passado, Luana Camargo, então diretora da unidade foi exonerada por promover festas, enquanto pacientes reclamavam da falta de leitos e remédios. A farmacêutica ficou no cargo por dez meses. A única experiência anterior dela em gestão pública tinha sido no estoque de remédios de um posto de saúde na Baixada Fluminense.

Uma das festas promovidas pela ex-diretora custaram R$ 156 mil, dinheiro doado por empresas que prestam serviços ao hospital. A saída da diretora, pelo jeito, não aliviou o drama dos pacientes.

O Hospital Federal de Bonsucesso é administrado pelo Ministério da Saúde. O ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta chegou a anunciar, no início de 2019, uma reformulação total no Hospital, não só na área administrativa, mas em outros setores, como por exemplo o de licitações. E, segundo ele, a tal reformulação, iria contar com a ajuda de militares das Forças Armadas. As obras de reformulação nunca começaram.

Após incêndio, Hospital Federal de Bonsucesso vai fechar as portas por tempo indeterminado A informação é de Júlio Noronha, diretor do corpo clínico da unidade hospitalar. Ele disse que o hospital vai parar de atender no dia 1° de novembro. Segundo ele, os funcionários deverão entrar em férias coletivas. Ministério da Saúde ainda não confirmou a decisão.