Jovem grávida morre durante operação policial no Lins de Vasconcelos

Data:

Kathlen Romeu estava grávida de quatorze semanas e foi atingida na operação de policial

Por Edu Carvalho, em 09/06/2021 às 06h

Na tarde de ontem, terça-feira (8), uma ação da Polícia Militar na comunidade do Lins, Zona Norte do Rio, terminou com a morte da designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, que estava grávida de quatorze semanas.

Segundo moradores, a jovem foi atingida por uma bala durante o confronto entre criminosos e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Lins. A vítima chegou a ser levada ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. Familiares e o marido da jovem estiveram no local. 

No início da noite, moradores do Lins fizeram um protesto na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga as zonas Oeste e Norte da cidade, pedindo paz e justiça. 

Moradores protestaram na Grajaú-Jacarepágua, principal via que liga as zonas norte e oeste. Foto: Reprodução

De acordo com a Polícia Militar, agentes de segurança foram interceptados por criminosos com ataques a tiros, dando início ao confronto. Foram feitas buscas na região e apreenderam um carregador de fuzil, munições de calibre 9mm e drogas.

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investigará a morte de Kathlen. Testemunhas serão ouvidas e diligências realizadas para esclarecer todos os fatos e identificar de onde partiu o tiro que atingiu a jovem.

Segundo contagem da plataforma Fogo Cruzado, desde 2017, 15 grávidas foram baleadas no Grande Rio – oito delas morreram. Do total, quatro foram baleadas em meio a ações policiais.

Em comunicado à imprensa, o diretor da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, analisa com pesar o acontecido, numa trajetória de casos que só aumentaram nos últimos anos. ‘’O destino trágico da jovem negra brasileira moradora de comunidade pobre Kathlen de Oliveira Romeu, de apenas 24 anos, grávida de 14 semanas, soma-se ao de tantos outros cidadãos cariocas mortos em circunstâncias análogas’’. 

Para Costa, a morte da jovem reúne os elementos mais presentes no cotidiano da cidade, marcada realidades trágicas. ‘’Uma vida foi interrompida na flor da idade e outra não teve nem o direito de nascer. O que isso mudará na política de segurança pública do nosso Estado?’’, questiona. 

O Instituto Marielle Franco cobrou apuração sobre o caso. ”O Estado retirou mais uma vida negra e favelada que estava gestando outra vida. Investigação urgente!”, diz um post nas redes sociais.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por um Natal solidário na Maré

Instituições realizam as tradicionais campanhas de Natal. Uma das mais conhecidas no território é a da Associação Especiais da Maré, organização que atende 500 famílias cadastradas, contendo pessoas com deficiência (PcD)

A comunicação comunitária como ferramenta de desenvolvimento e mobilização

Das impressões de mimeógrafo aos grupos de WhatsApp a comunicação comunitária funciona como um importante registro das memórias coletivas das favelas

Baía de Guanabara sobrevive pela defesa de ativistas e ambientalistas

Quarenta anos após sua fundação, o Movimento Baía Viva ainda luta contra a privatização da água, na promoção da educação ambiental, no apoio às populações tradicionais, como pescadores e quilombolas.

Idosos procuram se exercitar em busca de saúde e qualidade de vida

A cidade do Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca