Moradores relataram tiros na Nova Holanda e Parque União nas primeiras horas desta manhã
Na manhã desta quarta-feira (3), moradores do Parque União, Nova Holanda e Rubens Vaz no Conjunto de Favelas da Maré amanheceram com sons de tiros. “Misericórdia! Ninguém merece acordar assim”, lamenta um morador por volta de 5h50.
A Polícia Civil iniciou nas primeiras horas da manhã uma operação que, segundo os relatos, foi marcada por intensa troca de tiros, bombas e presença de veículo blindado (caveirão) pelas principais ruas da Nova Holanda.
Em nota, o órgão respondeu que a operação é contra a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e para cumprir 16 mandados de prisão na Nova Holanda e no Parque União.
19 operações em 6 meses
Esta é a 19ª operação policial do ano na Maré, causando prejuízos contínuos à vida dos moradores. Até agora, 24 escolas foram fechadas, incluindo duas estaduais. Além disso, a Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva suspendeu suas atividades nesta manhã, e a Clínica da Família Diniz Batista dos Santos, apesar de manter os atendimentos na unidade, interrompeu as visitas domiciliares.
São 19 operações em apenas 6 meses, o que significa quase uma operação por semana. Qual a efetividade e resultados desta aposta de uma política de enfrentamento ao longo de todos esses anos?
ADPF das Favelas
Entre as exigências preconizadas na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das favelas — instrumento jurídico que impede o Estado de praticar condutas que firam a constituição e violem direitos dos moradores — está a presença de ambulância durante as operações para socorrer possíveis feridos, assim como câmeras corporais dos agentes com o objetivo de diminuir letalidades durante as incursões. No entanto, não há registros ou relatos que confirmem o seguimento dessas determinações.
Apesar disso, em entrevista a TV Globo na última terça-feira (2), o Secretário de Segurança Pública afirmou que Cláudio Castro fez um investimento de 3 milhões mensais só com câmeras corporais.