Maré de Notícias #50

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[toggle title=”Maré na França”]
Thaina Farias, uma das 13 jovens do Núcleo 2 da Escola Livre de Dança da Maré (ELDM) relata a emoção da viagem à França, onde o grupo – todos moradores – esteve em intercâmbio com a Escola Municipal Artística de Vitry-sur-Seine, de 28/11 a 8/12.

“Embora eu tenha revisto a cena em filmagem, lembraria ainda assim como se fosse ontem a reação que todos tivemos ao sair de um dos portões do aeroporto, assim que chegamos. O frio não conseguiu ser maior que a emoção que tivemos ao sentirmos que a ficha estava caindo e estávamos mesmo na França; que aquela nossa primeira viagem juntos teria tudo para ser especial. Embora cansados, estávamos todos curiosos, olhando para todos os lados, tirando fotos e filmando o caminho de Paris a Vitry (cidade nos arredores de Paris, onde o grupo ficou hospedado). Já nos comentários, comparamos o caminho com a Linha Amarela daqui e eu fiquei impressionada com a quantidade de grafites.

Chegamos a Vitry e tudo era novidade. Desde o início fomos muito bem cuidados e logo visitamos o Theatre Jean-Villard, onde encontramos pessoas com sorrisos enormes para nos receber. E foi aí que começamos a perceber que essa história de que os franceses eram frios era mentira. Conhecemos o teatro, os alunos do núcleo de dança de lá e tudo foi tão novo e divertido que eu já começava a pensar que ir embora ia ser realmente difícil. Tive certeza desse meu pensamento no dia em que passamos a tarde com os jovens de lá e dançamos juntos. Fizemos aula e mantivemos um contato tão profundo que mesmo que a língua não fosse a mesma e não ajudasse muito na comunicação, tudo fluía.

O amor pela dança cresceu com esse contato e troca que tivemos. Vimos que nos tornamos amigos, mas amigos mesmo, como se tivéssemos nos conhecido há muito tempo. Conversávamos e pensávamos muito nessa relação com eles, os novos amigos franceses, enfatizando que o melhor de termos ido à França era ter conhecido as pessoas que conhecemos e termos vivido a experiência de dançar para um teatro lotado de gente que nunca tinha ouvido falar do nosso trabalho ou tinha ouvido falar muito pouco.

As respostas foram positivas. Pessoas vinham nos abraçar em resposta a tudo o que viram e ouviram durante o “Exercício M, de movimento e de Maré” (coreografia criada durante a formação do Núcleo 2 e encenada 18 vezes no Brasil, em diferentes locais). Algumas choravam e muitas comentaram da nossa força, da potência que éramos juntos, enfatizando as nossas diferenças que contribuíam muito para um trabalho rico. E aquela foi, sem dúvida, uma das melhores noites da minha vida e acredito que foi assim para todos nós.

E sobre os passeios e sobre nossa estada em Vitry, tenho a dizer que nos vimos como uma família. Aprendemos a conviver e a respeitar a opinião de todos para a harmonia do grupo. Foram dias que nos renderam lindas experiências, lindas fotos e vídeos bem engraçados. Estar na França nos fez ver a valorização que lá eles dão a arte, perceber o que falta no Brasil, o que precisamos buscar como estudantes de dança e futuros profissionais da área, quem sabe.

Aqueles dias ficaram marcados, assim como o rosto de cada um daqueles que nos receberam tão bem e acreditaram em nós. Voltei para o Brasil com o coração cheio de expectativas, metas e ideias, um desejo muito grande de voltar e também de receber nossos novos amigos aqui. Foram intensos dias de muita dança e muita troca de energia!”

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[toggle title=”Samba no salto 18″]

Por: Rosilene Miliotti

Pequena no tamanho, mas gigante no samba, Nega mede 1,55m e pesa 52kg, mas quando coloca o salto 18 e começa a sambar, vira uma gigante.

Nascida no mundo do samba, a passista Cremilda Lima, conhecida como Nega, 44 anos, entende do riscado desde criança, mas só aos 19 começou a desfilar como passista. Na Unidos da Tijuca, escola de coração, ela dedicou 14 anos da sua vida e fez shows no Rio de Janeiro e em São Paulo.

“Há três anos parei de desfilar por causa da tuberculose e não quis mais voltar à rotina de ensaios, mas tenho a minha vaga lá. Escola de grupo especial é marcação, tem que ensaiar durante a semana e eu não aguento mais. Trabalho o dia todo como copeira em um escritório, à noite vou para minha lanchonete e ainda tenho encomendas de doces e salgados. Agora me dedico só ao Gato de Bonsucesso, outra escola de coração, onde já fui rainha de bateria”, conta ela. Ela lembra que antigamente desfilava em uma escola, corria, trocava de fantasia e desfilava em outra e assim fazia todos os dias do carnaval.

Nega tem três netos e a menor já samba. O marido, Ronaldo Souza, é só elogios a ela. “Ela trabalha fora e ainda mantém a casa em ordem. Isso é uma máquina”, declara. Nega não pode escutar um batuque que começa se balançar. “Carnaval pra mim deveria ser o ano todo. Apesar de desfilar há muito tempo, todo ano parece a primeira vez”, revela ela, que mora na Nova Holanda.

Loucuras de carnaval

“Já tive bolhas nos pés e tenho algumas marcas no corpo por causa do esplendor (adereço que carrega nas costas, em geral cheio de plumas e paetês). No primeiro ano que desfilei pela Unidos da Tijuca, a bota estava com o salto mole. Eu chorava porque queria sambar. Aí o presidente falou pra eu ir só me mexendo. Mas como sambo na ponta do pé, quando eu entrei na avenida comecei a sambar, esqueci o salto mole e quando dei por mim sambei assim mesmo”, lembra.

Para Nega, as passistas são guerreiras. “Não ganhamos dinheiro para desfilar. E por mais que a gente vá direto do trabalho para o ensaio, a gente se monta, coloca um sorriso no rosto e samba a noite toda. Sou muito vaidosa e por isso eu trabalho muito para sustentar minha vaidade. Fico maquiada o dia todo. Quando vou trabalhar sem maquiagem, as pessoas não me reconhecem”, brinca.

Nega sonha em criar uma escola de passistas mirins para incentivar a continuidade do carnaval. Este ano ela só vai desfilar no Gato de Bonsucesso, “mas sempre pode aparece uma vaga em uma escola em cima da hora”, acrescenta ela.

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[toggle title=”Garotada da Maré na Sapucaí”]

Os pais que quiserem levar seus filhos de 6 a 17 anos de idade para desfilar na Sapucaí podem procurar o Tadeu Ribeiro, do Parque União. Ele está organizando um grupo para integrar a Escola de Samba Mirim Ainda Existem Crianças de Vila Kennedy.

O desfile será no dia 4, terça-feira de carnaval. Os dois ônibus que levarão a garotada sairão da Maré às 16h. Para participar, ligue para o Tadeu: 99881-0754 (Vivo) / 99164-3932 (Claro). Os responsáveis precisam autorizar a participação das crianças e adolescentes. Até 2012, Tadeu levava a garotada para a Inocentes da Caprichosos.

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[toggle title=”Por que Maria do Buraco Fundo?”]

Em visita à nossa redação, Tadeu Ribeiro nos contou a origem do apelido de Maria do Buraco Fundo, antiga moradora, já falecida, que fez história no Parque União. “Era porque ela morava num buraco. Ela cavou um buraco e cobria com chapas de lata suspensas por umas estacas.

Isso no início, bem improvisado mesmo, mas não minava água dentro quando chovia não. Ela descia o buraco por uma escada de madeira. Depois arrumaram uma casa para ela morar. As pessoas ajudavam, o mercado, os feirantes davam sobra de comida para ela manter as crianças”, revela Tadeu.

Leia sobre a história de vida de Maria do Buraco Fundo na pág. 3 da edição 48, de dezembro passado, clicando aqui:  Maria do Buraco Fundo

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