Maré de Notícias participa de curso sobre segurança física promovido pela Abraji

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Por Samara Oliveira, em 23/06/2022 às 07h. Editado por Edu Carvalho.

“Contar a história e não fazer parte dela”. Essa foi uma das frases repetidas pelo ex-membro das forças de segurança da Grã-Bretanha, Ryan Swindale, que ministrou o curso de Segurança Física na Cobertura Eleitoral de 2022 promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em parceria com a RPS Training Solutions. 

Ao todo, 50 jornalistas de 16 estados brasileiros foram escolhidos para serem “multiplicadores do conhecimento”, como afirmou a vice-presidente da Abraji, Katia Brembatti, na recepção dos convidados. Durante a programação, a repórter Samara Oliveira (esssa que vos escreve) esteve presente como representante do Maré de Notícias.

As turmas foram divididas em dois grupos de 25 profissionais, no qual integrei a turma 2, com aulas na última segunda (20/6) e terça- feira (21/6). Dividido em cinco módulos, o panorama foi feito da seguinte maneira: planejamento e preparação; primeiros socorros; vigilância; armas e gerenciamento de crise. Durante o workshop, aprendemos como identificar sinais de conflito, tensão nas pautas e presença de armas, além de riscos no ambiente e socorro básico em emergências.

Comunicadores puderam fazer trocas sobre como vivenciam a dinâmica das coberturas, além de receber mapeamento sobre como agir.

A frase repetida por Ryan durante os dias de formação levou a todos o mesmo recado no final: “Precisamos preservar nossa vida”. Esse foi um sentimento em comum a todos os integrantes do grupo, quando foi questionado o compartilhamento mais marcante para cada um. Apesar de parecer óbvio, não é. Quantas vezes saímos das redações para cobrir uma pauta que apesar de sabermos dos riscos, não os analisamos e não nos preparamos para as situações de emergência? Quantos de nós carregamos um kit de primeiros socorros que pode salvar a nossa vida ou a vida dos nossos colegas?

Ryan mostrou como carregar um desses kits em pautas possivelmente perigosas de maneira que a gente até esquece que está com a gente, mas mesmo assim contou que ouviu de um cinegrafista “Mas se eu não levar isso, consigo levar mais baterias e carregadores para minha câmera”, Ryan afirma: “Carregadores e baterias não vão salvar sua vida e sem ela você não conta história nenhuma”. 

A preocupação de um colega referente a carregar mais material para cumprir seu trabalho é válida, afinal, estamos na rua para isso. No entanto, informar, principalmente pensando num contexto eleitoral, tem se tornado um ambiente cada vez mais hostil para os profissionais de comunicação. Como deixar de cumprir esse papel não é uma possibilidade, nos preparamos para saber como lidar e nos proteger acaba sendo primordial e um dever da nossa categoria.

Outro exercício prático que realizamos me chamou a atenção: como trabalhar e se proteger no meio da multidão, seja trabalhando em equipe ou individualmente. Exemplos como Carnaval e manifestações nas eleições foram utilizados. Pude ouvir de um colega durante a demonstração: “Meu Deus, a gente estava fazendo tudo errado”, em relação a autoproteção e equipe.

Também nos foi apresentado o Código de Cores de Cooper. Jeff Cooper, considerado um dos maiores experts em armas de fogo do mundo, deixou como um dos seus legados a criação do código de cores dividido em: branco, amarelo, laranja e vermelho, onde cada um, em ordem crescente começando do “relaxado”, expressa o nível de alerta que estamos em determinadas situações.

Realizamos aulas práticas de primeiros socorros com ferimentos causados por bala, corte, explosões e queimaduras, mas Ryan expressou o desejo de voltar e oferecer aulas por três dias só desse módulo.

A memória de jornalistas como Santiago Andrade, morto por um rojão durante as manifestações em 2014, o mais recente caso de Dom Phillips, e Tim Lopes que inspirou a fundação da Abraji foram lembradas. 

Saio deste curso com a missão de ser multiplicadora dos conhecimentos passados e com a esperança de que no futuro possamos buscar essas informações como medidas de precaução e não de obrigação para exercer nosso trabalho.

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