Maré recebe jornalistas do judiciário para debate sobre territórios de favela e ações de redução de danos

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Evento contou com profissionais de 11 estados de Norte a Sul do país

Por Samara Oliveira com alunos da primeira turma do Laboratório de Jornalismo do Maré de Notícias (*)

Na manhã da última quarta-feira (3), o galpão do Espaço Normal, no Parque Maré, recebeu assessores de comunicação do judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, OAB, Tribunais de Contas e outras instituições de justiça de 11 estados. A proposta do evento que faz parte da agenda do Congresso Brasileiro dos Assessores de Comunicação do Sistema de Justiça (Conbrascom) foi estimular a troca de experiências e ampliar o debate de ações que aproximem as organizações do cidadão. A agenda contou com o acolhimento e parceria da equipe de Incidência Política e do Eixo Direito à Segurança e Acesso à Justiça da Redes da Maré A assistente social e coordenadora do projeto Incidência Política, Lidiane Malanquini, de 34 anos, falou sobre a necessidade de as pessoas reconhecerem o Conjunto de Favelas da Maré para além da violência.

“A favela, óbvio, tem violência. Ninguém vai negar isso, mas estamos cansados de ser estigmatizados a só isso. É importante ressaltar que o que é produzido aqui na Maré pelas favelas também é conhecimento e precisa ser reconhecido como tal que disputa narrativas. A cidade de uma maneira geral sempre vai olhar para cá como um espaço de carência e de pobreza como se aqui não produzisse nada”, diz a profissional. 

Alguns equipamentos da Redes da Maré, como o próprio Espaço Normal que recebeu os convidados, o Maré de Sabores, e o Maré de Notícias foram apresentados pelos tecedores – forma como são chamadas as pessoas que trabalham na associação -. Em seguida, os profissionais foram levados para a Lona Cultural Hebert Vianna, único equipamento público de cultura da prefeitura na Maré, localizado na divisa entre as favelas Nova Holanda, Nova Maré e Baixa do Sapateiro. 

Foto: Matheus Affonso | Assessores e comunicadores em visita à Lona da Maré

Os profissionais do Rio de Janeiro e os vindos de Goiás, Rio Grande do Sul, Bahia, Alagoas, Sergipe, Ceará, Amazonas, Amapá, Paraná e Pernambuco tiveram a oportunidade de fazer perguntas para os tecedores, que em boa parte são também moradores do Conjunto de Favelas da Maré. Entre as questões que giraram em torno de segurança pública, enfrentamento do estado com a “guerra às drogas” e como trabalhar no território, Lidiane reiterou que “precisamos tirar a política de drogas da segurança pública porque sai muito ‘caro’ para a favela e impacta negativamente a vida de quem mora aqui. Precisamos levar para o campo do cuidado, da saúde. É sobre discutir direitos não de maneira individual, mas sim da demanda coletiva. Então é como a gente discute mobilização e articulação territorial aqui na maré para demandar serviços que melhoram a vida de quem vive aqui”.

Rafael Guerra, de 32 anos, assessor de comunicação da Defensoria Pública do Estado do Amapá, relatou a sua experiência. 

“Essa foi a segunda vez que eu estive no Rio, mas foi a primeira vez que eu tive contato com uma comunidade. Para mim, o que ficou de mais marcante foi ver a organização social, sabe? Eu entendo que os espaços não ficam vazios, então o estado deixou de ocupar um espaço e a comunidade foi lá e ocupou e fez isso de uma maneira muito inteligente, de uma maneira muito bonita.  A produção da cartografia do complexo, questionar o estado, criar e produzir dados… foi um negócio assim, que me tocou de uma maneira muito pontual;.

Rafael Guerra, de 32 anos, assessor de comunicação da Defensoria Pública do Estado do Amapá
Foto: Matheus Affonso | Troca com moradores e tecedores da Redes da Maré fez parte da agenda da visita

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