A identificação das pessoas que dão nome as escolas da Maré
Hélio Euclides
Quando nascemos, já recebemos um nome. É a nossa identidade. Isso acontece também com as escolas, creches e Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs). O aluno começa a se identificar com a unidade escolar, professores, diretores, funcionários, colegas e com o nome da Instituição de Ensino. Para a escolha da denominação das novas escolas, o Coletivo Maré que Queremos, que reúne as 16 associações de moradores, indicou alguns nomes. A Maré conta hoje com 45 unidades, uma ainda aguardando inauguração, no Salsa e Merengue. São 18 escolas regulares, seis Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), sete creches, 13 EDIs e um Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA).
Denise Souza é mãe de Rian Silva, que está no 6º ano. O primeiro colégio do seu filho foi o Paulo Freire, onde foi feita uma apostila para falar da história do homem que deu nome à escola. Esse ano, o seu filho já frequenta outra Unidade. “Agora meu filho estuda no Bartolomeu, apesar de a escola ser acolhedora, não sei quem foi ele. Acredito que seja importante saber, pois tudo é conhecimento. Ajuda o aluno a tomar gosto pela escola”, afirma Denise.
O desejo de ensinar na Maré
Andreza de Souza Alves é professora do CIEP Hélio Smidt. Ela trabalhou na Maré e saiu para dar aulas na Ilha do Governador, mas não aguentou a saudade e voltou. “Para trabalhar aqui tem de ser engajado, abraçando a escola”, confessa a mestre, que ainda diz que é valioso trabalhar a história. “No aniversário do CIEP trabalhamos a identidade e a história da escola e da moradia”.
Sua colega de profissão, Jozélia de Souza Cabral, atua no EDI Cremilda da Silva Santos. Quando a escola comemorou cinco anos, foi explicado quem foi a Cremilda. “Penso que isso é importante, saber quem foi a pessoa que dá nome à escola, na minha infância não tinha esse pensamento. É indispensável que o aluno se sinta parte integrante da escola. Entenda que a escola faz parte da vida dele e de seus familiares”, avalia.
Outro caso de identidade com a Maré é Nicilene Alexandre da Silva, com 18 anos de magistério, sendo 17 dedicados à Escola Teotônio Vilela. “Estudei aqui e escolhi essa escola, pois é minha segunda casa. Tenho raízes aqui. Em 1985, minha mãe foi para a Avenida Brasil pedir a abertura da escola, que não tinha mobiliário. Logo depois funcionou. Outro caso é o meu irmão, que estudou aqui e hoje é diretor da Escola Genival Pereira de Albuquerque”, revela. Ela entende que o nome da escola tem a sua importância. “Já trabalhamos aqui o patrono da escola, uma pena que o nome desta escola não foi a comunidade que escolheu. Minha preocupação é que não se tem arquivo da escola, então a história se perde”.
A educadora acha que os pais precisam acompanhar os seus filhos. “Tivemos a Semana da Família. Dos 700 alunos, só 50 responsáveis compareceram. Faltou valorizar os filhos e a escola”, reclamou. Para melhorar essa situação, ela tenta conscientizar seus alunos. A escola precisa se tornar do aluno, com acolhimento. Eu mostro a importância da preservação. A escola é um ato de resistência. Aqui sonhamos com um futuro, mostramos que o estudo abre portas”, ressalta.
Natássia Gonçalves é diretora do CIEP Hélio Smidt há seis anos. “Passo mais tempo aqui do que na minha casa. A vontade de trabalhar é maior que as dificuldades. Precisamos transformar a realidade, mostrar oportunidades”, diz. Um dos funcionários do CIEP, Rafael da Silva Clementino, atua há sete anos como agente de preparo de alimento, revela: “acredito que é uma grande oportunidade de trabalhar numa escola boa, não quero sair daqui. Na Maré é uma pena ter gente que ainda depreda a escola. Acredito que a solução é ter mais projetos e atividades”, avalia. A diretora acrescenta que a educação é o caminho. “Atuamos com vidas, e o papel da educação é de transformação. A sociedade que queremos depende do Magistério. Nossa sociedade está doente, e a educação é o remédio”, afirma.
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