Moradores da Maré estão sem água há mais de 20 dias

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Falta de abastecimento também afeta outros bairros da Zona Norte da cidade

Moradores das regiões do Parque União, Nova Holanda e Rubens Vaz, do Conjunto de Favelas da Maré, estão sem água há mais de 20 dias. Há relatos de que nos últimos seis dias a falta d’água aumentou nessa regiões e, segundo apurou o Maré de Notícias, desde o último sábado (10), a falta de abastecimento já afetava também toda a Maré e outras localidades da Zona Norte. 

O MN também falou com alguns funcionários que se identificaram como responsáveis técnicos da Águas dos Rio e explicaram que a falta d’água começou devido a manutenção anual do sistema Guandu, que abastece a região, realizada no final de novembro. Na sequência foram identificados que comportas haviam sido arriadas e que para reparar foi criado um novo braço de água de sexta para o sábado, que também foi danificada e refeita hoje.

Para amenizar a falta de água, a concessionária Águas do Rio, que é responsável pelo abastecimento, está fornecendo desde sábado, caminhões pipa para caixas d’água espalhadas na Maré. Os moradores relatam que precisaram comprar água para beber e buscar água nos locais abastecidos por carros pipa.

Dona Vanise, de 54 anos, desempregada, contou que  nunca tinha ficado tanto tempo sem água. A moradora do Nova Holanda sofre de dores no ombro e não consegue levar água até o terceiro andar de sua casa. Além disso, Vanise conta que o carro pipa está passando só na rua principal da localidade, ficando distante e gerando longas filas para conseguir água: “É muita gente, a população é grande, tinha que ser um o carro pipa mais próximo aqui da rua Bittencourt Sampaio, ontem não tinha condições aqui, as pessoas cansadas do trabalho da semana e a fila indo lá na padaria” afirmou.

Em nota, a  Águas do Rio informou que concluiu o reparo do vazamento na adutora da Maré, na manhã desta segunda-feira (12) e disse que “segue atuando em um ponto de Manguinhos e, após a finalização do serviço, o abastecimento será retomado de forma gradativa nas comunidades e bairros impactados na Zona Norte. A concessionária mantém contato contínuo com lideranças comunitárias informando sobre as ações realizadas.” de acordo com o comunicado.

A empresa disse ainda que segue à disposição dos clientes através do 0800 195 0 195, por ligação gratuita e mensagens via WhatsApp.

Falta de água na Maré não é novidade

O dilema da falta d’água para alguns moradores é algo que acompanha o ano todo. Isso é fácil de constatar quando se caminha pelas ruas da Maré. Um utensílio que acompanha a frente das residências são as bombas hidráulicas. Com o aumento no número de casas, a verticalização da favela e a não atualização no serviço de distribuição, o barulho da bomba virou rotina. Isso ainda acarreta no aumento no valor da conta de luz. 

A situação ainda é pior em favelas que são “fim de linha” do sistema de abastecimento da Maré, como o Salsa e Merengue e Vila dos Pinheiro, em grau ainda pior, próximo ao Parque Ecológico. São moradores que precisam acordar cedo para ter a sorte de usar a máquina de lavar roupa. Durante o dia é perigoso o uso da bomba, pois sem água, pode vir a queimar. No verão a situação ainda é pior, com a escassez da água, muitos mareenses dormem mais tarde para conseguir encher os seus reservatórios.

O Maré de Notícias, na época Cedae, entrou em contato com a assessoria de imprensa que informou o receio de aumentar o volume de água que entra por três tubulações que entram pelo Parque União para chegar com força às localidades de final de linha, por perigo de rompimento. Não havendo, por parte da empresa, nenhuma estratégia de modernização no sistema de distribuição de água para a Maré.

Água é um direito

Embora não seja de conhecimento de todos, a lei Nº 9.433, de 8 de?janeiro de 1997, ou lei das Águas, define que a água é um bem de domínio público, ou seja, todos têm direito à ela.

A Lei do Saneamento (2011), atualizada com o Novo Marco Legal do Saneamento (lei 14.026 de 15 de julho de 2020), garante a cobrança de uma taxa mínima e que os valores cobrados sejam utilizados para reparos e tratamentos de saneamento básico. Se a família for declarada de baixa renda, poderá usar os serviços sem necessidade de pagamento.

Os canais para fazer sugestões e reclamações sobre a distribuição de água são: 

 – Ouvidoria Defensoria Pública:Ligação gratuita no telefone 0800 282 2279 das 08:00h às 18:00h em dias úteis; pela internet.

– Águas do Rio: Tel 0800 195 0 195, por meio de ligação e WhatsApp.

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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