Mortes e violações de direitos nesta sexta na Maré

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Perícia não foi realizada no local da morte de jovem assassinado, cuja família foi responsável pelo transporte do corpo até Av. Brasil

A operação policial que é realizada na Maré desde a madrugada desta sexta-feira (por volta das 4h da manhã) e conta com a presença de forças da Polícia Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro, com homens dos batalhões da COE (Coordenadoria de Operações especiais – BOPE, CHOQUE E BAC), já tem três mortes confirmadas e diversas e sérias violações de direitos no Conjunto de Favelas da Maré. 

Apesar de uma das determinações da ADPF das Favelas indicar que operações policiais não aconteçam no período da noite/madrugada, os registros de tiros da Vila do Pinheiro ao Parque União e o som dos voos rasantes do helicóptero que amedrontava moradores foram ouvidos antes do início da manhã desta sexta.

Direitos fundamentais negados na Maré nesta manhã: 

Um dos mortos, o jovem Renan Lemos, de 24 anos, foi assassinado no Beco da Alegria, bem próximo à Rua Evanildo Alves, ponto de muita circulação da favela Parque Maré. A Delegacia de Homicídios (DH) não realizou o processo legal de perícia, assim como a defesa Civil não foi fazer a retirada do corpo no local. Fato que obrigou a família a colocar o jovem em óbito em um carrinho de mão e carregá-lo até a Av. Brasil. A família ficou com o corpo de 6:30 até 9:40. Após muitas denúncias e articulações, com Ministério Público e outras instituições de defesa dos Direitos Humanos, o corpo de bombeiros atestou o óbito, a 22ª Delegacia de Polícia registrou a ocorrência e a Defesa Civil retirou o corpo. A DH não realizou a perícia do local nem do corpo. 

Nesse momento a família está no IML aguardando a chegada do corpo e até o momento não tiveram nenhuma informação.

Há relatos, de uma pessoa assassinada asfixiada no mesmo beco onde ocorreu a morte de Renan. Um policial também foi baleado no Beco da Alegria. O agente foi socorrido, levado ao Hospital Federal de Bonsucesso e está recebendo atendimento médico. Também há informações sobre um assassinato cometido também a facadas, no Parque União. Essas duas mortes foram relatadas por moradores, porém os corpos não foram encontrados nos hospitais da região e IML.

Diversos moradores relatam danos ao patrimônio e invasão de domicílio no Beco do Alegria, na região do Tijolinho, na Nova Holanda e na Rua São Jorge, na Nova Holanda. Carros foram violados na Rua Sargento Silva Nunes, onde fica localizado o prédio central da Redes da Maré.

A Clínica da Família Jeremias de Moraes, localizada na Nova Holanda, teve funcionamento suspenso nesta sexta-feira, por conta da operação policial, de acordo com nota da Secretaria Municipal de Saúde. Mais de 40 escolas municipais do conjunto de favelas também não funcionaram hoje, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação.

Há relatos de moradores que informam sobre mais pessoas mortas e feridas, ainda sem confirmação. A operação, que de acordo com a assessoria de imprensa do Estado de Polícia Militar acontece para coibir ações de roubo de carga de veículos, segue em curso na Maré com intensas e constantes trocas de tiro em diversos pontos das favelas atingidas pela ação.

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