Espaço de lazer, saúde, educação, cultura e ciência completa 24 anos
O vizinho da Maré esteve em festa na última semana. O Museu da Vida Fiocruz completou 24 anos. O evento de comemoração contou com a presença da Aldeia Maracanã, com o tema: Aprendendo com os povos originários. As comemorações começaram na quinta-feira (25/05) e foram até (27/05), quando o Museu abriu às portas ao público em esquema de visitação livre em um sábado pela primeira vez este ano.
Apesar da proximidade, muitos moradores da Maré e de toda a cidade do Rio não conhecem o Museu. Essa foi uma oportunidade de conferir exposições, peças teatrais, atividades ao ar livre e muito mais. Na programação o público foi convidado a mergulhar na cultura indígena. A lista de atividades foi extensa, com oficina de grafismo corporal, de tupi-guarani, contação de histórias, feira de artesanato e medicinas da floresta e apresentação de cânticos.
Na festa os visitantes conheceram mais sobre a cultura indígena. O Museu da Vida Fiocruz convidou a Aldeia Maracanã (Aldeia Maraká’nà) para estabelecer este diálogo junto aos visitantes. “É uma honra participar de um evento desse porte, com o tamanho da Fiocruz. Aqui estamos compartilhando o conhecimento dos ancestrais, como a cultura e a língua. Está aqui é uma reparação histórica, no contexto tardio do reconhecimento da cultura dos povos originários, pois aqui habitavam os Tupinambás”, conta Amanda Mara Goytacá, professora da Universidade Pluriétnica Indígena Aldeia Maracanã.
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Os indígenas presentes também protestaram pela situação que são tratados pelos órgãos responsáveis. “Estamos vivendo um golpe, algo inconstitucional contra os nossos direitos à terra. A aprovação do marco temporal é o desconhecimento de que a milhares de anos já estávamos aqui. Queremos sobreviver e superar a demarcação, que é um ato desumano e criminoso”, comenta. Ela explicou ainda que a Aldeia Maracanã reúne povos de várias etnias e se localiza no bairro do Maracanã, que cultiva e promove o compartilhamento de conhecimentos tradicionais.
“Estamos na cidade, pois não há floresta. O país precisa criar políticas públicas para nós do contexto urbano. Não existe só indígena na floresta Amazônica, mas também na favela, com uma submoradia e um subemprego. Na cidade estamos quebrando cimento para plantar sementes. Estamos lutando contra o capitalismo que deseja colonizar a nossa mente e alma”, expõe. O grupo reivindica que o poder público faça uma reforma na Aldeia Maracanã, reabra o Museu do Índio e a restaure a Casa do Índio, na Ilha do Governador. Para que ocorra obra na Casa do índio e o direito de propriedade, haverá um ato em frente ao imóvel, nesta terça-feira (30/05), às 14h.
Uma aniversário de atividades
Uma programação diversa contou com exposições, como a Rios em Movimentos: artes de Rodrigo Andrian, que mostraram inserções por estudos e vivências de Manguinhos e Maré. O público pôde acompanhar entre as obras, um quadro que retrata o Rio Faria-Timbó, que contorna várias favelas da periferia.
Heliton Barros, diretor do Museu, conta que foram três anos sem comemorações presenciais, em virtude da pandemia. “Comemoramos essa data junto com a Fiocruz que completa 123 anos. O aniversário do Museu é uma festa tradicional, que sempre traz o piquenique científico, mas esse ano resolvemos mudar para apresentar os povos originários, que abrilhantaram o nosso evento, como protagonistas. O Museu é um braço da Fiocruz que fala com a população, de uma forma gratuita”, conclui.
O Museu da Vida Fiocruz fica na Avenida Brasil, 4365, Manguinhos.
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