Duas pessoas foram mortas em operação policial na maré

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É a segunda ação policial do ano na Maré; a primeira aconteceu ontem, domingo (30/01), em Marcílio Dias. Além mortes, outras duas pessoas ficaram feridas na operação de hoje que acabou por volta das 17h.

Por Daniele Moura em 31/01/22 às 10h55. Atualizado às 18h27.

Desde às 6h da amanhã, agentes da Polícia Rodoviária Federal e do Comando de Operações Especiais (COE) estão nas favelas Parque União, Parque Maré, Nova Holanda e Rubens Vaz, na Maré. Os policiais estão circulando a pé e também com auxílio de veículos blindados. Por volta das 13h, a operação avançou para o Morro do Timbau, Nova Maré e Baixa do Sapateiro.

Antes das 7h da manhã, um helicóptero sobrevoou o Parque União, Rubens Vaz, e Nova Holanda, com rasantes causando pânico à população.



A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva ficou fechada durante todo o dia. As demais unidades de saúde da região suspenderam as atividades externas de visita domiciliar, mas mantiveram o atendimento. As escolas também fecharam, assim como o centro de testagem da Maré, onde há testes de covid-19 gratuitos à população, na Rua Teixeira Ribeiro.

Moradores relataram pelas redes sociais invasões de domicílios e arrombamento de veículos no Parque União.

Em uma das situações de invasão de domicílio, policiais, sem autorização judicial, invadiram, uma casa onde estava um adolescente de 17 anos que tomava conta de seus irmãos de 13, 9 e 3 anos, sem a presença de um adulto. A equipe do Maré de Direitos, projeto Redes da Maré do Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça, está atendendo a família e também recebendo denúncias e violações de direitos pelo WhatsApp: (21) 99924-6462.

Mortes durante a operação

Duas pessoas foram mortas e outras duas ficaram feridas na operação. Um dos assassinatos na aconteceu no Morro do Timbau e não teve perícia. O corpo foi retirado pela própria polícia e a família da vítima não foi informada do destino do corpo.

A outra vítima fatal foi atingida na Praça do 18, Baixa do Sapateiro, e também não houve perícia. Os agentes de segurança pública não prestaram socorro e os próprios moradores tiveram que se mobilizar para retirar o corpo. Além das mortes, um outro jovem foi atingido por arma de fogo no rosto e outro no braço.

Uma moto foi “atropelada” na favela Rubens Vaz por um dos veículos da Polícia Rodoviária Federal.

Segundo a assessoria da polícia, a justificativa da operação policial foi o cumprimento de três mandados de prisão, referente a homicídio e roubo de carga. No entanto, nenhuma pessoa foi presa na ação. A assessoria divulgou ainda, que carros, motos e drogas foram apreendidas.


Também não houve registro da presença de ambulâncias, apesar da Ação Civil Pública da Maré determinar, entre outras coisas, a presença da mesma.

A ADPF das Favelas proíbe operações policiais em tempos pandêmicos. Para acontecer a ação é necessário que seja de caráter excepcional e que o Ministério Público Estadual seja comunicado previamente. O MP informou que foi notificado da ação.

A operação se encerrou por volta das 17hrs.

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