O silêncio de socorro

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Andrezza Paulo(*) comunicadora da primeira turma do Laboratório Maré de Notícias

Giovanni Quintella, 31 anos, médico anestesista, foi preso em flagrante após sedar e violentar uma mãe durante o trabalho de parto na Baixada Fluminense.

A tão aguardada chegada do filho, o momento de emoção e de alegria de uma mãe foi usurpado pela violência bárbara de quem deveria cuidar dela.

Uma violência que atinge sobretudo a lembrança do que deveria ser o dia mais feliz de uma vida e foi tomada pela dor que jamais sairá da memória.

“Fica calma, relaxa, dorme e fique tranquila” foram as últimas palavras ditas pelo criminoso.

Agora, além da enorme ferida no corpo e na mente, essa mãe precisa reunir forças e em meio às lágrimas cuidar do filho recém-nascido.

O medo do estupro que assola a população feminina é evidenciado através dos números que comprovam: a cada 10 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. (Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública)

O grito silencioso de socorro foi ouvido justamente por outras mulheres.

As enfermeiras do Hospital da Mulher Heloneida Studart desconfiaram da quantidade de sedativos aplicada pelo criminoso.

“As pacientes nem sequer conseguiam segurar os bebês!”

relatou a funcionária do hospital.

Diante das dúvidas, essas mulheres decidiram posicionar uma câmera de celular visto que não poderiam acompanhar o parto e registraram a violência.

A enfermeira ainda conta a diferença entre as pacientes do anestesista e de outros profissionais: “As pacientes [do Giovanni Quintella] ficavam complemente fora de si. Quando eram cuidadas por outro anestesista, jamais ficavam dessa maneira!”, exclamou.

A polícia investiga outros possíveis casos. A mãe de uma mulher que teve parto dia 06 de julho, 4 dias antes do flagrante, relatou à polícia sobre o estado que sua filha se encontra:

“Estou tendo que cuidar da minha filha, que está com depressão pelo que ela passou lá dentro.”

Ainda em depoimento, contou aos oficiais que sua filha pensou estar “alucinando” pela quantidade de sedativos aplicada.

As enfermeiras estão prestando todo apoio à vítima como profissionais e principalmente como mães e mulheres que lutam todos os dias contra violação de seus corpos.

São as mulheres por outras mulheres.

(Fonte: G1)

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