Surto global de varíola dos macacos avança no país; saiba como prevenir e identificar sintomas

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OMS realizará reunião do comitê especial para decidir se a disseminação da doença será declarada emergência de saúde global, como a covid-19 em 2020

Por Tamyres Matos, em 18/07/2022 às 07h. Editado por Edu Carvalho

A varíola dos macacos está em destaque nos noticiários do mundo inteiro há alguns meses. Segundo o balanço divulgado no último sábado (9), o Ministério da Saúde registrava 218 casos da infecção no Brasil, além daqueles que ainda estão sob investigação. Até o momento, mais de 35 casos no Rio de Janeiro, sendo São Paulo o estado brasileiro com maior número: 158 pessoas contaminadas pelo monkeypox (nome do vírus). Mas por que precisamos tocar nesse assunto? 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou mais de 9 mil casos de varíola dos macacos em 63 países do mundo desde maio, período do início do surto. Diante do aumento de casos da doença notificado nos últimos dias, a OMS divulgou que vai convocar uma nova reunião de seu comitê de emergência para definir como proceder com a questão e não descarta declarar a disseminação da doença provocada pelo monkeypox como emergência de saúde global – mesmo nível de alerta decretado para a pandemia de covid-19 em 2020 -.

Para os especialistas, as ferramentas mais importantes para lidar com o surto global da doença são a informação e a prevenção. Pesquisadores e órgãos de saúde reforçam em cada nova oportunidade: o atual momento da contaminação mundial nada tem a ver com os macacos. “É importante salientar que o nome da doença não é bom, faz com que as pessoas pensem que o vírus seria transmitido para os seres humanos a partir dos macacos. É uma doença que existe em alguns países em ambientes mais afastados e que começou a ser disseminada de roedores para seres humanos e, posteriormente, entre seres humanos”, explica Rivaldo Venâncio da Cunha, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O nome monkeypox remete à descoberta inicial do vírus em macacos, em 1958, em um laboratório dinamarquês. O primeiro caso em um ser humano foi identificado em 1970, em uma criança, na República Democrática do Congo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores, como ratos e cães-da-pradaria.

Informações básicas

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, a varíola dos macacos pode ser transmitida – entre humanos –  por meio do contato pessoal com secreções respiratórias, fluidos corporais, lesões na pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente contaminados. A transmissão a partir das gotículas respiratórias requer contato mais próximo e prolongado entre a pessoa infectada e as outras pessoas, diferentemente da covid – ou seja, a infecção se espalha em uma velocidade significativamente menor -. O período de incubação é, geralmente, de 6 a 16 dias, podendo chegar a 21.

“Há algo que não pode deixar de ser dito. Existem rumores de que a doença teria alguma relação direta com a relação sexual. Não há qualquer relato científico comprovando a identificação do vírus em secreções sexuais, portanto não há confirmação da transmissão entre pessoas através da relação sexual”, explica Rivaldo. Apesar disso, é importante ressaltar duas coisas: a utilização de preservativo nas relações sexuais é indispensável para prevenir infecções sexualmente transmissíveis e a prática sexual pode representar o contato prolongado responsável pelo contágio.

Os sintomas da doença são febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, aumento das glândulas do pescoço, calafrios, cansaço, lesões na pele (erupções cutâneas). Em caso de suspeita da doença, as pessoas devem procurar clínicas de família ou postos de saúde (Centros Municipais de Saúde).

Prevenção

A varíola dos macacos é geralmente uma doença autolimitada com sintomas que duram de duas a quatro semanas, denotada pelo surgimento de lesões na pele. O período de transmissão da doença se encerra quando as crostas das lesões desaparecem. 

Por ser transmissível, a doença exige cuidados para a identificação dos pacientes, o isolamento, a notificação dos casos, a realização de testes laboratoriais e o monitoramento dos contatos. O tratamento é baseado em medidas de suporte com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações e evitar sequelas. 

Dicas para reduzir o risco de contrair a doença: lave bem as mãos com água e sabão; use máscara, especialmente nos casos de contato prolongado com outras pessoas; higienize bancadas e equipamentos de uso comum; pratique sexo seguro; evite contato com animais doentes, mortos, ou que possam estar infectados; caso necessite lidar com animais, utilize EPI e higienize suas mãos e os equipamentos com frequência.

Casos Graves

Os casos graves ocorrem mais comumente entre crianças e estão relacionados à extensão da exposição ao vírus, estado de saúde do paciente e natureza das complicações. As deficiências imunológicas subjacentes podem levar a resultados piores.

As complicações podem incluir infecções secundárias, broncopneumonia, sepse, encefalite e infecção da córnea com consequente perda de visão. Historicamente, a taxa de letalidade variou entre 0 e 11% na população em geral e tem sido maior entre crianças. Nos últimos tempos, a taxa de mortalidade foi de cerca de 3%.

Fiocruz mais uma vez é referência

O Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi nomeado Laboratório de Referência do Ministério da Saúde (MS) para análise de amostras suspeitas de varíola dos macacos. A unidade analisará o material coletado no estado do Rio de Janeiro e em toda a Região Nordeste.

Além do laboratório da Fiocruz, formam a rede de referência: a Fundação Ezequiel Dias, em Minas Gerais; o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo; e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, por meio dos Laboratórios de Biologia Molecular de Vírus e de Virologia Molecular.

Em entrevista à Agência Brasil, o chefe do Laboratório de Enterovírus do IOC, Edson Elias, destacou que, com a rápida proliferação do vírus no mundo, a experiência da Fiocruz vai contribuir para uma precisa resposta brasileira ao surto. No mês passado, o laboratório da Fiocruz ministrou treinamento sobre como realizar exames de detecção da doença para profissionais de saúde da Bolívia, do Equador, da Colômbia, do Peru, Paraguai, Uruguai e da Venezuela.

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