Outubro Rosa: Diagnóstico de Câncer de Mama aumenta em 2023

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Saiba onde e como diagnosticar e os cuidados para prevenção da doença

Por Andrezza Paulo e Teresa Santos

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que em 2022 foram registrados mais de 66 mil novos casos de câncer de mama no país. Para 2023, a estimativa supera 73 mil novos casos. Na cidade do Rio de Janeiro, segundo o Observatório Epidemiológico da cidade (EpiRio), foram registrados 1.047 óbitos por câncer de mama em 2022. E, na Área de Planejamento 3.1, na qual a Maré está inserida, a doença causou 122 mortes.

Para promover conscientização sobre essa doença, que é o tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo e o que mais mata entre as brasileiras, nasceu o movimento Outubro Rosa. 

Criada na década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, nos Estados Unidos, a iniciativa ganhou força internacionalmente. E, desde 2018, outubro também passou a ser o mês de conscientização sobre o câncer de mama no Brasil, a partir da Lei nº 13.733. Em 2023, o lema da campanha é: “Informar para proteger. Cuidar para viver”.

Seguindo na prática o lema de “cuidar para viver”, Dona Rozinete de Oliveira (56), ex- agente comunitária de saúde da Vila do João e moradora do Salsa e Merengue, descobriu um nódulo no seio ao realizar o toque de rotina durante o banho há 3 anos. Ela foi encaminhada para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão, onde detectou-se o câncer de mama. Mas iniciou o tratamento no Hospital do Amor em Barretos, São Paulo, onde ficou alojada durante 240 dias.

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Foram 8 meses de tratamento intensivo pelo SUS com 12 quimioterapias a cada 21 dias. A cirurgia para a retirada do nódulo foi em 9 de junho de 2021 e após o procedimento foram realizadas 25 radioterapias, mais 17 quimioterapias hormonais, além dos remédios também ofertados pelo Sistema Único de Saúde. Atualmente, Dona Rozinete está em remissão, isto é, o câncer de mama já não é mais detectado pelos exames,  mas continua sendo acompanhada pelos médicos: “A pessoa diagnosticada com câncer dorme e acorda pensando se o câncer vai voltar. Eu confio muito em Deus, afasto esses pensamentos de mim e estou muito feliz”, conta.

Além do desafio enfrentado pela doença, ela relata a necessidade de políticas de inserção no mercado de trabalho para mulheres que passaram por esta etapa. Rozinete não recebe auxílio, não pode se aposentar e encontra dificuldade em conseguir trabalho por conta da idade e histórico médico. Diante da adversidade, ela abriu um pequeno brechó no Salsa e segue dia após dia, acima de tudo, com muita fé e alegria de viver. 

Embora Dona Rozinete tenha sentido o nódulo através do autoexame, o ideal é que seja realizada a mamografia periódica para detectar nódulos menores de 1 cm para maiores chances de cura. 

Foto: Rozinete um mês antes da cirurgia, em maio de 2021.

Como é feito o diagnóstico precoce?

Segundo a Dra. Viviane Esteves, médica mastologista do Instituto Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a mamografia é o exame de rastreamento que permite a detecção precoce do câncer de mama.

A mamografia de rastreamento é voltada para mulheres que não apresentam sinais e sintomas de câncer de mama, ou seja, assintomáticas. “Elas vão fazer o exame para diagnosticar lesões antes que sejam palpáveis”, destacou a Dra. Viviane, lembrando que existem duas orientações para as mulheres ditas assintomáticas: uma do Ministério da Saúde e outra das entidades médicas. 

O Ministério da Saúde recomenda mamografia de rastreamento a cada dois anos em mulheres de 50 a 69 anos de idade. “Essa recomendação é uma diretriz que foi publicada em 2015 pelo Ministério da Saúde”, explicou em entrevista ao Maré de Notícias.

Já a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam o rastreamento mamográfico anual para mulheres a partir de 40 anos de idade.

Mulheres com alto risco para o câncer de mama 

Além disso, existem mulheres que são consideradas de alto risco para o câncer de mama. “Normalmente, a gente suspeita que uma pessoa tem risco aumentado quando você tem câncer de mama em homem na família, histórico de câncer de mama em mulheres muito jovens, quando têm câncer de mama em várias gerações: avó, mãe, prima. Então, essa família é considerada de alto risco”, explicou a especialista do IFF/Fiocruz. 

A mulher que já teve câncer de mama também é considerada de alto risco. “Ela precisa fazer a mamografia da mama não operada e, nos casos em que foi feita a cirurgia conservadora, com retirada de apenas um segmento da mama, também deve ser feita a mamografia da mama operada. Então ela continua fazendo rastreamento”, destacou.

Segundo a Dra. Viviane, o Ministério da Saúde recomenda que o rastreamento seja então individualizado. Isso significa que, após avaliação do profissional de saúde e confirmação do alto risco, será determinada qual a melhor forma de acompanhar a paciente periodicamente. 

Autoexame não é mais recomendado como rastreamento

E os outros exames das mamas? Segundo a Dra. Viviane, exames como ultrassonografia e ressonância magnética podem ser feitos, no entanto, eles são indicados apenas em situações específicas. “O rastreamento, ou seja, o exame em mulher assintomática para diagnóstico precoce do câncer de mama é feito a partir da mamografia”, ressaltou.  

Já o autoexame, de acordo com a médica, não é mais recomendado como rastreamento. “Ele diagnostica lesões grandes e a gente não quer isso. Queremos identificar lesões pequenas, menores de 1 cm, onde temos uma taxa maior de cura”, destacou. 

E quando há sinais e sintomas?

Apesar do autoexame não ser mais recomendado para rastreamento, é importante que a mulher conheça suas mamas e que as examine para observar o que acontece com elas. “Se observar qualquer sinal, nódulo, retração de mamilo, espessamento da pele, modificação de coloração, o que chamamos de ‘casca de laranja’, que é aquela pele enrugada, deve procurar o serviço de saúde mesmo que não esteja na faixa etária do rastreamento”, destacou a Dra. Viviane.

Onde buscar atendimento?

As mulheres sem sintomas que têm entre 50 e 69 anos de idade, faixa etária de rastreamento do Ministério da Saúde, e aquelas fora deste intervalo, mas que apresentam alterações nas mamas devem buscar a Atenção Primária de Saúde, a partir de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e de Unidade de Saúde da Família (USF).

As mareenses podem buscar atendimento em uma das quatro Clínicas da Família (CF) da Maré – CF Augusto Boal, CF Adib Jatene, CF Jeremias Moraes da Silva e CF Diniz Batista dos Santos – ou nos três Centros Municipais de Saúde (CMS) – CMS Américo Veloso, CMS Vila do João e CMS João Cândido – que existem na região.  

Prevenção primária também é importante!

E que tal evitar a doença antes que ela apareça? Isso é o que chamamos de prevenção primária e também pode – e deve! – ser feito para o câncer. Dados do Inca mostram que mudanças no estilo de vida podem evitar cerca de 30% dos casos de câncer. Já a mamografia aumenta a chance de cura do câncer de mama.

Segundo a Dra. Viviane, para evitar que o câncer apareça, o ideal é adotar um estilo de vida saudável. “É fazer exercício físico, ter uma alimentação balanceada, não beber, diminuir a ingesta alcóolica”, exemplificou a médica do IFF/Fiocruz, destacando que essas ações são especialmente relevantes para as mulheres que não têm histórico familiar da doença. 

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