Respira Maré: monitoramento do ar começa na segunda

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Com duração de oito meses, a pesquisa parte da preocupação com o ar que os moradores da Maré respiram e os impactos na saúde

Por Lucas Feitoza

Respira fundo e responde: como está o ar onde você mora? Na próxima segunda-feira (13)  começam as pesquisas do Respira Maré, projeto do eixo de Direitos Urbanos e Socioambientais (DUSA). Com  duração de oito meses, a busca pretende responder esta pergunta mapeando as variações de temperatura e poluição em toda a Maré. 

Na última terça-feira (7) os agentes ambientais e coordenadores do projeto visitaram as associações dos moradores para apresentar a proposta e mostrar como a pesquisa será feita. A primeira associação a receber a equipe foi do Parque União, representada por Roberto Estácio, que considerou a iniciativa importante a longo prazo para a vida dos moradores: “Hoje eles podem questionar porque isso é importante, mas depois vão ver as melhorias”, pontuou. O Respira Maré também mapeará as áreas verdes e ilhas de calor, que são locais com temperatura mais elevada no bairro.

O monitoramento da temperatura e aspectos do ar parte do princípio preocupante de que a Maré é afetada pelo calor e poluição vindas das principais vias que cercam o bairro: a Avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha. A localização da Maré torna a população mais propícia a sofrer doenças respiratórias causadas pelos gases poluentes como o dióxido de enxofre (SO2), resultado da queima de combustíveis fósseis como a gasolina, que é liberado pelo escapamento dos carros que passam pelas vias ou também da queima de plástico, prática comum em lugares em que a coleta de lixo não chega.

Agentes Ambientais são da Maré

Para o projeto, cinco agentes ambientais foram selecionados entre as 87 inscrições recebidas e foram divididos nos pontos estabelecidos pela coordenação. Os agentes foram contratados pela Redes da Maré a partir do edital de seleção lançado no início de fevereiro. 

Luis Carlos Soares, de 21 anos, é um dos agentes ambientais e disse estar empolgado com a oportunidade de trabalhar na análise. “Futuramente irá agregar dados valiosos para o Conjunto de favelas da Maré no geral, com a ajuda de outros agentes ambientais”, concluiu.

Rian de Queiroz, coordenador de campo do Respira Maré, explica que os agentes vão acompanhar diariamente o clima da Maré, que foi dividida em cinco pontos estratégicos de análise próximos das vias, mais dentro da favela, para monitorar como o calor e a poluição afetam a vida dos locais.

A coordenadora geral do projeto, Girlaine Negreiros, conta que mesmo sofrendo com interferências de fatores externos, como a chuva, as operações policiais e os confrontos de civis armados, a pesquisa tem prazo definido de início e fim e não deve sofrer alterações, devido ao cumprimento da parceria  com o Instituto Clima e Sociedade (ICS).  “Por isso a necessidade dos agentes ambientais serem moradores da Maré, por estarem familiarizados com a área em que serão responsáveis pela análise e saberem como agir em situações adversas”, explica.  

Para o monitoramento será usado o Temtop M2000 aparelho parecido com um  rádio comunicador que conta com sensor a laser capaz de detectar partículas de dióxido de carbono e outros poluentes. As medições têm horário exato para serem realizadas para não ter alterações, caso tenha alguma interferência como poeira, elas devem ser anotadas pelos agentes para serem consideradas no resultado final. 

“Após análise e conclusão da pesquisa, além de ações com apoio dos moradores para mudanças proporcionais, os estudos possibilitam também que outras propostas de soluções sejam pensadas”, explica Maurício Dutra, pesquisador e mobilizador territorial.
A saúde respiratória dos moradores da Maré já foi matéria do Maré de Notícias. Para saber mais leia “Respira, Maré: localização entre vias expressas representa alerta para saúde respiratória” sobre a Campanha Climão, que traz os dados da pesquisa, análise de especialistas e atitudes que colaboram para  a mudança climática e ajudam a Maré a respirar melhor. Clique aqui para ler a matéria.

Lucas Feitoza
Lucas Feitoza
Jornalista

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