Uma morte na segunda operação policial consecutiva na primeira semana de aula da Maré

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Terceira operação do ano, segunda em horário escolar. Em 2023 foram 28 dias sem aula na Maré, por conta das operações policiais 

Uma operação policial foi iniciada por volta das 9h30 da manhã desta quinta-feira (08) na região da Nova Holanda, na Maré. É o segundo dia consecutivo de operação policial na Maré nesta que é a primeira semana de aulas para os alunos da região. Desde cedo e no horário do início da ação muitas crianças ainda estavam a caminho das escolas, onde teriam festas e bailinhos de Carnaval. 

Jefferson Costa foi morto por um tiro à queima roupa na esquina da Rua Teixeira Ribeiro e Av Brasil. Os policiais que atiraram saíram do local na sequência do ocorrido. O corpo foi colocado dentro de um carro e levado. Um morador precisou ser socorrido com quadro de hipertensão.

Duas pessoas foram feridas. Marcos, de 25 anos, morador da Nova Holanda, foi fortemente agredido por agentes policiais do BOPE. E mais uma pessoa que não conseguimos a identificação oficial também foi agredida física e psicologicamente.

Um vídeo mostra outro homem sendo levado por moradores em um carrinho de mão. Em um grupo a informação é que ele passou mal por causa dos tiros. 
A operação conta com caveirões e agentes da polícia civil e Batalhão de Operações Especiais (BOPE). Logo no início da ação intensas trocas de tiros foram registradas em alguns pontos da Nova Holanda e Parque União.

Pais preocupados

Nos grupos de Whatsapp, pais e mães preocupados por terem deixado seus filhos: “Ai meu Deus trabalho longe e meu filho na escola” relata uma mãe. “Amor, não vou conseguir pegar ele onze horas não hein, começou operação aqui” diz outro morador por áudio com som de tiros ao fundo. 

A Secretaria Municipal de Educação informou que as unidades escolares estão funcionando com protocolo de segurança ativado. Pelo segundo dia a Redes da Maré, escolas, comerciantes, os moradores das favelas afetadas e outras instituições têm suas rotinas interrompidas. 

Em 2023, os estudantes da Maré ficaram 28 dias sem aulas, por conta das 31 operações policiais realizadas no bairro. Supostamente a operação é resposta a um roubo de um caminhão que aconteceu nesta madrugada na Av. Brasil. Até o momento do fechamento deste texto as assessorias da Polícia Militar e Civil não haviam respondido aos nossos contatos. 

Impactos da operação desta quarta-feira 

Logo nas primeiras horas da manhã da quarta-feira (07), os moradores das favelas de Parque Maré, Nova Holanda, Rubens Vaz e Parque União também acordaram ao som de bombas e intensas trocas de tiros. Deu-se início a uma operação realizada pela Polícia Militar e Polícia Civil.

Durante as mais de 8 horas de operação, os impactos foram imensuráveis e de diversas ordens. Foram 24 escolas que deixaram de realizar suas atividades, 2 unidades de saúde com atividades suspensas ou reduzidas, deixando 224 pessoas sem acesso à consultas marcadas, 1 equipamento municipal de arte e cultura fechado, afetando 20 pessoas e 1 Centro de Cidadania LGBT, onde 5 pessoas não puderam ser atendidas. Organizações da Sociedade Civil também deixaram de executar suas ações, previamente planejadas. 

Os projetos e ações da Redes da Maré também sofreram impactos: 10 Eixos, setores e equipamentos tiveram atividades remanejadas ou suspensas com uma média de 469 moradores afetados diretamente. Um cortejo de Carnaval organizado para acontecer nesta quarta também precisou ser adiado. Quanto aos equipamentos públicos, ao menos 28 tiveram suas atividades suspensas ou reduzidas. A organização também publicou uma nota de repúdio sobre a operação.


O Maré de Notícias também foi obrigado a suspender a distribuição do jornal impresso que beneficiaria uma média de 6.750 moradores das favelas Parque União, Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Baixa do Sapateiro, Nova Maré e Morro do Timbau.

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