Siri não anda para trás

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Mestre-sala e porta-bandeira de Ramos se destacam e são premiados

Hélio Euclides

O mestre-sala e a porta-bandeira do Grêmio Recreativo Escola de Samba Siri de Ramos não andam para trás e nem para o lado, seguem em frente e sambam para alavancar a agremiação. A apresentação aconteceu na terça-feira de carnaval, na Avenida do Povo, como é conhecida a Estrada Intendente Magalhães, em Campinho. A escola ficou em quarto lugar, com 267, 6. O destaque da agremiação, localizada na favela Roquete Pinto, na Maré, foi o segundo casal de porta-bandeira e mestre-sala, Patrícia Machado e Gabriel Coleto.

Os dois foram premiados na oitava edição do “Samba na Veia”, prêmio que valoriza e reconhece o carnaval das escolas de samba da Intendente Magalhães. Patrícia, de 45 anos, se sentiu surpresa com a homenagem. “Uma felicidade grande, especialmente para alguém que ficou afastada por 18 anos, receber esses dois prêmio, foi muito compensador e prazer em dobro, porque eu fiz os meus dois figurinos um dia antes do desfile”, conta ela, que também foi premiada pela atuação no Acadêmicos do Dendê. A agremiação da Ilha do Governador ficou em quarto lugar no Grupo de Avaliação, antigo Grupo E, o que garante em 2021 desfilar no Grupo de Acesso da Intendente, antigo Grupo D.

Este ano foi a primeira vez que ela desfilou pela Siri de Ramos, e a segunda do parceiro de passos, o mestre-sala Gabriel. A modelista, costureira e empresária de uma marca de moda infantil diz que esse amor pelo carnaval se mostrou aos sete anos. “Eu pegava uma toalha e amarrava no cabo de vassoura e ficava tentando ser uma porta-bandeira. Um dia, nos ensaios, repeti a façanha, e o diretor de harmonia da Dendê me ensinou a arte e pela primeira vez desfilei na Rio Branco, defendendo o pavilhão. Realizei um sonho”, comenta. 

O estudante Gabriel, de 18 anos, começou no samba como passista no bloco de enredo Tigre de Bonsucesso. Na época tinha cinco anos e veio na ala das crianças. Em 2017, foi aprovado para ser passista da Alegria da Zona Sul. “Realizei o sonho de desfilar pela primeira vez na Sapucaí e descobri pelos amigos do meu pai que eu tinha um riscado de mestre-sala”, explica. Ele entrou na escola de mestre-sala do mestre Dionísio. Com a arte da elegância, desfilou no Aprendiz do Salgueiro e duas vezes pela Mangueira. 

Ao assistir uma final de escolha de samba do Siri de Ramos, encantou-se pela escola e se integrou à agremiação. Também recebeu o convite para bailar na Acadêmicos do Dendê. “Na escola da Ilha do Governador conheci essa pessoa tão amável, que é a minha porta-bandeira. Mas tenho um grande amor por essas duas agremiações. Me tratam com carinho surreal e meu sentimento é de ser filho das duas escolas”, conta. Gabriel comemora esse primeiro prêmio. “Eu me sinto muito feliz, é sinal que estou no caminho certo”, conclui. 

Carnaval de 2021 ainda não está definido. 

Março começou, mas três agremiações brigam pelo direito de subir para a Série A. Porém, só existem duas vagas, garante a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), que administra as agremiações que desfilam na sexta-feira e sábado na Sapucaí. 

Para a Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil (Liesb), sobem Lins Imperial e da Em Cima da Hora, respectivamente, campeã e vice-campeã do desfile organizado por ela. Só que a dissidente Liga Independente das Verdadeiras Raízes das Escolas de Samba (Livres), reivindica uma das vagas para a Tradição. Em janeiro, a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) afirmou que tanto a Liesb quanto a Livres compartilhariam os desfiles carnavalescos. Que todas as filiadas, de ambas as Ligas, desfilarão, em dois momentos diferentes, iniciando o desfile da Liesb, às 18h e a Livres, às 23h.

“O combinado não foi respeitado, as nossas escolas entraram para desfilar às quatro da manhã, com término depois das nove horas. Mesmo assim fizemos desfiles com dignidade e garra”, falou Rafhaela Nascimento, presidente da Livres, em apuração no Terreirão do Samba, ao Jornal Maré de Notícias. Ela promete tomar medidas cabíveis para que a Tradição desfile em 2021 na Sapucaí. A Livres reúne seis escolas: Arame de Ricardo, Unidos de Lucas, Tradição, Siri de Ramos, Vizinha Faladeira e Alegria da Zona Sul.

Outra reclamação foi a mudança no carnaval da Intendente. Em 2018, os desfiles eram divididos em Grupo B, C, D e E. O Grupo B tinha apenas 13 escolas. Esse ano a Liesb realizou a fusão do Grupos B e C, fundando o Grupo Especial da Intendente, com 20 escolas. O Grupo D foi batizado de Grupo de Acesso da Intendente. Já o Grupo E foi definido como Grupo de Avaliação. No ano de 2021, a promessa é que o Grupo Especial da Intendente terá 26 escolas. A medida dificulta o compartilhamento da terça-feira de carnaval com a Livres, como foi feito este ano.

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