Em cinco episódios inéditos, websérie Som de Preto traz as diferentes caras do funk com grandes hits e artistas cariocas do meio
Por Thaís Cavalcante, em 22/12/2020 às 17h
Editado por Edu Carvalho
“O nosso som não tem idade, não tem raça e nem vê cor, mas a sociedade pra gente não dá valor. Só querem nos criticar pensam que somos animais, se existia o lado ruim hoje não existe mais”. Trecho da música “Som de Preto” relembra como o batidão do funk faz mexer o ombrinho, balançar os quadris e mandar um passinho daqueles. O som da música de Amilke e Chocolate, famosa nos anos 90 e ainda hoje, deu nome à websérie lançada em dezembro, sobre como o movimento do funk carioca é uma potência cultural e tem diferentes caras dentro dele.
Em cinco episódios inéditos, é possível se envolver na história, na música, no movimento e no valor que o ritmo carioca tem nas favelas. Grandes MCs e DJs da cena trazem suas experiências pessoais, técnicas e musicais para o debate. A criminalização do funk, o preconceito enfrentado e os desafios da carreira são discutidos no primeiro episódio com MC Carol de Niterói e Tonzão, ex-integrante do grupo Os Hawaianos. “Tem pessoas que falam que eu faço apologia ao crime. Eu acho que o funk só relata o que acontece, igual outros mil tipos de música, mas é só o funk que é coisa de criminoso”, conta MC Carol. Ela também relembrou a prisão do DJ Rennan da Penha em 2019.
Por trás de toda superprodução de um baile funk e de um hit, existe uma rotina intensa e muita criatividade envolvida. O segundo episódio mostra o sucesso do Baile da Nova Holanda e como o funk acelerado 150 bpm, que significa batidas por minuto, ganha o Rio de Janeiro em 2018. Depois de uma batida na garrafa pet o DJ Polyvox, cria da Maré, acelerou o funk e o ritmo pegou. DJ Iasmin Turbininha, cria da Mangueira, mostra nos bastidores como eles são tão envolventes quanto às apresentações.
O ritmo trouxe inspirações criativas até para os trabalhadores informais, que utilizam recursos como a paródia para chamar a atenção de seus clientes. No terceiro episódio, diferentes histórias são contadas como uma forma de homenagem. Uma delas é a Tropa do MotoTáxi, Vanessa Esplendorosa e outros famosos na internet pela diversão em suas músicas de funk e que, trazem ainda, mais diferencial na hora de se destacar dentre outros trabalhadores da mesma área.
No quarto episódio, o aprendizado sobre as batidas e ritmos fica com a explicação simples do DJ Grandmaster Raphael. “A gente copiava a estrutura do funk americano. Quando entra o tamborzão e o beatbox, já fica mais carioca”, garante ele que também demonstra com a voz a diferença das batidas com o passar do tempo. Raphael completa, ainda que, os processos de transformação do funk tem origem local: “Colocamos um tempero da nossa brasilidade, carioquice”. Paulinho Cabeção e a DJ Iasmin Turbininha também ensinam sobre a produção do funk e suas principais mudanças.
Além da velocidade da batida e criação de novos ritmos, o público também se ampliou com o tempo. As crianças também viraram MCs de funk e é sobre isso que o último episódio da websérie fala, como os pequenos se relacionam com o movimento e fazem disso diversão e até profissão. “Eu me apaixonei pelo funk desde o primeiro contato de vida e só foi aumentando essa paixão e foi aí que eu descobri o caminho que eu queria percorrer. Quando eu comecei a cantar eu tinha seis anos de idade e sempre foi uma brincadeira pra mim e nunca foi uma obrigação dentro de casa”, garante Jon Jon, o eterno Jonathan Costa da Nova Geração.
Assista o teaser da websérie e todos os episódios no canal do YouTube.