Viação Acari fecha as portas; empresa operava linhas nas zonas Norte, Sul e Centro do Rio

Data:

Empresa de ônibus, que foi a 17ª a falir desde 2015, operava oito linhas nas zonas Norte, Sul e Centro. Rioônibus diz que 600 rodoviários serão demitidos.

Por Diego Haidar, RJ1, em 30/04/2021 às 9h55

A situação de passageiros de ônibus, que já sofre com a recorrente o sumiço de algumas linhas, deve ficar ainda pior com o fechamento de mais uma empresa de ônibus. A Viação Acari é a 17ª empresa a falir num prazo de seis anos.

Foram quase seis décadas transportando passageiros no Rio. Nesta quinta-feira (29), num ponto de ônibus da Abolição, na Zona Norte, os passageiros Arnaldo e Denise estavam preocupados com o fechamento da empresa.

“Essas linhas são muito importantes para os moradores daqui. Além do mais, o que vai ser dos funcionários?”, indagou a passageira.

A Viação Acari é responsável por oito linhas, que circulam entre as zonas Norte e Sul e o Centro da cidade. Ela conta com uma frota de 150 ônibus.

Linhas da Viação Acari em operação e que desapareceram ou diminuíram nos últimos anos

  • 456 – Norte Shopping X Copacabana – Via Túnel Santa Bárbara
  • 457 – Abolição X Copacabana – Via Túnel Santa Bárbara
  • 607 – Cascadura X Rio Comprido – Via Grajaú/Saens Peña
  • 650 – Marechal Hermes X Engenho Novo/Riachuelo – Via Méier
  • 667 – Méier X Madureira
  • 686 – Fazenda da Bica X Madureira
  • 254 – Madureira X Candelária – Via Uerj (sumiu na pandemia, chegou a voltar, mas sumiu de novo)
  • 277 – Rocha Miranda X Candelária – Via São Cristóvão (tinha sumido antes da pandemia, voltou por um tempo)

Passageiros reclamam que algumas dessas linhas já não circulam mais. Mas a prefeitura disse que outras empresas vão assumir as linhas da Viação Acari, como informou a secretária municipal de Transportes, Maína Celidônio.

“A secretaria não foi oficialmente comunicada, mas eu entrei em contato com o consórcio Internorte e me foi informado que hoje haveria uma reunião com outras empresas para que, caso uma empresa feche, a obrigação do consórcio é trabalhar e repor as linhas que ficarem sem ônibus, de acordo com a falência dessa empresa”, disse a secretária.

A Viação Acari é a 17ª empresa de ônibus a fechar as portas desde 2015, alegando crise financeira. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, a empresa vinha enfrentando dificuldades há três anos. E os problemas aumentaram com a pandemia.

Os cerca de 600 funcionários estão apreensivos com o anúncio do fechamento. Eles temem não receber os salários atrasados.

“Nós estamos trabalhando com salário atrasado, sem nosso ticket de compra, que esse mês a empresa não depositou, que nos dá direito de fazer compras no mercado”, contou um funcionário.

Os trabalhadores cobram informações da empresa. “Porque as empresas de ônibus são uma caixa preta que ninguém tem acesso. Eles só visam o lucro e esquecem dos funcionários e dos passageiros”, disse um funcionário.

Muitos funcionários estão passando por dificuldades. “Dívidas atrasadas, aluguéis em atraso, inclusive pensões alimentícias para os filhos estão em atraso, podendo até um colega ser preso por não pagar pensão alimentícia, sendo que a culpa não é dele”, disse outro funcionário.

Para receber o que têm direito, eles já tiveram de recorrer à Justiça, como contou um funcionário.

“A empresa estava devendo três meses de salário, gerou um processo, houve uma ordem judicial. Foi quando ela acertou os três meses que estavam em atraso. Sendo que desde fevereiro, de lá para cá, não pagou mais nada. A gente fica nessa expectativa do que vai acontecer, se ela vai fechar as portas ou se nós vamos continuar trabalhando”.

O Rioônibus, o sindicato que representa as empresas, disse que lamenta o fechamento de mais uma empresa e que em 30 dias, quando a Viação Acari terminar o aviso prévio, 600 trabalhadores rodoviários deverão ser demitidos.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por que a ADPF DAS favelas não pode acabar

A ADPF 635, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), é um importante instrumento jurídico para garantir os direitos previstos na Constituição e tem como principal objetivo a redução da letalidade policial.

Redução da escala 6×1: um impacto social urgente nas Favelas

O debate sobre a escala 6x1 ganhou força nas redes sociais nas últimas semanas, impulsionado pela apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que propõe a eliminação desse regime de trabalho.