“Vocês são a luz do mundo”

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Marcello Escorel* , especial para o Maré de Notícias

Vocês são a luz do mundo – uma cidade em cima de um monte, rebrilhando durante a noite para ser vista por todos. Não escondam sua luz! Deixem que ela brilhe para todos. (Mt.5,14-15)

Meu nome é Marcello Escorel e estou aqui para acender nossas luzes, pois como disse Jung: importa antes de tudo, manter a luz acesa em meio a escuridão, e é somente aí, na escuridão, que a luz tem um sentido. Nesses tempos que vivemos, esta frase faz todo o sentido. Nesses  tempos em que os raivosos sequestraram símbolos sagrados do nosso coletivo é necessário, é imperativo que os resgatemos para devolvê-los ao seu lugar de direito. O nome de Jesus e a bandeira nacional são alguns exemplos desses símbolos sequestrados pelos propagadores do ódio. Por isso estou aqui, inaugurando esse espaço. Faço isso primeiramente por mim, pela saúde de minha alma.

Parafraseio Isaías ao anunciar a vinda do Messias: “Por muito tempo permaneci mudo e me contive, mas agora grito como mulher nas dores do parto.” Esse parto anuncia o nascimento da vontade de compartilhar com vocês minha vivência com textos, que considero iluminados, e que venho pesquisando solitário desde a adolescência. Canônicos, apócrifos, de místicos como Hildegard de Bingen, Angelus Silesius, Isaac Lúria, Abraão Abulafia, Orígenes, de alquimistas, anônimos, do próprio Jesus de Nazaré e tantos outros.

Quero levantar questionamentos sobre como encaramos a dimensão espiritual e religiosa da humanidade, porque nesses tempos em que testemunhamos o retorno das trevas da discriminação, do autoritarismo e do preconceito é urgente invocarmos de volta a luz da fraternidade, do amor e da compaixão no coração de todos nós.

Li no Facebook que numa reunião entre o presidente do Brasil e lideranças evangélicas (aquelas que tiveram quase um bilhão e meio de dívidas perdoadas) decidiu-se fazer uma convocação para jejuar no dia 29 de março, próxima segunda-feira, visando alcançar graça no combate a pandemia, como se grande parte do país já não estivesse jejuando compulsoriamente. E me lembrei de Jesus, que só perdeu sua santa paciência, assim como a maioria dos profetas, com os santarrões de sua época, que tiranizavam e ludibriavam os pobres e os desvalidos.

Vamos, então, meditar sobre algumas palavras do Evangelho lembrando que qualquer semelhança não é mera coincidência.

“Pode ser muito correto fazer o que esses líderes religiosos dizem, mas acima de qualquer outra coisa não sigam o exemplo deles. Porque eles não fazem o que dizem a vocês que façam! Sobrecarregam vocês com exigências que eles nem mesmo tentam observar. Tudo o que fazem é feito para mostrar-se. Eles se fingem santos, levando nos braços grandes caixas de orações com versículos das Escrituras dentro. Ai de vocês, fariseus, e de vocês, demais líderes religiosos! Hipócritas! Pois vocês não deixam os outros entrar no Reino dos Céus, e vocês mesmos não entram. E vocês aparentam ser santos, com todas as suas longas orações públicas nas ruas, enquanto estão despojando as viúvas de suas casas. Hipócritas! Sim, ai de vocês, hipócritas. Porque vão a qualquer distância para converter alguém, e depois o fazem duas vezes mais filho do inferno do que vocês mesmos são. Guias cegos! Ai de vocês! Por que a regra de vocês é que jurar ‘Pelo Templo de Deus’ não tem importância – pode-se quebrar tal voto, mas um juramento ‘Pelo ouro do Templo’ é obrigatório cumprir! Tolos cegos! Que é maior, o ouro ou o Templo que santifica o ouro? Quando se jura ‘Pelo Templo’, está se jurando por ele e por Deus, que mora nele. Hipócritas! Pois dão o dízimo até da última folha de hortelã de sua plantação, mas se esquecem das coisas importantes – a justiça, a misericórdia e a fé. Guias cegos! Vocês coam um mosquito mas engolem um camelo. São tão cuidadosos em polir o exterior da taça, mas o interior está cheio de extorsão e cobiça. Vocês são como belos jazigos – cheios de ossos de homens mortos e de podridão e imundície. Vocês procuram parecer homens santos, mas por baixo desses mantos de piedade de vocês estão corações manchados de hipocrisia e pecado. Sim, ai de vocês, fariseus e líderes religiosos – hipócritas! Pois constroem monumentos aos profetas mortos pelos seus pais e depositam flores nos túmulos de homens piedosos que eles destruíram e dizem:’ Evidentemente nós nunca procederíamos como nossos pais.’ Dizendo isso, vocês estão acusando a vocês mesmo de serem os filhos de homens perversos. E vocês estão seguindo os passos deles, enchendo até em cima a medida completa da maldade deles. Serpentes! Filhotes de víboras! Como vocês escaparão da condenação do inferno?”

Foto: Divulgação

*Marcello Escorel é ator e diretor de teatro há mais de 40 anos. Paralelamente a sua carreira artística estuda de maneira auto-didata, desde a adolescência, mitologia, história das religiões e a psicologia analítica de Carl Gustav Jung.

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