O segundo dia do Festival Mulheres do Mundo na sala do segundo andar do Museu de Artes do Rio, trouxe reflexões críticas sobre as masculinidades ante o machismo
Com o título “E Os Homens, Tão Falando De Quê?”, a mesa reuniu Thuani Queiroz, pesquisadora e antropóloga, Henrique Restier, doutor em Sociologia, Rosemary Peres, psicóloga e pesquisadora e na mediação, Kelly Santos, mãe de Gael, pesquisadora de moda, masculinidades negras e Educação Social.
A reflexão levantou desafios, estratégias e práticas que precisam ser enfrentados por homens que desejam pensar a masculinidade de maneira crítica. “É preciso dar visibilidade para a pluralidade, mas com estratégias das palavras, para que as pessoas que não tenham diploma possam entender. “A conversa foi a oportunidade de cruzar três áreas, a Sociologia, Antropologia e a Psicologia. São três lugares de perspectiva introdutória de tão complexo o caminho para a masculinidade ante o machismo”, comenta Thuani Queiroz.
Além de ser o único homem da mesa, Henrique Restier, chamava atenção pela mensagem de sua camisa, onde se lia: “Lute como um homem negro”, seguido da menção de diversas personalidades negras, como Abdias Nascimento, André Rebouças, Dragão do Mar, Guerreiro Ramos, João Cândido, Lima Barreto, Luiz Gama e Zumbi dos Palmares.
“Precisamos de uma literatura sobre masculinidade plural no individual e não só no grupo. Essa conversa mostra que é importante a interlocução voltada para a mulher tendo a interlocução com os homens, isso é fundamental. Tópicos da masculinidade que é preciso no homem é a saúde e a socialização.”
Henrique Restier, doutor em Sociologia
O encontro trouxe saberes e conhecimentos. “Foi uma experiência rica, cada um no seu lugar, com a sua temática,” destacou Rosemary Peres.
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A mediadora Kelly Santos acredita que o tema foi desafiador. “É sempre um desafio falar de masculinidade. No Festival WOW, o tema não foi para trazer o lugar da humanização de homem, mas responsabilizá-lo pela questão. Mostrar que ele está envolvido e também perto de soluções, ou seja, é abusador e vítima.”
O prazer ainda um tabu?
A segunda mesa, que ocorreu no mesmo espaço, teve como tema Sexualidade e Prazer na Velhice, e contou com Numa Ciro, artista e psicanalista, Helena Theodoro, doutora em Direito e professora, Sônia Hirsch, escritora e pesquisadora, com mediação de Edmeire Exaltação, socióloga e diretora-executiva da Casa das Pretas.
“A mulher é vista sempre como cuidadora e quando tem um cargo, aí a sociedade consegue vê-la como um ‘homem’. A sociedade se choca quando falo que eu gosto de transar, aos 80 anos de vida. Querem que na velhice nos ocultemos, que tenhamos comichão apenas na alma. Não podemos ter um homem mais novo, mas quando é ao contrário ele é um garanhão. Precisamos pensar como a Chiquinha Gonzaga, não somos velhos e sim somos jovens há mais tempo.”
Helena Theodoro, doutora em Direito
As relações entre envelhecimento e sexo tiverem vez no festival. “A morte é ligada a terceira idade, quando a mulher para de ovular”, diz Numa Ciro.
Foi uma conversa aberta em torno de representações, estigmas, prazeres e manifestações da sexualidade entre pessoas idosas. “Mulher não fala da sexualidade, fica presa. O envelhecimento é o momento de resgatar isso. Precisamos transar até morrer”, destaca Sônia Hirsch.
Ao final todas concordaram que o ideal é olhar para frente e saber que o importante é saber que estão vivas. Afirmaram que a menopausa não é a interrupção da vida sexual e do prazer.
Quem não puder estar em todas as atividades, terá a oportunidade de assistir a nove debates do evento que serão transmitidos pelo YouTube do Canal Futura. São eles:
Dia 27/10/2023
Violência e Segurança Pública – Das 14h às 15h30
Assa Traoré (França) – Ativista e Líder do Comitê da Verdade e Justiça para Adama
Buba Aguiar- Socióloga, Ativista e Militante do Coletivo Fala Akari
Liliane Santos- Assistente Social e Coordenadora do Projeto Maré de Direitos
Bruna Da Silva – Movimento Mães da Maré
Ivanir Mendes – Membro da Rede Comunidade e Movimento Contra a Violência
Mediação: Cecília Olliveira – Jornalista Especializada em Segurança Pública
Feminismos Locais – das 16h às 17h30
Fátima Ouassak (França) – Cientista Política e Cofundadora da Frente das Mães
María Galindo (Bolívia) – Militante Anarcofeminista, Psicóloga e Comunicadora
Mikki Kendall (EUA) – Escritora, Ativista e Crítica Cultural
Mediação: Andreza Jorge – Ativista, Professora e Escritora
Escrever o amor e o afeto – das 18h às 20h
Anelis Assumpção – Cantora, Compositora e Diretora do Museu Itamar Assumpção
Conceição Evaristo – Escritora e Doutora em Literatura Comparada.
Mediação: Obirin Odara – Mestra em Políticas Sociais e Diretora do Studio Krya
Dia 28/10/2023
Mulheres na Política – Das 14h às 15h30
Benedita da Silva- Deputada Federal
Dani Balbi- Deputada Estadual – RJ
Islandia Bezerra – Diretora de Diálogos Sociais
Marina do MST – Deputada Estadual – RJ
Mediação: Juliana Marques – Cofundadora do Movimento Mulheres Negras Decidem
Teorias sobre nós – das 16h às 17h30
Denise Carrascosa – Pesquisadora e Professora da UFBA
Letícia Carolina Nascimento – Pedagoga e Professora da UFPI
Anahí Guedes – Antropóloga e Pesquisadora
Heloísa Starling- Historiadora e Professora da UFMG
Mediação: Érica Peçanha – Antropóloga e Pesquisadora
Futuro para quem? – das 18h às 20h
Lucia Xavier – Assistente Social e Coordenadora da ONG Criola
Manuella Mirella – Presidente da UNE e Ativista da Educação
Anielle Franco – Ministra da Igualdade Racial
Mediação: Rayanne Soares – Mobilizadora Territorial e Assessora Parlamentar
Dia 29/10/2023
Saúde, Território e Gênero: repertórios a partir da pandemia – Das 14h às 15h30
Débora Silva – Gestora da ONG Sim! Eu Sou Do Meio
Gláucia Marinho – Coordenadora da ONG Justiça Global
Rosana Beatriz – Coordenadora da Associação Cultural Lanchonete Lanchonete
Pamella Liz – Cientista Social e Sanitarista
Mediação: Pâmela Carvalho – Educadora e Coordenadora da Redes da Maré
Gênero e Justiça Ambiental – das 16h às 17h30
Cristiane Faustino – Ambientalista e Presidente da ONG Justiça Global
Eliana Karajá – Presidente da Associação Indígena do Vale Araguaia
Marina Marçal – Advogada e Pesquisadora em Política Climática
Selma Dealdina – Assistente Social e Secretária da Conaq
Mediação: Kamila Camilo – Ativista Ambiental e Empreendedora do Instituto Oyá
Histórias do Amor e do Amar – das 18h às 20h
Amara Moira – Escritora e Doutora em Literatura pela Unicamp
Aza Njeri – Professora Doutora em Literaturas Africanas
Josephine Apraku (Alemanha) – Professore de Estudos Africanos
Obirin Odara – Mestra Em Políticas Sociais e Diretora do Studio Krya
Mediação: Camila Marins – Jornalista e Editora da Revista Brejeiras