Por Thais Cavalcante, em 08/01/2021 às 11h
Editado por Edu Carvalho
“Não podemos fazer deste fim e começo de ano o momento mais triste da nossa história, favorecendo o aumento do número de casos e consequentemente do número de óbitos. Teremos outros natais, outros dezembros”. Essa fala é de Margareth Dalcolmo, médica pneumologista, consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS) e pesquisadora da Fiocruz, na edição Especial Boletim De Olho no Corona!, da Redes da Maré. O aumento de casos e mortes a partir do mês de novembro foi apenas um alerta para o que estava por vir: as aglomerações em decorrência das festas de final de ano e a subida nos números do novo coronavírus.
A diminuição dos cuidados da população em combate ao coronavírus neste período de 10 dias foi um alerta para todo o mundo. Especialistas alertam, ainda, que a pandemia não acabou, e que o número de casos nos próximos meses deve aumentar. A Secretaria Municipal de Saúde divulgou que a taxa de ocupação de leitos de UTI no município do Rio de Janeiro é de 91%. Já a taxa de ocupação dos leitos em enfermaria é de 87%. No início da primeira semana de janeiro, 102 pessoas aguardavam transferência para leitos de UTI Covid-19. Para Dalcolmo, a aprovação e regulamentação da vacina é a grande arma para controlar a transmissão do novo coronavírus e conter este segundo ano de pandemia.
Para a vacinação em massa, as doses da vacina devem chegar ainda em janeiro: a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) ganhou liberação para importar 2 milhões de vacinas. E o prefeito Eduardo Paes prometeu aos cariocas que vai seguir o Plano Nacional de Imunização para que isso aconteça logo no Rio. Mas a realidade do Brasil não consegue se dedicar apenas à fase final para minimizar a covid-19. As urgências ainda passam por questões sociais e de saúde pública.
José Francisco é morador no Conjunto Pinheiros, na Maré, técnico de enfermagem aposentado e especialista em transplante de órgãos. Para ele, a desinformação influenciou as aglomerações devido à falta de clareza das autoridades. “Eu caminho muito pelas ruas e vi que todos voltaram à rotina anterior à pandemia, com festas na porta de casa. O uso de máscara reduziu significativamente e tem pessoas que não limpam a máscara ou não tem dinheiro para comprar mais de uma. O que o estado está fazendo para isso?”, questiona.
Ele percebeu, ainda, que as informações de cuidado que se espalharam pelas ruas da favela sumiram, assim como a diminuição de doações de alimentos. Reforça a necessidade que os moradores têm de uma comunicação mais fácil de ser entendida e na substituição de termos técnicos, por exemplo. “Não tive nenhum ente querido afetado pela covid-19, mas como profissional de saúde eu sei como isso é sofrido”, admite José.
A preocupação pela saúde dos moradores de favelas é motivada especialmente pela situação histórica de vulnerabilidade social que a população vivencia. São mais de 3 mil mortes e mais de 28 mil casos confirmados nas favelas cariocas. A situação é grave: o Conjunto de Favelas da Maré continua sendo o território com mais casos. 2.449 pessoas que testaram positivo para a doença e outras 158 morreram. Em número de óbitos, a Maré é a terceira com mais perdas, ficando atrás de duas comunidades de Itaguaí. O levantamento de dados é feito pelo Painel Unificador COVID-19 nas Favelas do Rio de Janeiro (07/01). Segundo último boletim divulgado pela Prefeitura do Rio, a Maré está entre os oito bairros com risco moderado de contaminação.
Enfrentamento da pandemia
Para minimizar o impacto da covid-19 na Maré, o Projeto Conexão Saúde – De Olho na Covid oferece atendimento e apoio aos moradores do território. Seja por meio de testes gratuitos que identificam o vírus, apoio durante o isolamento ou até através de consultas médicas diversas 100% online. De acordo com o Dados do Bem, responsável pela realização dos testes no território, em novembro e dezembro foram feitos mais de 3.200 testes rápidos e cerca de 1.067 testes PCR. No último mês, houve aumento na procura do serviço, com filas na porta do Galpão Ritma, na Rua Teixeira Ribeiro, o que não acontecia antes. Em meses como setembro e outubro, por exemplo, era possível ir diretamente ao galpão para realizar o teste. Já hoje, com o aumento da procura, é necessário que a população utilize o aplicativo para agendar a testagem, evitando, assim, aglomerações no espaço e não correndo risco de uma possível contaminação.
Cuide-se, mareense!
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