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33ª edição dos Jogos Estudantis da 4ª CRE tem participação recorde de escolas da Maré

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Os Jogos Estudantis do Subúrbio Carioca da 4ª CRE começam na próxima terça, 13 de junho e tem 13 escolas da Maré na disputa

Há 33 edições, a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) organiza os Jogos Estudantis do Subúrbio Carioca. O evento, esse ano, terá início na próxima terça-feira, 13 de junho, e chega ao fim em outubro. Ao todo, são 49 unidades de educação inscritas com alunos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental I e II, classificadas em 200 equipes de categorias e idades diferentes. A competição é dividida em quatro modalidades: futsal, handebol, basquete e vôlei. Além de contar com tênis de mesa, xadrez, atletismo, queimado e de forma pioneira, os jogos eletrônicos. A expectativa é da participação de 3 mil alunos, com idades entre 9 e 16 anos, sendo mais de 40% destes, compostos por meninas. 

Marcus Menezes é professor e coordenador dos jogos, e destaca a importância da competição para o combate à evasão escolar e na igualdade de gênero no esporte: “Os jogos contribuem diretamente para redução da evasão escolar e melhora do rendimento e comportamento dos alunos e alunas. Vale destacar o aumento significativo na participação das meninas, 400% a mais que a edição anterior. E queremos chegar em 2024 a 50% dos inscritos de meninas”, ressalta.

Leia também: Shows LGBTQIAP+ dos anos 80 são homenageados nas ruas da Nova Holanda

Recorde de Escolas da Maré na Competição

Ao longo dos anos, a presença das escolas na Maré aumentou significativamente na competição. De acordo com dados fornecidos pela Coordenadoria Regional da Educação, em 2022 foram inscritas apenas 3 escolas mareenses na disputa, de um total de 23 escolas aptas para tal. Neste ano, os jogos contarão com 13 escolas do Conjunto de Favelas da Maré, o que representa um aumento de 600% em relação ao ano passado.

Wallace Arthur, tem 10 anos, é aluno da Escola Municipal Genival Pereira de Albuquerque, no Parque Maré, e vai participar pela primeira vez dos jogos disputando “queimado”. O jovem fala da expectativa para a competição: “Eu estou mega feliz. Nunca participei, mas quero ganhar e vai ser muito legal.” Wallace também compartilha com o Maré de Notícias o que o deixou mais contente neste processo esportivo: “Gosto de jogar e quero que a minha mãe me leve pra ela ver o que eu consigo fazer. Meus irmãos dão muita dor de cabeça e quero que ela sinta orgulho de mim e pra ela ficar muito feliz.”

Wallace Arthur, de 10 anos.

A 33ª edição dos Jogos Estudantis da 4ª CRE prometem integração, irmandade e muita diversão. Em comparação com a competição do ano passado, houve um aumento de 27 Unidades de Ensinos possibilitando um salto no número de equipes masculinas de 62 para 152. No feminino, este número é ainda maior, serão 124 equipes em 2023, comparadas às 35 de 2022. 

O professor Marcus Menezes acredita no papel primordial dos jogos na vida dos alunos: “Os Jogos Estudantis são uma importante ferramenta para uma educação pública de qualidade,  onde a aprendizagem transcende os muros da escola. Esse ano os Jogos Estudantis da 4a CRE recebem o nome de Jogos Estudantis do Subúrbio Carioca com o objetivo de fortalecimento no senso de pertencimento e muito orgulho.”

Shows LGBTQIAP+ dos anos 80 são homenageados nas ruas da Nova Holanda

Coletivo Entidade Maré reverência eventos emblemáticos da história LGBTQIAP+ do território

A história de um legado que se perpetua por mais de 20 anos está ganhando novos rostos, performances, histórias e está inspirando novas pessoas, mas não sem a construção coletiva de quem começou ainda nas décadas de 80 e 90. Estamos falando dos shows LGBTQIAP+ que aconteciam na Maré e que estão sendo homenageados pelo elenco do filme Noite das Estrelas durante uma ocupação que acontece todos os domingos desde o dia 4/6 e vai até 9 de julho pelas ruas da Maré. 

Além do espetáculo pelas ruas do Conjunto de Favelas da Maré que tem como principal inspiração a memória e história cultural LGBTQIAP+ do território, outras duas atividades compõe a ocupação: a exibição do filme Noite das Estrelas e a exposição itinerante de fotografias que representam o afeto e amor da população LGBTQIAP+. Ao final de cada show aos domingos, a exposição ficará aberta à visitação no Gato de Bonsucesso. Com o encerramento da temporada as artes ficarão expostas na Lona Cultural Hebert Vianna. O projeto do grupo Entidade Maré é fomentado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, através do FOCA 2023 – Programa de Fomento Carioca.

Reafirmando o papel histórico da ação, o diretor do filme Paulo Victor, 28 anos, conta como foi a construção das atividades. 

“O processo de produção do espetáculo tem sido muito gostoso. Assim… acho que a gente tem ido muito nessa certeza que esse espetáculo é uma homenagem a esse movimento cultural, LGBT que há mais de 20 anos subverte uma lógica também da Maré, sobre as narrativas que são colocadas sobre esse território, né? Que são narrativas sempre de violência. A Noite das Estrelas, ela diz que a Maré é cultural, a Maré, ela é viva. E esse movimento é vivo, né?”

Foto: Arthur Viana | Preta QueenB Rull em um dos momentos de performance do Noite das Estrelas

Ancestralidade, presente!

De acordo com o diretor, todo o trabalho foi pensado a partir de uma perspectiva filosófica africana de cosmovisão. Mas do que se trata a cosmovisão? O que ela tem a ver com as ações do grupo? Você leitor, deve se perguntar e nós do Maré de Notícias fomos atrás para explicar essa relação. Segundo o artigo “Filosofia Africana: um estudo sobre a conexão entre ética e estética”, da filósofa Naiara Paula “nessa filosofia o ser humano de fato humano, só se dá na relação com o outro, não há individualidade isolada. Este é um compromisso ético-estético com o outro seja quem for o outro”. 

O fundamento se mostra a partir da presença de mulheres transsexuais como Marcela Soares (mais conhecida como Pantera) e Erika Ravache (de nome artístico Madame), que além de integrarem os icônicos shows dos anos 80 e 90, dos quais o elenco do Noite das Estrelas têm se inspirado, também foram fonte de pesquisa. Pantera, com seu acervo de fotos da época e Madame com uma memória rica de suas vivências, receberam Paulo Victor e outras integrantes do coletivo para conversar sobre a herança cultural que vive em corpos como os deles. 

“A gente tem trazido a noite das estrelas nessa responsabilidade de um movimento que é ancestral que foi construído pelas nossas ancestrais negras, LGBTs, que desde a década de 80 e 90 estão ressignificando esse território sim. Então é para além de algo que é material, sabe? É um movimento que existe dentro das culturas pretas. E pra gente que é preto, isso é forte, né? Isso é carne.”

Paulo Victor,diretor.

O corpo artístico do espetáculo é composto por multiartistas, que por transitarem nas diversas formas de fazer arte, assim se definem. Entre elas estão Milu Almeida e Dominyck Marcelina.

Representando todo o elenco que participa do espetáculo, ambas trazem em sua fala a força da ancestralidade que permitiram suas trajetórias até esse momento de homenagem.

“Pensar que no movimento da Maré na década de 80 existia esses movimentos que a gente se identifica hoje além de uma representação é uma identificação. Quando eu chego enquanto artista eu só chego por causa das travestis que vieram antes. O que seria de nós se elas não tivessem construído isso? Qual seria nossa relação de se identificar com esse corpo LGBTQIA+ artista se não fossem elas performando as drags? É muito importante pensar isso até porque era um movimento que representava a favela, a favela parava. É mais que um retorno pra mim”, afirma Milu que também performa a DragQueen Charlotte. 

Dominyck Marcelina, de 28 anos, é uma das atrizes que compõem o elenco. Inserida na arte a partir de três amigos, Dominyck, conhecida também pelo nome artístico Vera, relembra das épocas que frequentava os shows.

“Cheguei a pegar alguns shows porque eu ia muito nova com as minha irmãs, eu era doida para participar. Só que eu não podia porque eu já sabia que eu era bicha, mas elas não, mas o pouco que eu via pra mim era muito babado. Está sabendo que a gente vai está voltando com essa revolução que já existia nas décadas de 80 e 90 é ótimo, né? Saber que a gente tá movendo isso”, conta. 

Valorizando com reconhecimento

Outra visão que o coletivo Entidade Maré se debruça é de reafirmar que as ações promovidas com o elenco do curta não são um resgate e sim uma homenagem. Isso porque, neste contexto, o resgate se associa a algo que não existe mais, perspectiva que todos artistas discordam. 

“A cultura LGBTQIAP+ encontrava nas ruas a vingança e a implementação de novos  sentidos de uma reexistência transgressora para a cultura carioca. Por isso, não se pode resgatar esta memória pois ela só se faz em bonde com a outra além disso não se pode resgatar o que está vivo. A Noite das Estrelas estava e sempre esteve viva em minha memória e na de quem viu o evento. Monique Layson e Pantera são artistas que estão na ativa, com performances que nasceram desses shows.”, afirma Wallace Lino, também diretor do espetáculo e cofundador do coletivo.

Dessa forma, mais de dez artistas que participaram e construíram a memória dos espetáculos há 20 anos, estarão presentes não apenas como público, mas também como integrantes dos shows, assim como antes. Entre elas, Marcela Soares, a Pantera. A artista que está marcando presença em todos os domingos de shows do Noite das Estrelas, contou empolgada para o Maré de Notícias como se sente relembrando os velhos tempos. “Um pouquinho nervosa, mas vamos lá né? Vamos botar pra quebrar e vamos fazer tudo de novo, renascer Noite das Estrelas e mostrar esse show lindo e maravilhoso para a comunidade”. 

Questionada se um dia ela imaginou que seria inspiração para a nova geração LGBTQIAP+ da Maré, Pantera parece ainda não acreditar que ocupa esse lugar. Com uma gargalhada envergonhada, respondeu apenas que se lembrava de algumas crianças que acompanhavam os shows na época e que tempos depois passaram a fazer o mesmo junto com ela.

Foto do arquivo Entidade Maré. Pantera performando em sua festa de aniversário.

O Noite das Estrelas – que é dirigido por Paulo Victor e Wallace Lino com o elenco composto por Jaqueline Andrade, Livia Laso, Dominyck Marcelina, Milu Almeida, Preta Queenb Rull, Marcela Soares, Lua Brainer, Codazzi Idd, Luiz Otavio, Arthur Gabriel – acontece todos os domingos na Passarela 9, na Avenida Brasil, às 15h30. Para entrar na Maré e prestigiar um espetáculo com muito brilho, close, ancestralidade e memória, as ruas se tornam palcos e a arte se apresenta como um manifesto poderoso, desafiando estereótipos ecoando a mensagem de que todos corpos merecem ser vistos, ouvidos, amados e respeitados.

Para ficar por dentro do cronograma de toda ocupação basta acessar @EntidadeMare no Instagram.

Documentadas

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Fernanda Piccolo Huggentobler, 26 anos, é catarinense e atualmente vive no Rio de Janeiro. Se dedica à fotografia há 11 anos e criou o Documentadas, um banco de documentação sobre o amor entre mulheres. O projeto visa registrar e construir uma literatura ainda inédita sobre essa população dentro da comunidade LGBTQIAP+. Ele oferece uma plataforma para divulgar o trabalho das mulheres envolvidas, gerando emprego e renda. Além disso, fornece atendimento terapêutico acessível e acolhedor para mulheres lésbicas e bissexuais maiores de 18 anos. Em dois anos, o projeto documentou aproximadamente 260 mulheres em 10 estados brasileiros.
Mais em: https://www.documentadas.com/

Escritor que viveu situação de rua usa sua história para ajudar outras pessoas

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Leo Motta tem dois livros publicados e lança músicas para alcançar mais pessoas

Uma vida modificada pelas ruas. Leo Motta, em sua trajetória como pessoa em situação de rua se tornou escritor. “É a história de um homem preto, que morou na rua e conseguiu sair dessa situação”, conta. Depois de escrever livros o artista lançou recentemente um rap ‘Marquises’, um poema adaptado. “Quero alcançar mais pessoas”, reforça.

Leo explica que tudo que faz hoje em dia é para chamar atenção para as pessoas que vivem nas ruas. “Tento passar minha vivência e minha experiência, foram 20 anos como dependente químico.” O escritor conta que começou a usar drogas quando perdeu um filho de 3 meses, em 2003, “a mãe dele não gostou que a gente terminou, não voltou mais e matou meu filho”.

Leia também: Artigo: A rua entra no ciclo da vida

Foi nesse período que Leo passou a morar debaixo das marquises, na região que chama de “cracolândia” perto da passarela 10 da Avenida Brasil”. Naquela época a maior dificuldade era a fome. “Um dia estava em Copacabana e pedi um lanche a uma senhora e ela cuspiu na minha cara”, relembra. Durante 6 meses ficou morando na rua, depois foi resgatado pelo irmão e ficou 7 meses na Associação Solidários Amigos de Betânia, ligada à Igreja Católica e que possui parceria com a Prefeitura.

Das marquises para a Bienal do Livro

Logo em seguida, Leo começou a trabalhar e decidiu ajudar outras pessoas em situação de rua. Criou uma página numa rede social onde conta as histórias delas. “As pessoas veem quem está nas ruas como muitas coisas, mas esquecem que também são humanas.” Então a partir de um conselho de um seguidor resolveu contar sua história. Daí veio o primeiro livro “Há vida depois das marquises”, lançado em 2019, tornando Leo a primeira pessoa em situação de rua a palestrar na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro.

O livro conta a história de Léo a partir do seu próprio olhar. Por meio desta publicação o escritor conseguiu conhecer seu pai. “Na Bienal do Livro ele fez uma surpresa para mim, no dia foi lá pegou meu número e depois nos encontramos e ele me contou que é meu pai. Hoje somos melhores amigos.” O reencontro com o pai foi importante para Léo que sentia falta da figura paterna. A narrativa tornou-se seu segundo título publicado; ‘Há vida depois das marquises – sonhos

Novos planos

Léo ainda pretende lançar novas músicas, e quer ajudar outras pessoas em situação de rua. Com entusiasmo, conta sobre uma ação que fará no próximo dia 20/06 na Biblioteca Parque Estadual no Centro do Rio. “Vou fazer o lançamento do meu documentário para sessenta pessoas em situação de rua, porque o filme está no You Tube mas eles não tem celular nem internet para assistir, vai ser uma sessão exclusiva com pipoca, guaraná e debate, quero ver o que eles vão dizer.”

Léo hoje em dia mora na Ilha de Paquetá com sua esposa e a filha de 3 anos, ele é pai de 4 filhos e está prestes a ser avô do primeiro neto e conta com orgulho. “Hoje em dia meus filhos não tem mais vergonha de mim.”

Confira o último lançamento de Léo:

Morre Mikimba: o craque de bola da Maré

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Ex-jogador se destacou nos gramados do território como veterano

Morreu na última segunda-feira (05/06), o jogador de futebol Jorge Eduardo Francisco da Silva, o Mikimba, de 70 anos. Ele jogou pelo Bonsucesso durante anos. “Um cara excepcional, como pai, esposo e amigo. Um homem maravilhoso, que sempre procurava ajudar as pessoas. Um excelente cozinheiro, que também era um craque da bola, que me ensinou muitas coisas. Foram os ensinamentos deles que me fizeram chegar a ser profissional. Fica a lembrança e a saudade”, expõe o filho Eduardo Francisco, mais conhecido como Dudu, que jogou em vários clubes grandes, entre eles o Cruzeiro e Botafogo.

“O Mikimba era meu compadre, jogava com ele desde criança. Aliás, ele jogava muita bola. Na favela da Maré ganhou tudo que era competição, sendo artilheiro. Poucos da favela chegaram aos pés deles. O primeiro campeonato de máster fez 25 gols, nunca foi superado, isso em 1996. O Mikimba era um ícone. Todo mundo do futebol do território conhecia ele, um nome singular, era o Pelé da Maré. Uma perda muito grande”, comenta Arides Menezes, pioneiro do futebol da Nova Holanda.

Sebastião Rodrigues, conhecido como Boi, liderança do futebol de veterano pelo Raiz da Vila, resume em uma frase a perda do amigo dos gramados. “Mikimba era uma lenda”, conclui. A causa da morte foi parada cardíaca. O ex-atleta deixa esposa, filho, cinco netas e muitos afilhados.