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Verão na laje

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É verão e, na favela, as lajes cumprem um papel fundamental. O fotógrafo mareense AF Rodrigues há anos documenta este espaço e explica que “a laje representa mais que uma possibilidade de um novo cômodo, é o espaço que garante ao trabalhador o direito ao lazer.”

Dos quase 100 milhões de ocupados no Brasil, 39,4% são informais, diz pesquisa

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Os dados do IBGE revelam que o Rio de Janeiro enfrenta um dos piores índices do país e a pior situação entre os estados das regiões Sudeste e Sul do Brasil

Por Jorge Melo e Matheus Affonso

Dos quase cem milhões de ocupados no Brasil (ou seja, aqueles que têm algum tipo de trabalho), 39,4% são informais (no estado do Rio de Janeiro, a taxa é um pouco maior: 36,5%), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, realizada em 2022. Isso representa mais de 38 milhões de pessoas, ou quatro a cada dez brasileiros. Esses números refletem uma realidade do continente: um levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) feito em 2021 revelou que, na região da América Latina e do Caribe, metade da população trabalha na informalidade. 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o trabalhador informal é, basicamente, aquele que não tem registro na carteira de trabalho (empregados do setor privado e domésticos) ou como empreendedor e autônomo (ou seja, sem Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o CNPJ). Há ainda um contingente que o instituto chama de “trabalhadores familiares auxiliares” — aqueles que ajudam, de graça, um familiar que trabalha: o filho que ajuda o irmão pedreiro sem receber diária ou a filha que atende no balcão da loja dos pais sem salário.

Sem proteção

Segundo a economista Janaína Feijó, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), um mercado de trabalho onde a informalidade predomina pode gerar muitas distorções na economia, gerando um impacto fiscal negativo. Sem registro, não há o pagamento dos impostos devidos (seja por pessoa física ou jurídica) e isso reduz a arrecadação do Estado e, consequentemente, os investimentos em serviços públicos de qualidade.

Janaína alerta que a informalidade se traduz em ocupações mal remuneradas e menos produtivas, o que acaba afetando o bem-estar dos trabalhadores e, por tabela, a produtividade da economia. 

“Além disso, postos informais são desprovidos de proteção, ou seja, não há cobertura do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Dessa forma, a informalidade pode ampliar as desigualdades sociais existentes: aqueles que mais precisam de proteção social, dado suas condições socioeconômicas, são justamente os que estão mais desprotegidos”, aponta a pesquisadora da FGV.

A informalidade, na maioria dos casos, tem relação direta com as taxas de desemprego. Os dados do IBGE revelam que o Rio de Janeiro, por exemplo, enfrenta um dos piores índices do país e a pior situação entre os estados das regiões Sudeste e Sul do Brasil, com 14,9% da população desempregada. 

Liberdade

Alexandre Linhares tem 41 anos, é casado, pai de quatro filhos e é morador da Nova Maré. Há oito anos vende numa carrocinha biscoitos, doces, balas e bebidas, geralmente no Pontilhão e no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha do Fundão. Antes da carrocinha, trabalhou cinco anos como camelô; já teve a carteira assinada, mas a empresa onde trabalhava faliu.

Dininho, como é mais conhecido, consegue sustentar a família e até ter sua própria casa com o trabalho de vendedor. Mas ele queria mesmo é regularizar sua situação: “Eu não tenho noção de quanto é para legalizar, mas sei que é difícil.” 

Segundo ele, a formalização está nos seus planos (“Quero andar certo”), mas não é prioridade, já que nunca teve problemas com a fiscalização (ao contrário de muitos ambulantes como ele). “A melhor coisa é a liberdade e lidar com o público”, diz, revelando estar satisfeito com o trabalho e a informalidade.

Burocracia

De acordo com Janaína Feijó, Dininho tem certa razão sobre a dificuldade em deixar de ser um trabalhador informal na atividade dele: ”A elevada carga tributária e a burocracia para abrir negócios leva muitos indivíduos a não conseguirem formalizar suas empresas, principalmente quando se trata de pequenos empreendedores.”

A pesquisadora acredita que a dinâmica futura do mercado de trabalho vai depender do desempenho da economia no novo governo. Segundo ela, “o combate à informalidade passa por melhorar o ambiente de negócios e gerar crescimento econômico. O baixo desempenho da nossa economia ao longo de mais de três décadas influencia a dinâmica da informalidade. Com baixo crescimento econômico, não é possível gerar empregos de qualidade.”

Caí num golpe ou perdi meu celular, e agora?

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Durante o feriado golpes e furtos tendem a aumentar; Federação Brasileira de Bancos orienta foliões

Por Samara Oliveira

Após dois anos sem pular o Carnaval, os foliões não pensam em outra coisa. Esse é o momento de olhar a lista de blocos, shows e trios elétricos espalhados pela cidade e se jogamas, com cuidado. Um dos golpes mais comuns durante esse período é o de troca de cartões, valores maiores do que a compra, além de furtos de celulares.

Para isso, Adriano Volpini, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alerta: “Preste muita atenção ao comprar algo na rua e pagar com cartão. Muitas vezes, o golpista também usa algum truque e desvia a atenção do folião para que a vítima digite a senha no campo destinado ao valor da compra. Isso permite que bandido descubra o código secreto. É importante ressaltar que o campo de senha deve mostrar apenas asteriscos”. 

Volpini ainda ressalta que o cliente não deve aceitar fazer pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado. “Também é muito importante que a própria pessoa insira o cartão na maquininha e confira se o cartão devolvido é realmente o seu. Peça o recibo impresso da transação ou verifique se o valor está correto nas mensagens SMS que recebe no app do banco. No caso de pagamento via QR Code ou transferência, confira o valor e o destinatário do dinheiro”, acrescenta.

Outro problema muito comum em locais com aglomeração de pessoas, como é o caso dos blocos de carnaval, são os furtos, roubos ou perda do celular. A Febraban esclarece que os aplicativos dos bancos contam com o máximo de segurança em todas as suas etapas, desde o seu desenvolvimento até a sua utilização. 

Furtaram meu celular, o que devo fazer?

Volpini garante que não há registro de violação da segurança dos aplicativos, que contam com o que existe de mais moderno no mundo para este assunto. No entanto, muitos usuários anotam suas senhas de acesso ao banco em bloco de notas, mensagens do WhatsApp ou em outros locais do aparelho facilitando o acesso dos criminosos. 

Muitos roubos de celulares ocorrem em vias públicas durante o uso. Dessa forma, os criminosos têm acesso ao aparelho já desbloqueado e, a partir daí, realizam pesquisas no buscando pelas senhas eventualmente armazenadas pelos próprios usuários. 

Por isso, antes mesmo de sair de casa, apague essas informações do seu celular e caso sofra o roubo do aparelho busque ligar imediatamente para o seu banco para que a instituição faça o bloqueio de acesso pelo cartão e celular.

Confira 10 dicas da Febraban para curtir o Carnaval com segurança: 

  1. Proteja seu cartão e não o guarde solto em bolsos ou bolsas, pois isso pode facilitar o pagamento por aproximação em situações de aglomeração, como em bloquinhos de carnaval
  1. Ao comprar algo na rua, nunca entregue seu cartão para alguém inserir na maquininha e realizar o pagamento. Sempre faça este processo você mesmo
  1. Ao digitar sua senha, garanta que não esteja visível para quaisquer pessoas ao seu redor
  1. Não aceite realizar pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado, impedindo que você veja o valor real que está pagando
  1. Sempre verifique o valor digitado na maquininha e peça o comprovante impresso
  1. Se o vendedor informar que precisa passar o cartão novamente, desconfie. Verifique o valor e se houve alguma cobrança diferente pelo aplicativo do seu banco
  1. Caso o vendedor necessite pegar seu cartão, cheque se o cartão devolvido é realmente o seu
  1. Mantenha o seu celular sempre protegido em situações de aglomerações. Em bloquinhos de carnaval, há possibilidades de furto do aparelho
  1. A senha deve ser única para acesso ao banco. Também use o bloqueio de tela inicial, biometria facial/digital para acessar o celular e os aplicativos. Ative o bloqueio automático de tela
  2. Em caso de roubo, comunique imediatamente o seu banco e registre um boletim de ocorrência

A marquinha tá on: bronze é sensação na Maré

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Além do bronzeado natural, novas técnicas são utilizadas para ter a marquinha perfeita

Por Andrezza Paulo

A marquinha do bronze é a sensação do momento na Maré. A pele dourada e o “efeito neon” atraem o público em todas as estações e a busca pelo corpo bronzeado cresceu nos últimos anos. Além do tradicional bronzeado natural, exposto ao sol, o bronze ganhou novos horizontes como o biquíni de fita para ter a marquinha perfeita, o bronze a jato e o bronze de maquiagem (make bronze).

Aline Garcia (33), personal bronze e proprietária do AeG Bronze, no Parque União, conta que levou dois anos se especializando para abrir o espaço. “Sou muito ligada à saúde das minhas clientes e priorizo um bronze saudável, me preocupo com a alimentação delas, com a pele e só trabalho com produtos liberados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, diz a personal.

A personal bronze Aline Garcia (Foto: Matheus Affonso)

 Para realizar o bronzeamento natural, o espaço segue algumas diretrizes como não ter consumido bebida alcoólica por pelo menos 14 horas, ter se alimentado antes da exposição ao sol e só atender pessoas com melasma diante de laudo médico e da liberação do dermatologista. “Ver a felicidade da cliente com a marquinha tão desejada é incrível, mas leva tempo e requer cuidados. É um processo gradual. Elas chegam querendo efeito neon, mas para isso, precisamos de três sessões, uma por semana. Não pode prejudicar a pele”, conta Aline. O “efeito neon” é o mais pedido entre as clientes e se trata do mais alto contraste entre a pele bronzeada e a marquinha, se destacando inclusive à noite e em ambientes com baixa iluminação. 

Pele dourada: novas técnicas antigos cuidados

O biquíni de fita é feito com fita isolante auto adesiva para destacar o bronzeado com mais precisão e utiliza produtos como a parafina para acelerar a produção de melanina ao expor o corpo ao sol. Embora receba o nome de bronzeamento natural ou de laje, é preciso ter cautela com o tempo de exposição e com o produto utilizado. Verifique sempre o rótulo e veja se é autorizado pela ANVISA.

A make bronze é realizada por meio de um creme com dihidroxiacetona (DHA), que pigmenta a pele. É através de uma esponja que o creme é distribuído por todo o corpo ou diretamente na marquinha do biquíni e tem duração de 24 horas. Geralmente a make bronze é utilizada em ocasiões específicas como eventos ou apresentações. 

O bronzeamento a jato acontece através de um aparelho, o pulverizador. É passado de maneira uniforme em todo o corpo e tem duração de 7 a 10 dias. A personal bronze indica esse procedimento para gestantes, pessoas com melasma ou outras limitações dermatológicas. O bronzeamento a jato e a make bronze são indicados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Aline reforça que “bronzeamento precisa de cuidados antes e depois da exposição ao sol e que a saúde deve estar em primeiro lugar”, finaliza.

Contraindicações

De acordo com a ANVISA, é preciso utilizar protetor solar no mínimo 30 minutos antes de sair no sol e evitar exposição entre as 10h da manhã e 16h, pela alta intensidade dos raios ultravioleta A (UVA) e B (UVB). Os raios UVA não provocam queimaduras como os UVB, mas estão associados ao envelhecimento e são emitidos desde o início da manhã até o fim da tarde. Por isso indica-se proteção solar, além de óculos escuros e chapéu até em dias nublados.

O Instituto de Cosmetologia, de Campinas (SP), divulgou em janeiro deste ano, que 71% da população não usa filtro solar diariamente. 55% também desconhece a quantidade a ser usada na pele contra os nocivos raios UVA e UVB.

Além dos cuidados na exposição externa, a Agência de Vigilância Sanitária proibiu em 2009, as câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos. O Brasil é o primeiro a adotar a proibição e tem o aval da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O Bronzeamento artificial pode causar câncer de pele, queimaduras, desidratação, envelhecimento cutâneo e até problemas de visão.

O espaço AeG Bronze fica na Rua Portinari, número 9, no Parque União e funciona das 8h às 21h.

Vai cair na folia? Não deixe o protetor de fora da pochete

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Dermatologista dá dicas de como se proteger dos raios solares durante o Carnaval

Por Lucas Feitoza

“Filtro solar, nunca deixem de usar filtro solar” esse é o conselho dado por Mary Schimch em ‘Wear sunscreen’ publicado em 1997 no Chicago Tribune,  jornal de Chicago (EUA). O texto foi adaptado para o português e ficou popular na voz de Pedro Bial em 2003, em um encerramento do programa Fantástico. Filtro Solar, como ficou conhecida a versão em português da música falada, trás vários conselhos, mas o principal é sobre o uso do protetor solar; “os benefícios a longo prazo do uso de filtro solar estão provados e comprovados pela ciência” afirma a música. 

Mas pensando na realidade carioca, curtindo um bloco de rua, fazendo churrasco na laje, aquele bronze para ficar com a marquinha, curtindo a praia, ou até mesmo, indo trabalhar, você tem usado o filtro solar? 

“Eu sempre procuro usar por causa das minhas manchas no rosto, aí é um para o corpo e outro com base para o rosto” conta Daniele Rodrigues, de 40 anos, auxiliar de serviços gerais, moradora da Vila do Pinheiro. 

Cuidados com o protetor deve ser redobrado durante a folia (Foto: Matheus Affonso)

Já Ana Carolina Silva dos Santos, que mora na Nova Holanda, admite que não tem o hábito de usar protetor solar e não gosta de ficar se bronzeando, usa protetor apenas nos lábios para não ressecarem. Já suas duas filhas mais novas, uma de 4 anos e a outra de 8 têm dermatite, uma inflamação na pele que provoca vermelhidão, coceira, descamação e pequenas bolhas, Carolina conta que por isso toma muito cuidado e passa protetor solar nelas e hidratante para a pele, com acompanhamento da dermatologista a cada dois meses e cuidados extras quando ficam muito tempo expostas ao sol, por exemplo quando a família viaja.

“Essa época de carnaval é complicada, se for para a praia, quando voltar tem que tomar banho, se secar e depois passar o hidratante” desabafa. Ana conta que o hidratante custa R$20. E para poder aproveitar o sol as meninas precisam usar filtro solar fator de proteção R$70, que custa em torno de R$ 90. 

Mas os cuidados são necessários. Os principais riscos da exposição solar em excesso são: a curto prazo, queimaduras na pele e a longo a probabilidade de desenvolver câncer de pele. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra cerca de 185 mil novos casos anualmente. O número corresponde a 33% de todos os casos de câncer no Brasil.

Para cada pele um cuidado

Pessoas com tons de pele mais claros são as mais propensas a desenvolver a doença e as que devem se proteger mais contra os raios UVA e UVB, explica a dermatologista Maria Cecília Bortoletto, que trabalha na SAS Brasil, uma empresa do terceiro setor que leva atendimento médico gratuito para regiões carentes. porém a dermatologista desabafa; “é muito difícil mudar o hábito das pessoas, elas trabalham a semana inteira e só têm o fim de semana para se reunir com os amigos”.

Segundo Maria Cecília, pessoas de pele negra podem aproveitar mais o verão sem tanta preocupação com a exposição ao sol já que produzem mais melanina o que as torna mais resistentes aos raios solares. “Um protetor solar fator 30 já protege contra o envelhecimento precoce”. Explica. 

Já pessoas que têm pele e olhos claros devem evitar exposição solar entre às 10h e 16h, horários em que o sol está mais quente, e mesmo assim precisam usar  produtos de proteção para evitar queimaduras na pele. A dermatologista enfatiza que a maneira correta de usar o filtro solar  é diariamente mesmo nos dias nublados e reaplicado a cada 2 horas. A médica recomenda que pessoas de pele clara usem protetor solar fator 50 e  também destaca a importância de usar roupas que cubram o corpo evitando exposição prolongada, principalmente nos casos de pessoas que trabalham por muito tempo no sol.

Criar barreiras físicas também é uma forma de se proteger; “Uma alternativa também é usar roupas com proteção solar” explica a dermatologista, algumas marcas variam o valor que custa a partir de R$70. É importante usar também, óculos de sol, boné, roupas que cubram o corpo pelo menos para minimizar o efeito do sol sobre a pele. Um outro alerta feito pela médica é em relação ao uso de produtos caseiros para bronzeamento; “Não usar produtos caseiros de forma nenhuma corre riscos de dar alergia e  não tem efeitos para proteger do raio violeta nem para bronzeamentos porque  tudo depende do tipo de pele”, conclui.

No caso das crianças, a dermatologista alerta que eles devem usar o protetor solar próprio para elas, apenas para exposições prolongadas ao sol, como no caso de piscinas e praias; “não é para passar protetor solar nas crianças quando vão para a escola, porque elas precisam ter contato com o sol para absorver vitamina D”. conclui.

Gato de Bonsucesso canta para Oxum

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A azul e branco da Maré destaca o poder e a beleza feminina no carnaval 2023

Por Hélio Euclides

Fé move a Maré do meu destino é o samba-enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Gato de Bonsucesso para 2023. A agremiação quer mostrar a força feminina na construção do território, com muitas lutas e conquistas. A escola canta a mulher mareense e a compara a Oxum, orixá que nas religiões de matriz africana é associada às águas doces, à beleza, à prosperidade e à riqueza, e ao empreendedorismo e ao ouro.

Marcos Salles, carnavalesco da escola, conta que seria impossível fazer o carnaval sem as mulheres: “Mostramos a fé que move a Maré e o nosso destino. Nada mais forte do que homenagear as mulheres, desde a Dona Orosina, uma das primeiras moradoras. O diferencial é mostrar a força feminina, lembrando que elas são as geradoras de tudo.”

Vânia Silva, diretora de Ações Sociais Comunitária e Cultural do Gato de Bonsucesso, lembra a dificuldade do carnaval passado e diz estar empolgada para 2023: “O Gato estava com a ‘bandeira enrolada’, mas com garra conseguimos levar a escola para a avenida em 2022 em um retorno grandioso. Estamos vivendo um momento de ressurreição. É emocionante ver as pessoas se interessando pelas alas.” 

Ela conta ainda que o desfile do ano passado estava sendo muito esperado pela favela, mas a escola entrou na avenida pela manhã, quando todos estavam adormecidos nas calçadas da Intendente Magalhães. “Quando ocorreu a chamada para a formação das alas, parecia um gigante adormecido que se levantava para ver o desfile e mostrar alegria. Foi lindo e de arrepiar presenciar aquele momento”, relembra.

A diretora diz que o enredo homenageia as mulheres da Maré num momento que, para ela, é crítico social e politicamente, com as mulheres ainda sofrendo muita violência, como assédio e feminicídio. “O diferencial do nosso carnaval é a força do próprio Gato, e as mulheres são muito importantes nisso. É um carnaval de muita luta e resistência, com um enredo que quer deixar claro a força de pessoas que estão à frente da comunidade”, conta Vânia.

A escola vem mostrar que as mulheres podem ser o que desejarem, atuar em qualquer área, ter a liberdade de se expressar, de ir e vir. “A Maré está em alta com representação feminina em várias frentes”, aponta. Vânia lembra que a agremiação tem raízes profundas; são gerações a desfilar desde sua fundação. “O componente tem uma história com o Gato, seja quando era bloco, ou quando ainda era Unidos da Nova Holanda. É importante manter essa cultura viva e fazê-la crescer”, conclui.

O Gato de Bonsucesso desfila este ano com 600 componentes distribuídos em 16 alas e pela bateria, além de mestre-sala, porta-bandeira e musas. A escola faz parte da Série Bronze da Superliga (o antigo Grupo D) e será a décima  escola a desfilar em 20 de fevereiro na nova passarela do samba: a Avenida Ernani Cardoso, em Cascadura. Durante este mês os ensaios serão todas as sextas, a partir das 18h, na quadra da escola.

O samba na ponta da língua

Se o componente que não canta o samba a escola perde ponto. Por isso, acompanhe a letra do samba do Gato de Bonsucesso.

Fé move a Maré do meu destino

Compositores: Aldair Careca, Cosme Araújo, Thiago Martins, Cláudio Vagareza, Luciano Flauzino, Serginho de Miranda, Gilberto Pituba, Robinho Bacalha, Valter Braga, Ali Jabr e Maurício Naval.

Orayeye o… 

Que seu dourado abençoe o caminhar.

A luz do abebê, é fé que move a maré 

Mostrando a força da mulher…

As mãos que curam, e fazem a vida 

Senhora nossa guia o povo 

Que viveu em palafitas 

Axé que alimenta a esperança

Num mundo melhor, de paz e bonança

Lágrima e suor de uma gente 

Que só pensa em ser feliz 

A fibra vem delas, que erguem um país…

Lata d’água na cabeça, lá vai maria

Sua vida é lutar por superação

Essência e luz que irradia 

Matando um leão por dia

Amor…

Tem poemas e flores 

Pra enfrentar dissabores

Pelo palmo de chão 

Rainhas de raça e bravura

Pelas ruas pedem paz 

Clamando opinião 

É ela… A luz da minha melodia 

Inspiração da poesia 

Iluminando o caminhar 

Abrindo os portais… Refletindo a felicidade 

Que habita em seu ser 

Vai, Bonsucesso… Delirar a bel-prazer

Meu samba é de manifestação

Faz ecoar a voz do coração.

De azul e branco dizendo no pé

No meu Gato ela é o que quiser

Ainda há vagas para compor as alas da escola! Quem deseja desfilar pode entrar em contato com Vânia ou Aline, pelos números (WhatsApp) 99776-7533 ou 96571-5635.
“No meu Gato, ela é o que quiser”, diz a letra do samba de 2023 da escola Gato de Bonsucesso – Foto: Matheus Affonso

A HISTÓRIA DO CARNAVAL NA MARÉ

Jorge Pereira, de 64 anos, morador da Baixa do Sapateiro, nasceu na favela e lembra que os vizinhos organizavam pequenos bailes de carnaval dentro das próprias casas. “A comunidade era muito animada. Na década de 1970, existia o bloco Unidos da Dezessete, com direito ao carnavalesco Jorge Elefante. Era montado um palanque na Rua Dezessete de Fevereiro, com disputa de samba. Depois vieram os blocos Diamante Negro e o Corações Unidos de Bonsucesso”, rememora.

A história conta que os primeiros blocos carnavalescos do Parque União foram o Filhos do Parque e o Alegria do Parque. Da divisão deste último nasceu, há cerca de 40 anos, o bloco Boca da Ilha. Ele chegou a desfilar na Avenida Rio Branco e na Estrada Intendente Magalhães, mas não evoluiu para se tornar uma escola de samba. 

Quem assumiu o posto de Grêmio Recreativo Escola de Samba foi o Siri de Ramos, fundada em 1979 como bloco Boca de Siri. A escola da comunidade Roquete Pinto carrega as cores da agremiação madrinha, a Imperatriz Leopoldinense. O Boca de Siri venceu em 2011 o quinto carnaval  do Grupo 1 dos blocos de enredo, com Doce infância, e tornou-se o primeiro do Rio de Janeiro a ser elevada, sem avaliação, à categoria de escola de samba. Em 2018, a escola assumiu o nome de Siri de Ramos.

AGENDA DO CARNAVAL 2023

  • O Siri de Ramos traz em 2023 a reedição do samba-enredo campeão de 2012: Personalidade mulher. Os ensaios técnicos serão na orla do Piscinão nos dias 4 e 11 de fevereiro, às 18h. Já o desfile oficial acontece no dia 26 de fevereiro, na Avenida Ernani Cardoso, em Cascadura.
  • O bloco Boca da Ilha, depois de cinco anos de recesso, volta a desfilar nos dias 18 e 26 de fevereiro, com concentração na Rua da Conquista, esquina com Rua Brasília, no Parque União.
  • Tendo entre suas fundadoras Marielle Franco, o bloco Se Benze Que Dá completa 18 anos e faz seu ensaio geral no dia 9 de fevereiro, no Pontilhão, embaixo da Linha Amarela. Os desfiles ocorrem nos dias 11 de fevereiro, do Conjunto Esperança para o Pontilhão, e 25 de fevereiro, da Nova Holanda para o Morro do Timbau.
  • O bloco Relaxa Que Dói Menos Sambar vai promover um arrastão pelas ruas da Vila dos Pinheiros; já o bloco Magia do Samba promete empolgar foliões pelas ruas da Baixa do Sapateiro. As datas da folia ainda vão ser divulgadas pelas duas agremiações.