Durante o feriado golpes e furtos tendem a aumentar; Federação Brasileira de Bancos orienta foliões
Por Samara Oliveira
Após dois anos sem pular o Carnaval, os foliões não pensam em outra coisa. Esse é o momento de olhar a lista de blocos, shows e trios elétricos espalhados pela cidade e se jogamas, com cuidado. Um dos golpes mais comuns durante esse período é o de troca de cartões, valores maiores do que a compra, além de furtos de celulares.
Para isso, Adriano Volpini, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alerta: “Preste muita atenção ao comprar algo na rua e pagar com cartão. Muitas vezes, o golpista também usa algum truque e desvia a atenção do folião para que a vítima digite a senha no campo destinado ao valor da compra. Isso permite que bandido descubra o código secreto. É importante ressaltar que o campo de senha deve mostrar apenas asteriscos”.
Volpini ainda ressalta que o cliente não deve aceitar fazer pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado. “Também é muito importante que a própria pessoa insira o cartão na maquininha e confira se o cartão devolvido é realmente o seu. Peça o recibo impresso da transação ou verifique se o valor está correto nas mensagens SMS que recebe no app do banco. No caso de pagamento via QR Code ou transferência, confira o valor e o destinatário do dinheiro”, acrescenta.
Outro problema muito comum em locais com aglomeração de pessoas, como é o caso dos blocos de carnaval, são os furtos, roubos ou perda do celular. A Febraban esclarece que os aplicativos dos bancos contam com o máximo de segurança em todas as suas etapas, desde o seu desenvolvimento até a sua utilização.
Furtaram meu celular, o que devo fazer?
Volpini garante que não há registro de violação da segurança dos aplicativos, que contam com o que existe de mais moderno no mundo para este assunto. No entanto, muitos usuários anotam suas senhas de acesso ao banco em bloco de notas, mensagens do WhatsApp ou em outros locais do aparelho facilitando o acesso dos criminosos.
Muitos roubos de celulares ocorrem em vias públicas durante o uso. Dessa forma, os criminosos têm acesso ao aparelho já desbloqueado e, a partir daí, realizam pesquisas no buscando pelas senhas eventualmente armazenadas pelos próprios usuários.
Por isso, antes mesmo de sair de casa, apague essas informações do seu celular e caso sofra o roubo do aparelho busque ligar imediatamente para o seu banco para que a instituição faça o bloqueio de acesso pelo cartão e celular.
Confira 10 dicas da Febraban para curtir o Carnaval com segurança:
Proteja seu cartão e não o guarde solto em bolsos ou bolsas, pois isso pode facilitar o pagamento por aproximação em situações de aglomeração, como em bloquinhos de carnaval
Ao comprar algo na rua, nunca entregue seu cartão para alguém inserir na maquininha e realizar o pagamento. Sempre faça este processo você mesmo
Ao digitar sua senha, garanta que não esteja visível para quaisquer pessoas ao seu redor
Não aceite realizar pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado, impedindo que você veja o valor real que está pagando
Sempre verifique o valor digitado na maquininha e peça o comprovante impresso
Se o vendedor informar que precisa passar o cartão novamente, desconfie. Verifique o valor e se houve alguma cobrança diferente pelo aplicativo do seu banco
Caso o vendedor necessite pegar seu cartão, cheque se o cartão devolvido é realmente o seu
Mantenha o seu celular sempre protegido em situações de aglomerações. Em bloquinhos de carnaval, há possibilidades de furto do aparelho
A senha deve ser única para acesso ao banco. Também use o bloqueio de tela inicial, biometria facial/digital para acessar o celular e os aplicativos. Ative o bloqueio automático de tela
Em caso de roubo, comunique imediatamente o seu banco e registre um boletim de ocorrência
Além do bronzeado natural, novas técnicas são utilizadas para ter a marquinha perfeita
Por Andrezza Paulo
A marquinha do bronze é a sensação do momento na Maré. A pele dourada e o “efeito neon” atraem o público em todas as estações e a busca pelo corpo bronzeado cresceu nos últimos anos. Além do tradicional bronzeado natural, exposto ao sol, o bronze ganhou novos horizontes como o biquíni de fita para ter a marquinha perfeita, o bronze a jato e o bronze de maquiagem (make bronze).
Aline Garcia (33), personal bronze e proprietária do AeG Bronze, no Parque União, conta que levou dois anos se especializando para abrir o espaço. “Sou muito ligada à saúde das minhas clientes e priorizo um bronze saudável, me preocupo com a alimentação delas, com a pele e só trabalho com produtos liberados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, diz a personal.
A personal bronze Aline Garcia (Foto: Matheus Affonso)
Para realizar o bronzeamento natural, o espaço segue algumas diretrizes como não ter consumido bebida alcoólica por pelo menos 14 horas, ter se alimentado antes da exposição ao sol e só atender pessoas com melasma diante de laudo médico e da liberação do dermatologista. “Ver a felicidade da cliente com a marquinha tão desejada é incrível, mas leva tempo e requer cuidados. É um processo gradual. Elas chegam querendo efeito neon, mas para isso, precisamos de três sessões, uma por semana. Não pode prejudicar a pele”, conta Aline. O “efeito neon” é o mais pedido entre as clientes e se trata do mais alto contraste entre a pele bronzeada e a marquinha, se destacando inclusive à noite e em ambientes com baixa iluminação.
Pele dourada: novas técnicas antigos cuidados
O biquíni de fita é feito com fita isolante auto adesiva para destacar o bronzeado com mais precisão e utiliza produtos como a parafina para acelerar a produção de melanina ao expor o corpo ao sol. Embora receba o nome de bronzeamento natural ou de laje, é preciso ter cautela com o tempo de exposição e com o produto utilizado. Verifique sempre o rótulo e veja se é autorizado pela ANVISA.
A make bronze é realizada por meio de um creme com dihidroxiacetona (DHA), que pigmenta a pele. É através de uma esponja que o creme é distribuído por todo o corpo ou diretamente na marquinha do biquíni e tem duração de 24 horas. Geralmente a make bronze é utilizada em ocasiões específicas como eventos ou apresentações.
O bronzeamento a jato acontece através de um aparelho, o pulverizador. É passado de maneira uniforme em todo o corpo e tem duração de 7 a 10 dias. A personal bronze indica esse procedimento para gestantes, pessoas com melasma ou outras limitações dermatológicas. O bronzeamento a jato e a make bronze são indicados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Aline reforça que “bronzeamento precisa de cuidados antes e depois da exposição ao sol e que a saúde deve estar em primeiro lugar”, finaliza.
Contraindicações
De acordo com a ANVISA, é preciso utilizar protetor solar no mínimo 30 minutos antes de sair no sol e evitar exposição entre as 10h da manhã e 16h, pela alta intensidade dos raios ultravioleta A (UVA) e B (UVB). Os raios UVA não provocam queimaduras como os UVB, mas estão associados ao envelhecimento e são emitidos desde o início da manhã até o fim da tarde. Por isso indica-se proteção solar, além de óculos escuros e chapéu até em dias nublados.
O Instituto de Cosmetologia, de Campinas (SP), divulgou em janeiro deste ano, que 71% da população não usa filtro solar diariamente. 55% também desconhece a quantidade a ser usada na pele contra os nocivos raios UVA e UVB.
Além dos cuidados na exposição externa, a Agência de Vigilância Sanitária proibiu em 2009, as câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos. O Brasil é o primeiro a adotar a proibição e tem o aval da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O Bronzeamento artificial pode causar câncer de pele, queimaduras, desidratação, envelhecimento cutâneo e até problemas de visão.
O espaço AeG Bronze fica na Rua Portinari, número 9, no Parque União e funciona das 8h às 21h.
Dermatologista dá dicas de como se proteger dos raios solares durante o Carnaval
Por Lucas Feitoza
“Filtro solar, nunca deixem de usar filtro solar” esse é o conselho dado por Mary Schimch em ‘Wear sunscreen’ publicado em 1997 no Chicago Tribune, jornal de Chicago (EUA). O texto foi adaptado para o português e ficou popular na voz de Pedro Bial em 2003, em um encerramento do programa Fantástico. Filtro Solar, como ficou conhecida a versão em português da música falada, trás vários conselhos, mas o principal é sobre o uso do protetor solar; “os benefícios a longo prazo do uso de filtro solar estão provados e comprovados pela ciência” afirma a música.
Mas pensando na realidade carioca, curtindo um bloco de rua, fazendo churrasco na laje, aquele bronze para ficar com a marquinha, curtindo a praia, ou até mesmo, indo trabalhar, você tem usado o filtro solar?
“Eu sempre procuro usar por causa das minhas manchas no rosto, aí é um para o corpo e outro com base para o rosto” conta Daniele Rodrigues, de 40 anos, auxiliar de serviços gerais, moradora da Vila do Pinheiro.
Cuidados com o protetor deve ser redobrado durante a folia (Foto: Matheus Affonso)
Já Ana Carolina Silva dos Santos, que mora na Nova Holanda, admite que não tem o hábito de usar protetor solar e não gosta de ficar se bronzeando, usa protetor apenas nos lábios para não ressecarem. Já suas duas filhas mais novas, uma de 4 anos e a outra de 8 têm dermatite, uma inflamação na pele que provoca vermelhidão, coceira, descamação e pequenas bolhas, Carolina conta que por isso toma muito cuidado e passa protetor solar nelas e hidratante para a pele, com acompanhamento da dermatologista a cada dois meses e cuidados extras quando ficam muito tempo expostas ao sol, por exemplo quando a família viaja.
“Essa época de carnaval é complicada, se for para a praia, quando voltar tem que tomar banho, se secar e depois passar o hidratante” desabafa. Ana conta que o hidratante custa R$20. E para poder aproveitar o sol as meninas precisam usar filtro solar fator de proteção R$70, que custa em torno de R$ 90.
Mas os cuidados são necessários. Os principais riscos da exposição solar em excesso são: a curto prazo, queimaduras na pele e a longo a probabilidade de desenvolver câncer de pele. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra cerca de 185 mil novos casos anualmente. O número corresponde a 33% de todos os casos de câncer no Brasil.
Para cada pele um cuidado
Pessoas com tons de pele mais claros são as mais propensas a desenvolver a doença e as que devem se proteger mais contra os raios UVA e UVB, explica a dermatologista Maria Cecília Bortoletto, que trabalha na SAS Brasil, uma empresa do terceiro setor que leva atendimento médico gratuito para regiões carentes. porém a dermatologista desabafa; “é muito difícil mudar o hábito das pessoas, elas trabalham a semana inteira e só têm o fim de semana para se reunir com os amigos”.
Segundo Maria Cecília, pessoas de pele negra podem aproveitar mais o verão sem tanta preocupação com a exposição ao sol já que produzem mais melanina o que as torna mais resistentes aos raios solares. “Um protetor solar fator 30 já protege contra o envelhecimento precoce”. Explica.
Já pessoas que têm pele e olhos claros devem evitar exposição solar entre às 10h e 16h, horários em que o sol está mais quente, e mesmo assim precisam usar produtos de proteção para evitar queimaduras na pele. A dermatologista enfatiza que a maneira correta de usar o filtro solar é diariamente mesmo nos dias nublados e reaplicado a cada 2 horas. A médica recomenda que pessoas de pele clara usem protetor solar fator 50 e também destaca a importância de usar roupas que cubram o corpo evitando exposição prolongada, principalmente nos casos de pessoas que trabalham por muito tempo no sol.
Criar barreiras físicas também é uma forma de se proteger; “Uma alternativa também é usar roupas com proteção solar” explica a dermatologista, algumas marcas variam o valor que custa a partir de R$70. É importante usar também, óculos de sol, boné, roupas que cubram o corpo pelo menos para minimizar o efeito do sol sobre a pele. Um outro alerta feito pela médica é em relação ao uso de produtos caseiros para bronzeamento; “Não usar produtos caseiros de forma nenhuma corre riscos de dar alergia e não tem efeitos para proteger do raio violeta nem para bronzeamentos porque tudo depende do tipo de pele”, conclui.
No caso das crianças, a dermatologista alerta que eles devem usar o protetor solar próprio para elas, apenas para exposições prolongadas ao sol, como no caso de piscinas e praias; “não é para passar protetor solar nas crianças quando vão para a escola, porque elas precisam ter contato com o sol para absorver vitamina D”. conclui.
A azul e branco da Maré destaca o poder e a beleza feminina no carnaval 2023
Por Hélio Euclides
Fé move a Maré do meu destino é o samba-enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Gato de Bonsucesso para 2023. A agremiação quer mostrar a força feminina na construção do território, com muitas lutas e conquistas. A escola canta a mulher mareense e a compara a Oxum, orixá que nas religiões de matriz africana é associada às águas doces, à beleza, à prosperidade e à riqueza, e ao empreendedorismo e ao ouro.
Marcos Salles, carnavalesco da escola, conta que seria impossível fazer o carnaval sem as mulheres: “Mostramos a fé que move a Maré e o nosso destino. Nada mais forte do que homenagear as mulheres, desde a Dona Orosina, uma das primeiras moradoras. O diferencial é mostrar a força feminina, lembrando que elas são as geradoras de tudo.”
Vânia Silva, diretora de Ações Sociais Comunitária e Cultural do Gato de Bonsucesso, lembra a dificuldade do carnaval passado e diz estar empolgada para 2023: “O Gato estava com a ‘bandeira enrolada’, mas com garra conseguimos levar a escola para a avenida em 2022 em um retorno grandioso. Estamos vivendo um momento de ressurreição. É emocionante ver as pessoas se interessando pelas alas.”
Ela conta ainda que o desfile do ano passado estava sendo muito esperado pela favela, mas a escola entrou na avenida pela manhã, quando todos estavam adormecidos nas calçadas da Intendente Magalhães. “Quando ocorreu a chamada para a formação das alas, parecia um gigante adormecido que se levantava para ver o desfile e mostrar alegria. Foi lindo e de arrepiar presenciar aquele momento”, relembra.
A diretora diz que o enredo homenageia as mulheres da Maré num momento que, para ela, é crítico social e politicamente, com as mulheres ainda sofrendo muita violência, como assédio e feminicídio. “O diferencial do nosso carnaval é a força do próprio Gato, e as mulheres são muito importantes nisso. É um carnaval de muita luta e resistência, com um enredo que quer deixar claro a força de pessoas que estão à frente da comunidade”, conta Vânia.
A escola vem mostrar que as mulheres podem ser o que desejarem, atuar em qualquer área, ter a liberdade de se expressar, de ir e vir. “A Maré está em alta com representação feminina em várias frentes”, aponta. Vânia lembra que a agremiação tem raízes profundas; são gerações a desfilar desde sua fundação. “O componente tem uma história com o Gato, seja quando era bloco, ou quando ainda era Unidos da Nova Holanda. É importante manter essa cultura viva e fazê-la crescer”, conclui.
O Gato de Bonsucesso desfila este ano com 600 componentes distribuídos em 16 alas e pela bateria, além de mestre-sala, porta-bandeira e musas. A escola faz parte da Série Bronze da Superliga (o antigo Grupo D) e será a décima escola a desfilar em 20 de fevereiro na nova passarela do samba: a Avenida Ernani Cardoso, em Cascadura. Durante este mês os ensaios serão todas as sextas, a partir das 18h, na quadra da escola.
O samba na ponta da língua
Se o componente que não canta o samba a escola perde ponto. Por isso, acompanhe a letra do samba do Gato de Bonsucesso.
Fé move a Maré do meu destino
Compositores: Aldair Careca, Cosme Araújo, Thiago Martins, Cláudio Vagareza, Luciano Flauzino, Serginho de Miranda, Gilberto Pituba, Robinho Bacalha, Valter Braga, Ali Jabr e Maurício Naval.
Orayeye o…
Que seu dourado abençoe o caminhar.
A luz do abebê, é fé que move a maré
Mostrando a força da mulher…
As mãos que curam, e fazem a vida
Senhora nossa guia o povo
Que viveu em palafitas
Axé que alimenta a esperança
Num mundo melhor, de paz e bonança
Lágrima e suor de uma gente
Que só pensa em ser feliz
A fibra vem delas, que erguem um país…
Lata d’água na cabeça, lá vai maria
Sua vida é lutar por superação
Essência e luz que irradia
Matando um leão por dia
Amor…
Tem poemas e flores
Pra enfrentar dissabores
Pelo palmo de chão
Rainhas de raça e bravura
Pelas ruas pedem paz
Clamando opinião
É ela… A luz da minha melodia
Inspiração da poesia
Iluminando o caminhar
Abrindo os portais… Refletindo a felicidade
Que habita em seu ser
Vai, Bonsucesso… Delirar a bel-prazer
Meu samba é de manifestação
Faz ecoar a voz do coração.
De azul e branco dizendo no pé
No meu Gato ela é o que quiser
Ainda há vagas para compor as alas da escola! Quem deseja desfilar pode entrar em contato com Vânia ou Aline, pelos números (WhatsApp) 99776-7533 ou 96571-5635.
“No meu Gato, ela é o que quiser”, diz a letra do samba de 2023 da escola Gato de Bonsucesso – Foto: Matheus Affonso
A HISTÓRIA DO CARNAVAL NA MARÉ
Jorge Pereira, de 64 anos, morador da Baixa do Sapateiro, nasceu na favela e lembra que os vizinhos organizavam pequenos bailes de carnaval dentro das próprias casas. “A comunidade era muito animada. Na década de 1970, existia o bloco Unidos da Dezessete, com direito ao carnavalesco Jorge Elefante. Era montado um palanque na Rua Dezessete de Fevereiro, com disputa de samba. Depois vieram os blocos Diamante Negro e o Corações Unidos de Bonsucesso”, rememora.
A história conta que os primeiros blocos carnavalescos do Parque União foram o Filhos do Parque e o Alegria do Parque.Da divisão deste último nasceu, há cerca de 40 anos, o bloco Boca da Ilha. Ele chegou a desfilar na Avenida Rio Branco e na Estrada Intendente Magalhães, mas não evoluiu para se tornar uma escola de samba.
Quem assumiu o posto de Grêmio Recreativo Escola de Samba foi o Siri de Ramos, fundada em 1979 como bloco Boca de Siri. A escola da comunidade Roquete Pinto carrega as cores da agremiação madrinha, a Imperatriz Leopoldinense. O Boca de Siri venceu em 2011 o quinto carnaval do Grupo 1 dos blocos de enredo, com Doce infância, e tornou-se o primeiro do Rio de Janeiro a ser elevada, sem avaliação, à categoria de escola de samba. Em 2018, a escola assumiu o nome de Siri de Ramos.
AGENDA DO CARNAVAL 2023
O Siri de Ramos traz em 2023 a reedição do samba-enredo campeão de 2012: Personalidade mulher. Os ensaios técnicos serão na orla do Piscinão nos dias 4 e 11 de fevereiro, às 18h. Já o desfile oficial acontece no dia 26 de fevereiro, na Avenida Ernani Cardoso, em Cascadura.
O bloco Boca da Ilha, depois de cinco anos de recesso, volta a desfilar nos dias 18 e 26 de fevereiro, com concentração na Rua da Conquista, esquina com Rua Brasília, no Parque União.
Tendo entre suas fundadoras Marielle Franco, o bloco Se Benze Que Dá completa 18 anos e faz seu ensaio geral no dia 9 de fevereiro, no Pontilhão, embaixo da Linha Amarela. Os desfiles ocorrem nos dias 11 de fevereiro, do Conjunto Esperança para o Pontilhão, e 25 de fevereiro, da Nova Holanda para o Morro do Timbau.
O bloco Relaxa Que Dói Menos Sambar vai promover um arrastão pelas ruas da Vila dos Pinheiros; já o bloco Magia do Samba promete empolgar foliões pelas ruas da Baixa do Sapateiro. As datas da folia ainda vão ser divulgadas pelas duas agremiações.
Os tamborins já estão tocando,agora é vestir a fantasia e se divertir
Por Hélio Euclides
No início o carnaval era apenas uma palavra derivada de “Carne Vale”, que significa “Adeus à carne”, quando começou o propósito era ter uma última semana de festas antes da abstinência de 40 dias do alimento. Com o tempo, a festa foi se popularizando e surgiram os cordões e marchinhas, que deram origem aos blocos e escolas de samba. Hoje o importante é a diversão, mas não se pode esquecer da cautela, para que a festa não termine em cinzas.
Os tamborins já estão tocando, agora é vestir a fantasia e se divertir. Mas é preciso seguir algumas dicas para evitar dor de cabeça. Denise Jardim, superintendente de Promoção de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), orienta sobre alguns cuidados para que a festa não vire pesadelo. Ela explica que o tema do carnaval deste ano para a SMS é Rio com Prevenção e Promoção da Saúde. “É um período de alegria e folia, mas é preciso cuidados individuais. Nós temos uma cidade maravilhosa, que apresenta temperaturas altas, por isso o primeiro passo é a hidratação com água. Entre uma latinha e outra, beber água”, comenta.
Jardim ressalta que é preciso ter moderação nas bebidas alcoólicas. Também não se pode descuidar no sol, para ele não virar um inimigo. “O ideal é proteção da pele e evitar se expor em horário de maior incidência dos raios ultravioletas, entre 10h e 16h. Usem filtro solar, boné, viseira e óculos escuros. A roupa precisa combinar com a estação, por isso evitar fantasias com mangas compridas. Utilize algo confortável. A criança precisa de hidratação, comida saudável, roupas leves e sombra. Crianças e idosos se desidratam rápido. Em caso de ressaca, o jeito é dormir para se recompor, hidratação e alimentação leve”, explica.
Hora de separar a fantasia e cair na folia (Foto: Matheus Affonso)
A superintendente destaca que a alimentação correta é primordial para a música não sair do ritmo. “Cuidar da alimentação, com consumo de frutas. Feijoada e alimentos processados não combinam com carnaval. Comida de verdade não vem em caixa”, diz. Ela lembra que outra dica é não usar cigarro eletrônico, que é maléfico, por ter um maior nível de nicotina, além de ser proibido. As medidas de prevenção contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como sífilis, gonorreia e HIV/aids, também merecem atenção máxima. O ideal é uso de preservativo nas relações sexuais.
Jardim acrescenta que estamos num período de pancadas de chuvas ao final da tarde. “É preciso ter cuidado com área de alagamentos, para evitar cair num buraco. Se tiver contato com água suja, lave imediatamente o pé com água e sabão. Ao surgirem relâmpagos, evite sair e fique longe de árvores. Se tiver algum ferimento, procure um atendimento médico”, conclui.
Apesar da continuidade da pandemia do covid, a cidade não está exigindo algumas formas de prevenção. Contudo, Jardim indica que, quando não tiver água, ao utilizar ônibus e usar carrinho de supermercado, o carioca pode continuar a higienizar as mãos com álcool em gel.
Embora a pandemia esteja em uma situação mais controlada, Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, em entrevista à Agência Fiocruz, destaca que, em eventos com grande aglomeração, a transmissão de vírus respiratórios em geral é facilitada. “A principal recomendação nesse Carnaval é em relação a quem está com sintomas respiratório próximo às festas, aos blocos e aos desfiles. Se a pessoa está carregando o vírus da covid ou influenza, que também continua em baixa, fica o alerta de evitar passar em grandes eventos porque pode facilitar o processo de aumento de casos na sua localidade”, pontua. O especialista reforça ainda a importância da campanha de vacinação de covid, com a vacina bivalente, que se inicia no dia 27 de fevereiro.
Alguns cariocas aproveitam o período para viajar, conhecer novos espaços. É o caso de Maiara Barros, moradora do Parque Maré, que vai passar o carnaval em Arraial do Cabo. “Sou muito fã de carnaval. Se fosse ficar na cidade iria desfilar na Escola de Samba Feitiço do Rio e ajudar o Gato de Bonsucesso. Para a viagem não abandono as medidas de saúde, como toda a minha família estar com o caderno de vacinação em dia, levar uma caixa de medicamentos de emergência e sempre higienizar as mãos com álcool em gel”, afirma.
Bruno Soares, comerciante do Parque União e da Vila do Pinheiro, vai ter uma agenda corrida para aproveitar os quatro dias de folia. “Sábado trabalho, mas à noite tem o Boca da Ilha, bloco comunitário do Parque União, no qual faço parte da diretoria. Já domingo tem Sapucaí, no setor um, local do início do desfile, espaço de muita animação. Na segunda à noite vou acompanhar o desfile da escola de samba Gato de Bonsucesso. Fechando o carnaval na terça, retorno ao Boca da Ilha. A previsão será de um período de calor e chuva, então o importante é se hidratar, bastante água para curtir o carnaval da melhor forma possível”, destaca.
Calendário de carnaval
O folião precisa ficar ligado com as mudanças no carnaval deste ano. A Prefeitura do Rio alterou o desfile da Estrada Intendente Magalhães. Agora as escolas desfilaram na Avenida Ernani Cardoso, Cascadura. Um exemplo é a Escola de Samba Gato de Bonsucesso, da Série Bronze, que desfila na segunda-feira (20/02), sendo a décima a entrar na passarela. Já a Escola de Samba Siri de Ramos, do Grupo B, será a terceira a desfilar no domingo (26/02).
Sem deixar de pular o carnaval, mas fugindo da muvuca dos blocos de rua, os foliões das zonas Norte e Oeste do Rio podem curtir a folia nas lonas, arenas e areninhas mantidas pela Secretaria Municipal de Cultura.
Areninha Carioca Hermeto Pascoal, Praça Primeiro de Maio, s/nº, Bangu.
Baile “Carnasoul” com Clube do Vinil, sábado (18/02), às 13h. Grátis/Livre.
Bailinho de Carnaval Infantil, sábado (18/02), às 15h. Grátis/Livre.
Biblioteca Annita Porto Martins, Rua Sampaio Viana 357, Rio Comprido.
Exposição de livros sobre carnaval, de segunda a sexta-feira, até 28/02, das 9h às 17h. Grátis/Livre.
Lona Cultural Municipal Herbert Vianna, Rua Evanildo Alves s/nº, Maré.
Oficina de Percussão com GRES Gato de Bonsucesso, quintas e sextas-feiras, às 18h30. Grátis/16 anos. *Praça da Paz (endereço provisório): Rua Evanildo Alves esquina com Rua Principal, Maré.
Cortejo de Carnaval do Gato de Bonsucesso e Panderolando, sexta (24/02), às 16h. Grátis/Livre. *Praça da Paz (endereço provisório): Rua Evanildo Alves esquina com Rua Principal, Maré.
Oficina de Adereços, sexta (24/02), às 15h. Grátis/Livre. *Praça da Nova Holanda (endereço provisório): Rua Sargento Silva Nunes, Maré.
A Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) divulgou o calendário dos blocos, entre eles os que se apresentam na periferia.
Sexta de carnaval (17/02)
Banda Cultural do Jiló, concentração 16h, desfile 20h. Rua Pinto de Figueiredo, 26, Tijuca.
Banda dos 300, concentração 18h, desfile 19h. Rua Júlio Furtado, 84, Grajaú.
Bloco do Caramuela, concentração 17h, desfile 18h. Praça Jardim do Méier.
Bloco Peru do Méier, concentração 14h, desfile 17h. Rua Manuela Barbosa, em frente ao número 12, Méier.
Bloco Vermelho & Branco da Z-10, concentração 9h, desfile 10h. Praça São Pedro, 01, Colônia de Pescadores Z-10, Zumbi, Ilha do Governador.
Bloco Cultural Zimbauê, concentração e desfile 16h. Rua Magno Martins, 01, Freguesia, Ilha do Governador.
Bloco Piranhas da Senador Nabuco de Vila Isabel, concentração 16h, desfile 18h. Boulevard 28 de Setembro, em frente à Igreja Nossa Senhora de Lourdes, Vila Isabel.
Marcha Nerd, concentração 13h, desfile 14h. Praça dos cavalinhos, Tijuca.
Quer Swingar Vem Pra Cá, concentração 11h, desfile 14h. Praça Barão de Drummond, s/nº, Vila Isabel.
Segunda de carnaval (20/02)
Acabou Amor, concentração 17h, desfile 19h. Rua Domingos Mondim, 10, Tauá, Ilha do Governador.
Banda Inimigos da bebida, concentração 11h, desfile ao meio-dia. Praça Comandante Mege, s/nº, Cocotá, Ilha do Governador.
Banda Polvo da Ilha, concentração 9h, desfile 11h. Praça Iaiá Garcia, s/nº, Ribeira, Ilha do Governador.
Bloco Balanço do Jamelão, concentração 16h, desfile 18h. Rua Ferreira Pontes, 637, esquina com Rua Rosa e Silva, Andaraí.
Bloco Balanço do Pinto, concentração 16h, desfile 20h. Rua Pinto de Figueiredo, 26, Tijuca.
Bloco Nova Geração do Zumbi, concentração 11h, desfile 13h. Rua Serrão, 400, Zumbi, Ilha do Governador.
Alagamentos desiguais na cidade: a culpa não é só sua, morador
Com Jéssica Pires e Lucas Feitoza
No fim do ano passado a Maré sofreu com mais de 20 dias sem abastecimento de água. Dessa vez a pauta também é sobre esse recurso fundamental, mas chamamos atenção para o quanto e principalmente o porquê a Maré e outras favelas sofreram com a chuva torrencial que acometeu toda a cidade do Rio de Janeiro no dia 7 de fevereiro.
Em quatro horas, choveu na Zona Norte do Rio mais do que o volume esperado para todo o mês de fevereiro. As principais vias da cidade tiveram a circulação interrompida ou comprometida. Cinco pessoas morreram no estado do Rio de Janeiro devido às chuvas: duas na capital (entre elas uma criança), uma em São Gonçalo, uma em Niterói e uma em Saquarema.
As históricas e grandes enchentes na capital também tem relação com o relevo específico da região: está localizada entre as montanhas e o mar, um clima tropical úmido e tem a mata atlântica. Essas características tornam a região propícia a ter chuvas volumosas.
Mas é fundamental destacar o quanto historicamente os impactos desses alagamentos ocorrem de maneira desigual em partes específicas dessas cidades. Uma das pessoas que perdeu a vida por conta das enchentes foi a menina Ayla Sophia, de 2 anos, em um desabamento no Morro Chácara do Céu, que fica no Alto da Boa Vista. As enchentes nas favelas Manguinhos e Jacarezinho, vizinhas da Maré, deixaram dezenas de famílias com muitas perdas materiais e casas completamente inundadas.
A enchente para a Maré:
A dona de casa Gláucia Rosa, 37 anos, que mora na Vila do Pinheiro, na região conhecida como Obrinha, relatou o sufoco que passou com seus filhos: Yasmin de 18 anos e Celso Ysake de 12 anos (que é uma pessoa com deficiência e fez uma cirurgia no braço). Gláucia havia deixado o filho cortando o cabelo em um ponto da favela e com a chuva só conseguiram voltar para casa às 21h da noite. “Eu tive que pegar a cadeira de banho da minha colega para poder buscar ele, mesmo ele falando comigo pelo telefone, eu sou mãe e só sosseguei quando ele estava aqui comigo, graças a Deus pessoas de bom coração me ajudaram”, conta.
Glaucia desabafa que por conta das chuvas perde consultas do filho. Esse transtorno também é vivido por outras mulheres que fazem parte do Especiais da Maré, grupo de apoio a mães de pessoas com deficiência. Além da enchente, outro problema que a família enfrenta é a falta de acessibilidade nas ruas e os buracos que dificultam a locomoção com a cadeira de rodas.
A administradora Ana Freire, de 26 anos, mora no Salsa e Merengue e conta que tinha chegado em casa quando começou a chuva e que teve crise de ansiedade com medo dos estragos que ela poderia causar. Ana relata que estava preocupada porque a rua estava com lixo acumulado a uma semana sem coleta seletiva. A moradora acredita que pelo crescimento da favela nos últimos anos o sistema de esgoto não tem dado conta e isso, associado ao lixo jogado na vala de esgoto, tem feito transbordar. A moradora reclama da falta de planejamento urbano e desabafa: “Antes eu não tinha medo de chuva, hoje em dia morro de medo, a gente sabe que a culpa não é da chuva, a favela não tem qualquer assistência. Qualquer chuva eu já fico em estado de alerta”.
Falta de planejamento urbano é a principal causa dos alagamentos
O processo de desenvolvimento dos territórios modifica a natureza dos solos, incluindo o processo de infiltração pela impermeabilização, decorrente do uso e ocupação do solo por edificações, estradas, praças, ruas, etc. Um exemplo comum na Maré desse processo é o asfaltamento de ruas de paralelepípedos.
Para a doutoranda em Geografia na PUC Rio e pesquisadora sobre saneamento e justiça ambiental na Maré, Julia Rossi, é fundamental entender que a culpa dos alagamentos não deve ser dada apenas ao descarte indevido do lixo por parte dos moradores: “porque na verdade existem bueiros que ficam entupidos e assoreados por causa do lixo, mas ao mesmo tempo você tem uma falta de manutenção nessa estrutura. A capacidade do esgoto não aumentou com o aumento da população da Maré”. De acordo com a Carta de Saneamento da Maré elaborada pela Redes da Maré, DataLabe e Casa Fluminense, a Maré é um dos bairros que mais cresceu entre 1990 e 2000, ocupando a 9ª posição entre os bairros mais populosos da cidade.
Ou seja, é de responsabilidade do Estado planejar, administrar e garantir a manutenção dos pontos (abastecimento de água potável, o esgotamento sanitário, a limpeza urbana e a drenagem e manejo de águas pluviais urbanas) que compõem o saneamento básico das cidades. A desobstrução e limpeza de bueiros, bocas de lobo e correlatos, por exemplo, é uma das demandas de responsabilidade do Estado disposta na Lei nº 14.026 de 15 de Julho de 2020 (Lei do Saneamento). Portanto, as cidades devem também possuir um sistema de drenagem das águas das chuvas que seja suficiente para não causar danos para a população.
A responsabilidade pública diante do saneamento básico também relaciona-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 e 11 – que visam, respectivamente, assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos, e tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
É importante entender, que esses aspectos que estão dentro do conceito de saneamento básico devem funcionar de forma conectada, como uma cadeia. A coordenadora de projetos socioambientais do Eixo Direitos Urbanos e Socioambientais da Redes da Maré, Mariane Rodrigues, reforça: “Sem o esgotamento sanitário adequado, a sua água fica contaminada. Então você não tem água potável. Sem a limpeza urbana, a drenagem das águas da chuva também não vai funcionar da forma correta”. Outro elemento que Mariane chama atenção é para a necessidade de manutenção e fiscalização dentro dessa cadeia de funcionamento efetivo do saneamento: “é um trabalho constante. Não adianta só instalar os bueiros ou bocas de lobo. Você tem que fazer a fiscalização preventiva. Não basta ter água encanada, ela precisa ser constantemente fiscalizada. A inteligência da cidade precisa olhar para infraestrutura, ver onde não está dando certo e fazer de fato a manutenção desses espaços. Olhar a infraestrutura e instalação desses pontos de drenagem”
Segundo Julia Rossi, o compartilhamento de informações e educação ambiental para a população também é responsabilidade do Estado. “Informar os moradores, criar todo um processo de entendimento do que fazer com esse lixo, com os resíduos, com esses encanamentos, o que é saneamento. A educação ambiental é uma responsabilidade do poder público”, reforça.
De acordo com o Censo Maré, 62,1% dos 140 mil moradores da Maré se autodeclaram negras ou pardas e desse total cerca de 70.878 habitantes da Maré são mulheres, em porcentagem esse número representa 51% da população, ou seja a maioria. Assim como às moradoras Ana e Gláucia, as mulheres, e também as pessoas pretas são as mais afetadas pelas enchentes. Destacar e evidenciar como essa parte da população é mais impactada por desequilíbrios ambientais faz parte do conceito “racismo ambiental”. Para a pesquisadora a reflexão também “é uma forma da gente trazer uma reparação para essas populações e pensar em medidas específicas para essas pessoas que são mais impactadas.
O que fazer diante de uma enchente?
Um dos principais reflexos do impacto dos alagamentos na cidade é percebido na mobilidade urbana. A circulação se torna um enorme desafio em dias de fortes chuvas na cidade. Então, uma das principais recomendações, é, para quem puder, evitar a circulação por segurança e para não sofrer com horas perdidas no trânsito. Em locais onde alagamentos e enchentes são comuns, a solidariedade e o apoio mútuo são fundamentais. Também se torna importante fazer registros sobre as situações nas quais sua rua ou região são colocadas em consequência das enchentes.
ACP da Maré
Essa produção de evidências apoia a cobrança do Estado e também de empresas privadas que atendem a população, sobre a execução correta e efetiva dos serviços de saneamento. Um exemplo de mobilização que surge a partir dessa organização de informações é a ACP (Ação Civil Pública) do Saneamento Básico da Nova Holanda. Há 11 anos essa iniciativa busca soluções para os problemas de saneamento básico na Nova Holanda. Ela surgiu a partir de uma denúncia anônima na ouvidoria do Ministério Público em 2012 e desde então uma investigação está sendo realizada. “Foi a iniciativa de uma pessoa que nos trouxe até aqui”, afirma a advogada Moniza Rizzini Ansari, que integra a área de incidência política da Redes da Maré e participou de um encontro sobre a ACP no dia 7 de fevereiro, no Centro de Artes da Maré. “Essa ACP mostra que o direito não é só uma conquista mas também precisa da mobilização para a manutenção dele, o desconhecimento faz com que você haja no ilegalismo” afirmou também Shyrlei Rosendo, coordenadora do Eixo Direitos Urbanos e Socioambientais da Redes da Maré.
A Maré começa aqui
Desde março de 2022 o eixo da Redes da Maré, que pensa em ações e projetos sobre questões ambientais no território, vem realizando intervenções artísticas com os mareenses, sobretudo crianças e adolescentes, chamando a atenção para o descarte de lixo, a falta de manutenção da rede de drenagem da água das chuvas, assim como para o racismo ambiental, como a recorrência de entupimento dos bueiros, demonstrando a ausência de políticas públicas, visando sensibilizar os moradores para o cuidado necessário as águas da Baía de Guanabara. As intervenções são feitas a partir das tampas dos bueiros, com desenhos e pinturas.
Saneamento também é questão de saúde
Caso você tenha contato direto ou indireto com a água das enchentes procure lavar a região o mais rápido possível com água corrente e sabão. Caso tenha álcool disponível, também é recomendado passar, após a lavagem, na região. Se tiver algum tipo de ferida ou machucado exposto, o ideal é procurar uma avaliação médica. Caso tenha algum sintoma nos dias seguintes como dores de cabeça, diarréia, febre, procure uma unidade de saúde para atendimento.
A Águas do Rio informou no dia das enchentes que equipes operacionais e agentes comerciais da concessionária atuaram no Conjunto de Favelas da Maré, além de outras comunidades, para prestar apoio aos moradores. A Prefeitura informou que equipes da Comlurb e da subprefeitura foram mobilizadas para atuação não só na Maré, mas em todos os locais afetados, “realizando limpeza, dando suporte aos moradores e minimizando os impactos para as próximas chuvas”.