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Maré recebe projeto inédito de formação em realidade virtual para mulheres

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Inscrições vão até 4 de fevereiro. Formação é gratuita e oferece auxílio para participação.

Por Jéssica Pires

O projeto “Mulheres na Inovação” é uma iniciativa da ong Recode, inédita e que acontece pela primeira vez aqui no Conjunto de Favelas da Maré.  A formação será uma maratona de imersão na tecnologia de Realidade Virtual (VR). As 36 mulheres que participarão do projeto irão receber capacitação por meio da aprendizagem de conceitos, processos e técnicas para a criação de vídeos/documentários em VR que reflitam a realidade das mulheres brasileiras.

O processo de seleção começa com inscrições online pelo link disponível na página do projeto “Mulheres na Inovação” que devem ser realizadas até o dia 4 de fevereiro. Nesse mesmo dia acontece no Galpão Bela Maré um “Ideathon” – um dia inteiro de contato com a linguagem da realidade virtual. Neste encontro serão selecionadas e convidadas as 36 mulheres que seguirão na formação. Não é necessário o conhecimento prévio sobre realidade virtual para participação na formação.

A formação audiovisual será composta por 8 encontros presenciais com especialistas e equipamentos como óculos 3D. Haverá uma ajuda de custo de R$ 300,00 para as participantes. A fase seguinte será de produção das filmagens feitas pelas mulheres com mentoria da equipe. Os documentários produzidos pelas mareenses, sobre suas realidades, serão divulgados pela Recode.

“Vejo essa iniciativa como uma potência para revelar a Maré para o mundo, a partir do olhar luxuoso e poético das mulheres mareenses, que representam o pilar mais forte da constituição do território”, comenta Arthur Pedro, educador social do projeto e morador da Maré. Para Arthur, a formação na linguagem fará a produção audiovisual do território mudar de patamar. “É a potencialização promissora dessa linguagem de captação da realidade para a constituição de novas memórias”

O projeto também conta com a parceria da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Globo, Banco BTG e BRQ e organizações locais como a ong Vida Real e a Redes da Maré.

Anielle Franco destaca ações para os 100 primeiros dias de Ministério

Em entrevista exclusiva ao Maré de Notícias, Ministra conta que pretende fazer posse simbólica na Maré

Por Samara Oliveira e Lucas Feitoza

Cria do Conjunto de Favelas da Maré, Anielle Franco, 37 anos, ocupa desde 11 de janeiro o cargo de Ministra da Igualdade Racial. Além de Anielle, outras dez mulheres foram nomeadas para liderar ministérios pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este é o maior número de mulheres no primeiro escalão do governo desde o mandato de Dilma Rousseff. No dia em que assumiu o cargo, a ministra fez um discurso emocionado agradecendo as mulheres que a apoiaram, principalmente depois do dia 14 de março de 2018, data do assassinato de sua irmã, a vereadora Marielle Franco. 

Em entrevista exclusiva para o Maré de Notícias (MN), ela falou sobre desafios, representatividade, planejamento com outros ministérios e o legado de Marielle Franco. 

MN: O que representa para você, mulher, mãe, preta, de origem favelada ocupar uma cadeira de ministério neste governo Lula? 

Anielle: Toda vez que eu olho para uma mãe, uma menina, uma jovem negra, eu sempre penso no quanto essa pessoa sonha em chegar a lugares que podem ser, e tem sido negado historicamente para a gente. Então representa muita coisa. Representa inclusive eu querer muito voltar a Maré assim que eu puder e fazer também uma fala, uma posse simbólica na Maré pra dizer: ‘Nós existimos aqui no nosso lugar de raiz, onde nós nascemos, crescemos, nós cuidamos, nós criamos e que a gente pode ser o que a gente quiser.’  Então acho que é um pouco isso que representa pra mim.  “Por que quando uma de nós vence todas nós vencemos, sabe?”. Quando a gente chega a lugares que nunca foram imaginados que nós estaríamos ali, que foram ocupados pouquíssimas vezes ou até mesmo que nunca foram ocupados, significa que também a favela chega nesse lugar. 

MN:Você já havia almejado ocupar cargos como esse com a criação do Instituto Marielle Franco?

Anielle: Eu nunca pensei em estar em um cargo público, muito menos em ser ministra de Estado. Mas eu entendo também que é o reconhecimento do meu trabalho de tudo que tem sido feito e que foi feito desde 2018 pra cá. Não que antes eu não trabalhasse com isso, eu trabalhava, mas nos bastidores. Eu tinha a minha líder, uma pessoa que falava por mim. E eu desde muito nova aprendi a lutar e galgar espaço maiores sempre. Eu era aquele tipo de menina que escrevia o que eu queria ser no ano seguinte, que fazia o meu diário com os meus objetivos anuais. Eu sempre sonhei muito alto e sempre almejei estar em lugares que eu pudesse ajudar a minha família, que eu pudesse ajudar outras pessoas, fazer com que outras pessoas também subissem junto comigo.

MN: Como cidadã, como você enxerga a atual composição dos ministérios e governo Lula e o que isso pode gerar para as pessoas e o Brasil? 

Anielle: Eu acho que a composição dos ministérios no governo Lula é um avanço, uma melhoria muito importante. A gente ter 11 mulheres à frente de pastas importantes é um marco sim, mas a gente também sabe que a gente tem que batalhar por ainda mais mulheres. Quem sabe um dia teremos cinquenta por cento de mulheres em pastas ministeriais? A gente ter como presidente da Caixa Econômica e do Banco do Brasil duas mulheres, isso é muito marcante, muito impactante. Estamos num caminho em que vamos conseguir aumentar essa paridade, mesmo que não seja agora, de imediato, mas iremos. 

MN: Qual será o maior desafio para atuar como ministra de igualdade racial no país que ainda nega sua estrutura racista?

Anielle: Eu acho que a gente tem muitos desafios de que as pessoas nos escutem e acolham, que façam políticas públicas conosco. Que nos tratem como um ministério de uma pauta que é de extrema importância para o país inteiro.

MN: Quais são as primeiras ações planejadas para o ministério? 

Anielle: Estamos ainda planejando as ações prioritárias pra esses 100 primeiros dias, mas eu já garanto que nestas ações estão principalmente o enfrentamento ao genocídio da população preta; o fortalecimento de leis que permitam e garantam cada vez mais o acesso das pessoas no ensino superior; o fortalecimento de leis que já existem como a Lei 639 e 645, que tornaram obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nas escolas. A gente vai debater a saúde da população negra de uma maneira eficaz, concreta porque são dados muito alarmantes. Passa por garantir que essas pessoas tenham a dignidade de volta, então é comida no prato, emprego, condições de moradia. Estas ações são prioritárias.

MN: Existe algum planejamento de atuação conjunta com o ministério dos Direitos Humanos, ou secretarias como a das mulheres, juventude ou população LGBTQIA+?

Anielle: Já estamos conversando com alguns ministérios, vamos continuar fazendo isso tanto com Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania quanto com Ministério da Justiça para os próximos dias.

MN:  O que a população de favelas e periferias podem esperar das ações do Ministério da Igualdade Racial? 

Anielle: Teremos uma assessora especial para periferias e favelas para estabelecer esse diálogo que é muito importante, é inadmissível que uma pessoa que venha da favela não tenha esse contato, então teremos esse canal. Eu preciso estar conectada com as favelas do Brasil inteiro, isso é questão de honra, estamos planejando como vai ser isso. Essa é uma das minhas prioridades também. 

MN: Qual o principal legado que a luta de Marielle deixou para o seu trabalho como ministra? 
Anielle: O legado da Mari, que chega também até aqui, é uma resposta para esses quatro anos tenebrosos que nós tivemos. É uma mulher preta favelada que também chega aqui. Então é pensar a favela como esse lugar cultural, digno, de felicidade, esse lugar que tem inúmeros astros que estão ali só esperando uma oportunidade. A gente pode avançar nisso. Eu sou fruto da oportunidade do esporte, também farei coisas com Ana Moser, – Ministra do Esporte – o esporte e a educação salvaram minha vida. Quero pensar um plano em conjunto para estabelecer ações concretas para o povo favelado.

Anielle Franco e Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas do Brasil | Foto: Ueslei Marcelino

Maré ganha mais duas academias cariocas

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Equipamentos de ginásticas beneficiam Nova Holanda e Parque União

Por Hélio Euclides

Na última semana, a prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou duas novas academias cariocas na Maré, nas clínicas da família Jeremias Moraes da Silva e Diniz Batista dos Santos, na Nova Holanda e Parque União, respectivamente. As cerimônias contaram com a presença de Eduardo Paes, prefeito da cidade do Rio. As duas unidades dos equipamentos de atividades físicas terão a capacidade de atendimento de cerca de 250 usuários.

As Atividades da Academia Carioca são acompanhadas por profissionais de Educação Física. As unidades de saúde receberam equipamentos como: remado sentado, rotação diagonal, simulador de cavalgada, surf, esqui, simulador de caminhada, pressão das pernas, multi-exercitador, alongador e rotação vertical. “Antes tinha que fazer ginástica no Clube de São Cristóvão ou no Fundão. Esses equipamentos são bem-vindos para a nossa saúde”, comenta Ana Leila, de 57 anos, moradora do Parque União. 

As duas unidades do Programa Academia Carioca vão ampliar a oferta de atendimento do programa que atua, desde 2009, em unidades de Atenção Primária, como clínicas da família e centros municipais de saúde, com práticas de promoção ao bem-estar físico, mental e social. “É equipamento de saúde, que vai auxiliar na perda de peso, para a questão respiratória, fundamental para a articulação e o equilíbrio dos idosos”, expõe Daniel Soranz, secretário municipal de saúde. 

As duas academias estão em fase de inscrições. “A clínica tem dois avanços. Hoje foi a inauguração da academia e em novembro o consultório de odontologia. Para a academia já temos 96 inscritos, depois faremos a relação final para formação de equipes e divisão de horários”, diz Tamires Silva, gerente da Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva. O programa conta com atividades como ginástica, capoeira, dança, grupos de caminhada e recreação. “A academia é um ganho em prol da saúde”, resume Tereza Mourão, gerente da Clínica da Família Diniz Batista dos Santos.

Academia x acessibilidade

Desde a inauguração em 2018, da Clínica da Família Diniz Batista dos Santos, que fica próximo ao BRT Maré, há reclamação sobre o acesso que é feito por uma passarela com degraus. Para idosos, pessoas com deficiências, grávidas e mães com carrinho de bebê a mobilidade para se consultar na unidade de saúde encontra a barreira de 35 degraus. “Amei a academia que vai melhorar a qualidade de vida. Mas falta acessibilidade, eu mesmo já tive de ajudar mãe com criança pequena e pessoa com uso de muleta. Até chegar de carro aqui é difícil”, conta Márcia Cristina, de 53 anos, moradora do Parque União. Outro problema encontrado foi no estacionamento da unidade, o esgoto entupido. “Fica feio uma unidade de saúde com esgoto dessa forma e não ter acessibilidade. Imagina como é chegar à clínica um cadeirante? São muitos degraus”, expõe Roberto Estácio, presidente da Associação de Moradores do Parque União.

O Maré de Notícias questionou Felipe Brasileiro, novo gestor da Gerência Executiva Local, sobre os dois problemas. “Sou morador da Maré e estou no cargo para ser a ponte da população com a Prefeitura. Vamos resolver o problema do esgoto. Sobre a demanda da passarela, realmente não sabia, vamos estudar para tomar as medidas necessárias”, afirma.

Mutirão para pré-matrícula de crianças, adolescentes, jovens e adultos fora da escola na Maré termina nesta segunda

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Mais de 200 atendimentos foram realizados

Por Adriana Pavlova

Associação de Moradores do Conjunto Esperança, Maré, quarta-feira, dia 18 de janeiro de 2023. Não eram nem 10 horas da manhã e uma fila de mulheres já se formava no pátio em busca de ajuda para matricular seus filhos nas escolas da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. Ali e em outros oito pontos das favelas da região, dezenas de voluntários davam início à campanha Vamos pra escola, organizada pela Redes da Maré em parceria com associações de moradores, com o objetivo de facilitar a pré-matrícula de crianças, adolescentes, jovens e adultos que estão fora da escola, uma vez que o processo é feito online pelo site www.matricula.rio  ou no aplicativo Rioeduca em Casa.  Nos dois primeiros dias de mutirão na Maré, foram feitos 189 atendimentos. A campanha, que envolve uma equipe de cerca de cem pessoas, será encerrada nesta segunda, seguindo o calendário oficial da Secretaria Municipal de Educação.

No Conjunto Esperança, a cuidadora de idosos desempregada Sueli Ramos de Oliveira aguardava com ansiedade a chance de finalmente conseguir uma vaga para seu filho João Vinícius, de 7 anos, depois de mais de um ano de tentativas em diferentes escolas da Maré e até idas à 4a. Coordenadoria Regional de Educação (CRE), em Olaria. Mas, nem sendo uma das primeiras a tentar, Sueli mais uma vez só encontrou vagas em escolas fora da Maré. Não havia vaga para o João e nem para o filho mais novo, Enzo, de 4 anos. Foi embora desconsolada, sob o olhar tristonho dos dois filhos: 

“No ano passado, só tinha vaga numa escola distante, na Avenida Leopoldo Bulhões, em Manguinhos, que é longe e precisa de condução para chegar. João ficou o ano inteiro sem estudar. Ele é muito curioso, quer aprender, e a pergunta que ele mais me faz é ‘Quando eu vou para a escola?’. Eu não sei mais o que fazer.”

No dia seguinte, Sueli acabou optando por inscrever seus filhos em escolas na região central da cidade, sabendo que o deslocamento diário será penoso para a família:

“Matriculei um numa escola no Estácio e o outro numa na Avenida Presidente Vargas. Não tenho ideia como vamos fazer, mas não dava para o João ficar mais um ano sem entrar na escola.”

Sueli Ramos Oliveira com os filhos Enzo e João. Foto: Patrick Marinho

Nos dois primeiros dias de pré-matrícula, houve dificuldades para se conseguir vagas em escolas da Maré para alguns segmentos de ensino.  Repetidamente, o sistema da Prefeitura indicava somente opções em bairros mais distantes. Em alguns casos, de tanto insistir, algumas poucas vagas surgiam. Segundo a 4a. CRE, o sistema é atualizado ao longo do dia, com vagas surgindo aos poucos. Na expectativa de conseguir vagas em escolas próximas às residências, evitando o deslocamento de crianças que nem sempre podem ir para a escola sozinhas, muitas mães, pais e responsáveis estão voltando mais de uma vez nos pontos de atendimento da Redes e nas associações. Nos dois primeiros dias de campanha, foram 90 casos de pré-inscrição não realizada por falta de vaga em escola próxima à residência e 62 pré-inscrições concluídas. Todos os casos estão sendo registrados, para serem entregues à Gerência de Supervisão e Matrículas da 4ª CRE. 

“A Redes da Maré está em constante diálogo com a Gerência de Supervisão e Matrículas da 4ª Coordenadoria Regional de Educação e, logo depois desse período de pré-inscrição, faremos uma reunião já articulada para avaliar se, conjuntamente, todos os casos de de crianças na Maré que não conseguiram vagas em escolas da região”, confirma Andréia Martins, diretora da Redes da Maré. 

Mas em meio à espera e frustrações, há também quem saiu satisfeito dos pontos de pré-matrícula, como foi o caso de Ângela Maria Lino, de 48 anos, que finalmente vai entrar na escola, depois de muitas décadas. Ex-aluna do projeto de alfabetização de mulheres da Redes da Maré “Escreva seu futuro”, agora Ângela vai estudar no Centro de Educação de Jovens e Adultos.

 “Já sei ler mas tenho muita dificuldade para escrever. Quero continuar aprendendo”, diz, sem esconder a alegria. “Agora eu já posso ler a Bíblia.”

 Ângela Maria Lino | Foto: Patrick Marinho

Nesta segunda, 23, todos os nove pontos estarão abertos das 10h às 17h (incluindo as associações de moradores de Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Esperança, Marcílio Dias, Roquete Pinto e Rubens Vaz) e ainda haverá o reforço na Lona Cultural Herbert Vianna, com esquema de plantão das 10h às 14h. O atendimento na Lona aconteceu no segundo dia de campanha, depois que a equipe de mobilização percebeu que para os moradores daquela região os pontos de pré-matrícula eram distantes.

“Montamos a estrutura na Lona e continuamos mobilizando a população no entorno para ajudar na pré-matrícula mas também para tirar todas as dúvidas relativas às matrículas, tudo com muito cuidado e afeto. Nos transformamos num balcão de informações para quem não tem acesso à internet mas sonha em voltar para a escola”, explica Kamila Camillo, psicóloga do Eixo de Educação da Redes da Maré.

Equipe do eixo Educação da Redes da Maré e voluntários da organização durante um dos dias da campanha. | Foto: Patrick Marinho

Sem dinheiro, Hospital Clementino Fraga Filho paralisa atividades

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Corte de verbas atinge unidade na Ilha do Fundão, levando à diminuição de leitos e de pessoal 

Por Hélio Euclides e Rebekah Tinôco*

Mesmo cedo, quem chega ao Hospital Clementino Fraga Filho (HUCFF, conhecido como Hospital do Fundão) se depara com uma enorme fila que dura quase toda a manhã, elevadores parados, emergência fechada e a sala de observação onde doentes se amontoam para passar a noite em cadeiras de plástico e de rodas. Um cartaz na recepção explica o motivo do cenário de carência e superlotação: redução de profissionais.

Os cortes que atingiram as universidades e institutos federais nos últimos anos foram recorrentes, mas conseguiram, em dezembro, levar o caos às contas das entidades de ensino: com o novo bloqueio de R$ 244 milhões pelo governo federal, elas ficam impossibilitadas de pagar a luz, funcionários terceirizados, contratos de serviço e até mesmo bolsistas.

 “As pessoas responsáveis pelos prontuários e por anotar ordem de chegada não estão trabalhando. Virou uma bagunça, os pacientes e os médicos é que precisam se organizar”, relatou um paciente.

Uma funcionária terceirizada, que preferiu não se identificar, disse que não sabia se ainda era uma funcionária ou se estava trabalhando sob aviso prévio: “Recebemos o último pagamento em novembro. No hospital ninguém sabe o nosso futuro. Está um caos, não estamos indo trabalhar, pois não temos dinheiro para passagem e alimentação.”

O que diz o hospital

Contatada, a assessoria de imprensa do Hospital Clementino Fraga Filho disse que “o hospital é o maior da cidade do Rio de Janeiro em volume, com  800 atendimentos ambulatoriais e, em média, 20 cirurgias, diariamente. Além disso, há mais de 300 pesquisas em andamento.” 

A direção-geral do HUCFF negou que existam registros de pacientes sendo atendidos em local inapropriado. “No auge da pandemia o hospital chegou a ter 310 leitos ativos, devido a verba suplementar do Ministério da Saúde destinada ao combate ao coronavírus.” A unidade informou que não teve como estender os contratos dos profissionais temporários e, por isso, a unidade reduziu o número de leitos para 186 leitos já em setembro.

*Aluna comunicadora do Programa de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o Maré de Notícias.

Maré: 29 anos como Bairro

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Por: Hélio Euclides

Era lá pela década de 1940 que o Morro, batizado de Timbau, acolhia uma das primeiras moradoras da Maré: Orosina. Ela representa muitos moradores que deram início ao conjunto de favelas. Com o tempo vieram mais diversas pessoas, de vários cantos da cidade e do país e novas favelas foram surgindo. Nem tinha terra para tanta gente, então a solução era fincar a madeira no mangue e construir palafitas. A vida era dura, uma luta para todos terem energia elétrica e a água, que era obtida nos bicões, por meio do rola ou da balança. Foram necessárias muitas mobilizações, muitas lideranças e uma Chapa Rosa, para lutar pelo direito à moradia, educação, cultura, saúde e saneamento básico. 

Em 1994 foi criado o bairro Maré. Contudo, uma lei pode não trazer tantos avanços como se espera. São mais de 140 mil moradores, quase uma cidade. Mesmo assim, os investimentos surgem lentamente. E geralmente não tem continuidade. Certa vez um jovem chamado Herbert Vianna que estudava na UFRJ, enquanto olhava para a Maré escreveu uma canção, que narrava bem o dilema: A esperança não vem do mar e nem das antenas de TV, a arte de viver na fé, só não se sabe fé em quê. Havia fé sim, na união e capacidade de mobilização. E assim muitas transformações aconteceram, mas ainda há muitos problemas a serem resolvidos. Já são 29 anos de um bairro que é potência. Tem uma população que almeja políticas públicas, que sofre pela desigualdade social e deseja uma segurança pública para todos os cidadãos que contribuem com o crescimento da cidade, do estado e do Brasil.

E que segue a lutar por uma Maré que Queremos!

Confira alguns momentos do conjunto de favelas pelos olhares dos fotógrafos mareenses: