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Mareenses marcam presença na corrida São Silvestre

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A corrida acontece em São Paulo e é a principal prova de rua da América Latina

Por Samara Oliveira

A 97ª edição da tradicional Corrida Internacional São Silvestre, que acontece no próximo dia 31 de dezembro, terá entre os 32 mil inscritos 12 moradores do Conjunto de Favelas da Maré. Amante da prática e líder do grupo de corrida Vício do Bem, o mareense Celso Roberto encara a corrida como início de um novo ciclo. 

“O Ano Novo é apenas o início de um novo ciclo. Correndo, fecho o ano de forma saudável, ainda mais num período de tantos comes e bebes deliciosos. Dessa vez vamos num grupo de 12 moradores da Maré, com previsão de retorno em casa por volta das 21h”, disse.

A corrida acontece em São Paulo e é a principal prova de rua da América Latina. O cronograma de largadas começará a partir das 7h25min, com a saída da categoria Cadeirantes. Em seguida, a partir das 7h40min, será a vez da Elite feminina, ficando para a partir das 8h05min o início da Elite masculina, Pelotão Premium, Cadeirantes com Guia e Pelotão Geral.

Aposentadoria que não dá conta

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Com a perda do poder de compra do salário mínimo, valor do benefício não garante o básico para a sobrevivência

Por Jorge Melo

Aposentar-se é um direito essencial, mas hoje representa pouca segurança para a maioria dos brasileiros. Num ranking com 44 países sobre que país é o melhor para se aposentar, o Brasil ocupa o penúltimo lugar. Quando se trata do valor médio da aposentadoria, o país também ocupa a 43ª posição, à frente apenas da Rússia.

Os dados são de um relatório anual da consultoria de investimentos Natixis, empresa franco-americana especializada em investimentos de nível internacional. Para calcular o ranking, a Natixis cruza dados relativos à saúde, qualidade de vida, inflação e bens materiais. Noruega, Suíça, Islândia, Irlanda e Austrália são os melhores países para deixar de trabalhar. Na América do Sul, o país mais bem colocado é o Chile, que aparece em 34º lugar. 

Países ricos como base

Segundo o economista Eduardo Fagnini, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o relatório revela o óbvio: a situação dos aposentados brasileiros tem relação com a Reforma Previdenciária, iniciada no governo Michel Temer (2016-2018) e concluída no governo Jair Bolsonaro (2019). 

Essa reforma, de acordo com ele, teve como referência países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne algumas das nações mais ricas do mundo, como EUA, Alemanha, França, Canadá e Japão.

“Existe um abismo a separar as condições de vida no Brasil e nos países mais ricos da OCDE. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) insere o Brasil entre os dez países mais desiguais do mundo. Não faz sentido comparar o Brasil com países da OCDE”, explica o economista.

Antes da reforma, por exemplo, o cálculo para a aposentadoria levava em consideração 80% dos maiores salários recebidos durante a carreira do trabalhador. Hoje, calcula-se a média de 100% dos salários — o que, segundo especialistas, leva à diminuição de até 15% do valor da aposentadoria. Segundo Eduardo Fagnani, “nas próximas décadas teremos milhares de pessoas idosas sem renda porque não conseguirão se aposentar.”

Segurança mínima

A costureira Mari Soares Pinto tem o perfil da maioria dos brasileiros que decidem parar de trabalhar. Hoje com 63 anos, ela conseguiu se aposentar por idade antes da reforma: se antes a idade mínima era 60 anos, agora é de 62 anos para as mulheres e de 65 anos para os homens. 

Mari trabalhou por 15 anos e recebe hoje um salário mínimo por mês. “Ele deveria ser pelo menos de uns R$ 2 mil”, reclama. Pela lei atual, ela teria que ter pelo menos 20 anos de contribuição para obter o benefício. 

Casada com um profissional autônomo, a costureira reconhece, sem perder o bom humor, que a vida de aposentada não é fácil: “Quando reúno os amigos para um churrasco, dividimos tudo. E o lazer é pouco, igreja e praia — e pra essa levamos tudo de casa”, conta. 

A situação de Mari confirma o que pensa Eduardo Fagnani: apesar dos problemas, ainda temos o que comemorar: “Os avanços da Constituição Cidadã, entre eles a questão da aposentadoria, são importantíssimos. Desde 1988, por exemplo, o piso da Previdência Social não pode ser inferior ao salário mínimo.”

Sistema sucateado

O economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp Waldir Quadros observa que, diante da desigualdade no Brasil, devemos separar os aposentados de poder aquisitivo mais elevado daqueles advindos das camadas populares. 

Segundo ele, “os primeiros normalmente recorrem à saúde privada, adquirem bens materiais que possibilitam maior qualidade de vida e conseguem se defender melhor da inflação. Já os mais pobres dependem exclusivamente do sucateado sistema de saúde pública, sofrendo demais nas filas e com um atendimento precário”.     

As aposentadorias no Brasil variam de R$ 1.212 (um salário mínimo) ao chamado teto da Previdência, hoje de R$ 7.087,22 — o maior valor que um aposentado da iniciativa privada consegue receber. Existem sistemas especiais, com remunerações acima desse teto, para militares e funcionários públicos e do Poder Judiciário.

Segundo o economista, a inflação atinge diretamente os aposentados mais pobres, reduzindo muito seu poder aquisitivo e comprometendo até mesmo sua alimentação: “A luta é para sobreviver, estando muito distantes da qualidade de vida e aquisição de bens materiais para viver com mais conforto.”

Um levantamento realizado em todas as capitais brasileiras pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que 21% dos aposentados continuam trabalhando. Desses, 47% o fazem porque o valor da aposentadoria não é suficiente para pagar as contas. 

Valor corroído

Para os milhões de aposentados brasileiros, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, em seus primeiros pronunciamentos, avisou que seu governo retomará a fórmula que possibilita corrigir o salário mínimo pela taxa de inflação do ano anterior e ainda acrescentar um ganho real, baseado no crescimento do Produto Interno Bruto dos anos anteriores. 

Esse mecanismo, em vigor até 2019, possibilita recuperar uma pequena parte do poder de compra das aposentadorias, achatado nos últimos quatro anos, dos mais de 60% dos aposentados brasileiros que recebem um salário mínimo por mês.

Essa decisão influencia também o reajuste dos benefícios de quem recebe acima de um salário mínimo; nesses casos, é usado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele mede a inflação e leva em conta o custo de vida das famílias que recebem até cinco salários mínimos.

Desde o Plano Real, criado em 1994, Jair Bolsonaro é o primeiro presidente a terminar o mandato com o salário mínimo com menor poder de compra do que aquele vigente à época da posse. Os cálculos foram feitos pela corretora de valores e câmbio Tullett Prebon Brasil. Caso o governo Bolsonaro seguisse a política de reajuste vigente entre 2011 e 2019, o salário mínimo hoje seria de R$ 2.270, segundo estudo do economista Francisco Faria, da LCA Consultoria. 

Arides Meneses, morador da Nova Holanda, tem dois filhos e dois netos, está aposentado há sete anos e recebe dois salários mínimos. Ele faz parte de uma minoria que conseguiu manter o padrão de vida, embora reconheça que tem que economizar porque o poder de compra do benefício caiu nos últimos anos: “Consigo viver com minha aposentadoria e não preciso trabalhar para completar o orçamento, mas acho que o valor poderia ser maior.”

Cem anos de Previdência

Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Brasil tem hoje cerca de 21 milhões de aposentados urbanos, nove milhões de aposentados rurais e cinco milhões que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) — aquelas pessoas que, mesmo não tendo contribuído para a Previdência, recebem um salário mínimo mensal ou têm alguma deficiência física ou mental. 

Às portas de completar seu centenário (em 24 de janeiro de 2023), a Previdência Social é, como explica o economista Waldir Quadros, uma instituição fundamental apesar dos muitos problemas, e que precisa ser aprimorada.

“Junto com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a Previdência Social foi introduzida no Brasil pela política social de Getúlio Vargas, tornada possível pela Revolução de 1930. A sua relevância pode ser percebida pelos constantes ataques dos neoliberais, sempre procurando retirar direitos e reduzir o gasto com os mais necessitados. Por isso ela deve ser decididamente defendida pelos democratas.”

Maré não aparece em Sistema de Alerta e Alarme para chuvas da Defesa Civil

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As famosas chuvas de verão causam alagamentos nas ruas da Maré e nas casas dos moradores

Por Andrezza Paulo

O verão chegou na última quarta-feira (21) com fortes chuvas e tempo fechado no Rio de Janeiro. A chegada da estação acende alerta para antigos problemas como alagamentos e inundações. 

Segundo a meteorologia, o primeiro final de semana da estação não será de muito sol. A previsão indica chuva fraca e temperatura baixa com retomada de chuva já no início da próxima semana. 

A Prefeitura do Rio de Janeiro lançou um plano de contingência com obras e drenagem de rios pela cidade. O investimento de R$ 1,2 bi será dividido em 49,15% para Zona Oeste, 35,04% para Zona Norte, 14,95% na Zona Sul e 0,85% no Centro do Rio de Janeiro.

A Maré

Embora a Maré seja composta por 16 favelas, nenhuma delas está no Sistema de Alerta e Alarme para chuvas da Defesa Civil. Esse sistema mostra os pontos críticos de cada lugar e aciona sirenes que alertam para as fortes chuvas, direcionando o morador a se abrigar. 

Em questões geográficas, a Maré tem a maior parte do seu território plano, com poucos riscos de deslizamentos. Porém a baixíssima atuação do Estado e da Prefeitura na infraestrutura e saneamento básico da região e as chuvas de verão preocupam os moradores. 

Dona Elizete tem 67 anos, é moradora da Nova Holanda e trabalha como passadeira na Zona Sul da cidade. Ela conta que os alagamentos na altura da rua Bittencourt Sampaio já duram anos e dificultam a saída da comunidade: “Eu já não sou tão nova e toda vez que chove, nem precisa ser muito forte, ali fica tudo alagado e não tem como passar. Aí eu tenho que ir pela Teixeira porque a Malha também alaga”. A senhora de 67 anos conta que em dias de chuva já chega no trabalho cansada pelas caminhadas que precisa fazer para se deslocar. 

Para Natália Amanda, de 33 anos, a chuva de verão é preocupante pois causa infiltração e goteira na residência. Mãe de quatro filhos, a moradora da Rua das Rosas conta que a umidade da casa afeta a saúde das crianças: “os menores caem logo doentes, começam a tossir e fica muito difícil”, disse. Nesta rua, o ponto de alagamento dura dias e os próprios moradores precisam drenar a água. Natália revela que leva de dois a três dias para escoar a água: “Tem muita criança e idoso aqui. Quando dá, a gente puxa a água mas tem dia que não dá. Tá cheio de lixo no bueiro e ninguém vem fazer essa limpeza”, conta.

Casa da moradora Natália tem infiltração após chuva (Foto: Andrezza Paulo)

Os planos de contingência do Estado e da Prefeitura não consideram a Maré. Os moradores revivem todo verão os mesmos impactos e contam com a própria mobilização para evitarem danos maiores.

Publicado decreto que institui o Programa Nacional Qualifica Mulher

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Com Agência Brasil

Ele busca a projeção econômica de mulheres em vulnerabilidade social

Com a finalidade de fomentar ações de qualificação profissional, de trabalho e de empreendedorismo, para promover geração de emprego e renda para mulheres em situação de vulnerabilidade social, o Diário Oficial da União publica, nesta terça-feira (27), o Decreto nº 11.309, de 26 de dezembro de 2022, que institui o Programa Nacional Qualifica Mulher.

O programa, por meio de formação de parcerias com os poderes federal, estadual, municipal e distrital, e com entidades e instituições, públicas e privadas, busca a projeção econômica de mulheres em vulnerabilidade social, atendendo, prioritariamente, as que tenham renda mensal de até um salário mínimo e meio, ensino fundamental incompleto e sejam vítimas de violência doméstica.

O Qualifica Mulher também fomentará, entre outras ações, a educação profissional, a fim de aumentar a empregabilidade dessas mulheres e sua capacidade para o exercício de qualquer trabalho; promover medidas que contribuam para o desenvolvimento e para a sustentabilidade financeira; a inserção e a reinserção de mulheres mães no mercado de trabalho, a conciliação entre trabalho e família e a equidade e corresponsabilidade no lar.

Além disso, o programa visa estimular iniciativas que ampliem a oferta de microcrédito para o empreendedorismo da mulher, por meio da articulação com órgãos, entidades e instituições, públicos e privados, desenvolvidas pela Estratégia Nacional de Empreendedorismo Feminino – Brasil para Elas.

Parcerias

O decreto diz ainda, em um dos seus artigos, que as “parcerias para execução do Programa Nacional Qualifica Mulher poderão ser firmadas por meio de convênios, de acordos de cooperação, de termos de execução descentralizada ou de outros instrumentos congêneres, com órgãos e com entidades da administração pública federal, estadual, distrital e municipal e com entidades e instituições privadas”.

Internet de qualidade também é direito

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Desafio da tecnologia é chegar com a mesma qualidade no interior do país e nas favelas

Hélio Euclides, João Gabriel Haddad (*) e Rebekah Tinôco (*)

Em outubro deste ano, a rede de internet móvel 5G foi ativada (com dois meses de atraso) em todas as capitais do país, incluindo o Distrito Federal. Se a expectativa é de que a cobertura atinja todos os municípios brasileiros até o fim de 2029, o problema maior é o novo sistema ter igual desempenho no país todo — incluindo cidades do interior do Brasil e favelas. Apenas com o desenvolvimento igualitário será possível uma verdadeira democratização da internet. De acordo com o Instituto Locomotiva, 43% dos moradores de favelas não possuem internet de qualidade. O Jornal Voz das Comunidades, do Complexo do Alemão, publicou em outubro de 2021 uma reportagem  sobre o projeto Rio Estado Digital, que prometia mudar essa realidade, com disponibilidade de internet gratuita. 

O projeto do governo estadual começou em 2009, mas foi descontinuado quando começaram a surgir falhas. Na Maré, o sinal era captado na Avenida Brasil, mas nem sempre funcionava corretamente. Em 2017, o programa foi encerrado, sem que a democratização do acesso à internet se concretizasse.

Atualmente, a tecnologia 5G está muito distante das favelas. Na Maré, moradores ainda precisam superar a falta cotidiana de sinal da internet em celulares e a lentidão na conexão dos telefones fixos. A internet ruim foi um dos motivos que fez Mateus Vieira se mudar da Maré. 

“Morava no Morro do Timbau, local onde os internautas mais sofrem. Acredito que a internet 4G é relevante e aceitável; o problema é que na favela nem o 3G pega. Sou estudante e na pandemia não consegui estudar, pois a internet era caótica”, conta o aluno de história da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Alguns moradores esperam com ansiedade a nova tecnologia de transmissão de dados. É o caso de Jadson Couto, dono de uma empresa de manutenção de impressoras na Baixa do Sapateiro. 

“Teoricamente vai ajudar muito, principalmente com novos serviços, na agilidade dos que já existem e na comunicação”, espera ele. Contudo, quando se fala de favela, Jadson tem dúvidas quanto à disponibilidade do 5G. “A tecnologia é muito boa, porém a cobertura na comunidade ainda deixa a desejar. Dependendo da região nem sinal pega. Hoje em dia se limita somente a bairros com poder aquisitivo alto”, acredita. [INSERIR OLHO]

A chegada da nova tecnologia também preocupa quando se fala de aumento da desigualdade social. No programa Canal Livre que foi ao ar no último dia 20 de novembro, o prefeito de Araraquara (São Paulo), Edinho Silva, lembrou que os avanços precisam chegar a todos os municípios do país e em todas as áreas: “Hoje, é preciso que pelo menos o 4G chegue às escolas públicas e mais ainda, que elas tenham equipamentos adequados para os seus alunos.” 

A primeira favela 5G do Brasil

A operadora TIM e a ONG Gerando Falcões (que atua em favelas de todo o Brasil usando análise de dados para combater a pobreza) anunciaram que uma comunidade em São José do Rio Preto (São Paulo) — mais especificamente, a Favela Marte — será a sede do projeto-piloto “Favela 3D”, se tornando a primeira no país plenamente conectada ao 5G. Duzentas famílias serão beneficiadas pela iniciativa, que tem como meta a instalação da quinta geração de transmissão de dados no local até agosto de 2023.

Segundo a TIM, com o projeto a empresa espera colaborar para a construção de um mundo mais igualitário: “O setor cultural e a produção de conteúdo, que possuem um potencial enorme nas comunidades, serão alguns dos segmentos mais beneficiados pelo 5G, capazes de irradiar para cada vez mais longe o poder de negócios das favelas.” 

A operadora, de acordo com sua assessoria, quer contribuir para potencializar outros tipos de serviços, como educação, saúde e o comércio local.

Popularizar a tecnologia

O 5G é a nova geração de distribuição de dados do sistema de telefonia móvel celular. Ele é até cem vezes mais rápido que o 4G, com velocidades que podem chegar a mais de 1000 Megabits por segundo, com um pequeno intervalo de transferência de dados entre dispositivos. 

“A rede 5G é caracterizada por uma estrutura híbrida que maximiza diversos serviços”, explica João Dias, pesquisador e engenheiro de telecomunicações. 

Popularizar a tecnologia é considerado um consenso para o sucesso do 5G nos próximos anos. Porém, João Dias lembra que a implementação da rede em comunidades passa por mais desafios, como a instalação de equipamentos. 

Como o alcance das antenas 5G pode ser limitado, áreas densamente ocupadas (como as de favelas) exigem um planejamento mais cuidadoso para garantir a cobertura total daquela região. O acesso de veículos de grande porte para instalação do equipamento também deve ser avaliado, já que eles podem enfrentar dificuldades em circular em vias estreitas das comunidades.

Futuro à vista

Além da velocidade, o 5G contribui para o aperfeiçoamento do suporte a serviços de internet e automação industrial e de serviços como a indústria 4.0, ou seja, totalmente automatizada a partir de sistemas que combinam máquinas com processos digitais, carros autônomos e casas e cidades inteligentes.

O usuário precisa de um dispositivo compatível para usufruir da rede 5G, além de estar na área de cobertura. Embora ainda não esteja disponível em muitas localidades (até mesmo dentro das capitais), a TIM já registrou um aumento da demanda por celulares com a nova tecnologia 5G.

 Segundo a empresa, “observamos que 40% das nossas vendas de smartphones são de modelos 5G, e 75% dos nossos aparelhos à venda são compatíveis com a nova tecnologia”.

A implementação do 5G, entretanto, não está consolidada e o preço dos serviços e aparelhos pode ser maior do que os similares com outra tecnologia. Por isso, na opinião do João Dias, a aquisição de novos aparelhos apenas para ter acesso à nova tecnologia, no cenário atual, deve ser feita com cautela. 

Maior parte dos mareenses acessa a web pelo celular, mas, mesmo no computador, lentidão da conexão costuma ser um desafio – Foto: Douglas Lopes

Atrasos e desafios

O desembarque do 5G no Brasil passou por problemas técnicos e políticos, o que explica os atrasos na disponibilização do serviço no país. O alcance limitado do sinal por conta da utilização de frequências altas exigiu o planejamento da instalação de equipamentos mais potentes e mais antenas espalhadas pelas cidades. 

“Foi necessário trabalhar com frequências que nunca haviam sido usadas para comunicações móveis, e isso impõe desafios no desenvolvimento de novas tecnologias para atender esses objetivos”, explica João Dias.

O pesquisador também atribui disputas comerciais entre os EUA e a China à demora da chegada do 5G ao país: “Isso acabou, de certa forma, provocando um atraso na tomada de decisão da Agência Nacional de Telecomunicações”, pondera.

Até o fim de 2030, além de disponibilizar o 5G em todos os municípios brasileiros, as empresas de telecomunicação precisam garantir o sinal em 1.700 localidades consideradas não-urbanas — o que vai depender do desenvolvimento de planos de negócio pelas empresas que contemplem essas regiões. 

Será preciso também que os governos locais e federal ofereçam incentivos fiscais ou acordos a essas empresas, como os firmados no leilão do 5G em 2021. Na ocasião, o governo federal viabilizou a compra das frequências pelas operadoras, mas impôs metas como a disponibilização de sinal 4G e 5G em escolas.

*Alunos comunicadores do Programa de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o Maré de Notícias.

Maré em Brasília: Anielle Franco será Ministra da Igualdade Racial em governo Lula

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A mareense foi anunciada junto com outros 16 novos ministros incluindo a socióloga Nísia Trindade que assumirá o Ministério da Saúde

A jornalista, escritora, educadora, ativista dos direitos das mulheres e dos negros e cria da Maré, Anielle Franco, foi anunciada nesta quinta-feira (22) pelo presidente eleito Lula para o Ministério da Igualdade Racial. Anielle é irmã de Marielle Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 14 de março de 2018. Recentemente lançou durante a Flup na Maré seu primeiro livro, “Cartas para Marielle”, uma reunião de textos de parentes sobre a experiência de luto por Marielle Franco, sua irmã e referência, e colaborou na autobiografia de Angela Davis.

Atualmente a jornalista é diretora executiva do Instituto Marielle Franco, organização sem fins lucrativos (ONG) criado pela família da ex-vereadora, para potencializar mulheres negras. Anielle também é formada em inglês, sendo as duas graduações pela Universidade Central da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, mestre em Jornalismo pela Universidade A & M Flórida e em Relações Internacionais pela Cefet/RJ.  Também faz doutorado em Linguística Aplicada na UFRJ.


Em uma publicação no LinkedIn, a agora ministra disse que deixará o cargo no Instituto Marielle Franco temporariamente, mas garante que o local será gerenciado pela equipe de gestão e pela família: “O Instituto Marielle Franco seguirá firme defendendo a memória, lutando por justiça, multiplicando o legado e regando as sementes da minha irmã”, concluiu.

Nísia Trindade é a primeira mulher a assumir o Ministério da Saúde

“O projeto #VacinaMaré foi um sucesso já na primeira fase, superando as expectativas”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz (foto: Aline Câmera)

Já no Ministério da Saúde a socióloga Nísia Trindade, atual presidente da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), ocupará a pasta no lugar de Marcelo Queiroga. 

Nísia Trindade é a primeira mulher a assumir o Ministério da Saúde, assim como em 2016 foi a pioneira na presidência da FioCruz e teve papel importante no acordo internacional que trouxe para o Brasil a produção de vacinas Oxford/Astrazeneca. Na Maré, sua atuação durante a campanha da vacinação em massa foi fundamental. 

A presidenta da Instituição esteve presente no território nas cerimônias de abertura das fases da campanha e também em maio deste ano quando recebeu a maior honraria concedida pelo governo do Estado, a medalha Tiradentes, por meio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), iniciativa da deputada mareense Renata Sousa. Na cerimônia, a fundadora e diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa, também recebeu o reconhecimento. 

Conheça os outros ministros anunciados por Lula

Geraldo Alckmin – vice-presidente também será ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio;

Fernando Haddad – Ministério da Fazenda;

Flávio Dino – Ministério da Justiça;

Rui Costa – Casa Civil;

José Múcio Monteiro – Ministério da Defesa;

Mauro Vieira – Ministério das Relações Exteriores;

Wellington Dias – Ministério do Desenvolvimento Social;

Nísia Trindade – Ministério da Saúde;

Márcio Macêdo – Secretaria Geral da Presidência;

Camilo Santana – Ministério da Educação;

Alexandre Padilha – Secretaria das Relações Institucionais;

Luiz Marinho – Ministério do Trabalho; 

Luciana Santos – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações;

Jorge Messias – AGU (Advocacia Geral da União);

Silvio Almeida – Ministério dos Direitos Humanos;

Anielle Franco – Ministério da Igualdade Racial;

Márcio França – Ministério dos Portos e Aeroportos;

Margareth Menezes – Ministério da Cultura;

Cida Gonçalves – Ministério das Mulheres;

Esther Dweck – Ministério de Gestão e Inovação;

Vinicius Carvalho – CGU (Controladoria Geral da União).