Home Blog Page 134

Os desejos dos moradores da Maré para 2023

0

Oito em cada dez entrevistados têm sentimentos positivos para o Ano Novo

Por Lucas Feitoza e Hélio Euclides

“Adeus, ano velho, feliz Ano Novo. Que tudo se realize, no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”. Todo ano essa musiquinha de David Nasser e Francisco Alves é cantada após a contagem regressiva de um novo ano. Diferente da festa de Natal, a passagem de ano tem um tom mais informal, com direito às promessas e simpatias. Para alguns, não pode faltar os tradicionais pulinhos de onda do mar e saborear uvas, lentilhas e sementes de romã. Além de escolher a cor da roupa íntima, com o que mais anseia para os novos 365 dias. Vale muita fé para entrar com pé quente em 2023.

Réveillon é tempo de completar um ciclo e aguardar com ansiedade a nova etapa. As festas de final de ano marcam as vidas de todos. Uma encerra o ano e a outra é o início de outros 365 dias. Para alguns a primeira festa tem um significado religioso. “Natal tempo de nascimento, espera do menino e bênçãos de Deus. Na ceia tem rabanada, frango, salada, por meio de partilha. Já a festa de Ano Novo é o desejo de dias mais fraterno, mais justo, com mais respeito, amor, esperança e solidariedade para um mundo mais feliz”, deseja Sandra José, moradora da Vila do João.

No Réveillon ocorrem também as viagens, os encontros com amigos e um luau na praia. A virada dá direito a shows gratuitos nas areias, como na Praia de Ramos, com DJ Juninho Timbau, L1 Rapper, Delacruz, Maneirinho e a escola de samba Imperatriz Leopoldinense. Também não se pode esquecer da abertura de uma garrafa de champanhe, prosecco, espumante ou cidra, no momento da virada.

“Comemoro o Natal, mas gosto mais do Ano Novo. Na passagem do ano gosto de beber muito e queria ter dinheiro para viajar, o destino seria Porto de Galinhas, em Pernambuco. Mas hoje me contento de entrar 2023 bem comigo mesmo”, conta Vera dos Santos, moradora da Vila do João

Na festa que abre 2023, Celso Roberto, professor de Educação Física e líder do grupo de corrida Vício do Bem, vai fazer o que mais gosta, correr a Corrida de São Silvestre, pelas ruas de São Paulo – como adiantou o Maré de Notícias nesta semana. “O Réveillon é apenas o início de um novo ciclo. Correndo, fecho o ano de forma saudável, ainda mais num período de tantos comes e bebes deliciosos. Dessa vez vamos num grupo de 12 moradores da Maré, com previsão de retorno em casa por volta das 21h”, comenta.

Valdineide Bernardo, moradora de Marcílio Dias, confirma o lema de que brasileiro não desiste nunca. “A felicidade vem de dentro de você, aonde estiver contagia. Pode não estarmos passando por um momento bom, mas não podemos descontar nos outros. Estamos passando um sufoco financeiro, confirmado para o Natal na mesa feijão e arroz, mas gosto de chester, frutas, uvas passas, bolo e salpicão”, conta. Para ela, 2023 vai ser o ano da união faz a força. “Este ano minha meta foi terminar o curso de enfermagem e consegui. Pretendo continuar a dividir os alimentos com os vizinhos, pois na comunidade é assim, um ajudando o outro”, conclui. 

Amanda da Silva, liderança comunitária da Nova Holanda diz que passamos por um momento de avaliação. “O Réveillon é a renovação da esperança. A passagem do ano é hora de um bom churrasco. Sobre a comida, não sei o motivo dessas escolhas”, expõe.  

Tradições de Ano Novo

Quando se fala de Réveillon a roupa branca para pedir um ano de paz é quase unanimidade. Culturalmente nem todo o mundo pensa dessa forma, para os africanos a morte é simbolizada pelo branco. O site Astrocentro diz que o ideal é ter a passagem de ano com vestuário preto. Acrescenta que no Réveillon a cor preta transmite a sensação de sofisticação, luxo e elegância. O preto é a ausência de cor, por isso, é ideal para ser usada por pessoas que buscam proteção contra as energias negativas, garantindo um próximo ano equilibrado e estável.

Para outros, o look ideal é a escolha correta da lingerie. Para os supersticiosos, o vermelho remete a paixão, força e energia. O azul traz tranquilidade, harmonia e saúde. O verde representa esperança, equilíbrio e recomeço. O laranja atrai o sucesso financeiro e auxilia nas questões profissionais. O violeta significa estabilidade. O amarelo simboliza a prosperidade e o dinheiro. O roxo e o lilás é para quem busca autoconhecimento. O branco ajuda a elevar as vibrações. 

A trancista Daniele Paiva, 24 anos, que mora na Vila do Pinheiro, conta que vê a fase da lua para saber quais pedidos fazer na virada do ano e escolhe a roupa íntima de acordo com o que deseja para seu Ano Novo; “Vejo qual lua vai estar para saber o que eu devo pedir e sempre uso uma calcinha nova, tipo quero paz boto calcinha branca, quero dinheiro, uma calcinha amarela. Não precisa ser roupa, eu nunca liguei para roupa não, já usei preto, já usei dourado, mas esse da lua sempre faço. E agradecer também, sempre agradeço.” 

Já sua mãe, a costureira Elisabet Araujo, 63,  toma banhos de ervas para entrar no ano novo com as energias renovadas e para atrair prosperidade come lentilha sem pôr os pés no chão e ensina a fazer um amuleto; “colocar arroz cru, canela em pau e moedas dentro de um pote e deixar dentro de casa,  se já tiver feito trocar” conclui.

Expectativas para 2023

De acordo com as pesquisas Observatório Febraban e RADAR Febraban, realizada no início de dezembro, com três mil pessoas, quase oito em cada dez entrevistados têm sentimentos positivos para 2023, sendo esperança, alegria e confiança os principais. A diferença entre os sentimentos positivos (76% dos entrevistados) em relação às expectativas negativas (23%) é significativa. 

Elisabet deseja que no Ano Novo todos tenham saúde e que seja um ano de mais prosperidade “que seja bem melhor que esse, apesar de eu ter tido saúde muita gente não teve, e mais prosperidade, porque está ruim para o bolso” conclui. O certo é que não há uma fórmula mágica para o melhor ano da vida. O importante é que cada um possa contribuir com bons sentimentos como paz, amor, alegria, esperança, para um ano novo de prosperidade.

O Maré de Notícias deseja a todos os leitores um Feliz 2023, com todas as realizações!

Rei do futebol, Pelé morre aos 82 anos

0

O atleta estava internado no hospital Albert Einstein, em SP

Com Agência Brasil

Edson Arantes do Nascimento, que ficou mundialmente conhecido como  Pelé, morreu hoje (29), aos 82 anos, no Hospital Albert Einstein, na zona Sul da capital paulista. De acordo com boletim médico, a morte ocorreu em decorrência de falência múltipla de órgãos. 

“O Hospital Israelita Albert Einstein confirma com pesar o falecimento de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, no dia de hoje, 29 de dezembro de 2022, às 15h27, em decorrência da falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do câncer de cólon associado à sua condição clínica prévia”, diz o texto divulgado. Pelé estava internado no hospital desde 29 de novembro. 

Kely Nascimento, filha de Pelé, postou nas redes sociais uma mensagem de despedida. “Tudo que nos somos é graças a você. Te amamos infinitamente. Descanse em paz”. O Santos Futebol Clube publicou uma imagem de uma coroa com o dizer “eterno”. 

Jogador do século

Pelé foi consagrado como o jogador do século pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol e faz parte dos vencedores do prêmio de Melhor Jogador do Século da Fifa e também do Comitê Olímpico Internacional, como lembrou o repórter Hélio Euclides na matéria sobre os 80 anos do Rei para o Maré de Notícias em 2020.

O Rei do Futebol teve feitos históricos, entre eles, o gol do dia 19 de novembro de 1969. O craque chegava ao milésimo gol aos prantos. “Pelo amor de Deus, minha gente! Agora que todos estão ouvindo, faço um apelo especial a todos: ajudem as crianças pobres, ajudem os desamparados. É o único apelo nesta hora muito especial para mim”, disse Pelé. 

Piscinão de Ramos ganha festa de Virada do Ano

0

O evento começa às 21h do dia 31 e contará com fogos de artifício e cinco atrações musicais

Por Andrezza Paulo

Estamos há poucos dias de 2023 e a expectativa para a virada do ano é grande. Além da esperança de um ano melhor, o réveillon carioca é marcado por grandes festas e no Conjunto de Favelas da Maré não será diferente. Uma das opções para quem vai passar o Reveillon na região é que a tradicional festa do Piscinão de Ramos está de volta.

O evento, que tem acesso gratuito, começa neste sábado (31), às 21h, com shows de DJ, Juninho Thybau, L1, Delacruz, Maneirinho e da Imperatriz Leopoldinense. O palco será montado na orla do Piscinão. Além das atrações musicais, a expectativa dos moradores é ainda maior pela volta da Praia de Ramos depois de cinco meses em manutenção. De acordo com a Prefeitura, até sábado o piscinão já estará totalmente cheio para a festa e alegria da população.

Os comerciantes também estão animados com o retorno das atividades de verão e com a Festa da Virada. A proprietária de um depósito de bebidas da região, dona Rosangela Castro, de 58 anos, está confiante com os shows desse ano: “Espero que venda bastante, que seja muito bom e alegre para todo mundo, tanto para quem compra quanto para quem vende”, afirmou.

Já Abelardo de Souza, de 53 anos, acredita que a expectativa da virada no piscinão depois da pandemia de Covid-19 é grande: “Ano passado choveu muito e só teve a queima de fogos, nós abrimos, mas foi muito triste. Esse ano vai ter show e vai ter samba da Imperatriz. Já estamos preparando o frango e as cervejas”, disse.

O comerciante Abelardo Souza está confiante para as vendas nesta virada (Foto: Andrezza Paulo)

A virada do ano no Piscinão de Ramos faz parte do Reveillon Carioca, tradicional festa realizada em Copacabana, que este ano foi estendida a nove pontos da cidade. A iniciativa é da Prefeitura do Rio de Janeiro e da RioTur. 

Para quem for curtir a virada no Piscinão de Ramos, vale lembrar que não há estacionamento privado no local, sendo o mais indicado se locomover de transporte público pela avenida Brasil e descer na altura da passarela 12.

Piscinão

O Parque Ambiental da Praia de Ramos foi criado em 2001 como uma solução para despoluir a praia do bairro. O espelho d’água tem o tamanho de quase 22 piscinas olímpicas. 

Mareenses marcam presença na corrida São Silvestre

0

A corrida acontece em São Paulo e é a principal prova de rua da América Latina

Por Samara Oliveira

A 97ª edição da tradicional Corrida Internacional São Silvestre, que acontece no próximo dia 31 de dezembro, terá entre os 32 mil inscritos 12 moradores do Conjunto de Favelas da Maré. Amante da prática e líder do grupo de corrida Vício do Bem, o mareense Celso Roberto encara a corrida como início de um novo ciclo. 

“O Ano Novo é apenas o início de um novo ciclo. Correndo, fecho o ano de forma saudável, ainda mais num período de tantos comes e bebes deliciosos. Dessa vez vamos num grupo de 12 moradores da Maré, com previsão de retorno em casa por volta das 21h”, disse.

A corrida acontece em São Paulo e é a principal prova de rua da América Latina. O cronograma de largadas começará a partir das 7h25min, com a saída da categoria Cadeirantes. Em seguida, a partir das 7h40min, será a vez da Elite feminina, ficando para a partir das 8h05min o início da Elite masculina, Pelotão Premium, Cadeirantes com Guia e Pelotão Geral.

Aposentadoria que não dá conta

0

Com a perda do poder de compra do salário mínimo, valor do benefício não garante o básico para a sobrevivência

Por Jorge Melo

Aposentar-se é um direito essencial, mas hoje representa pouca segurança para a maioria dos brasileiros. Num ranking com 44 países sobre que país é o melhor para se aposentar, o Brasil ocupa o penúltimo lugar. Quando se trata do valor médio da aposentadoria, o país também ocupa a 43ª posição, à frente apenas da Rússia.

Os dados são de um relatório anual da consultoria de investimentos Natixis, empresa franco-americana especializada em investimentos de nível internacional. Para calcular o ranking, a Natixis cruza dados relativos à saúde, qualidade de vida, inflação e bens materiais. Noruega, Suíça, Islândia, Irlanda e Austrália são os melhores países para deixar de trabalhar. Na América do Sul, o país mais bem colocado é o Chile, que aparece em 34º lugar. 

Países ricos como base

Segundo o economista Eduardo Fagnini, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o relatório revela o óbvio: a situação dos aposentados brasileiros tem relação com a Reforma Previdenciária, iniciada no governo Michel Temer (2016-2018) e concluída no governo Jair Bolsonaro (2019). 

Essa reforma, de acordo com ele, teve como referência países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne algumas das nações mais ricas do mundo, como EUA, Alemanha, França, Canadá e Japão.

“Existe um abismo a separar as condições de vida no Brasil e nos países mais ricos da OCDE. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) insere o Brasil entre os dez países mais desiguais do mundo. Não faz sentido comparar o Brasil com países da OCDE”, explica o economista.

Antes da reforma, por exemplo, o cálculo para a aposentadoria levava em consideração 80% dos maiores salários recebidos durante a carreira do trabalhador. Hoje, calcula-se a média de 100% dos salários — o que, segundo especialistas, leva à diminuição de até 15% do valor da aposentadoria. Segundo Eduardo Fagnani, “nas próximas décadas teremos milhares de pessoas idosas sem renda porque não conseguirão se aposentar.”

Segurança mínima

A costureira Mari Soares Pinto tem o perfil da maioria dos brasileiros que decidem parar de trabalhar. Hoje com 63 anos, ela conseguiu se aposentar por idade antes da reforma: se antes a idade mínima era 60 anos, agora é de 62 anos para as mulheres e de 65 anos para os homens. 

Mari trabalhou por 15 anos e recebe hoje um salário mínimo por mês. “Ele deveria ser pelo menos de uns R$ 2 mil”, reclama. Pela lei atual, ela teria que ter pelo menos 20 anos de contribuição para obter o benefício. 

Casada com um profissional autônomo, a costureira reconhece, sem perder o bom humor, que a vida de aposentada não é fácil: “Quando reúno os amigos para um churrasco, dividimos tudo. E o lazer é pouco, igreja e praia — e pra essa levamos tudo de casa”, conta. 

A situação de Mari confirma o que pensa Eduardo Fagnani: apesar dos problemas, ainda temos o que comemorar: “Os avanços da Constituição Cidadã, entre eles a questão da aposentadoria, são importantíssimos. Desde 1988, por exemplo, o piso da Previdência Social não pode ser inferior ao salário mínimo.”

Sistema sucateado

O economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp Waldir Quadros observa que, diante da desigualdade no Brasil, devemos separar os aposentados de poder aquisitivo mais elevado daqueles advindos das camadas populares. 

Segundo ele, “os primeiros normalmente recorrem à saúde privada, adquirem bens materiais que possibilitam maior qualidade de vida e conseguem se defender melhor da inflação. Já os mais pobres dependem exclusivamente do sucateado sistema de saúde pública, sofrendo demais nas filas e com um atendimento precário”.     

As aposentadorias no Brasil variam de R$ 1.212 (um salário mínimo) ao chamado teto da Previdência, hoje de R$ 7.087,22 — o maior valor que um aposentado da iniciativa privada consegue receber. Existem sistemas especiais, com remunerações acima desse teto, para militares e funcionários públicos e do Poder Judiciário.

Segundo o economista, a inflação atinge diretamente os aposentados mais pobres, reduzindo muito seu poder aquisitivo e comprometendo até mesmo sua alimentação: “A luta é para sobreviver, estando muito distantes da qualidade de vida e aquisição de bens materiais para viver com mais conforto.”

Um levantamento realizado em todas as capitais brasileiras pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que 21% dos aposentados continuam trabalhando. Desses, 47% o fazem porque o valor da aposentadoria não é suficiente para pagar as contas. 

Valor corroído

Para os milhões de aposentados brasileiros, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, em seus primeiros pronunciamentos, avisou que seu governo retomará a fórmula que possibilita corrigir o salário mínimo pela taxa de inflação do ano anterior e ainda acrescentar um ganho real, baseado no crescimento do Produto Interno Bruto dos anos anteriores. 

Esse mecanismo, em vigor até 2019, possibilita recuperar uma pequena parte do poder de compra das aposentadorias, achatado nos últimos quatro anos, dos mais de 60% dos aposentados brasileiros que recebem um salário mínimo por mês.

Essa decisão influencia também o reajuste dos benefícios de quem recebe acima de um salário mínimo; nesses casos, é usado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele mede a inflação e leva em conta o custo de vida das famílias que recebem até cinco salários mínimos.

Desde o Plano Real, criado em 1994, Jair Bolsonaro é o primeiro presidente a terminar o mandato com o salário mínimo com menor poder de compra do que aquele vigente à época da posse. Os cálculos foram feitos pela corretora de valores e câmbio Tullett Prebon Brasil. Caso o governo Bolsonaro seguisse a política de reajuste vigente entre 2011 e 2019, o salário mínimo hoje seria de R$ 2.270, segundo estudo do economista Francisco Faria, da LCA Consultoria. 

Arides Meneses, morador da Nova Holanda, tem dois filhos e dois netos, está aposentado há sete anos e recebe dois salários mínimos. Ele faz parte de uma minoria que conseguiu manter o padrão de vida, embora reconheça que tem que economizar porque o poder de compra do benefício caiu nos últimos anos: “Consigo viver com minha aposentadoria e não preciso trabalhar para completar o orçamento, mas acho que o valor poderia ser maior.”

Cem anos de Previdência

Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Brasil tem hoje cerca de 21 milhões de aposentados urbanos, nove milhões de aposentados rurais e cinco milhões que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) — aquelas pessoas que, mesmo não tendo contribuído para a Previdência, recebem um salário mínimo mensal ou têm alguma deficiência física ou mental. 

Às portas de completar seu centenário (em 24 de janeiro de 2023), a Previdência Social é, como explica o economista Waldir Quadros, uma instituição fundamental apesar dos muitos problemas, e que precisa ser aprimorada.

“Junto com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a Previdência Social foi introduzida no Brasil pela política social de Getúlio Vargas, tornada possível pela Revolução de 1930. A sua relevância pode ser percebida pelos constantes ataques dos neoliberais, sempre procurando retirar direitos e reduzir o gasto com os mais necessitados. Por isso ela deve ser decididamente defendida pelos democratas.”

Maré não aparece em Sistema de Alerta e Alarme para chuvas da Defesa Civil

0

As famosas chuvas de verão causam alagamentos nas ruas da Maré e nas casas dos moradores

Por Andrezza Paulo

O verão chegou na última quarta-feira (21) com fortes chuvas e tempo fechado no Rio de Janeiro. A chegada da estação acende alerta para antigos problemas como alagamentos e inundações. 

Segundo a meteorologia, o primeiro final de semana da estação não será de muito sol. A previsão indica chuva fraca e temperatura baixa com retomada de chuva já no início da próxima semana. 

A Prefeitura do Rio de Janeiro lançou um plano de contingência com obras e drenagem de rios pela cidade. O investimento de R$ 1,2 bi será dividido em 49,15% para Zona Oeste, 35,04% para Zona Norte, 14,95% na Zona Sul e 0,85% no Centro do Rio de Janeiro.

A Maré

Embora a Maré seja composta por 16 favelas, nenhuma delas está no Sistema de Alerta e Alarme para chuvas da Defesa Civil. Esse sistema mostra os pontos críticos de cada lugar e aciona sirenes que alertam para as fortes chuvas, direcionando o morador a se abrigar. 

Em questões geográficas, a Maré tem a maior parte do seu território plano, com poucos riscos de deslizamentos. Porém a baixíssima atuação do Estado e da Prefeitura na infraestrutura e saneamento básico da região e as chuvas de verão preocupam os moradores. 

Dona Elizete tem 67 anos, é moradora da Nova Holanda e trabalha como passadeira na Zona Sul da cidade. Ela conta que os alagamentos na altura da rua Bittencourt Sampaio já duram anos e dificultam a saída da comunidade: “Eu já não sou tão nova e toda vez que chove, nem precisa ser muito forte, ali fica tudo alagado e não tem como passar. Aí eu tenho que ir pela Teixeira porque a Malha também alaga”. A senhora de 67 anos conta que em dias de chuva já chega no trabalho cansada pelas caminhadas que precisa fazer para se deslocar. 

Para Natália Amanda, de 33 anos, a chuva de verão é preocupante pois causa infiltração e goteira na residência. Mãe de quatro filhos, a moradora da Rua das Rosas conta que a umidade da casa afeta a saúde das crianças: “os menores caem logo doentes, começam a tossir e fica muito difícil”, disse. Nesta rua, o ponto de alagamento dura dias e os próprios moradores precisam drenar a água. Natália revela que leva de dois a três dias para escoar a água: “Tem muita criança e idoso aqui. Quando dá, a gente puxa a água mas tem dia que não dá. Tá cheio de lixo no bueiro e ninguém vem fazer essa limpeza”, conta.

Casa da moradora Natália tem infiltração após chuva (Foto: Andrezza Paulo)

Os planos de contingência do Estado e da Prefeitura não consideram a Maré. Os moradores revivem todo verão os mesmos impactos e contam com a própria mobilização para evitarem danos maiores.