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Telefonia fixa na Maré deixa moradores sem comunicação; tecnologia oferecida não atende moradores

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Uma pessoa de cada lado, com um barbante entre eles. Amarrado a cada uma das extremidades dois copos diferentes. Parece que os moradores da Maré vão precisar participar dessa brincadeira de criança, isso porque repentinamente usuários da telefonia fixa ficaram sem o serviço. Com o fim do serviço de cabeamento de cobre, anunciado este ano através de uma correspondência para os moradores, a tecnologia de fibra óptica foi implantada em diversos locais da cidade, menos nas favelas. Para substituir os telefones fixos, foram disponibilizados celulares de modelos antigos que não encontram sinal dentro dos domicílios. 

Com a privatização da telefonia fixa, esse serviço ficou sob a responsabilidade da Telemar. Hoje o serviço na cidade do Rio é dividido entre Oi, Vivo, Tim e Claro, todas com o serviço de internet em forma de combo. 

Solução que não soluciona

Na Maré apenas a Oi disponibiliza o serviço, não há concorrências. Quando os moradores foram comunicados do encerramento do serviço no Conjunto de Favelas da Maré, a empresa Oi ofereceu como solução um celular com chip, que garantia o mesmo número utilizado pelo cliente. A tecnologia oferecida é a WLL, que significa Wireless Local Loop, ou seja, acesso sem fio. A Oi ofereceu um prazo para que os consumidores adotem um novo modelo do serviço.

Para André Melo e Lucas Gomes, profissionais de Tecnologia da Informação (TI), o sistema WLL utiliza basicamente a rede 2G e 3G, que será disponibilizada em parceria com a empresa Tim, tendo um sinal fraco na Maré. Outra desvantagem é que o serviço só contempla a parte de voz, não utilizando a Velox, ou seja, a internet. Além disso, há a previsão da desativação da rede 2G e 3G futuramente no Brasil. Luzia Eleutério, moradora da Vila dos Pinheiros, confirma os problemas. “Foi um erro o que fizeram. Enviaram um celular tijolão que não funcionava, mas a conta continuava chegando, tive que cancelar o serviço. O problema é que tinha a linha há mais de 30 anos, agora parentes e amigos que só tinham esse número não vão conseguir falar mais comigo”, reclama. 

O serviço de telefonia da favela sempre foi precário. Nas casas era difícil o atendimento de qualidade. Nas ruas havia poucos orelhões e a maioria vivia com defeito. Hoje a internet ainda é como no restante da cidade. “Eu utilizei a linha por dez anos. De um ano para cá começaram as instabilidades no serviço, ficava sem telefone por sete dias ou mais. Entrava em contato com a empresa e eles justificavam, por mensagem eletrônica, que era manutenção na área. Não tinha um auxílio. Isso me gerou danos, pois ficava incomunicável, além de interferir também no acesso à internet. Já fiquei impossibilitada de marcar consultas, de entregar trabalhos na faculdade, por conta do desserviço. Por fim, recebi uma carta avisando sobre a descontinuação da linha após 60 dias, sem um motivo razoável. O meu sentimento é de indignação”, diz Érica Oliveira, moradora da Baixa do Sapateiro.

O direito de falar e ser ouvido também é um dos direitos humanos essenciais, sem os quais não há garantida a condição de dignidade para o ser humano. Vilma Cajueiro, moradora do Parque Maré, percebe essa ausência de direitos para a mãe deficiente e o pai com dificuldade de locomoção. “O telefone fixo favorecia muito a nossa comunicação. Mas nos últimos anos passou a apresentar problemas, tais como: se chovia a ligação ficava cheia de ruído; linhas trocadas e telefone mudo. Agora ficamos sem o serviço telefônico. Os meus pais receberam um mini celular que para a visão de idosos vira missão impossível. Além disso, não tem WhatsApp e o sinal da OI não pega dentro de casa. Hoje, apesar de tantos anos contribuindo com a OI, os meus pais estão sem comunicação, não podem pedir socorro em uma situação de emergência na saúde”, expõe. 

Direito a telecomunicação

A Constituição Federal, na Lei nº 9.472, de 1997, no artigo 3°, assegura que o usuário de serviços de telecomunicações tem direito à acesso com padrões de qualidade e regularidade adequados à sua natureza, em qualquer ponto do território nacional; à não ser discriminado quanto às condições de acesso e fruição do serviço; à informação adequada sobre as condições de prestação dos serviços, suas tarifas e preços; à não suspensão de serviço prestado em regime público, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização ou por descumprimento de condições contratuais; ao prévio conhecimento das condições de suspensão do serviço; de resposta às suas reclamações pela prestadora do serviço; de peticionar contra a prestadora do serviço perante o órgão regulador e os organismos de defesa do consumidor; e à reparação dos danos causados pela violação de seus direitos.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou que a concessionária Oi é obrigada a prestar o serviço telefônico fixo (SFTC) em toda a área do município. No entanto, a regulamentação da Anatel não estabelece qual a tecnologia que deve ser implantada. A prestação do serviço fixo por meio de cabos de cobre, fibra óptica ou WLL é uma liberalidade da prestadora, desde que cumpra com os requisitos de qualidade e cobertura estabelecidos na regulamentação. O desrespeito à regulamentação pode ensejar sanções à prestadora.

Já a empresa OI declarou que como obrigações legais como concessionária de telefonia fixa, vem mudando gradativamente a tecnologia de seus serviços baseados em cobre para tecnologias mais modernas, em particular a de fibra óptica. Nos casos onde isso não é possível, a empresa está adotando a alternativa tecnológica de comunicação sem fio, conhecida como WLL (Wireless Local Loop), garantindo, assim, estabilidade e qualidade de serviço. Estas migrações vêm sendo realizadas gratuitamente e são previamente comunicadas aos clientes. Em todos os casos, são mantidos os números de telefones fixos dos clientes.

A companhia ressaltou que os serviços baseados na tecnologia de cobre vêm sendo drasticamente afetados pelos frequentes roubos e furtos de cabos, comprometendo dessa maneira tanto a disponibilidade quanto à estabilidade dos serviços e impactando um enorme número de clientes. Este cenário é agravado pelo fato de o cobre ser uma tecnologia obsoleta e economicamente insustentável, o que tem levado operadoras de vários países a substituí-la.

Doces e resistência comunitária: a força da tradição de Cosme e Damião na Maré

Tradição afro-católica lembra a força das ações de mobilização para a construção e memória da Maré

Por Millena Ventura

Edição #164 – Jornal Impresso do Maré de Notícias

Iniciado em 1979, o projeto visava eliminar habitações de risco em favelas situadas à beira da Avenida Brasil. Apesar do pouco investimento do Estado, a titularidade foi resultado de uma resposta comunitária às necessidades que o poder público vinha ignorando desde o início da ocupação da área, intensificada pela chegada de famílias removidas: da Favela do Esqueleto, do Morro da Formiga, do Morro do Querosene, da Praia do Pinto e de Macedo Sobrinho.

Isso levou à criação da Comissão de Defesa das Favelas da Maré (CODEFAM), organização que uniu associações de moradores e representantes da sociedade civil, visando acompanhar as obras e representar os interesses dos moradores nas negociações com o governo. Como parte do Projeto Rio, foram construídas as favelas Vila do João e Conjunto Esperança (1982), Vila do Pinheiro (1983) e Conjunto Pinheiro (1986).

Afro Catolicismo

Por consciência ou não, os resultados de ações de mobilização se encontraram no calendário com outra data comunitária importante, comemorado no dia anterior à entrega dos títulos de propriedade: o Dia de São Cosme e São Damião, celebrado em 27 de setembro. 

A tradição dos santos gêmeos, embora de origem religiosa, está profundamente enraizada no imaginário carioca como um dia de dedicação e cuidado com as crianças. Introduzido pelos portugueses, o culto a São Cosme e São Damião se misturou com elementos do sincretismo religioso, sendo associados aos Erês na umbanda e aos Ibejis no candomblé. Cosme e Damião, cujos nomes originais eram Acta e Passio, foram médicos que atendiam gratuitamente os mais pobres na Egea, tornando-se mártires da fé e, posteriormente, santificados.

Devido à diversidade regional, as celebrações variam entre os estados: na Bahia, é comum oferecer caruru a crianças e adultos; em Pernambuco, celebra-se com danças populares; e no Rio de Janeiro, especialmente no subúrbio, a tradição é a distribuição de doces e brinquedos. 

 O dia 27 é alvo de questionamentos devido à reforma católica, que deslocou as homenagens para o dia 26 de setembro. Contudo, devido às tradições e ao sincretismo, especialmente com o candomblé, no Brasil, a data original foi mantida.  Por isso, Nei Lopes, intelectual especialista em cultura afro-brasileira e de diáspora, compreende a celebração como uma manifestação afro-católica, ou seja, agrega diferentes símbolos cristãos e de religiões de matriz africana.

Para Nei Lopes, dentro das linhas gerais em que se desenvolveu a religiosidade africana no Brasil e nas Américas, espíritos, entidades e orixás precisam ser cultuados, para que, felizes e satisfeitos, garantam aos vivos saúde, paz, estabilidade e desenvolvimento.

Continuidade

A resistência à mudança de data veio acompanhada da compreensão de que a entrega de doces tem um significado de tradição e memória, simbolizando a partilha, independentemente de motivações religiosas. 

Uma matéria do jornal Última Hora, na época das mobilizações, relatava que: além dos doces, era comum a oferta de sapatos, brinquedos, roupas e alimentos, impulsionada pela crise econômica dos anos 1980. Muitas vezes, a distribuição de doces envolvia famílias inteiras, seja por promessas ou  pelo desejo de alegrar as crianças. A preparação incluía desde a compra até o empacotamento dos doces, em alguns casos, resultando em festividades na entrega.

Beatriz Virgínia, moradora do Conjunto Esperança, recorda essa dinâmica de infância. Nos anos 2000, os pais dela distribuíam doces em cumprimento a uma promessa feita a São Cosme e Damião pela cura de uma doença, que a acometeu na infância, agravada pelas condições precárias da localidade conhecida como Kinder Ovo, na Vila dos Pinheiros. 

“Além dos doces, meu pai, que era gráfico, também distribuía revistas junto com os sacos. Economizávamos durante todo o ano para cumprir a promessa e nos juntávamos dias antes para preparar a doação”, lembra Beatriz. 

A família dela não tinha uma religião definida. Isso permitiu também que ela pudesse experimentar as festividades da data e lembrar com carinho das memórias de fartura de doces em casa, nos dias que seguiam o 27 de setembro. Apesar da promessa ter sido de apenas sete anos, a família entregou doces durante 13, pois havia um envolvimento com a celebração. 

Ludmylla Braga, moradora da Nova Holanda e secretária da Casa Preta da Maré, é outra que mantém a tradição, mesmo sem ligação religiosa. Em 2023, ela preparou um bolo confeitado com várias cores para celebrar a data e homenagear as crianças, motivada pela ação que foi feita no trabalho, no ano anterior. 

O bolo para ela é um elemento essencial para as festividades, juntamente com o guaraná. A entrega de doces faz parte da sua infância e ela quis manter  isso na vida adulta: “Era maravilhoso, criança gosta de doce!”.

Apesar da diminuição da distribuição de doces no dia de São Cosme e Damião, por diversos fatores, é possível ver ainda famílias e organizações da sociedade civil que entendem a importância da data para as crianças manterem a tradição. Assim,  preservando a identidade cultural, já que esta é de uma festa que está diretamente ligada à união para a partilha e das mobilizações de famílias, que se organizavam todo ano para dar para as crianças um setembro mais doce.

Os Garotin se apresentam na Mostra Maré de Música nesta sexta (27)

Evento gratuito no Centro de Artes da Maré faz integração de artistas locais e renomados

Vai uma dica para o ‘sextou’? Se liga que nesta sexta-feira (27), vai rolar mais uma edição da Mostra Maré de Música, no Centro de Artes da Maré a partir das 20h. Nesta edição, o evento faz uma conexão entre o Rio de Janeiro e São Gonçalo, trazendo Os Garotin como a grande atração da noite de apresentações.

A Mostra Maré de Música é um evento gratuito promovido pela Redes da Maré. Nessa edição Os Garotin trazem seu repertório repleto de R&B, Soul Music, MPB e pop. Entre seus sucessos estão as músicas Zero a Cem, Curva Escura e Calor do Momento. O trio tem mais de 30 milhões de reproduções mensais nas plataformas de áudio e acaba de ser indicado ao Grammy em três categorias, Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, Artista Revelação e Melhor Álbum de Engenharia de Gravação.

A noite será encerrada com os Jamaicaxias, um coletivo de artistas e criadores de conteúdo que promove conexões afro-periféricas através da música, usando a cultura popular jamaicana (Dancehall). O Dancehall é uma cultura composta não só pela música, mas também, outras manifestações artísticas como dança, moda, gastronomia e audiovisual, todos elementos presentes no coletivo Jamaicaxias.

O Centro de Artes da Maré fica localizado na Nova Holanda, o evento tem entrada gratuita, por ordem de chegada, e a lotação máxima é de 700 pessoas.

Sobre a Mostra Maré de Música 

A Mostra Maré de Música é um projeto da Redes da Maré que visa criar conexões musicais potentes. A conexão se dá através de shows que unem sempre um artista independente e um artista já consagrado. Dentre os objetivos da Mostra, destacam-se: revelar novas sonoridades, realizar encontros musicais inéditos, conectar artistas e públicos de diferentes partes do Rio de Janeiro, mostrar o potencial e valorizar artistas da Maré e periféricos, e firmar a Maré como palco alternativo da cena musical carioca. 

Quais são as funções de um prefeito e vereador? Entenda o papel dos cargos votados este ano

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As eleições municipais acontecem em outubro e elegem os representantes do povo pelos próximos 4 anos

Com as eleições municipais se aproximando, é fundamental entender o papel dos cargos de vereadores e prefeitos que serão escolhidos pelos eleitores. As datas para a votação são os dias 6 de outubro para o primeiro turno e 27 de outubro, caso haja empate entre os dois mais votados no cargo de prefeito, tornando necessário uma segunda votação. 

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, nas eleições municipais de 2024, mais de 150 milhões de pessoas em todo país estarão aptas a votar nas urnas eletrônicas em outubro. Cada posto em disputa tem responsabilidades cruciais para a administração e desenvolvimento dos municípios.

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O prefeito é a autoridade máxima do poder executivo municipal, responsável por gerir a cidade e implementar políticas públicas. Suas funções incluem elaborar o orçamento anual, administrar serviços como saúde, educação, transporte e segurança, além de promover o desenvolvimento econômico e social da cidade. O prefeito também representa o município em diferentes esferas governamentais e em eventos oficiais.

Junto com o prefeito também é eleito o vice-prefeito que tem a função de apoiar o prefeito e assumir suas responsabilidades, em caso de ausência ou impedimento. Além disso, ele pode ser designado para gerenciar áreas específicas da administração municipal ou liderar projetos estratégicos, contribuindo para uma gestão mais eficiente.

Vereadores

Os vereadores compõem o poder legislativo municipal, sendo responsáveis por criar, debater e aprovar leis que impactam diretamente a vida dos cidadãos. Eles elaboram normas como o Plano Diretor e o Código de Posturas, além de fiscalizar as ações do prefeito e da administração pública. Sua função inclui representar os interesses da população e atuar como um canal direto entre os cidadãos e o governo municipal.

Importância do Voto

Os cargos públicos votados em uma eleição municipal são essenciais para a democracia e a governança local. Prefeito, vice-prefeito e vereadores têm funções complementares que garantem a administração da cidade. O voto consciente é uma oportunidade para os cidadãos escolherem líderes comprometidos com a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar da comunidade.

Candidatos à prefeitura recebem carta compromisso com propostas para a favela em encontro na Maré

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Encontro na Maré reúne candidatos à prefeitura do Rio 

As eleições municipais estão se aproximando, o pleito eleitoral acontece no dia 06 de outubro e, com o objetivo de colocar as pautas sobre a favela e a Maré no centro das propostas, foi realizado na última terça-feira (24/09), no Centro de Artes da Maré, na Nova Holanda, o diálogo com os candidatos à Prefeitura do Rio. 

No encontro, Cyro Garcia, professor e candidato pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Juliete Pantoja, educadora e candidata pelo partido Unidade Popular (UP) e Tarcísio Motta, professor e deputado federal, candidato pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) defenderam suas propostas para os próximos quatro anos de mandato. Os outros seis candidatos — Eduardo Paes (PSD),Alexandre Ramagem (PL), Carol Sponza (Novo), Henrique Simonard (PCO), Marcelo Queiroz (PP) e Rodrigo Amorim (União Brasil) — foram convidados e, de acordo com suas assessorias, por conflito de agenda, não puderam comparecer. 

Na mediação estava Andrezza Paulo, jornalista do Jornal Maré de Notícias e na plateia, os moradores e alunos do Pré-Vestibular da Redes da Maré, da Nova Holanda, Vila do João e Vila dos Pinheiros,  elaboraram perguntas para os elegíveis. 

O diálogo com os elegíveis foi dividido em quatro rodadas: Pergunta inicial, perguntas sorteadas, dúvidas do público e encerramento.

Candidatos recebem Carta da Educação na Maré

No momento inicial do encontro houve a entrega da Carta da Educação, Análises Educação e Primeira Infância na Maré, com propostas de reivindicações e dados sobre as temáticas no território. A carta da Primeira Infância foi entregue por Vanessa de Sousa, moradora da Praia de Ramos e assinada pelos três candidatos. “Essa carta é uma oportunidade de falar dos direitos e expressar a luta. A vida é difícil, pois o sistema é podre e às vezes nos calamos, temos que exigir nossos direitos”, conta Vanessa, que participou de uma das pré-conferências realizadas nas áreas da Maré.

Andreia Martins, uma das diretoras da Redes da Maré, abriu o encontro destacando a importância do diálogo e o papel da instituição, que acredita que as políticas públicas precisam ser pautadas pela população, reconhecendo o momento como um exercício de cidadania. Dando prosseguimento, Shyrlei Rosendo, analista de incidência da Redes da Maré e cria do Parque União, vê como fundamental os encontros com candidatos. Ela explicou que tudo que há na favela nasceu a partir da participação e mobilização. “Por isso, os favelados têm condições de fazer propostas sobre políticas públicas para o território. Precisamos insistir nessa participação por meio desse tipo de encontro. O território é precarizado e a justificativa é a violência. A Prefeitura não pode se ausentar disso”, diz. Em seguida, fez a pergunta inicial aos candidatos.

 Qual o primeiro ato de vocês pela Maré, caso sejam eleitos?

Cyro falou da necessidade de mudar o sistema de governo: “A proposta é a classe trabalhadora assumir, por meio de conselhos populares. A Maré como outras favelas, não vive o estado democrático de direito, pois a segurança pública criminaliza os negros. Somos contra as operações policiais nas favelas, que ficam sem aulas. Ainda ocorre a demagogia de aula on-line, que não chega a todos os alunos. Queremos a legalização das drogas e a desmilitarização da polícia.” 

Juliete Pantoja falou de transformar a política, com diálogo e escuta. “Dar poder a quem está nos territórios. Vivemos numa cidade partida de orçamento, queremos mudar isso.” 

Já Tarcísio mencionou a desigualdade no tratamento feito com a favela. “Vou convocar a população contra a fome, com cozinhas comunitárias. Outro ponto é o mutirão de educação para que as crianças estejam nas escolas e ajudarmos os professores. Garantir os direitos com mais escolas, conselhos tutelares e pensar no sócio ambiental, pois o clima mudou e as favelas são as que mais sofrem com o calor, enchentes e o racismo ambiental.” 

Perguntas dos estudantes do CPV

Na sequência ocorreu o momento de perguntas sorteadas, Cyro falou sobre a precarização da saúde. “Tem que ampliar e ocorrer a ruptura com as organizações sociais (OSs), criar os conselhos populares na saúde e deixar a saúde com o servidor público. Não se pode entregar o Hospital Federal de Bonsucesso para as OSs.” 

A candidata Juliete respondeu sobre o lixo e a necessidade de saneamento básico. “A Comlurb é desvalorizada e sucateada, assim acabou o projeto Gari Comunitário. Tem que ocorrer concurso público e procurar atingir as favelas, com trabalho da própria população local, proporcionando empregos.” 

O candidato Tarcísio explicou sobre a sua proposta sobre a saúde mental. “Uma reformulação da saúde, onde os equipamentos precisam se espalhar, tendo equipes multidisciplinares nas escolas. Para isso, precisa de concurso público, construção de equipamentos e o trabalho em rede.”

A dinâmica dessa rodada foi com perguntas feitas em coletivo, pelos alunos do Curso Pré-vestibular da Redes da Maré.

Propostas de combate a violências 

Na terceira rodada de perguntas, o candidato Cyro falou sobre o atendimento a mulheres em equipamentos públicos. “A violência de gênero precisa ser combatida. O machismo está na classe dominante, com salários diferentes. Tem que capacitar as pessoas que vão receber as mulheres que estão em situação vulnerável e que seja combatida a impunidade.” 

Em seguida, Juliete respondeu sobre educação e aulas suspensas por operações policiais. “Quando é interrompida a aula em algum lugar da cidade, é preciso parar todas. Não se pode ficar olhando, é preciso uma pressão no governo estadual. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) teve as menores notas em áreas de operações policiais e precisamos reverter isso.” 

Já Tarcísio se dedicou a falar do racismo ambiental. “O desastre não é algo natural, tem que preparar a cidade com urbanização. No Leblon não há lixão, mas nas favelas e periferias ocorrem. A Prefeitura pode propor às universidades a criação de programas onde os alunos de favelas atuem na urbanização, com conhecimento do próprio território e assim também tenham uma renda.” 

Candidatos recebem a carta compromisso

Ao final, foi entregue a Carta Compromisso, organizada pela Redes da Maré com propostas referentes à primeira infância, mulheres, educação, saúde, meio ambiente, arte e cultura, assistência social e a participação popular. Através da criação dos conselhos comunitários. “Foi importante ter os candidatos que ouviram as demandas do território, pensando em políticas públicas como um todo. A Maré é o nono maior bairro da cidade e precisa ser ouvido. Um lugar que passou só esse ano por 38 operações policiais mostra que a segurança pública não funciona. As cartas entregues querem abrir um diálogo”, conclui Andreia Martins. 

Para os candidatos o encontro foi positivo. “Eu acho fundamental esse momento de escuta com moradores de favelas, que não são vistos pelo poder público, que só criminaliza e faz a repressão. Precisamos pensar em políticas pública”, comenta Juliete. “Esse momento de diálogo é uma fonte de aprendizado. Aqui é um dos dez maiores bairros da cidade, mas que sofre com violações e discriminação. É muito importante ouvir as propostas da galera”, expõe Cyro. “É preciso olhar com prioridade para as favelas e ouvir as pessoas para trabalhar melhor as políticas públicas”, finaliza Tarcísio.

Redes da Maré promove encontro com candidatos à prefeitura do Rio

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Diálogo acontece hoje, 24, no Centro de Artes da Maré

Hoje, dia 24 de setembro, a Redes da Maré vai promover o diálogo com os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro no Centro de Artes da Maré, na Nova Holanda às 19h – Rua Bittencourt Sampaio, 181.O convite, feito a todos os candidatos, tem como objetivo abordar as proposições de atuação deles para a cidade e a Maré.

Na ocasião, também será entregue uma Carta Compromisso, com propostas sugeridas pela instituição baseado no trabalho territorial desenvolvido na Maré.Confirmaram presença os candidatos Cyro Garcia do PSTU, Tarcísio Motta do PSOL e Juliete Pantoja da UP.

Saiba qual será a dinâmica para o encontro:

Bloco 1:

Apresentação dos candidatos

Apresentação da Redes da Maré

Pergunta inicial

Tempo de Respostas: 3 minutos cada

Bloco 2:

Sorteio de 2 perguntas por candidato

Tempo de Respostas: 3 minutos por pergunta

Bloco 3:

Perguntas da plateia direcionada aos candidatos

Tempo de Respostas: 3 minutos por pergunta

Bloco 4:

Fala final dos candidatos com até 3 minutos

Encerramento

Eleições 2024:

Dia 05 de outubro acontecem as eleições municipais para eleger os candidatos a vereador e à prefeitura da cidade. Leve suas propostas para o encontro, analise as respostas e o plano de governo de cada candidato.Ao votar, não esqueça de levar um documento oficial com foto e conferir os locais de votação que foram alterados na Maré. O seu voto é fundamental para garantir a democracia.